terça-feira, 9 de outubro de 2018

Lição 2—Causas da desunião, por Roberto Wieland



Para 6 a 13 de outubro de 2018


Como as pessoas numa Igreja podem verdadeiramente crer na mesma coisa (estar em união) é importante, porque Jesus disse que a única maneira de o mundo ser levado a acreditar Nele é quando Seus seguidores “todos podem ser um, . . . para que o mundo possa crer que Deus Me enviou” (João 17:21). Algo que Ele chama de “Sua verdade” é a única coisa que os unirá (v. 17). Paulo chama isso de “a verdade do evangelho” (Gál. 2:5, 14). O sucesso ou fracasso da missão de Cristo para o mundo, portanto, depende dessa “verdade”, levar o Seu professo povo a “guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” em unidade (Apo. 14:12).
Tome o problema de Gênesis 1. Cristo e Seus apóstolos aceitaram que “a verdade do evangelho” requeria um coração honesto e sincero para crer que Deus criou a Terra em seis dias literais. Pessoas que insistem que são igualmente sinceras entendem a ideia de seis dias literais como mitologia antiga; a ciência faz com que essa crença seja ingênua, dizem eles.
Numa Igreja que por mais de 150 anos representou a criação em seis dias, uma leitura literal de Gênesis 1, 2, etc., existem agora vozes poderosas defendendo a evolução. Há divisões sobre a ordenação de mulheres, sobre música nos cultos da igreja, e assim por diante. E para muitos, “a bendita esperança” da breve segunda vinda de Cristo está recuando para segundo plano, e um estilo de vida terreno materialista está tomando o seu lugar.
Então há o problema do próprio Jesus. Quando Se encarnou, Ele “tomou” a natureza sem pecado do Adão não-caído, quebrando assim a linha genética de Sua descendência do verdadeiro Adão? Ou aceitou a operação da grande lei da hereditariedade e entrou na corrente da humanidade, tomando a nossa natureza caída e pecadora, mas vivendo uma vida sem pecado? Aqui novamente está a desunião; a suposição é que a unidade é impossível. Ou é possível?
Por que a desunião parece florescer assim? E como a Igreja pode iluminar a Terra com glória se estiver num estado dividido? E o que pode trazer a verdadeira unidade pela qual Cristo orou?
Existe uma solução. Se Deus é real e sua Bíblia é verdadeira, segue-se que Deus tem uma solução para o problema da desunião. Deus trará o Seu povo para a união. Aquilo que para os que duvidam hoje parece impossível, o Espírito Santo realizará. Ele trouxe os onze apóstolos desunidos para a unidade antes do dia de Pentecostes. Eles estavam “concordemente no mesmo lugar” (Atos 2:1). Essa foi a “chuva temporã” e promete-se que a “serôdia” será ainda maior. Deus não pode usar a força para realizá-la. Ele queimar as igrejas ou atingi-las com raios, não resolveria o problema de raiz.
Efésios nos aponta a solução: para aqueles “levados ao redor por todo vento de doutrina”, é a mensagem de Ágape (4:14, 15). Tal mensagem proclama o que Cristo realizou, a pura verdade bíblica da justificação pela fé. Cristo prometeu solenemente que, se Ele for levantado na Sua cruz, isto é, se o Seu Ágape é claramente proclamado, Ele “atrairá todos a Si Mesmo”, e isso, é claro, é a unidade perfeita (João 12:32). Deixe que a liderança de uma Igreja que está sendo fragmentada receba essa “mui preciosa mensagem” da justiça de Cristo; o milagre da unidade é tão certo quanto o dia segue a noite.
É possível para os teólogos adventistas do sétimo dia originarem hoje entre si uma mensagem que novamente seria o “começo” ou continuação da chuva serôdia e do alto clamor? Devemos voltar a estudar e aceitar a mensagem de 1888 antes de podermos recuperar a chuva serôdia que tem sido postergada?
Se o Senhor foi capaz de enviar “uma mui preciosa mensagem” ao Seu povo através dos “mensageiros” de 1888, os pastores E. J. Waggoner e A. T. Jones, Ele é certamente capaz de enviar tal mensagem através de qualquer instrumento escolhido. Mas problemas surgem imediatamente!
Por que ele não fez isso? Por que o longo atraso de década após década?
Novamente, não é segredo que muitos de nossos teólogos e ministros afirmam estar pregando “justiça pela fé” com precisão e clareza. Por que parece que raramente dois deles podem concordar? Jones e Waggoner mantiveram uma notável harmonia em sua mensagem, mesmo quando separados um do outro por milhares de quilômetros, por cerca de uma década ou mais.
É razoável que o Senhor conceda luz adicional ao Seu povo enquanto continuam a negligenciar ou mesmo desprezar a luz que Ele já lhes deu? Não sabemos com certeza; mas uma coisa é certa, seria absolutamente contrário à Sua maneira de operar em eras passadas. Por exemplo, poderíamos também argumentar que Ele devia enviar aos judeus um novo “Messias” enquanto continuam a rejeitar o que Ele já lhes enviou há dois mil anos. A maioria de nós concordaria que os judeus no Muro das Lamentações orando pela vinda do Messias fariam bem em estudar os documentos do Novo Testamento que contam como o Senhor já O enviou a eles!
