quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Biografia de Ellet Joseph Waggoner —



Extraído da Enciclopédia Adventista, vol. 10 da série SDABC
2ª edição, Review and Herald  Publishing Association, Washington DC., 1976, e de outras fontes:

Ellet Joseph Waggoner,  
Nascido em Baraboo, Wisconsin, em 1855, filho de Joseph Harvey Waggoner e de Dona  Maryetta Hall Waggoner, convertidos ao adventismo dois anos antes. Sendo Adventista de berço, a segunda geração de pioneiros, concluiu o segundo grau no Colégio de Battle Creek, Michigan, nos primeiros anos daquela instituição, e prosseguiu seus estudos na Faculdade Médica Bellevue, na cidade de Nova Iorque. Casou-se com Jessie Fremont Moser, a quem conheceu no Colégio de Battle Creek. Iniciou sua carreira como médico no Sanatório Adventista de Battle Creek, mas considerou que seu coração estava em evangelismo e preferia pregar a clinicar, e assim entrou para o ministério evangélico.

Depois de revelar talento para escrever, foi ele chamado a trabalhar como editor-assistente da revista Signs of the Times, em 1884, sob a direção de seu pai. Nesse tempo, muitos líderes da igreja ainda acalentavam conceitos semi-arianos ou adocianistas, concernentes à natureza divina de Cristo, daí a importância da questão levantada por Waggoner: “Cristo é Deus?” Como resposta aos tais, naquele ano Waggoner publicou uma série de artigos naquela revista, nos quais afirmava sua fé na divindade de Cristo, Criador de todas as coisas, a quem os anjos adoram exatamente como fazem a Deus, o Pai.

Dois anos mais tarde, tornou-se editor-chefe da revista Signs of the Times, cargo que manteve até 1891.
Foi um dos dois mensageiros da Assembléia da Associação Geral de 1888, realizada em Mineápolis, estado de Minessota, EUA, entre 17 de outubro e 4 de novembro daquele ano, tendo sido o primeiro teólogo adventista a apresentar a Cristologia sistemática referente à divindade e à humanidade de Jesus Cristo.
Os Pastoes Roberto J. Wieland, e Donald K. Short, em sua exposição à Conferência Geral, em meados do século XX, do documento intitulado An Introduction to the 1888 Message,  (Uma Introdução à Mensagem de 1888, relatou  uma relação de mais de duzentos endossos de Ellen G. White à obra e mensagem de Waggoner e Jones. Cremos que uma das mais conhecidas e importante (do ponto de vista espiritual) está em Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91 e 92:

“Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor uma mui (*sic) preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores E.J. Waggoner e A.T. Jones (*na assembléia da Associação Geral, de 1888 e anos que se seguiram). Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus.”

Na assembléia da Associação Geral de Minneápolis, em 1888, Waggoner apresentou uma série de palestras sobre a divindade de Cristo, um assunto que estava na agenda da Conferência. Embora não tenha deixado versões escritas de suas apresentações, Waggoner publicou uma série de quatro artigos na Signs of the Times sobre o assunto, imediatamente após a sessão nos dias 25 de março, 1, 8 e 15 de abril de 1889. Isso sugere que eles foram relatos de suas palestras. Eles também foram incluídos nas primeiras quatro seções do livro Christ and His Righteousness (Cristo e Sua Justiça), publicado em 1890. Esse livro contém a maioria das idéias prevalecentes na Cristologia adventista sistematizada por Waggoner

Para provar que Ele realmente era Deus, Waggoner citou muitos versos nos quais Cristo era chamado Deus. Para benefício daqueles que ainda negavam isso, ele explicou que o nome de Deus “não foi dado a Cristo em conseqüência de alguma grande realização, mas é Seu por direito hereditário”. “Cristo é a ‘expressa imagem’ da pessoa do Pai (Heb. 1:3)... Conquanto Filho do Deus auto-existente, Ele tinha por natureza todos os atributos da divindade”. O próprio Cristo ensinou de maneira categórica que Ele era Deus (João 14:8 e 9; 10:33; 8:58) Waggoner enfatizava a importância da declaração do Apóstolo Paulo em Col. 1:19: “Porque aprouve a Deus que nEle habitasse toda a plenitude.” E Col. 2:9:

“Porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” Waggoner qualifica isso como “o mais absoluto e inequívoco testemunho”, noção que foi repetida quinze vezes em seu estudo.
Não bastou para ele simplesmente dizer: “Jesus Cristo é Deus.” Os apóstolos descrevem-nO também como “Criador”. Waggoner cita Colossenses 1:15-17, afirmando que “não há coisa alguma no Universo que deixou de ser criada por Cristo... Tudo depende dEle para existir ... Ele sustém todas as coisas pela palavra do Seu poder”. Em Hebreus 1:10, o próprio Pai diz ao Filho: “Tu, ó Senhor, no princípio fundaste a Terra e os céus são obra das Tuas mãos.”

