sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Lição 3 — Os últimos cinco reis de Israel, por Roberto Wieland



Para 10 a 17 de outubro de 2015

Milhões de adventistas do sétimo dia ao redor do mundo estão estudando esta semana sobre os últimos cinco reis de Judá, mas como a nossa lição começa com o rei Josias, o rei que fez tudo certo, o nosso foco principal será o seu governo. Podemos traçar paralelos entre a história de Josias, e a história da mensagem de 1888?
Josias sabia que o reino de Davi, do qual ele era agora o governante, estava à beira do abismo; sua própria existência estava a apenas um “milímetro” do desastre nacional, pois Deus estava a ponto de retirar o Seu cuidado e proteção deles, deixando-os à mercê dos babilônios pagãos.
O sumo sacerdote Hilquias havia encontrado o livro de Deuteronômio no Templo, e quando Safã, o escrivão o leu para o rei, este “rasgou as suas roupas” (2ª Reis 22: 8-13). Ele estava sendo totalmente sincero em seus esforços para evitar a ruína nacional que via se aproximando. Colocou toda a sua alma numa obra de arrependimento ao ver ser isso necessário; e ele levou o povo a um “arrependimento nacional” ou, pode-se dizer, a um “arrependimento corporativo”. Começou no palácio do rei, o lugar adequado para qualquer arrependimento nacional ou corporativo começar.
Jeremias espera não ter que enxugar as lágrimas dos seus olhos diante da angústia e rebelião incompreensíveis do próprio povo de Deus. A evidência indica que estão se arrependendo e fazendo o que é certo, porque seguem ao seu rei (Jer. 9: 1, 2).
Mas este foi exatamente o seu problema — estavam seguindo o seu rei. Isso foi o que fez Israel ao longo de sua história — seguiram os seus bons reis como Ezequias e Josias, e seguiram os seus maus reis como Manassés e Acabe. Eles nunca realmente seguiram ao Senhor!
Ellen White descreveu esta condição: “Depender do homem tem sido a grande fraqueza da Igreja. Os homens têm desonrado a Deus ao não apreciarem a Sua suficiência, por cobiçarem a influência do homem. Assim Israel se debilitou. O povo queria ser como as outras nações do mundo e pediram um rei. Desejavam ser guiados pelo poder humano que podiam ver, em vez da teocracia divina — o poder invisível que até então os havia conduzido e guiado, e lhes dado a vitória na batalha. Eles fizeram a sua própria escolha, e o resultado foi visto na destruição de Jerusalém e dispersão da nação”.1

A importância de dizer a verdade sobre a história
A pessoa que ama a verdade da Bíblia também está preocupada com a importância de historiadores que dizem a verdade sobre a história. A mesma preocupação honesta aplica-se à história da obra de Deus. Jeremias 8:8 revela o profeta como dizendo ao Reino de Judá que seus historiadores falsificaram sua história nacional e ao fazê-lo mergulharam a nação em ruínas. Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas”. Da mesma forma, os escribas e fariseus nos dias de Jesus manipularam falsamente a sua história e, assim, prepararam-se para liderar a nação na crucifixão do Filho de Deus. Ellen G. White advertiu a Igreja de que “nada temos a recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado”.2 Jesus diz: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane” (Mat. 24: 4). Ser enganado não é apenas um revés temporário, pode ser fatal.
Neste tempo de grande crise para o trabalho de Deus de proclamar o evangelho a todo o mundo, é especialmente importante que a história da obra do Espírito Santo não seja “falsificada”, como a escreveram os antigos escribas nos dias de Jeremias. Aqueles que pesquisam a fundo os fatos da história nacional ou da Igreja e os apresentam honestamente, devem ser bem acolhidos, e não serem objeto de ressentimento ou serem silenciados. “Examinai tudo”, diz o apóstolo inspirado, e “retende o que é bom” (1ª Tes. 5: 21). Você desejará que o seu médico seja cuidadoso e preciso quando se trata de sua saúde; também é importante lembrar que a saúde da Igreja está envolvida com a história honesta.

