terça-feira, 6 de junho de 2017

Lição 11 — Falsos mestres



Para 3 a 10 de junho de 2017

Na fé cristã, existe um verdadeiro princípio: se a falsa doutrina é proclamada, as pessoas irão acreditar se ninguém a refutar com a verdade. Quando professores vieram da sede da igreja em Jerusalém para as igrejas na Galácia ensinando falsa doutrina, Paulo, o apóstolo, refutou vigorosamente o erro deles em sua Carta aos Gálatas. Ele estava obedecendo o comando de Judas, que disse: "Amados, procurando eu escrever-vos com toda diligência ... e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (vs. 3). A razão que (*o apóstolo) Judas dá é que falsos professores corromperam a verdade do evangelho, e ele (*Judas) estava dizendo: Fale a verdade! 
Hoje, alguns cristãos se afastam da "disputa" pelo evangelho, dizendo: "queremos paz e silêncio". O ditado comum é verdadeiro: tudo o que é necessário para que o mal triunfe seja que homens bons não digam nada. Quando o Filho de Deus Se encarnou nesta terra, Ele teve apenas uma vida breve, mas falou tão vigorosamente pela verdade que Ele mudou o mundo. Estamos nos aproximando rapidamente da luta final do "grande conflito" entre Cristo e Satanás. É tarde demais para quem ama Jesus se contentar em ser um covarde espiritual.
Mas alguém pode seguir Cristo verdadeiramente e não se envolver em guerra? Cristo, que está fortemente envolvido no "grande conflito", nos diz: "Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. ... Não cuideis que Eu vim para trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada; ... E quem não toma a sua cruz, e não segue após Mim, não é digno de Mim" (Mat. 10:24, 34, 38). Não há espaço aqui para divagações!
Um exemplo atual de conflito que enfureceu as mentes e os corações durante centenas de anos é "justificação (ou justiça) pela fé". A batalha tem acontecido durante a maior parte dos 2000 anos desde Cristo. Um livro inteiro no Novo Testamento é dedicado ao conflito — o Livro de Gálatas. Não havia nenhuma maneira de ser um cristão, àquela época, e não tomar partido, quer em apoio ao que Paulo declarou ser "a verdade do evangelho" ou aceitando o que falavam os falsos mestres que vieram de "Jerusalém" para se opor a ele. E a batalha não diminuiu! Aborde o assunto em quase qualquer igreja ou classe bíblica, e você verá as faíscas voarem. Deve este conflito continuar idefinidamente para sempre? Ou os que escolhem crer em Cristo resolvem o conflito e entram em unidade de coração genuína e duradoura? A Bíblia é clara? Ou a própria fonte de nossa própria fé está atrapalhada e confusa?
A rejeição da luz de 1888 abriu o caminho para ideias falsas, entrando disfarçadamente com aparência de justiça pela fé. Na verdade, se nos desviarmos da genuína fé, nada pode nos impedir que abraçarmos a contrafacção. A. T. Jones, na Assembleia da Associação Geral de 1893, mostrou como a mente dedicada ao eu se torna a mente de Satanás. Ele rastreou o desenvolvimento da "justificação (ou justiça) pela fé"  através do paganismo até às sutilezas do romanismo. Ele disse que existem dois tipos de justificação pela fé — um verdadeiro e uma falsificação.
A falsificação diz que a justificação pela fé é puramente um pronunciamento legal feito a milhões de anos-luz de distância que não tem relação com o coração humano; Nós, (*dizem eles) verbalmente "aceitamos Cristo"  e pomos em operação o maquinário celestial. O nome de alguém é então inserido no computador de Deus e nossos benefícios eternos de segurança social são então creditados em nossa conta. Nossa decisão iniciou este processo de absolvição legal. Nós fomos inteligentes o suficiente para colocar as moedas na máquina caça-níquel. Um elemento de orgulho pode entrar aqui; “—Nós iniciamos o processo de nossa salvação.” Um exemplo perfeito do que Pedro nos disse: "Enquanto eles nos prometem a liberdade, eles próprios são escravos da corrupção, porque por quem uma pessoa é vencida, por ele também é levado à escravidão" (2ª Pedro 2:19, Nova Versão do Rei Tiago).