Se a mensagem de justificação pela fé, ensinada pelos reformadores do século 16, é “a mensagem do terceiro anjo em verdade”, por que o Senhor em 1888 não referiu nosso povo a eles em vez de enviar a mensagem que Ele enviou por Jones e Waggoner?
Uma coisa é cristalina: o Senhor Jesus Cristo chama o “anjo da igreja dos laodicenses” para “arrepender-se”. O que esse “arrependimento” pode significar para a Igreja Remanescente? “Não temos nada a temer quanto ao futuro, a menos que nos esqueçamos do modo como o Senhor nos conduziu e o Seu ensinamento em nossa história passada.”1
O que pode trazer unidade à Igreja Remanescente? Alguns dizem que é impossível; o melhor que podemos esperar é um “peneiramento” e desunião até que o tempo de graça se encerre.
Parece impossível que a Igreja possa ser unida nos ensinamentos da “justiça pela fé”, conforme promovida pelos reformadores e teólogos que guardam o domingo. Não apenas encontramos desacordo quase sem esperança entre eles, mas também encontramos sérios cuidados expressos por Ellen G. White em relação à confiança indevida nas posições dos Reformadores. Embora seja verdade que “a grande doutrina da justificação pela fé” foi “claramente ensinada por Lutero”, é óbvio que a serva do Senhor quer dizer com essa afirmação que ele a ensinou “claramente” para os seus dias e sob suas circunstâncias. Em outro lugar, ela deixa claro que Lutero não pregou “o evangelho eterno” no cenário dos “últimos dias”. “Esta mensagem [o primeiro anjo] é uma parte do evangelho que poderia ser proclamada apenas nos últimos dias, pois somente então seria verdade que a hora do juízo havia chegado.”2
Mas o que os Reformadores do século 16 nunca fizeram, Jones e Waggoner fizeram. Eles construíram sobre este fundamento um grande edifício da verdade bíblica que é única e distintamente adventista do sétimo dia como uma conclusão da Reforma iniciada há muito tempo. Eles desenvolveram uma mensagem de justiça pela fé paralela e consistente com a peculiar verdade adventista da purificação do santuário.
 “A mensagem da justiça de Cristo”, que deve iluminar a Terra com a sua glória, é ministrada do Lugar Santíssimo do santuário celestial, onde Cristo, nosso Sumo Sacerdote, está concluindo a Sua obra de reconciliação neste antitípico Dia da Expiação. Isso exigia uma visão mais clara do sacrifício de Cristo em Sua cruz e de Sua justiça manifestada em carne humana, mais clara do que jamais foi vista antes.
Em suma, qualquer mensagem de justiça pela fé que consiga unir a igreja mundial deve ser: (a) bíblica; (b) em harmonia com os escritos de Ellen G. White; e (c) em harmonia com a história da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Portanto, parece que a única base razoável para a unidade é de fato a própria mensagem de 1888. É (a) bíblica, pois Jones e Waggoner confiaram inteiramente nas Escrituras; (b) está em completa harmonia com os escritos de Ellen White, e desfruta de seu apoio inequívoco e endosso em vigor e ênfase completamente sem precedentes em sua longa carreira profética; e (c) a história adventista do sétimo dia aponta inequivocamente nessa direção como o caminho para o arrependimento em cumprimento do mandamento de nosso Senhor.
“Vamos agradecer ao Senhor que Ele ainda está lidando conosco, para nos salvar de nossos erros, para nos salvar de nossos perigos, para nos afastar de rumos errados e para derramar sobre nós a chuva serôdia, para que possamos ser trasladados. Isso é o que a mensagem [1888] significa—trasladação—para você e para mim. . . . Vamos recebê-la com todo o coração e agradecer a Deus por isso.”3

Lembre-se: a verdade nunca causa desunião; só o erro o faz.

--From the Writings of Robert J. Wieland

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Notas finais:                                                         

1) Life Sketches of Ellen G. White (Esboços da vida de Ellen G. White)            

2) Ellen G. White, O Grande Conflito, págs. 253, 356                                             

3) Alonzo T. Jones, Boletim Diário da Assembléia da Associação Geral de 1893; “A terceira Mensagem Angélica nº 9”, pág. 185.
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Notas:                                                                   

Veja, em inglês, o vídeo desta 2ª lição do  4º trim. de 2018,  exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/UCz87_rNF6k

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local.
Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido

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Asteriscos (*)  indicam acréscimos do tradutor.

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