terça-feira, 28 de maio de 2019

Lição 9—Perdas, por Paulo Penno


Lição 9—Perdas, por Paulo Penno
Para 25 de maio a 1º de junho de 2019

Há uma história trágica na Bíblia, também muito comum. Mas a maneira como termina é muito incomum. Podemos tomar um momento para considerar a perda de outra pessoa e não apenas a nossa?
Um homem se apaixona por uma garota atraente e ela corresponde ao seu amor. Eles vivem felizes até que um câncer espiritual começa a destruir o seu coração. Ela flerta com outros homens, mesmo na presença do marido. Em pouco tempo, torna-se um caso, que se transforma numa obsessão, e essa mulher leviana e frívola se torna uma prostituta.
Então o enredo se aprofunda e toma um rumo quase tão desconhecido na experiência humana. Ela é abandonada por seus amantes (que, no entanto, é normal) e acaba sendo vendida como escrava. Seu marido ouve que ela se senta abandonada no mercado de escravos, vestida de trapos e a re-reivindica.
Não é porque ele tem pena dela como um homem decente teria pena de uma criatura ferida, mas, maravilha das maravilhas, ele ainda a ama. Aquela pobre descabelada é apenas a casca vazia da linda garota pela qual ele se apaixonara; agora, não há beleza ou charme para atraí-lo. Ela é de fato repulsiva; mas o seu amor nunca morreu, apesar de sua infidelidade e insultos. Ele é cativo de um amor que não pode esquecer. Permaneceu solteiro—para ele, “o amor é eterno”.
Quando você realmente ama uma mulher que te ama e se compromete com você, e então ela o trai, o seu coração está partido. O sol se apaga e a escuridão é uma perda de amargura quase como o inferno.
Perder um ente querido na morte é doloroso, mas a rejeição no amor é mais cruel, (*é) como ter um membro arrancado do seu corpo. Os amigos podem simpatizar com a dor física ou material, mas a rejeição no amor é intensamente privada. Mil faces não podem substituir as do amado.
Pode Deus sentir tanta dor? Ele sente? Alguns respondem que Deus é impassível, impermeável à dor do coração que sentimos. Se Deus não pode sentir dor da perda, por que nos preocuparíamos com o sofrimento dos outros? Podia a Igreja Adventista do Sétimo Dia estar habitando naquela zona crepuscular da impassibilidade de Cristo? Podemos nos alegrar de que Ele “seja tocado com o sentimento de nossas enfermidades” (*Heb. 4:15) mas podemos ser tocados com o sentimento de Sua dor?
Como o amante em nossa história, o Marido celestial não pode esquecer aquela a quem ama e substituí-la. Ele é mantido numa escravidão imortal de devoção.
Deus permitiu que o infeliz Marido sofresse essa dor humana, porque, diz, “isso ilustrará a maneira como Meu povo tem-Me sido infiel”.1
Uma igreja é uma “mulher”, boa ou má, um corpo corporativo de crentes. Se o objeto do amor de Cristo lhe faz falso, pode ele simplesmente encolher os ombros e substituí-la por outra “objeto [de] ... Sua suprema consideração”?2 Oséias não poderia, e nem Cristo pode. As ramificações da Igreja Adventista do Sétimo Dia proliferam devido a uma falha em compreender este mistério divino do amor. Assumem que a indignação de Cristo em sua infidelidade leva-O a escolher outra para tomar o seu lugar. Mas isso nunca pode ser!
Pode ser-nos difícil imaginar um marido enlutado que não apenas ame a sua esposa infiel, mas, mais ainda, também tenha a sabedoria de “salvá-la”. Tal foi Oséias; e tal é Cristo. Não apenas um “marido” para ela, ele também é "o Salvador do corpo".3 A boa notícia é que Oseias realmente resgatou Gômer para uma nova vida de pureza e fidelidade, e temos o direito de vê-los saindo daquele ambiente de mãos dadas num amor que é confirmado, finalmente seguro na fidelidade de um pelo outro. Podemos ter certeza de que o Senhor não reteria de Oséias a vindicação de seu amor terreno que era tão profético de Seu amor divino que, finalmente, foi vindicado.
Em seus primeiros dias no "deserto", Israel foi dedicado ao Senhor; e nos primeiros dias da Igreja Adventista do Sétimo Dia havia também uma doce devoção de "nossa" parte ao Senhor que nos guiara através do "deserto" do Grande Desapontamento de 1844 e em anos posteriores a "nós" as provas do Seu amor eleito. Foi emocionante. A cura de nosso Grande Desapontamento foi deliciosa porque a comunhão com o Senhor se aprofundou em nossa compreensão da mensagem do santuário e da "bendita esperança" que nos dava. Então veio o Seu "Grande Desapontamento" - 1888. Ainda temos que apreciar a dor que Ele sentiu e sente. "O desapontamento de Cristo está além da descrição."4
