Para 15 a 22 de agosto de 2015
“Fé é esperar a palavra de
Deus fazer o que diz, e depender dessa palavra para fazer o que ela diz”—A. T.
Jones1
Nossa lição nos dá vários
exemplos maravilhosos de “missões transculturais”, e cada exemplo contém um dos
conceitos mais poderosos da mensagem de 1888 — justificação pela fé. Poderíamos
passar um pouco de tempo em cada exemplo dado na lição; no entanto, a história
do centurião será o nosso foco neste breve ensaio.
Em Lucas 7:2-10 há uma
história deleitosa de um centurião romano que enviou alguns anciãos judeus numa
missão até Jesus a fim de pedir-Lhe que viesse curar o seu servo que estava
mortalmente doente. Os anciãos revelaram sua arrogância, orgulhosamente
recomendando o oficial do exército romano, porque ele amava a nação judaica e
financiou uma sinagoga (igreja) para eles.
Mas o depoimento deles não
significou nada para Jesus; ali havia um pedido de ajuda, e Sua compaixão
respondeu. (Lucas o diz, porque gosta de enfatizar o amor de Jesus para com os
gentios). A certa altura, Jesus é interrompido por amigos do homem, enviados
noutra missão, para Lhe dizer: “não Te incomodes; porque não sou digno de que
entres debaixo do meu teto”, mesmo ele provavelmente tendo uma casa suntuosa,
já que se dera ao luxo de pagar por uma nova sinagoga! Em seguida, ele
acrescentou, “Basta dizeres uma palavra, e o meu servo será curado”. Ele
acreditava que há poder na Palavra de Deus! E Jesus ficou maravilhado de como
um gentio podia ter tal “fé”, ou seja, confiança de que Deus é todo-poderoso.
Ao lermos a história em seu
contexto, começamos a ver que a fé do soldado romano era mais do que isso. Ele
havia começado a entender a sua pecaminosidade, à luz da justiça de Cristo,
pois disse duas coisas. (1º) “Eu não sou digno de que entres debaixo do meu teto”,
e (2º) “nem ainda me julguei digno de ir ter contigo”.
A fé do centurião não era
uma mera confiança mental, mas uma apreciação de coração. Um amor incomum tinha
enchido o coração daquele soldado romano, pois ele estava preocupado com o seu
servo, e não consigo mesmo. A fé que ele já tinha o havia transformado e o
livrou do egoísmo. E assim essa história nos ajuda a compreender o ingrediente
essencial do verdadeiro milagre de cura: a fé é uma apreciação de coração do
sacrifício de Cristo.2
A. T. Jones, um dos
“mensageiros” de 1.888, escreveu na Review
and Herald sobre a fé do centurião na palavra de Deus:
“Vimos que o poder contido
na palavra de Deus é suficiente, pois só mediante o falar essa palavra, mundos
se criaram. Igualmente é suficiente agora que se fale aos homens para se criar
de novo, em Cristo Jesus, cada um daquele que O recebe.
“Agora, o que o centurião
esperava que iria curar o seu servo? Era ‘somente a palavra’, que Jesus proferisse.
E depois da palavra falada, sobre o que o centurião dependia? O que buscava ele
como fonte de poder para a cura? Era “somente a palavra”. Ele não buscou que o
Senhor a realizasse segundo alguns aspectos à parte da palavra. Não. Ele ouviu
a palavra, ‘Assim seja feito a ti’.
Ele aceitou essa palavra como ela é na verdade, a palavra de Deus, e esperava,
confiava nisso, para realizar o que ela dizia. E assim foi. E essa palavra é a
palavra de Deus hoje como certamente o era no dia em que foi originalmente falada.
Nada perdeu do seu poder, pois a palavra “vive
e permanece para sempre”.3
Ellen G. White também
escreveu sobre o centurião romano, usando a história como um exemplo de sua fé
em contraste com a dos “irmãos” aos quais estava se dirigindo:
“Irmãos, queremos avançar
como um homem e obter uma experiência viva aqui nesta reunião. Desejais luz
suficiente para poderdes levar convosco para a eternidade. Isso é o que
quereis. Não temos metade da fé suficiente. Estamos apenas começando a aprender
como criancinhas a como exercitar a fé. A criança dá um primeiro passo, e cai;
em seguida, dá mais um passo, e, finalmente, aprende a andar. Agora, queremos
aprender a como exercitar a fé.