Uma Demonstração de Descrença na Antiga Aliança
Um breve apanhado da história de Israel sob o Velho Concerto demonstra que a incredulidade precipitou-os à ruína final. Monarca após monarca arrastou sua nação morro abaixo. Nenhum governante do reino do norte (*Israel) fez o que era “certo”, apesar de o Senhor implorar junto a eles por vários profetas e mensageiros (2º Reis 17: 13, 14). Finalmente, (*Deus guiou) a Assíria que os esmagou para sempre como nação e os espalhou irrevogavelmente entre os gentios.
Enquanto isso, Judá firmemente se rebelou. Vários de seus reis tentaram desesperadamente medidas “tapa-buracos” de reavivamento e reforma, como Josafá, Ezequias, e o último de todos, o amado jovem Josias. Mas a Escritura mostra que cada um deles simplesmente tentou renovar um renascimento do Velho Concerto. Nunca foi o Novo Concerto, a justificação pela fé recuperada (*grifos nossos). Eles estavam sinceramente cegos para a fé que Abraão tinha experimentado. O problema não era que tinham uma “organização”; era a alienação do seu coração.
Josias era a última esperança. Este zelo do jovem rei pelo Senhor era ilimitado. Mais uma vez, em profunda piedade, ele procurou renovar o Velho Concerto: E fez com que todos quantos se achavam em Jerusalém e em Benjamim o firmassem” (2º Crôn. 34:31, 32). Mas a profetisa Hulda tinha que lhe dizer, infelizmente, que já era tarde demais; toda essa “reforma” era apenas superficial. O desastre completo devia seguir o seu curso. O Velho Concerto continuava “gerando filhos para a servidão”, para a ruína da nação e seu cativeiro numa terra estranha (cf. Gal. 4:24).
Josias até superou Ezequias em sua devoção ao Espírito de Profecia, zeloso em seguir todos os detalhes como os conhecia — especialmente Deuteronômio. Nunca houve um rei a obedecer tão meticulosamente a palavra escrita. O jovem Jeremias regozijou-se. Mas, enquanto mantinha tal devoção ao Espírito de Profecia escrito, Josias conseguiu rejeitar a sua demonstração viva. O problema foi que o “dom espiritual” renovado veio pelo caminho mais improvável que se poderia imaginar — a boca de um rei supostamente pagão!
Faraó Neco do Egito estava conduzindo seu exército em oposição ao poder crescente de Babilônia. pensou que era seu dever atacá-lo. Não havia Moisés, no Espírito de Profecia, dito a Israel para se opor aos pagãos? Mas o rei zeloso não podia discernir como Neco estava a serviço de Deus. Ele alertou Josias, guarda-te de te opores a Deus, que é comigo, para que Ele não te destrua” (2º Crô. 35: 21). O cronista diz que o rei não deu ouvidos às palavras de Neco, que saíram da boca de Deus”. O Senhor foi forçado a deixar o jovem rei morrer de seus ferimentos de batalha (v. 22-24). Jeremias estava de coração partido, pois o renascimento de Josias fracassou com a sua morte prematura. A partir de então, foi decadência por todo o caminho.

Revivendo a cegueira de Josias.
Como Josias, seria possível para nós, como adventistas do sétimo dia, pensarmos ser fiéis ao “Espírito de Profecia” e ao mesmo tempo rejeitar a sua demonstração viva? Isso realmente aconteceu em 1888; nossos irmãos estavam repetindo o “filme” de Josias. Ao rejeitar a “mais preciosa mensagem” “enviada do céu” eles imaginavam estarem sendo fiéis aos antigos escritos de Ellen White, pondo de lado a mensagem viva do Senhor.3
Será que estamos repetindo os revivamentos e reformas do Velho Concerto de Israel? A reflexão sóbria força uma resposta: como um corpo estamos tão mornos agora como estávamos há mais de um século atrás. Quando “nós” “em elevado grau” e “em grande medida” rejeitamos a “mui (*sic) preciosa” verdade do Novo Concerto que veio na época de 1888, nós nos trancamos em “muitos anos mais” de um desvio no Velho Concerto como certamente fez Israel no Sinai.4
A experiência de fé do Novo Concerto foi o principal foco da oposição da liderança à mensagem de 1888. Enquanto se opuseram a Jones e Waggoner, realmente preferiram os elementos essenciais do Velho Concerto. A Ellen White foi mostrado em visão que esses reverenciados líderes estavam perdendo tempo tentando incutir uma opinião diferente da do (*pastor) Waggoner, porque 0 foi “mostrado” à serva do Senhor que Waggoner estava certo.5
Ideias do Velho Concerto continuaram a predominar em nossa experiência. Nossos revivamentos e reformas seguiram o padrão dos de Israel, incluindo os do tempo de Esdras e Neemias. Ainda não temos como Igreja realmente recuperado o ///, que “nós” em grande parte rejeitamos um século atrás.
Quem pode estimar a confusão e trágicas apostasias que vieram por causa da fome não saciada dentro da Igreja (e do mundo) por esse “mui precioso” evangelho? Falando de como Uzá irreverentemente agarrou a arca sagrada, Ellen White em 1890 pleiteou com seus irmãos, “Tirai as mãos da arca de Deus, e deixai que o Espírito de Deus entre e opere com grande poder”.6
Essa pequena palavra “//” significa que o Espírito Santo está ansioso por entrar em ação. Quando a mensagem do Novo Concerto for resgatada do esquecimento dos arquivos, Ele pode alimentar com o maná celestial o nosso mundo faminto.
Um judeu convertido comparou o problema de seu povo com um agricultor dirigindo um cavalo e uma carroça para a cidade. Uma roda cai; ele a procurará mais adiante na estrada, ou voltará para onde ela caiu? Se os judeus devem recuperar o que perderam há 2.000 anos, é muito humilhante para nós voltarmos e recuperar o que perdemos ao longo de um século atrás? Recuar para recuperar o que o agricultor perdeu seria a única esperança dele, não seria?

- Dos escritos de Robert J. Wieland
Notas:

1) Manuscrito 159 de 1899
2) Mensagens Escolhidas, vol 3 pág. 162; Testemunho para Minsitros pág.31; originalmente em Boletim da Conferência Geral de 1893 , pág. 24 e em Life Skethes, pág. 196.
3) Veja, por exemplo, as cartas de Uriah Smith e G. I. Butler a Ellen White de 17 de fevereiro, 1890, e 24 setembro de 1892, respectivamente. (Manuscritos e Memórias de Minneapolis 1888, págs. 152-157, e 206-212). O Senhor não apenas enviou "profetas" para Israel, mas também "mensageiros" (Cron. 36:16) (*“Zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram de Seus profetas”).
4) Veja a carta 184, de 1901; e Evangelismo, pág. 696. (*Eu apelo a que os irmãos leiam esta página 696 de Evangelismo).
5) Veja as Cartas 30 e 59 de 1890.                           
6) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 543; originalmente em Manuscrito 9 de 1890).

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
____________________________