terça-feira, 6 de outubro de 2015

Lição 2 — A Crise (interna e externa), por Arlene Hill



Para 3 a 10 de outubro de 2015

Deus prometeu dar a Seu relutante profeta Jeremias palavras para dizer, e Ele o fez, mas não eram palavras suaves. Judá tinha esquecido a sua história e de como Deus tinha lhe conduzido e ensinado no passado. Jeremias (capítulo 2) nos diz que todos, inclusive os sacerdotes e príncipes, eram culpados de esquecer o passado, abandonando a Deus, e de construírem “cisternas rotas” (vs. 13), que não retêm a água promotora de vida.
A fim de obter água, Judá a busca no caminho para o Egito para que pudesse beber do Nilo, e da Assíria, para beber do Eufrates. Ambas essas áreas geográficas representam nações pagãs que fizeram o povo de Deus de escravos quando se esqueceram a Quem pertenciam. Viver como um escravo é mais fácil, porque requer pouco pensamento e nenhuma fé. Uma vez um povo, ou mesmo um indivíduo, se esqueça ou opte por negar a direção de Deus, não há nada verdadeiro em que confiar. Substituições de ídolos recebem poder contra toda a lógica. Mesmo quando Deus permite dificuldades alcançarem a atenção das pessoas, a mentalidade de escravo as interpreta como abandono.
Anos antes, o reino do norte de Israel apostatara tão completamente que Deus permitiu que fosse atacado por nações vizinhas e dispersos. Ele pleiteia com Judá para aprender com a experiência de Israel e voltar a Ele. Faz lembrar através de Jeremias que deu avisos repetidos, que foram ignorados porque Meu povo é “louco”, “néscio”, e “não tem entendimento”. Eles são “sábios” para praticar o mal e não o bem. Repetidamente, Deus também usa a imagem de uma esposa infiel traindo o seu marido (Jer 4:19-22).
O que esse triste lamento ter a ver conosco hoje? Por que estudar a terrível história de Israel e Judá? Se não podemos ver a sua história como advertências proveitosas ​​hoje, estamos sendo tão loucos e néscios quanto Judá. Se não conseguirmos ver a importância de rever a nossa história, nos falta a compreensão de nossa verdadeira condição.
 “A razão pela qual os filhos de Israel deixaram ao Senhor foi que levantou-se uma geração que não tinha sido instruída a respeito da grande libertação do Egito pela mão de Jesus Cristo. Seus pais não lhes tinham recapitulado a história da tutela divina sobre os filhos de Israel através de todas as suas jornadas no deserto. . . .  Se os pais tivessem cumprido o seu dever, nunca teríamos o registro da geração que não conheceu a Deus, e, portanto, foram entregues nas mãos dos perversos” (Ellen G. White, Review and Herald, 21 de maio, 1895).
Hoje, há aqueles que se recusam a discutir qualquer coisa sobre a história da mensagem dada em 1888. Normalmente, a necessidade de estudar o que realmente foi é julgada desnecessária, ou até mesmo tolice. Estudiosos importantes empenham grandes esforços para declará-la errada, ou que a Igreja a aceitou em 1888, ou pouco depois, por isso não há razão para estudá-la. Alguns a criticam como sendo demasiado “liberal”, enquanto outros a criticam como demasiado “conservadora”. É raro encontrar alguém que possa articular o que a mensagem é, e mais raro encontrar alguém que tenha estudado as fontes originais escritas pelos “mensageiros”, Jones, Waggoner, e White.
Enquanto os “sacerdotes”, “os que tratavam da lei”, e “pastores” (Jeremias 2: 8) se recusam a reconhecer corporativamente que temos dado as costas a Deus e à Sua mensagem, as pessoas nunca saberão da destruição que as aguarda. Alguns podem achar conforto na declaração de Ellen White numa carta a George Butler e S. N. Haskell em 1886: “A Igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cai” (Carta 55, de 8 de dezembro de 1886). Aqueles que acham a declaração reconfortante deixam de apreciar a condição terrível e desnecessária em que a Igreja estará quando pareça “prestes a cair”. Por que nós, como filhos de Deus, vamos querer deixar a Igreja se desviar para tão longe só porque Deus a puxa através do tempo final.
