terça-feira, 4 de agosto de 2015

Lição 6 — Ester e Mordecai, por Arlene Hill



Para 1º a 8 de agosto de 2015

“Satanás operará seus milagres para enganar; estabelecerá seu poder como supremo. A Igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá. Ela permanece, enquanto os pecadores de Sião serão lançados fora no joeiramento — a palha separada do trigo precioso. É esse um transe terrível não obstante importa que tenha lugar. Ninguém, senão os que venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do Seu testemunho, serão encontrados com os leais e fiéis, sem mácula nem ruga de pecado, sem engano em sua boca. Precisamos despojar-nos de nossa própria justiça e revestir-nos da justiça de Cristo” (Ellen G. White, Carta 55, 8 de dezembro de 1886; Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 380).
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A história de Ester é um tipo desse processo do tempo do fim. Sua “Igreja”, a nação de Israel e seu sistema de adoração, tinham realmente decaído. Sua idolatria tornou-se bem difundida e Deus permitiu que fossem levados cativos para Babilônia, mas depois de 70 anos foram autorizados a voltar para casa. Um dos muitos judeus que escolheram não voltar para Israel foi um homem chamado Mordecai, ou Mardoqueu, que estava morando na cidade de Susa, uma das quatro capitais do Império Persa. Pelo fato de sua família ter-se ido, ele adotou uma jovem prima, Hadassah, também chamada de Ester. Mardoqueu a criou no amor a Deus e ao seu povo de Israel, por isso, quando chegou o momento, Deus pôde usá-los de forma tão poderosa.
A história é simples. O rei persa estava zangado com sua rainha Vasti e substituiu-a por Ester após um “concurso de beleza” obrigatório em todo o país. Por razões desconhecidas, Mordecai a aconselhou a não revelar sua verdadeira identidade racial naquele momento.
Hamã entra na história como um homem mesquinho, cujo preconceito se originava em seu orgulho. O resultado foi o que todo ódio produz — desejo pela morte de quem desprezava. Mordecai se recusou a ajoelhar-se em homenagem a Hamã, o que lhe feriu o orgulho, então convenceu o rei a matar não somente Mardoqueu, mas toda a sua raça. Mais uma vez, um teste sobre adoração resulta em ódio e ira irracional. No final do tempo, o teste será sobre lealdade para com o verdadeiro Deus manifesto em um ato de adoração. As ações de Mardoqueu transmitem uma mensagem de que ele permaneceria fiel, independentemente das consequências. A mensagem da justificação pela fé somente produz e produzirá ódio da parte daqueles que estão confiando a certeza de salvação em suas obras, de que se orgulham. Qualquer mensagem ao contrário gerará ódio.
Ester foi confrontada com uma escolha difícil. Seu primo era um judeu conhecido, mas o segredo de Ester tinha sido preservado. Se ela o mantivesse em segredo talvez tivesse uma chance de escapar dos esquadrões da morte. O paralelo com a Divindade é inconfundível. Quando Adão e Eva pecaram, Deus poderia ter tranquilamente deixado a natureza seguir o seu curso, e teriam morrido como Deus previra, “no dia” em que comeram da árvore. Então Deus poderia ter criado outro par como se nada tivesse dado errado. Mas, o universo não havia testemunhado a morte, e observando isso iria se perguntar como um Deus de amor abnegado (Ágape) poderia simplesmente deixar que as pessoas que amava desaparecessem. O plano de salvação foi concebido para demonstrar a extensão até onde Deus vai para salvar Suas criaturas.
A maior parte da raça humana não sabe de sua verdadeira condição, sendo pecadores necessitados de um salvador. Sem uma mensagem de aviso, vão continuar sem saber nada de seu verdadeiro status e necessidade. A maioria das religiões ensina uma forma de obras de justiça, o que produz desesperança. Quando Ester decidiu revelar sua verdadeira identidade, estava disposta a aceitar as consequências de ser uma parte de um grupo de condenados. Ao contrário de Cristo, Ester não teve escolha de ser nascida judia, mas Cristo escolheu ser “feito semelhante a Seus irmãos”, alinhando-Se permanentemente com uma raça condenada. Como Ester, Cristo em Sua humanidade não tinha conhecimento prévio de que Sua missão na Terra seria bem sucedida, mas Ele nos amou com um amor altruísta e seguiu com fé para a cruz.
