terça-feira, 8 de setembro de 2015

Lição 11 — Paulo, seu passado e seu chamado, por Paulo E. Penno



Para 5 a 12 de setembro de 2015

Paulo tinha sido um fanático! Uma armadura de aço envolvia-lhe o coração. Ele provou as profundezas de um ódio infernal ao Messias. Antes de sua conversão, ele havia gasto totalmente as suas energias na luta contra Deus. Na verdade, ele odiava a Jesus Cristo e Seus seguidores, “respirando ameaças de assassinato contra os discípulos do Senhor, ... de modo que, se encontrasse alguns que eram do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduziria presos a Jerusalém” ( Atos 9: 1, 2).
Combinado com este zelo persecutório havia uma compreensão intelectual profunda da teologia do judaísmo apóstata. Nessa época, ele era um fanático selvagem nos limites extremos do legalismo. Ninguém pode estar mais longe do Senhor do que um fanático legalista que pensa que é santo e justo por causa de seu legalismo. Paulo não está apenas balbuciando frases polidas de contrição quando diz que é o “principal” dos pecadores (1ª Tim. 1:15), “um abortivo, ... o menor dos apóstolos, porque eu ... perseguia a igreja de Deus” (1ª Cor. 15:8, 9). Ele provou as profundezas de um ódio infernal ao Salvador. Vivendo antes do tempo da Igreja remanescente, ninguém tinha antecipadamente conhecido mais intimamente a ira da peleja do “dragão com a mulher [e] ... o resto de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo” (Apo. 12:17).
No coração da Saulo de Tarso não convertido queimavam os fogos do grande conflito de Satanás contra Cristo; ele estava inteiramente dedicado ao lado de Satanás. Se não tivesse sido convertido quando o foi muito provavelmente teria sido autor dos livros mais diabólicos de ensinos anti-Cristo. Quais poderiam ter sido os ensinamentos de Saulo de Tarso desenvolvidos nos dogmas da Grande Apostasia da Idade das Trevas que ele descreveu em 2ª Tessalonicenses 2:1-10?
Foi divinamente apropriado que este cortesão íntimo de Satanás devesse ser convertido na estrada de Damasco, quando viu no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 26:13-15).
Assim como Jesus confrontou os judeus apóstatas na casa de Seu Pai (o Templo) algumas semanas antes, a abordagem de Paulo para com eles depois de sua conversão é totalmente de confronto. Em um lampejo, todo o conhecimento de seu passado acadêmico judeu veio em foco: Jesus de Nazaré é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Essa “luz . . . mais brilhante que a do sol” foi uma visão da cruz de Cristo. Cada célula do cérebro foi inundada com uma intensidade de luz brilhante; décadas da verdade bíblica distorcida, pervertida, de repente foram esclarecidas. Um panorama brilhou como um vídeo brilhante diante dos olhos de sua alma — “Cristo e este crucificado”.
A respiração lhe faltou; ele estava paralisado até que a voz celestial disse: “Levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda(Atos 26:16).
Essa visão na estrada para Damasco explica sua obsessão ao longo da vida com a palavra da cruz. Os onze apóstolos foram, doravante, ricamente abençoados no ministério, mas um novo campeão que nunca tinha visto a Jesus como eles O tinham visto, mas que provavelmente O percebeu mais claramente através dessa visão, estava agora a anunciá-Lo às multidões. E graças a Deus, Cristo foi-nos anunciado.
O Senhor Jesus procurou a alma de Saulo de Tarso, enquanto ele O estava “perseguindo”; durante todo o tempo que o Senhor fez o seu caminho “duro” como golpear contra os aguilhões (Atos 26: 12-15). Que gloriosa boa notícia isto é para toda a alma presa à Terra. Ele está a sua busca como o Bom Pastor busca Sua ovelha perdida para salvá-la de acabar com a sua vida e saúde muito cedo. Podemos ver essa ideia do Bom Pastor no chamado de Cristo a Saulo, muito mais claramente como resultado da mensagem de 1888.1
