terça-feira, 7 de agosto de 2018

Lição 6—O ministério de Pedro, por Paulo Penno



Para 4 a 11 de agosto de 2018

Desde os primórdios do cristianismo, houve conflitos sobre quão boa é a Boa Nova. A carta aos gálatas é uma evidência. Os primeiros conversos dos judeus tiveram que lutar contra uma ideia profunda de que ninguém poderia ser salvo, exceto os judeus, que os gentios eram automaticamente excluídos dos benefícios do sacrifício de Cristo. Lembre-se como Pedro teve que superar esse preconceito em Atos 10:28 quando foi enviado para Cornélio?
Preconceitos profundamente arraigados pareciam quase impossíveis de erradicar. Os “fiéis” cristãos judeus apenas sentiram no mais íntimo do ser que os portões da Nova Jerusalém tinham que ser fechados contra os gentios, que Cristo era o Messias e Salvador somente para eles mesmos, que o seu trabalho como apóstolos era ir a todos os judeus na diáspora espalhados pelo mundo. Mas a mente de Paulo tinha sido iluminada com uma visão muito mais clara de quão boa é a Boa Nova! “Deus . . . quer que todos os homens se salvem”, o Messias já é “o Salvador de todos os homens, especialmente daqueles que creem”, Ele “aboliu a morte [a segunda!] e trouxe vida e imortalidade à luz pelo evangelho”, e Se tornou o novo, ou, segundo Adão para toda a raça humana e deu, não meramente ofereceu, o “dom” da salvação a “todos os homens”, assim como Adão deu “condenação” a eles. (Veja 1ª Tim. 2: 4, 1ª Tim. 4:10; 2ª Tim. 1:10, Rom. 5:15, 16).
Essas “grandes ideias” (todas de Paulo) estenderam a mente e o coração dos primeiros cristãos judeus, e ainda hoje desafiam o nosso pensamento. O Filho de Deus apenas “oferece” justificação a “todos os homens” com a iniciativa em suas mãos, ou Ele, por iniciativa própria, a concedeu gratuitamente pela graça como um “presente” a “todos os homens”? Ele abre os portões da Nova Jerusalém para “todos os homens”, de modo que, no final, os únicos que estarão de fora serão aqueles que se recusam a entrar pela incredulidade? A boa nova poderia ser tão boa assim?
Muitas pessoas pensam que realmente não precisamos estudar o evangelho porque já entendemos isso. Na verdade, entendemos o evangelho há cerca de 150 anos. Tudo de que realmente precisamos é de mais dinheiro para que possamos aumentar o volume e ampliar o nosso entendimento atual do evangelho para que mais pessoas possam ouvi-lo em todo o mundo e, então, o trabalho seja concluído.
Mas o Senhor surpreendeu a todos nós em 1888, quando enviou dois jovens (A. T. Jones e E. J. Waggoner) com uma “mui preciosa mensagem” sobre o evangelho. Ellen White disse que era “nova luz”. Mas às vezes ela dizia que não era uma luz nova, e sim a luz antiga que havia sido recuperada. Houve muitas ocasiões, de fato, em que ela disse: Sim, de fato, é uma nova luz, é uma luz adicional; é, de fato, “o começo da luz do [quarto] anjo cuja glória encherá toda a Terra”.1 Ela disse que Deus ordenou que esta mensagem fosse dada ao mundo (*Testemunhos para Ministros, pág. 92). Triste, mas verdadeiro, é que muitos, dos nossos queridos irmãos anos atrás na sua maioria reagiram contra a mensagem que foi mantida longe da Igreja e do mundo.
O calvinismo falhou em penetrar no coração do evangelho quando diz que Cristo morreu apenas para justificar os eleitos. O arminianismo também falhou em penetrar no coração do evangelho, pois diz que Cristo morreu apenas para fazer uma provisão pela qual seria possível a todos os homens serem justificados somente se fizessem algo primeiro. A mensagem de 1888 atravessou as nuvens vindo à luz do sol dizendo o que Paulo, o apóstolo João e o próprio Senhor Jesus queriam dizer exatamente o que disseram: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito”. “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1ª João 2: 2). Cristo provou a segunda morte para cada homem. Ele morreu a segunda morte de cada homem (ver Apo. 2:11, 20:14). Não há razão nenhuma no céu para que qualquer ser humano vá para o lago de fogo, exceto ter resistido e rejeitado o que Cristo fez por ele ou ela.