A insistência de Waggoner sobre o fato de ser Cristo da mesma substância de Deus e possuir vida em Si mesmo, não era, indubitavelmente, uma novidade aos olhos de muitos dos delegados na assembléia de Minneápolis. Sua posição sobre a natureza divina de Cristo era, provavelmente, parte da razão para a oposição de muitos delegados à sua mensagem sobre a justificação pela fé. Ele, evidentemente, achou que era essencial afirmar a igualdade de Cristo com Deus, pois somente a vida de Deus em Cristo tinha o poder de salvar pecadores, justificando-os por Sua graça.

Sua contribuição nesse ponto, como também a respeito da natureza humana de Cristo, foi decisiva. Froom reconhece isso prontamente: “Em 1888, Waggoner estava sendo pioneiro, e sem os benefícios das muitas afirmações posteriores dela [Ellen White]”, “não apenas sobre a eterna preexistência de Cristo, como também de Sua existência individual e Sua infinitude, igualdade e onipotência”.

Ellen White assim se expressou após ouvir Waggoner: “A plenitude da divindade em Jesus Cristo foi-nos mostrada com beleza e encanto” (Review and Herald, 27 de maio de 1890). Para ela, isso demonstrava que Deus estava operando entre eles.

Nos anos que se seguiram aquela “mui preciosa mensagem” (TM, 91 e 92, no original), Ellet J. Waggoner, e Alonzo T. Jones, juntamente com a mensageira do Senhor, Ellen G. White, passaram a fazer séries de reuniões nas igrejas apresentando ao povo aquela mensagem.

Tempos depois este trio evangelístico se desfez em decorrência de “nomeações”: EGW “enviada” para a Austrália, Alonzo Trevier Jones permaneceu nos EUA e Ellet José Waggoner,  de 1892 até 1902, trabalhou na Inglaterra, primeiramente como editor da Present Truth, e depois como primeiro presidente da Associação do Sul da Inglaterra. Durante estes anos ele retornou aos EUA para as assembléias da Conferência Geral de 1897, 1899, 1901 and 1903. Em todas, exceto a última, ele foi o orador principal. Após retornar aos Estados Unidos definitivamente, entre1903 e 1904 Waggoner foi porofessor de Bíblia na faculdade Emmanuel Missionary College, em  Berrien Springs, Michigan. Por causa de seu divórcio e novo casamento com Edith Adams despendeu os anos que se seguiram, à parte da igreja, mas após 1910, tornou-se professor de teologia no Colégio de Battle Creek, nessa época dirigido por John Harvey Kellogg. (Seventh-day Adventist Encyclopedia, vol. 10, pág. 1563).

Um correspondente nosso nos disse, através de e-mail, que "no livro 'Ellet J. Waggoner--The Myth and the Man', as informações sobre Waggoner não são nada ‘gloriosas’ sobre os seus últimos anos de vida, tendo aderido de corpo e alma aos conceitos panteístas, e terminado com uma amante, interpretando até isso dentro da sua nova visão de panteísmo (o amor universal, não sei o quê mais...). Só que a esposa dele não quis conversa fiada e sapecou-lhe um pedido de divórcio. Seria interessante informar isso ao seu público”.

Bem, vamos informar: admitamos que haja muita verdade nisto. Mas o que isto importa para a validade das mensagens de “Justificação pela fé” e da “Justiça de Cristo”?

Quando começaram a aparecer rumores de “apostasia” dos dois mensageiros de 1888, Ellen G. White respondeu a um interlecutor: “Se isto vier a ocorrer em nada alterará a mensagem que deram”.