A ilustração se encaixa, exceto que Jesus não falava de um carneiro como Saulo, lutando contra o Pastor quando veio para resgatá-lo. Difícil de imaginar! Mas isso é o que todos nós temos feito, uma e outra vez. Isso é o que significa ser um pecador — resistir à graça de Deus.
Saulo de Tarso aprendeu, no entanto, e ele nos diz: “Não anulo [KJV] a graça de Deus” (Gál. 2:21). Ele está, afinal, “crucificado com Cristo” (vs. 20). O Bom Pastor busca a Sua ovelha perdida e todos os profetas e apóstolos repreendendo-nos pelo nosso pecado, mesmo dando a sua vida para ser “crucificada com Cristo”, a fim de ser fiel, são idênticos ao ministério daquela graça muito mais abundante de Deus (Rom. 5:20, 21).
O Senhor nos diz, que “não sabemos” o que estamos fazendo (Apoc. 3:17). É hora de tornar-nos conscientes.
Pela Sua cruz erguida e ministério sacerdotal em curso, Cristo está atraindo “todos os homens” para Si mesmo ao arrependimento. O Seu amor misericordioso é tão forte e persistente que o “pecador poder resistir a esse amor, pode recusar-se a ser atraído para Cristo. Se, porém, não resistir, será atraído para Ele; o conhecimento do plano de salvação levá-lo-á ao pé da cruz em arrependimento pelos seus pecados, que causaram os sofrimentos do amado Filho de Deus”.2
Por que isso é verdade? Porque Ele deu a Si mesmo por “todo homem”, sim, Ele Se deu a cada homem.  
Quando Ele morreu na cruz, fez mais do que salvar as pessoas boas. Ele morreu pelos “ímpios”. “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios (Rom. 5: 6). Pode ser difícil dizer isso, mas inclui os piores pecadores na Terra!
A ideia de que Cristo está dirigindo uma “loja” especial de salvação e permanece dentro como um lojista, até o pecador tomar a iniciativa de vir procurá-lo, não é o que a Bíblia diz! Porque — Cristo é o Bom Pastor, que não espera que a ovelha perdida tente encontrar o caminho de casa novamente; Ele sempre vai em busca da mesma: “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). A ovelha perdida pode estar perdida longe nas colinas numa selvagem noite de tempestade; não importa. O Bom Pastor deixa suas “noventa e nove” e com o risco de sua própria vida sai na tempestade mais selvagem imaginável através das montanhas “até encontrá-la.” Ele vai “após a que se perdeu, até encontrá-la” (Lucas 15: 4). “O Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (19:10).
Não imagine que possa salvar-se a si mesmo, ou que tenha crescido no lado certo e assim está naturalmente quase salvo em seu próprio país. Se o Senhor nos deixasse a virar-nos por nós mesmos, estaríamos irremediavelmente perdidos.
Quando o Senhor Jesus Cristo deu a Sua vida na cruz, Ele não morreu em vão. Ele realmente salvou o mundo. Os samaritanos desprezados tinham razão quando declararam dEle que era “o Salvador do mundo” (João 4:42). Mas como pode ser isso, quando a grande maioria dos seres humanos na Terra não O reconhece assim?
Muitos não sabem disso porque nunca foram informados, de forma clara; e muitos se recusam a acreditar quando lhes é dito. Mas isso não diminui o fato de que por meio de Seu sacrifício, Cristo os comprou, garantindo assim a sua salvação se não resistirem a Ele e O rejeitarem. O mundo inteiro pertence a Ele em virtude do sacrifício de Seu sangue na cruz.
Paul E. Penno
Notas finais:
1)  E. J. Waggoner, “Deus prendeu a Saulo em sua carreira louca de perseguição porque Ele o havia escolhido para ser apóstolo. Assim, vemos que os golpes que Saulo estava dando eram os esforços do Espírito para transformá-lo para o trabalho ao qual ele havia sido chamado” (Signs of the Times, 8 de dezembro de 1898, pág. 771).
[2] Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 27.          
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