Para
10 a 17 de outubro de 2015
Milhões de adventistas do sétimo dia ao redor do mundo estão
estudando esta semana sobre os últimos cinco reis de Judá, mas como a nossa
lição começa com o rei Josias, o rei que fez tudo certo, o nosso foco principal
será o seu governo. Podemos traçar paralelos entre a história de Josias, e a
história da mensagem de 1888?
Josias sabia que o reino de Davi, do qual ele era agora o
governante, estava à beira do abismo; sua própria existência estava a apenas um
“milímetro” do desastre nacional, pois Deus estava a ponto de retirar o Seu
cuidado e proteção deles, deixando-os à mercê dos babilônios pagãos.
O sumo sacerdote Hilquias havia encontrado o livro de
Deuteronômio no Templo, e quando Safã, o escrivão o leu para o rei, este “rasgou as suas roupas” (2ª Reis 22:
8-13). Ele estava sendo totalmente sincero em seus esforços para evitar a ruína
nacional que via se aproximando. Colocou toda a sua alma numa obra de arrependimento
ao ver ser isso necessário; e ele levou o povo a um “arrependimento nacional”
ou, pode-se dizer, a um “arrependimento
corporativo”. Começou no palácio do rei, o lugar adequado para qualquer
arrependimento nacional ou corporativo começar.
Jeremias espera não ter que enxugar as lágrimas dos seus
olhos diante da angústia e rebelião incompreensíveis do próprio povo de Deus. A
evidência indica que estão se arrependendo e fazendo o que é certo, porque
seguem ao seu rei (Jer. 9: 1, 2).
Mas este foi exatamente o seu problema — estavam seguindo o
seu rei. Isso foi o que fez Israel ao longo de sua história — seguiram os seus
bons reis como Ezequias e Josias, e seguiram os seus maus reis como Manassés e
Acabe. Eles nunca realmente seguiram ao Senhor!
Ellen White descreveu esta condição: “Depender do homem tem
sido a grande fraqueza da Igreja. Os homens têm desonrado a Deus ao não
apreciarem a Sua suficiência, por cobiçarem a influência do homem. Assim Israel
se debilitou. O povo queria ser como as outras nações do mundo e pediram um
rei. Desejavam ser guiados pelo poder humano que podiam ver, em vez da
teocracia divina — o poder invisível que até então os havia conduzido e guiado,
e lhes dado a vitória na batalha. Eles fizeram a sua própria escolha, e o
resultado foi visto na destruição de Jerusalém e dispersão da nação”.1
A
importância de dizer a verdade sobre a história
A pessoa que ama a verdade da Bíblia também está preocupada
com a importância de historiadores que dizem a verdade sobre a história. A
mesma preocupação honesta aplica-se à história da obra de Deus. Jeremias 8:8
revela o profeta como dizendo ao Reino de Judá que seus historiadores
falsificaram sua história nacional e ao fazê-lo mergulharam a nação em ruínas. “Como, pois,
dizeis: Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Eis que em vão tem
trabalhado a falsa pena dos escribas”. Da mesma forma, os escribas e
fariseus nos dias de Jesus manipularam falsamente a sua história e, assim,
prepararam-se para liderar a nação na crucifixão do Filho de Deus. Ellen G. White
advertiu a Igreja de que “nada temos a recear quanto ao futuro, a menos que
esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos
ministrou no passado”.2 Jesus
diz: “Acautelai-vos, que ninguém vos
engane” (Mat. 24: 4). Ser enganado não é apenas um revés temporário, pode
ser fatal.