“Quando o centurião vem a
Cristo, apenas vede a sua fé. Ora, ele não reivindicava todo o conhecimento dos
judeus; mas ali estava o centurião, e diz, ó Senhor, não precisas ir até minha
casa para curar o meu servo; só diga uma palavra e isso será feito. Que tipo de
poder ele pensava estar em Cristo? Exatamente o que fora investido nEle. Agora,
disse ele, podes apenas dizer a palavra como eu digo ao meu servo: vá, e ele
vai, e digo a ele fazer isso, e ele o faz. Bem, agora, tudo que tens a fazer é
ordenar, e isso será feito.
“Qual foi a sua percepção?
De que havia anjos por todo o redor de Cristo; a palavra de Cristo iria direto
ao quarto do doente e curaria aquela alma. Os judeus ouviram o que Cristo
disse: ‘nunca encontrei tão grande fé,
nem mesmo em Israel’. Agora há os que estão fora de nós apresentando-se em
maior favor de Deus do que nós, por quê? Porque vivem cada pequena luz que têm.
E temos luz sendo derramada sobre nós, e por meses [desde a Assembleia da
Associação Geral de 1888] temos apelado a que as pessoas avancem e aceitem a
luz; e não sabem se devem fazê-lo ou não. Não parecem perceber que podem vir e
beber, que podem abrir seus corações e deixar o Salvador entrar.
“A minha alma às vezes
agoniza sobre essas coisas, mas não posso fazer nada, não posso falar ao
coração; somente Deus pode falar ao coração. Rogo-vos, como embaixadores de
Jesus Cristo, para esmagardes a Satanás debaixo dos vossos pés. Eu vos apelo a
começardes a trabalhar para vós mesmos, trabalhar pelas almas que estão nas
trevas e na incredulidade. Rogo-vos a gastardes vossos esforços a fim de
trazê-las aonde as águas da vida fluem — aonde a luz do céu venha sobre elas,
para que possam estar no meio das pessoas como uma luz, e não como uma sombra
de escuridão”.4
A. T. Jones também
escreveu: “Claramente, deve ser de pouca finalidade exortar uma pessoa quanto à
necessidade de cultivar a fé, enquanto essa pessoa não tem ideia inteligente do
que a fé é. E é uma triste verdade que, embora o Senhor tenha tornado isso
perfeitamente claro nas Escrituras, há muitos membros da Igreja que não sabem o
que é a fé. . . .
“A fé vem ‘pela palavra de
Deus’. Na Palavra, então, é que temos de procurá-la. . . .
“Quando Jesus ouviu [o que o centurião disse], admirou-Se e disse aos que O seguiam: Em
verdade vos digo, nunca encontrei tão grande fé, nem mesmo em Israel”.
“É o que Jesus declara ser
a fé? Quando descobrimos o que vem a ser isto, descobrimos a fé. Saber o que é
isso é saber o que é a fé. Não pode haver nenhuma espécie de dúvida sobre isso;
pois Cristo é ‘o autor. . . da fé’, e Ele diz que o que o centurião manifestou
foi ‘fé’; sim, mesmo uma “grande fé”.
“Onde, então, nisto está a
fé? — O centurião queria que certa coisa fosse feita. Ele queria que o Senhor o
fizesse. Mas quando o Senhor disse: “Eu irei, e o farei,” o centurião O
impediu, dizendo, ‘Fala somente uma
palavra’, e isso será feito.
“Agora, o que fez o
centurião esperar que o trabalho se realizaria?” ‘A palavra SOMENTE’. Do que
ele dependia para a cura de seu servo? Da ‘palavra SOMENTE’.
“E o Senhor Jesus diz que
esta é a fé.”5
—Dos
escritos de Robert J. Wieland,
A. T. Jones,
Ellen G.
White
Notas:
1) A. T.
Jones, Lições Sobre fé, pág. 16, Review and Herald, 27 de dezembro de
1898,
2) Dos
escritos de Roberto Wieland,
3) O poder
da palavra, parte 2, A. T. Jones, Review
and Herald, 27 de outubro de 1896,
4) Ellen G.
White, “Quem vai aceitar a luz do céu?”
Comentários na classe bíblica, em 6 de fevereiro de 1890; Materiais de Ellen G. White sobre 1888, Ms. 10, 1890, págs. 555 e
556.
5) A. T.
Jones, Lições Sobre fé, págs. 15 e 16,
Review and Herald, 27 de dezembro de
1898,
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