Três vezes Ester convidou o rei para seus banquetes, e na terceira vez ela selou o seu destino como permanentemente alinhada com seus compatriotas corporativos ao revelar o seu segredo. Três vezes Cristo pediu por outro caminho, mas finalmente submeteu a Sua vontade à de Seu Pai.
Às vezes somos tentados a desanimar com a nossa Igreja e com o que parece pouca aceitação da mensagem que foi rejeitada após 1888. Alguns até acreditam que são justificados em deixar a Igreja, mas isso não é o que Deus espera de nós. Podemos escolher ser parte do corpo social da Igreja. Podemos continuar a orar por arrependimento corporativo desses líderes que se interpõem no caminho de proclamar integralmente a mensagem da justificação pela fé, e temos também de reconhecer a nossa parte no pecado do corpo (*da igreja).
Nossa lição discute a prudência do silêncio a respeito de nossa fé em determinadas circunstâncias. Não nos é dito por que Mordecai e Ester mantiveram a sua identidade racial e fé em segredo, mas chegou um momento em que claramente tiveram que tomar uma posição. Há alguns que pensam que nunca devemos discutir ou ensinar a mensagem de 1888 a menos que seja tão diluída a ponto de ser indistinguível da justiça evangélica nominal pela fé. Certamente temos de ser prudentes como as serpentes e simples como as pombas, mas se nós realmente acreditamos que esta mensagem “é a terceira mensagem angélica em verdade” (Review and Herald, 1º. de abril de 1890), deve ser dada em detalhe para um mundo agonizante.
Mesmo sob pena de morte, a mensagem deve ser dada, mas isso não é humanamente possível sem a aceitação plena do Espírito Santo em nossas vidas. O martírio não é algo que nos voluntariamos a cumprir para levar Deus a pensar que somos tão piedosos que Ele vai nos levar para o céu. A mensagem especial de 1888 para a Igreja do tempo do fim é que Deus é capaz de mudar corações dispostos com o Seu amor Ágape para toda a raça humana. Chegamos a nos ver como pecadores iguais aos outros que ainda têm de ouvir a mensagem que salvou o mundo inteiro. Nosso amor por eles (não por nós mesmos) nos obriga a arriscar tudo para dizer-lhes (*sobre esta verdade). Receberemos grande poder que ilumina toda a Terra com glória, e que inclui a mudança do coração centralizado no eu para a urgente evangelização altruísta. Nada vai deter-nos. Que privilégio para aqueles que estão incluídos nesse grupo.
 “Ouvi os que estavam revestidos da armadura falar sobre a verdade com grande poder. Isso exerceu efeito. Vi aqueles que tinham sido presos; algumas esposas haviam estado presas por seus maridos, e alguns filhos tinham sido obrigados pelos pais. Os honestos que tinham sido detidos ou impedidos de ouvir a verdade, agora avidamente apegavam-se à verdade falada. Todo o medo de seus pais tinha desaparecido. A verdade somente lhes era exaltada. Era mais caro e mais precioso do que a vida. Eles tinham tido fome e sede de verdade. Perguntei o que havia operado esta grande mudança. Um anjo respondeu: ‘É a chuva serôdia. O refrigério pela presença do Senhor. O alto clamor do terceiro anjo’.
 “Grande poder estava com esses escolhidos. Disse o anjo: ‘Olha!’ Minha atenção foi dirigida para os ímpios, ou incrédulos. Eles estavam todos agitados. O zelo e poder com o povo de Deus os tinha despertado e enraivecido. Confusão, confusão havia por todos os lados. Vi medidas tomadas contra esse grupo, que estavam tendo o poder e a luz de Deus. Pesada escuridão prevalecia ao seu redor, mas lá estavam eles, aprovados por Deus, e confiando nEle. Vi-os perplexos. Em seguida, ouvi-os clamando a Deus fervorosamente. Ao longo do dia e noite não cessavam seus clamores. Eu ouvi estas palavras, ‘Tua vontade, ó Deus, seja feita! Se é para glorificar o Teu nome, concede um caminho de escape para o Teu povo! Livra-nos dos ímpios em redor de nós! Eles nos destinaram à morte; mas o Teu braço pode trazer salvação’. Estas são todas as palavras que posso trazer à lembrança. Eles pareciam ter um profundo senso de sua indignidade, e manifestavam inteira submissão à vontade de Deus. No entanto, cada um, sem exceção, estava fervorosamente suplicando e lutando como Jacó por libertação” (Review and Herald, “The Future”, 31 de dezembro de 1857).
Não há motivo para desânimo. A Igreja de Deus vai até o fim. Alegrem-se nisso e “mantenham-se unidos”.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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