A mensagem de Jeremias é que o arrependimento iniciado por uma liderança bem informada pode evitar devastação tanto quanto o arrependimento do rei de Nínive foi aceito por toda a comunidade e o desastre foi evitado.
Há muitos judeus devotos que ficam junto ao “Muro das Lamentações” em Jerusalém, pedindo a Deus para enviar o Messias tão esperado. Deus nunca pode “responder” a essas orações porque se recusam a ver que isso já aconteceu. Da mesma forma, a nossa Igreja tem orado pelo derramamento da chuva serôdia para bem mais de 150 anos, mas Deus não pode responder às nossas orações até que reconheçamos e admitamos os pecados de nossos antepassados, incluindo os nossos anos de negação desde então. Admitir a verdade de nossa história vai nos prevenir de perpetuar os seus erros, e nos levará a um profundo arrependimento por nossa própria descrença.
Às vezes, parece desanimador que Deus precise disciplinar o Seu povo, mas Ele sempre dá esperança. “Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei de vós uma destruição final”. (Jeremias 5:18). Deus ama demais o Seu povo para deixá-lo em risco de completa destruição. Então, o que isso tem a ver conosco? Deus precisava castigar Judá e Israel porque O estavam ignorando; Ele queria que O ouvissem. Em vez de pensar que o conselho é para todos os demais, precisamos ouvir a Deus individualmente. Devemos prestar atenção à advertência como sendo para nós mesmos antes que possamos cuidar dos outros. A mensagem de 1888 é a mensagem final que vai preparar um povo que se dispõe a participar plenamente do processo de purificação como tipificado no Dia da Expiação.
 “O trabalho iniciado em 1844, no final dos 2.300 anos, é único no universo e traz a Cristo e o remanescente a um novo tipo de união. Haverá uma compreensão mútua que faz com que o Seu remanescente vá com Ele para o lugar Santíssimo. Ali o casamento é consumado. Ali o pecado é apagado. Ali Cristo se assenta com o Seu remanescente, e lhe assegura que o “verdadeiro tabernáculo”, o Seu lugar de habitação, está purificado. Sua vitória em conquistar o eu é uma garantia de que Ele foi em todos os pontos tentado semelhantemente aos irmãos, pois todo pecado nasce de um amor ao eu. Assim, ao permanecer com Ele no Lugar Santíssimo, os do remanescente vão, pela fé, ter unida a sua humanidade com a Sua divindade, e serão um com Ele em propósito, assim estando “casados” com Ele. Eles têm a fé de Jesus, que previne os mortais de pecar. Então o trabalho do Mediador será concluído, o santuário será purificado e restaurado ao seu legítimo lugar, os corações dos 144.000 terão sido purificados. O pecado não vai se levantará novamente. Esta experiência aguarda o remanescente, sempre que optar por aceitar o colírio do discernimento celestial oferecido pela Testemunha Verdadeira. E quando sua cegueira se for e, finalmente, puder 'ver', então a Noiva vai sentar-se com o Rei em Seu trono, como prometeu, pois ambos venceram pelo sangue do Cordeiro” (Donald K. Short, “Then Shall the Sanctuary be Cleansed,” pág. 92).
Este é o trabalho da última geração antes que Cristo venha. Se o número 144.000 é literal ou não, aqueles dentre nós que viverem no tempo final precisam ver-se como semelhantes ao antigo Israel, um povo que precisava ouvir e agir segundo as advertências de Deus. Nunca devemos buscar conforto em que nossa Igreja, a própria noiva de Cristo, está “a ponto de cair”. Nossa missão é participar individualmente do processo de limpeza, mas também preocupar-nos com todos os que findarão formando esse grupo remanescente. Ao estudarmos a mensagem de Jeremias pelos próximos três meses, vamos considerá-la uma mensagem especial só para nós.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.