Para
25 de maio a 1º de junho de 2019
Há uma história trágica na Bíblia, também muito comum.
Mas a maneira como termina é muito incomum. Podemos tomar um momento para
considerar a perda de outra pessoa e não apenas a nossa?
Um homem se apaixona por uma garota atraente e ela
corresponde ao seu amor. Eles vivem felizes até que um câncer espiritual começa
a destruir o seu coração. Ela flerta com outros homens, mesmo na presença do
marido. Em pouco tempo, torna-se um caso, que se transforma numa obsessão, e
essa mulher leviana e frívola se torna uma prostituta.
Então o enredo se aprofunda e toma um rumo quase tão desconhecido na
experiência humana. Ela é abandonada por seus amantes (que, no entanto, é
normal) e acaba sendo vendida como escrava. Seu marido ouve que ela se senta
abandonada no mercado de escravos, vestida de trapos e a re-reivindica.
Não é porque ele tem pena dela como um homem decente
teria pena de uma criatura ferida, mas, maravilha das maravilhas, ele ainda a
ama. Aquela pobre descabelada é apenas a casca vazia da linda garota pela qual
ele se apaixonara; agora, não há beleza ou charme para atraí-lo. Ela é de fato
repulsiva; mas o seu amor nunca morreu, apesar de sua infidelidade e insultos.
Ele é cativo de um amor que não pode esquecer. Permaneceu
solteiro—para ele, “o amor é eterno”.
Quando você realmente ama uma mulher que te ama e se
compromete com você, e então ela o trai, o seu coração está partido. O sol se
apaga e a escuridão é uma perda de amargura quase como o inferno.
Perder um ente querido na morte é doloroso, mas a
rejeição no amor é mais cruel, (*é) como ter um membro arrancado do seu corpo.
Os amigos podem simpatizar com a dor física ou material, mas a rejeição no amor
é intensamente privada. Mil faces não podem
substituir as do amado.
Pode Deus sentir tanta dor? Ele sente? Alguns respondem que Deus é impassível,
impermeável à dor do coração que sentimos. Se Deus não pode sentir dor da
perda, por que nos preocuparíamos com o sofrimento dos outros? Podia a Igreja
Adventista do Sétimo Dia estar habitando naquela zona crepuscular da
impassibilidade de Cristo? Podemos nos alegrar de que Ele “seja tocado com o
sentimento de nossas enfermidades” (*Heb. 4:15) mas podemos ser tocados com o
sentimento de Sua dor?
Como o amante em nossa história, o Marido
celestial não pode esquecer aquela a quem ama e substituí-la. Ele é mantido numa escravidão imortal de devoção.
Deus permitiu que o infeliz Marido sofresse
essa dor humana, porque, diz, “isso ilustrará a maneira como Meu povo tem-Me
sido infiel”.1
Uma igreja é uma “mulher”, boa ou má, um
corpo corporativo de crentes. Se o objeto do amor de Cristo lhe faz falso, pode
ele simplesmente encolher os ombros e substituí-la por outra “objeto [de] ...
Sua suprema consideração”?2 Oséias não poderia, e nem
Cristo pode. As ramificações da Igreja Adventista do Sétimo Dia proliferam
devido a uma falha em compreender este mistério divino do amor. Assumem que a
indignação de Cristo em sua infidelidade leva-O a escolher outra para tomar o
seu lugar. Mas isso nunca pode ser!
Pode ser-nos difícil imaginar um marido
enlutado que não apenas ame a sua esposa infiel, mas, mais ainda, também tenha
a sabedoria de “salvá-la”. Tal foi Oséias; e tal é Cristo. Não apenas um
“marido” para ela, ele também é "o Salvador do corpo".3 A boa notícia é que Oseias realmente
resgatou Gômer para uma nova vida de pureza e fidelidade, e temos o direito de
vê-los saindo daquele ambiente de mãos dadas num amor que é confirmado,
finalmente seguro na fidelidade de um pelo outro. Podemos ter certeza de que o
Senhor não reteria de Oséias a vindicação de seu amor terreno que era tão
profético de Seu amor divino que, finalmente, foi vindicado.
