quinta-feira, 21 de maio de 2015

Lição 8, bilíngüe - A missão de Jesus, por Robert Wieland

Para 16 a 23 de maio de 2015


Esta semana lhe enviamos uma das mais amadas histórias da Bíblia, e que é parte importante da mensagem de justificação pela fé — a história do Bom Pastor. O relato de Lucas sobre esta história (capítulo 15, versículos 4-7) toca os corações de adultos e crianças, e também representa a “missão” de Jesus.
Em suma, o conceito da mensagem de justificação pela fé é: Cristo é um bom pastor que está buscando a ovelha perdida, mesmo que não O tenham procurado. No entanto, um mal-entendido quanto ao caráter de Deus nos leva a pensar que Ele está tentando Se esconder de nós.
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Nosso trimensário diz com razão: “Deus nos ama tanto que Ele mesmo virá nós procurar e nos levar consigo. Frequentemente falamos sobre pessoas buscarem a Deus; na realidade, Deus é que nos está buscando” (lição para 17 de maio).
Como esse mal-entendido sobre o caráter de Deus começou? É o nosso amor humano natural que acha que deve procurar a Deus. As religiões pagãs baseiam-se na ideia de um Deus evasivo. As pessoas imaginavam que Deus está como a brincar de esconde-esconde e Se afastou dos seres humanos. Somente os sábios ou inteligentes são suficientemente especiais para descobrir onde Ele está escondido. Milhões seguem em longas jornadas para Meca, Roma, Jerusalém ou outros santuários, procurando por Ele. Os antigos gregos superaram a nós todos na construção de magníficos templos de mármore pelos quais sentiam que deviam procurar por Deus.
Mas o amor de Deus (Ágape) revela-se o oposto. Não são os seres humanos que buscam a Deus, mas Deus é quem busca pelo homem: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lucas 19:10). O pastor deixou as noventa e nove ovelhas que estavam a salvo e arriscou sua vida para encontrar a que estava perdida. A mulher acendeu uma vela e procurou em sua casa até que encontrou a moeda perdida. O Espírito de Deus procurou o coração do filho pródigo e o levou para casa. Não há nenhuma história em toda a Bíblia de uma ovelha perdida que saia em busca do seu pastor!
Jesus viu que Sua missão era ajudar as pessoas abatidas e desanimadas: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois me ungiu para anunciar o evangelho [boa nova, notícias felizes] aos pobres [por exemplo, aqueles que não podem pagar o tratamento médico]; Ele enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos, e restaurar a vista aos cegos e pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18).
Mas acaso a Palavra de Deus se contradiz? Jesus dedica um capítulo inteiro (Lucas 15) para dizer que Ele está buscando pecadores perdidos, e não vice-versa. Mas há passagens do Antigo Testamento que parecem contradizê-Lo, deixando implícito que Ele se esconde, aguardando a escolha do pecador em ir buscá-Lo e encontrá-Lo.
Jesus realmente procurou as pessoas para curar e ressuscitar. Por exemplo, havia a mulher samaritana no poço (João 4:13 e versos seguintes); o paralítico no tanque de Betesda (5:2-9 — e Ele perguntou-Lhe se podia curá-lo!). Note Seus apelos fervorosos buscando os corações dos líderes dos judeus (5: 17 e versos seguintes); e há a viúva de Naim enlutada cujo funeral de seu filho Ele interrompeu e o ressuscitou (Lucas 7:11). Nenhum deles veio em busca de Jesus, Ele foi quem veio a eles procurando-os. Jesus disse que o Seu Pai ainda está buscando a nossa comunhão como se Ele fosse solitário sem nós (e Ele é! Causa-Lhe dor quando O deixamos! João 4:23).
Mas o Velho Testamento tem mandamentos para buscá-Lo e encontrá-Lo, como se Ele estivesse Se escondendo de nós. Por exemplo: “Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que cumpris o Seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura lograreis esconder-vos no dia da ira do Senhor” (Sofonias 2:3). E, “Assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai e vivei: . . . para que não irrompa como fogo . . .” para queimá-lo ou enviar um tsunami para eliminá-lo (veja o ameaças em Amós 5:4, 6).