A profecia implícita em Oséias deve ser boa notícia para uma Igreja remanescente que, um século depois, está enredada numa vasta letargia mundial, dilacerada pela dissensão, suspeita e ramificações. Tão certo quanto Gômer finalmente respondeu ao amor imortal de Oséias, assim certamente a Igreja corporativa responderá finalmente ao eterno ágape de Cristo. Cristo Se entregou na morte por essa Igreja; Seu sacrifício não pode revelar-se um fracasso; a humanidade arrependida não pode permanecer mais descrente para com Ele do que a heroína arrependida do Livro de Oséias por seu marido terreno; Deus tem fé em nós que não deve resultar fútil.
As razões para a esperança são estas: a doutrina adventista do sétimo dia dá uma nova dimensão a esta crise. Não aceitamos a doutrina pagã-papal da imortalidade natural. Cremos que os justos não vão para o céu na morte, mas esperam até a ressurreição. Mas isso não pode acontecer até que o próprio Cristo retorne em glória; e Ele não pode retornar até que o Seu povo esteja pronto, caso contrário seriam “destruídos” com o esplendor de Sua vinda”.5 A crise antitípica prevista em Oseias coloca tudo em suspense. O sucesso de todo o plano de salvação deve, portanto, depender de sua hora final—o arrependimento de Laodiceia. A alternativa? Aceitar a falsa doutrina da “Babilônia” que envia todos os “salvos” para o céu na morte.
O arrependimento de Gomer prenuncia Laodiceia. Cristo “verá o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito”.6 “A igreja pode parecer prestes a cair, mas não cai. Permanece, enquanto os pecadores em Sião serão separados—a palha separada do trigo precioso. Esta é uma provação terrível, mas mesmo assim deve ocorrer. “Eles olharão para Mim quem eles trespassaram; irão chorar por Ele”. Haverá uma resposta da “casa de Davi e . . . dos habitantes de Jerusalém”.7 É um pecado para os adventistas desencorajados não acreditar nas Boas Novas em Oséias!
Falando através de Oséias, o Senhor assegura a Israel infiel de uma alegre reunião: “Eles retornarão ao Senhor seu Deus, e ao Messias, seu Rei, e virão tremendo, submissos ao Senhor e às suas bênçãos, no final.”8 Visto que o ágape é um amor que cria valor em seu objeto, não depende de suas boas qualidades, ele criará arrependimento dentro da Igreja onde o medo egocêntrico ou a esperança de recompensa falharam. Mas uma mudança de coração é possível e, à luz de Oséias, é certo. Uma graça muito mais abundante deve ser vista à luz da purificação do santuário. A boa notícia é que a vinda de Cristo depende desse arrependimento. “Sejamos alegres, regozijemo-nos e honremos a Ele; porque o casamento do Cordeiro está vindo e a esposa já se aprontou.”9

Paul E. Penno
_____________________________________

Notas finais:                                                      
1) Oseas 1:2 A Bíblia viva                                 

2) Cf. Ellen G. White, Testimonies to Ministers and Gospel Workers, p. 49.

3) Efésios 5:23                                                   

4) Ellen G. White, Review and Herald, de 15 de dez. de 1904.

5) 2ª Tessalonicenses 2:8; Hebreus 12;29       

6) Isaias 53:29                                                   

7) Ellen G. White, The Upward Look, pág. 356; Zacarias 12:10-13:1.

8) Oséias 3:5, A Bíblia Viva                               

9) Apocalípse 19:7                                              
_____________________________________
Notas:                                                                
No vídeo deste tema desta semana você pode ver e ouvir o pastor Paul Penno
https://www.youtube.com/watch?v=nQqVwigcBeI

"Sabbath School Today" is on the Internet at: http://1888message.org/sst.htmaa
_____________________________________

Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com.br) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
_____________________________________