Neste tempo de grande crise para o trabalho de Deus de
proclamar o evangelho a todo o mundo, é especialmente importante que a história
da obra do Espírito Santo não seja “falsificada”, como a escreveram os antigos
escribas nos dias de Jeremias. Aqueles que pesquisam a fundo os fatos da
história nacional ou da Igreja e os apresentam honestamente, devem ser bem
acolhidos, e não serem objeto de ressentimento ou serem silenciados. “Examinai tudo”, diz o apóstolo
inspirado, e “retende o que é bom” (1ª
Tes. 5: 21). Você desejará que o seu médico seja cuidadoso e preciso quando se
trata de sua saúde; também é importante lembrar que a saúde da Igreja está
envolvida com a história honesta.
Uma
Demonstração de Descrença na Antiga Aliança
Um breve apanhado da história de Israel sob o Velho Concerto
demonstra que a incredulidade precipitou-os à ruína final. Monarca após monarca
arrastou sua nação morro abaixo. Nenhum governante do reino do norte (*Israel) fez
o que era “certo”, apesar de o Senhor implorar junto a eles por vários profetas
e mensageiros (2º Reis 17: 13, 14). Finalmente, (*Deus guiou) a Assíria que os
esmagou para sempre como nação e os espalhou irrevogavelmente entre os gentios.
Enquanto isso, Judá firmemente se rebelou. Vários de seus
reis tentaram desesperadamente medidas “tapa-buracos” de reavivamento e
reforma, como Josafá, Ezequias, e o último de todos, o amado jovem Josias. Mas
a Escritura mostra que cada um deles simplesmente tentou renovar um
renascimento do Velho Concerto. Nunca foi o Novo Concerto, a justificação pela fé recuperada (*grifos nossos). Eles estavam
sinceramente cegos para a fé que Abraão tinha experimentado. O problema não era
que tinham uma “organização”; era a alienação do seu coração.
Josias era a última esperança. Este zelo do jovem rei pelo
Senhor era ilimitado. Mais uma vez, em profunda piedade, ele procurou renovar o
Velho Concerto: “E fez com que todos quantos se achavam em Jerusalém e
em Benjamim o firmassem” (2º Crôn. 34:31, 32). Mas a
profetisa Hulda tinha que lhe dizer, infelizmente, que já era tarde demais; toda
essa “reforma” era apenas superficial. O desastre completo devia seguir o seu
curso. O Velho Concerto continuava “gerando
filhos para a servidão”, para a ruína da nação e seu cativeiro numa terra
estranha (cf. Gal. 4:24).
Josias até superou Ezequias em sua devoção ao Espírito de
Profecia, zeloso em seguir todos os detalhes como os conhecia — especialmente Deuteronômio.
Nunca houve um rei a obedecer tão meticulosamente a palavra escrita. O jovem
Jeremias regozijou-se. Mas, enquanto mantinha tal devoção ao Espírito de
Profecia escrito, Josias conseguiu rejeitar a sua demonstração viva. O problema
foi que o “dom espiritual” renovado veio pelo caminho mais improvável que se
poderia imaginar — a boca de um rei supostamente pagão!
Faraó Neco do Egito estava conduzindo seu exército em
oposição ao poder crescente de Babilônia. pensou que era seu dever atacá-lo.
Não havia Moisés, no Espírito de Profecia, dito a Israel para se opor aos
pagãos? Mas o rei zeloso não podia discernir como Neco estava a serviço de Deus.
Ele alertou Josias, “guarda-te de te opores a Deus, que é comigo, para que
Ele não te destrua” (2º Crô. 35: 21). O cronista diz que o
rei “não
deu ouvidos às palavras de Neco, que saíram da boca de Deus”. O
Senhor foi forçado a deixar o jovem rei morrer de seus ferimentos de batalha
(v. 22-24). Jeremias estava de coração partido, pois o renascimento de Josias
fracassou com a sua morte prematura. A partir de então, foi decadência por todo
o caminho.
Revivendo a
cegueira de Josias.