Pedro diz que esses falsos mestres introduzem sutilmente "heresias de perdição" (2ª Pedro 2: 1). Uma das coisas mais angustiantes sobre eles era que “negarão o Senhor que os resgatou” (ú.p. do verso). Os cristãos são propriedade de Jesus porque Ele os comprou, como diz Pedro. O preço que Ele pagou foi o Seu sangue, Sua vida (veja 1ª Pedro 1:18, 19). Os falsos mestres negaram seu Mestre, repudiando Sua propriedade. Isto fizeram por sua conduta licenciosa, retornando à escravidão do pecado.
Os falsos mestres afirmam ser libertos e esclarecidos. Para eles, Jesus era o mensageiro do reino da luz que veio despertá-los para sua verdadeira natureza, para ajudá-los a descobrir o seu verdadeiro eu. Ele não veio para morrer, mas para informar, para revelar o grande conhecimento. Ele não era seu Mestre, e eles não eram Seus escravos. Em vez disso, eles tinham a centelha da divindade em si mesmos, assim como Jesus. Não estavam ligados por nenhuma ordem. Tal era o seu evangelho, e era atraente. Pedro diz que eles negaram o Mestre que os havia comprado pelo preço mais alto imaginável e, portanto, os possuía. O resultado de sua impertinência seria "repentina perdição" (2ª Pedro 2: 1) — o juízo (*ú.p. do verso 4), mesmo que eles também negassem que um julgamento acontecesse
Os falsos mesteres eram populares  "Muitos seguirão as suas dissoluções" (2ª Pedro 2: 2) — e a imoralidade deles e a de seus seguidores levaram "o caminho da verdade", significando o cristianismo, "ao descrédito".
Pedro diz que uma motivação importante dos falsos mestres é a ganância — uma cobiça por dinheiro, sexo e poder (vs. 3). (*literalmente lemos neste verso: “farão de vós negócio com palavras fingidas”). Esses mestres eram especialmente habilidosos para atrair mulheres (2ª Tim. 3: 6), controlando suas mentes, suas bolsas, seus corações e seus corpos. (*“Se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências,” ú.p. do verso).
Como eles fizeram isso? Com histórias que inventaram (2ª Pedro 2: 3), ou seja, doutrinas fabricadas. As mulheres e os homens sensíveis estavam angustiados e deprimidos por um mundo rude e opressivo. Os falsos mestres alegavam dar a explicação do porquê as coisas serem como eram e como ser libertos delas. Diziam que tinham o verdadeiro evangelho, uma boa nova que poderia restaurar a imagem própria e autoestima de pessoas que se sentiam desvalorizadas pelo sistema. As pessoas estavam mais do que dispostas a pagar para se tornar um dos dignos.
Mas os mensageiros de 1888 (E. J. Wagoner e A. T. Jones) contrariaram esses ensinamentos com uma nova compreensão libertadora da justificação pela fé:
1º) Faz com que o crente se torne obediente à lei de Deus, não erradicando sua natureza pecaminosa, mas permitindo que ele triunfe sobre ela: "Deus justifica os ímpios ... Isso não significa que Ele dê uma lustrada nas falhas do homem, de modo que ele seja considerado justo, embora ele seja realmente perverso, mas isso significa que Ele faz desse homem um cumpridor da lei. No momento em que Deus declara um homem ímpio justo, nesse instante o homem é cumpridor da lei. ... Assim se vê, portanto, que não pode haver um estado mais elevado que o da justificação. Faz tudo o que Deus pode fazer por um homem exceto o tornar imortal, o que se realizará somente na ressurreição. ... Fé e submissão a Deus devem ser exercidas continuamente, a fim de reter a justiça — para continuar a ser um cumpridor da lei".1