Em seus primeiros dias no "deserto", Israel foi
dedicado ao Senhor; e nos primeiros dias da Igreja Adventista do Sétimo Dia
havia também uma doce devoção de "nossa" parte ao Senhor que nos
guiara através do "deserto" do Grande Desapontamento de 1844 e em anos
posteriores a "nós" as provas do Seu amor eleito. Foi emocionante. A
cura de nosso Grande Desapontamento foi deliciosa porque a comunhão com o
Senhor se aprofundou em nossa compreensão da mensagem do santuário e da
"bendita esperança" que nos dava. Então veio o Seu
"Grande Desapontamento" - 1888. Ainda temos que apreciar a dor que
Ele sentiu e sente. "O desapontamento de Cristo está além da
descrição."4
A profecia implícita em Oséias deve ser boa
notícia para uma Igreja remanescente que, um século depois, está enredada numa
vasta letargia mundial, dilacerada pela dissensão, suspeita e ramificações. Tão
certo quanto Gômer finalmente respondeu ao amor imortal de Oséias, assim
certamente a Igreja corporativa responderá finalmente ao eterno ágape de Cristo.
Cristo Se entregou na morte por essa Igreja; Seu sacrifício não pode revelar-se
um fracasso; a humanidade arrependida não pode permanecer mais descrente para
com Ele do que a heroína arrependida do Livro de Oséias por seu marido terreno;
Deus tem fé em nós que não deve resultar fútil.
As razões para a esperança são estas: a
doutrina adventista do sétimo dia dá uma nova dimensão a esta crise. Não
aceitamos a doutrina pagã-papal da imortalidade natural. Cremos que os justos
não vão para o céu na morte, mas esperam até a ressurreição. Mas isso não pode
acontecer até que o próprio Cristo retorne em glória; e Ele não pode retornar
até que o Seu povo esteja pronto, caso contrário seriam “destruídos” com o
esplendor de Sua vinda”.5 A crise antitípica prevista em Oseias
coloca tudo em suspense. O sucesso de todo o plano de salvação deve, portanto,
depender de sua hora final—o arrependimento de Laodiceia. A alternativa?
Aceitar a falsa doutrina da “Babilônia” que envia todos os “salvos” para o céu
na morte.
O arrependimento de Gomer prenuncia
Laodiceia. Cristo “verá o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito”.6
“A igreja pode parecer prestes a cair, mas não cai. Permanece, enquanto os
pecadores em Sião serão separados—a palha separada do trigo precioso. Esta é
uma provação terrível, mas mesmo assim deve ocorrer. “Eles olharão para Mim
quem eles trespassaram; irão chorar por Ele”. Haverá uma resposta da “casa de
Davi e . . . dos habitantes de Jerusalém”.7 É um pecado para os
adventistas desencorajados não acreditar nas Boas Novas em Oséias!
Falando através de Oséias, o Senhor assegura
a Israel infiel de uma alegre reunião: “Eles retornarão ao Senhor seu Deus, e
ao Messias, seu Rei, e virão tremendo, submissos ao Senhor e às suas bênçãos,
no final.”8 Visto que o ágape é um amor que cria valor em seu
objeto, não depende de suas boas qualidades, ele criará arrependimento dentro
da Igreja onde o medo egocêntrico ou a esperança de recompensa falharam. Mas
uma mudança de coração é possível e, à luz de Oséias, é certo. Uma graça muito
mais abundante deve ser vista à luz da purificação do santuário. A boa notícia
é que a vinda de Cristo depende desse arrependimento. “Sejamos alegres,
regozijemo-nos e honremos a Ele; porque o casamento do Cordeiro está vindo e a
esposa já se aprontou.”9
—Paul
E. Penno
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Notas finais:
1) Oseas 1:2 A Bíblia viva
1) Oseas 1:2 A Bíblia viva
2)
Cf. Ellen G. White, Testimonies to
Ministers and Gospel Workers, p. 49.
3)
Efésios 5:23
4)
Ellen G. White, Review and Herald, de
15 de dez. de 1904.
5)
2ª Tessalonicenses 2:8; Hebreus 12;29
6)
Isaias 53:29
7) Ellen G. White, The Upward Look, pág. 356; Zacarias 12:10-13:1.
8) Oséias 3:5, A Bíblia
Viva
9) Apocalípse 19:7
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Notas:
No vídeo deste tema desta semana você pode ver e ouvir o pastor Paul Penno https://www.youtube.com/watch?v=nQqVwigcBeI
No vídeo deste tema desta semana você pode ver e ouvir o pastor Paul Penno https://www.youtube.com/watch?v=nQqVwigcBeI
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor
evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da
Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading
Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há
42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na
Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos
Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no
Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este
livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com.br) em
1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos
artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a
serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai
dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente
escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do
seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015,
realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church
localizada no endereço: 14919 Fruitvale
Road, Valley Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos
do tradutor.
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