Como Josias, seria possível para nós, como adventistas do
sétimo dia, pensarmos ser fiéis ao “Espírito de Profecia” e ao mesmo tempo
rejeitar a sua demonstração viva? Isso realmente aconteceu em 1888; nossos
irmãos estavam repetindo o “filme” de Josias. Ao rejeitar a “mais preciosa
mensagem” “enviada do céu” eles imaginavam estarem sendo fiéis aos antigos
escritos de Ellen White, pondo de lado a mensagem viva do Senhor.3
Será que estamos repetindo os revivamentos e reformas do
Velho Concerto de Israel? A reflexão sóbria força uma resposta: como um corpo estamos
tão mornos agora como estávamos há mais de um século atrás. Quando “nós” “em
elevado grau” e “em grande medida” rejeitamos a “mui (*sic) preciosa” verdade do Novo Concerto que veio na época de 1888, nós
nos trancamos em “muitos anos mais” de um desvio no Velho Concerto como certamente
fez Israel no Sinai.4
A experiência de fé do Novo Concerto foi o principal foco da
oposição da liderança à mensagem de 1888. Enquanto se opuseram a Jones e
Waggoner, realmente preferiram os elementos essenciais do Velho Concerto. A
Ellen White foi mostrado em visão que esses reverenciados líderes estavam
perdendo tempo tentando incutir uma opinião diferente da do (*pastor) Waggoner,
porque 0 foi “mostrado” à serva do Senhor que Waggoner estava certo.5
Ideias do Velho Concerto continuaram a predominar em nossa
experiência. Nossos revivamentos e reformas seguiram o padrão dos de Israel,
incluindo os do tempo de Esdras e Neemias. Ainda não temos como Igreja realmente
recuperado o ///, que “nós” em grande parte rejeitamos um século atrás.
Quem pode estimar a confusão e trágicas apostasias que
vieram por causa da fome não saciada dentro da Igreja (e do mundo) por esse
“mui precioso” evangelho? Falando de como Uzá irreverentemente agarrou a arca
sagrada, Ellen White em 1890 pleiteou com seus irmãos, “Tirai as mãos da arca
de Deus, e deixai que o Espírito de Deus entre e opere com grande poder”.6
Essa pequena palavra “//” significa que o Espírito Santo
está ansioso por entrar em ação. Quando a mensagem do Novo Concerto for
resgatada do esquecimento dos arquivos, Ele pode alimentar com o maná celestial
o nosso mundo faminto.
Um judeu convertido comparou o problema de seu povo com um
agricultor dirigindo um cavalo e uma carroça para a cidade. Uma roda cai; ele a
procurará mais adiante na estrada, ou voltará para onde ela caiu? Se os judeus
devem recuperar o que perderam há 2.000 anos, é muito humilhante para nós
voltarmos e recuperar o que perdemos ao longo de um século atrás? Recuar para
recuperar o que o agricultor perdeu seria a única esperança dele, não seria?
- Dos escritos de Robert J. Wieland
Notas:
1) Manuscrito 159 de 1899
2) Mensagens Escolhidas, vol 3 pág. 162; Testemunho para Minsitros pág.31; originalmente em Boletim da Conferência Geral de 1893 ,
pág. 24 e em Life Skethes, pág. 196.
3) Veja, por exemplo, as cartas de Uriah Smith e G. I. Butler a Ellen White de 17 de
fevereiro, 1890, e 24 setembro de 1892, respectivamente.
(Manuscritos e Memórias de Minneapolis 1888, págs. 152-157,
e 206-212). O Senhor não apenas enviou "profetas" para Israel, mas também
"mensageiros" (2º Cron. 36:16) (*“Zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e
mofaram de Seus profetas”).
4) Veja a carta 184, de
1901; e Evangelismo, pág. 696. (*Eu
apelo a que os irmãos leiam esta página 696 de Evangelismo).
5) Veja as Cartas 30 e
59 de 1890.
6) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 543;
originalmente em Manuscrito 9 de
1890).
O irmão
Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na
África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial
adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África.
Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na
Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na
África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à
Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de
Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de
Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência
Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes
com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido
até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do
tradutor.
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