2º) A fé salvadora é uma apreciação do coração pelo sacrifício de Cristo: "Neste fato abençoado da crucificação do Senhor Jesus, que foi cumprido por toda alma, não somente estão estabelecidos os fundamentos da fé para toda alma, mas é dado o dom da fé a toda alma. E assim a cruz de Cristo é ... o próprio poder de Deus manifestado para nos livrar de todo pecado e nos levar a Deus".2
3º) A verdadeira justificação pela fé não tem sentido, se não for apreciado quão próximo Cristo veio a nós: "Não há elemento de fraqueza na lei, a fraqueza está na carne. Não é pela inexistência de uma boa ferramenta que não se possa fazer um apoio adequado de uma vara podre ... Pobre, o homem caído não tinha força em sua carne para habilitá-lo a guardar a lei. E assim Deus imputa aos crentes a justiça de Cristo, que foi feito à semelhança de Carne pecaminosa, para que "a justiça da lei" possa ser cumprida em suas vidas ... Cristo tomou sobre Si mesmo a natureza do homem, e transmitirá a Sua própria justiça a quem aceita o Seu sacrifício".3 (*Como suficiente para salvá-lo).
4º) Esta mensagem especial e inigualável foi destinada pelo Senhor para preparar Seu povo para a trasladação: o que significa, então, esta mensagem especial de justificação que Deus enviou para a igreja e para o mundo? ... Esta mensagem especial de justificação que Deus nos enviou é preparar-nos para a glorificação na vinda do Senhor. Nisto, Deus está nos dando o mais forte sinal que Lhe é possível dar, que a próxima coisa é a vinda do Senhor.4
A mensagem de 1888 atravessou séculos de neblina numa visão mais clara da verdade do Novo Testamento iluminada pelo sol.
Deus convida você a chegar a Ele e resolver a questão de uma vez por todas, de modo que sua mente e coração sejam claros e seus pés se estabeleçam na pedra sólida. Davi disse: "Esperei com paciência no Senhor, e Ele Se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor. Tirou-me de um lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, e firmou os meus passos" (Salmo 40: 1, 2).
Dê a Deus um dia de sua vida (de joelhos, se possível) e leia com oração uma autêntica tradução da própria Bíblia (não paráfrases ou comentários), e deixe o nevoeiro ficar fora de sua mente e coração. Faça a sua escolha para acreditar em quão boa é a Boa Nova. Não fique orgulhoso e tire conclusões; Teste e volte a testar suas convicções. Podemos confiar na Bíblia! Basta lê-la com simples senso comum.
Extraído principalmente dos escritos de Roberto Wieland
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Notas:

1) E. J. Waggoner, Signs of the Times, 1º de maio de 1893.                    

2) A. T. Jones, Review and Herald, 24 de outubro de 1899.                          

3) E. J. Waggoner, Bible Echo, 15 de fevereiro de 1892.                               

4) A. T. Jones, Boletim da Associação Geral de1895, pág. 367.               
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 Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland:             
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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Sugestões para leitura suplementar:                                     

1. Robert J. Wieland e Donald K. Short, 1888 Re-examinado, capítulo 9, "Uma Falsa Justificação pela Fé: Semeando a semente da apostasia, pág. 100ff.  Sowing the Seed of Apostasy," p. 100ff.

2. Robert J. Wieland, Grace on Trial (Graça em julgamento): The Heartwarming Message the Lord "Sent" to Us in 1888 (A Mensagem do Senhor que Aquece Corações, Envida a nós em 1888) capítulo 6, "If You Can't Understand It, It's Not the Gospel," (Se você não pode entendê-lo, Não é o Evangelho p. 65ff.

Notas:                                                                     
Veja, em inglês, o vídeo desta 11ª lição do 2º trimestre de 2017, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/YifHRmCpzM8

Esta lição está na internet, em inglês, no sitio: 1888message.org/sst.htm
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