E há Jeremias 29: “Vós Me buscareis e Me encontrareis quando me buscardes de todo o coração” (v 13). Se lermos o contexto, veremos que o Senhor não está contradizendo o que Jesus disse: as pessoas voltaram para casa depois de 70 anos de exílio e cativeiro; se cansaram da idolatria e culto a Baal e agora estão ansiosos por virem ao senhor. Não é um mandamento; é simples tempo futuro. Não é uma ameaça. No contexto próximo, o profeta lhes fala da alegria de viver sob o Novo Concerto que viria em lugar do antigo concerto (31:31-340.
Amós tinha que falar às pessoas com mentalidade da Antiga Aliança (*o antigo concerto de Êxodo 19:7 e 24:8) com o único apelo que conheciam na época — o temor. O Reino do Norte, Israel, tinha profundamente apostatado e em breve seria exilado permanentemente, e perdido para a história (722 A.C.). Agora, finalmente, aí vem Jesus de Nazaré, “para iluminar os que jazem nas trevas” (Lucas 1:79). Ele é a Nova Aliança. Ele procura a ovelha perdida “até que a encontre”.
Um grande “mensageiro” de justificação pela fé, captou a ideia de Cristo tomando a iniciativa. “Sempre foi engano de Satanás levar as pessoas a pensar que Cristo está tão longe quanto seja possível colocá-Lo. Mas quanto mais longe os homens colocam a Cristo, mesmo aqueles que professam crer nEle, mais o diabo está satisfeito. E daí ele vai agitar a inimizade que está no coração natural. . . .
“Ele vai nos preparar, não podemos preparar-nos a nós mesmos. ... Nenhum mestre trabalhador olha para uma peça do trabalho que está realizando, ainda pela metade, e começa a encontrar defeitos nela. Não está ainda terminada. Seria uma coisa terrível se o maravilhoso Artífice Mestre olhasse para nós ao estarmos metade concluídos, e dissesse: Isso não serve para nada. Ele prossegue com a Sua maravilhosa obra. ...
“Como temos confiança nEle, vamos deixá-Lo continuar o trabalho. ... Se você for do lado de fora desta igreja e ver aquela janela aqui atrás do púlpito, lhe parecerá apenas uma confusão de vidro derretido postos juntos, negro e sem atração. Mas quando vem para dentro e olha de dentro, verá este vitral como uma bela peça artística. Da mesma forma, você e eu podemos olhar para nós mesmos, e tudo parecerá errado, escuro, e sem beleza, apenas uma massa confusa. Deus olha a partir do interior, como é em Jesus...” (E.G.W., General Conference Bulletin, 1895, págs. 478, 367-368, condensado).
Esta mesma autora resume a lição sobre o Bom Pastor assim: “O Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido A ovelha perdida nunca encontra o seu caminho de volta ao redil por si mesma. Se não for buscada e salva pelo pastor vigilante, vagueia até perecer. Que representação do Salvador é esta! A menos que Jesus, o Bom Pastor, tivesse vindo buscar e salvar o errante, teríamos perecido.
Os fariseus tinham ensinado que ninguém, a não ser a nação judaica, seria salva, e tratavam todas as outras nacionalidades com desprezo. Mas Jesus atraiu a atenção daqueles que os fariseus desprezavam, e Ele os tratou com consideração e cortesia. ...“  (Signs of the Times, 20 de novembro, 1893).
“Então, quando o pecador perdido é encontrado pelo bom pastor, céu e terra unem-se em alegria e ação de graças. Pois “haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” [Lucas 15: 6, 7] (E. G. W., em Obreiros Evangélicos, pág. 182.).
Lembre-se, muitas vezes a palavra hebraica traduzida como “buscar” significa “consultar”, “prestar atenção.” Assim, Isaías 55:6 diz realmente, “Preste atenção ao Senhor enquanto está disponível, invocai-O enquanto está perto.” Neste dia solene da Expiação certamente é hora de “prestar atenção ao Senhor”. Que Ele ainda está “disponível” é tremenda Boa Nova.

A partir dos escritos de Roberto Wieland

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros.

Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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