Postamos neste blog, a seguir, cinco (5) arquivos com 374 recomendações da serva do Senhor às pessoas dos dois mensageiros e sua mensagem nos anos de 1888 até 1896. Deus não erra. Ao Ele escolher Waggoner e Jones (TM págs 91 a 97) sabia que Sua mensagem seria aceita por poucos e rejeitada por milhões que a teriam como “pedra de tropeço e rocha de escândalo” (1ª Pedro 2:8).
Nós também não invalidamos a linda mensagem de Balaão, a despeito de seu erro de ter “amado o prêmio da injustiça” (2º Pedro 2: 15).
O Senhor “repreenda” os que “contendem” (Judas 9) contra os servos dEle com irrazoável oposição persistente, e os levam a se desviarem com galhofas, ironia e zombaria ferinas. 
Creio que isto levou os dois a se afastarem. Ora, não estou aqui procurando desculpa para qualquer erro de Jones e Waggoner. Não há desculpas para o pecado. Se houvesse, deixaria de ser pecado. Mas a própria Ellen White atribuiu a culpa derradeira deles pelo final fracasso dos dois "em grande medida" aos irmãos oponentes. Foi um teste para estes, e para nós, permitido pelo Senhor. É a “operação do erro para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade *na injustiça(2ª Tess. 2: 11 e 12). É uma fidalguia de Deus nos permitir pendurar nossas dúvidas em ganchos em nossas mentes, se é que não queremos, de coração, receber a chuva serôdia. É a bondade severa do livre arbítrio se eu não quero reconhecer a obra de Waggone e Jones (entre 1888 e 1896) como o começo da chuva serôdia e do alto clamor
"Seja qual for o curso que o mensageiro persiga, será objetável aos opositores da verdade; e eles capitalizarão sobre cada defeito em maneiras, costumes, ou caráter de seus advogados." (RH, 18 de outubro de 1892). "Os que tomaram posição contra a luz em Mineápolis perderam grandes bênçãos, pois deixaram o eu tomar o senhorio” (Carta O 19, 1892). Em O Desejado de Todas as Nações, pág. 704, vemos que Caifás, por ciúme, elegeu a Cristo como seu rival. Também os “judeus buscavam outro Cristo: ‘Quem é este? Não é o filho de José?’
 Homens professando santidade têm desprezado a Cristo na pessoa de Seus mensageiros.?" (Fundamentos da Educação Cristã, pág. 472).
“Deve ser dito para crédito de Jones e Waggoner que eles não renunciaram à fé no Deus de Israel. Eles nunca se tornaram infiéis ou agnósticos ou ateus. Nunca renunciaram ao sábado ou a sua dedicação de toda a vida a Cristo. No clima de hoje de assistência à Igreja eles seriam ainda membros em condição regular. O pecado deles foi que perderam a fé na corporação da Igreja e sua liderança”.

Por outro lado temos diversas fortes evidências do retorno dos dois mensageiros à comunhão da IASD nos últimos anos de suas vidas.

Em 28 de maio de 1916, Waggoner morreu de doença do coração com a idade de 61 anos, e seu amigo Alonzo T. Jones realizou o seu funeral.
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Waggoner era um teólogo muito fecundo. Escreveu vários e importantes livros, numerosos panfletos e centenas de artigos para revistas. No entanto, ficou mais conhecido pelo papel que desempenhou na Assembléia da Associação Geral de 1888, em Minneapolis, juntamente com seu colega Alonzo T. Jones. Juntos deixaram sua marca na história da igreja adventista, pelas apresentações sobre justificação pela fé. Para Waggoner, o assunto somente poderia ser compreendido através das lentes da Cristologia.
Veja a bibliografia de Waggoner em um arquivo neste blog a seguir.
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Os principais livros de Ellet Joseph Waggoner:

 

  • Fathers of the Catholic Faith (Pais da Fé Católica), (Oakland: Pacific Press Pub. Co., 1888);
  • The Gospel in the Book of Galatians (O Evangelho na Epístola aos Gálatas) (Oakland: Pacific Press Pub. Co., 1890);
  • The Gospel in Creation (O Evangelho na Criação), Battle Creek, Mich.: International Tract Society, 1895);
  • The Glad Tidings (Boas-Novas) (Oakland: Pacific Press Pub. Co., 1900);
  • The Everlasting Covenant (O Concerto Eterno) (Londres: International Tract Society, 1900).
  • Romans (Carta aos Romanos), editor Baker, Greg.: A. L. Hudson, traduzido para o português, postado neste mês no blog agape-edicoes.blogspot.com 
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Veja no próximo arquivo a Bibliografia Completa de Waggoner

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