Isso leva a outra bela verdade de que é fácil ser salvo e difícil de se perder se você entender como a Boa Nova é boa. O amor de Deus é um amor que está em busca. Ele não está esperando por nós para encontrá-Lo. O Bom Pastor está à procura de Sua ovelha perdida.
Então a verdadeira resposta para a pergunta: O que devo fazer para ser salvo? não é estudar sua Bíblia, testemunhar mais, orar mais, etc. A verdadeira resposta da Bíblia a essa pergunta é exatamente o que a Bíblia diz: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo" (Atos 16:31). E então as pessoas dizem, não, isso não pode ser verdade porque há algo além de acreditar que é necessário. 100 anos atrás, nossos irmãos não gostaram da mensagem porque achavam que ela degradava obras ou não dava a devida atenção. Esse é o medo hoje. A Bíblia não ensina que somos salvos pela fé e pelas obras. A Bíblia ensina claramente que somos salvos pela fé, mas é uma fé que funciona.
E isso nos leva à cruz de Cristo, entender o que é a fé. A fé é uma apreciação de todo o coração das enormes dimensões do amor Ágape revelado na cruz. Alguém faz uma pergunta: “É realmente verdade que o que a Igreja a nível mundial precisa é de uma revelação de Cristo e Ele crucificado? Não devíamos estar pregando contra saias curtas, TV, e essa e aquela abominação? Não devia ser essa a preocupação da nossa mensagem?” Aprendemos esta semana que, se acreditarmos na Bíblia, a única resposta para o problema do pecado é a cruz, onde há muito mais graça abundante.
Aprendemos sobre os dois concertos, que não somos salvos fazendo promessas a Deus. Não somos salvos mesmo tentando manter nossas promessas a Deus, mas somos salvos por crer em Suas promessas para nós. Aprendemos que o Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo, vieram para a antiga igreja de Israel quando entenderam o princípio da culpa corporativa e do arrependimento corporativo. Perceberam que foram eles que crucificaram o Filho de Deus. O Espírito de Deus caiu sobre os gentios na casa de Cornélio quando entenderam que não foram apenas os romanos e os judeus que crucificaram a Cristo, mas eles. Participaram desse pecado mesmo que não estivessem presentes no Calvário. O pecado de crucificar a Cristo é o pecado do mundo.
É dito que os apóstolos se maravilharam de que os gentios experimentassem a mesma reação fenomenal à cruz como se dera com os judeus crentes, e assim receber o dom do Espírito Santo (Atos 10:44-47). Pedro e seus seguidores, evidentemente, não esperavam essa reação, porque Pedro foi cuidadoso em seu sermão na casa de Cornélio em dizer aos gentios que foram os judeus que “mataram e penduraram [a Cristo] em uma árvore” (v. 39). Ele não disse nada sobre os gentios serem culpados. A recepção fenomenal do Espírito Santo deveu-se ao fenomenal arrependimento pelo pecado dos séculos de parte dos judeus—crucificar o Filho de Deus. Como podiam os gentios “inocentes” compartilhar desta experiência?
O Espírito Santo enviou Suas palavras para mais perto deles do que Pedro esperava. Seus ouvintes contritos identificaram-se com os judeus e reconheceram-se como compartilhando plenamente a culpa. Só assim poderiam compartilhar as profundezas do arrependimento que tornou possível a recepção do poder do Espírito Santo. Em outras palavras, eles experimentaram o arrependimento corporativo.
A chuva serôdia virá quando percebermos nossa verdadeira culpa corporativa; que a culpa dos outros seria a nossa culpa, exceto pela graça de Cristo. A culpa dos outros é a nossa culpa porque todos nós temos a mesma carne e natureza pecaminosa. Toda essa linda verdade transmite uma motivação que cura a indiferença. É impossível que uma Igreja de nível mundial seja morna se essa Igreja entender o evangelho.

Paul E. Penno
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Nota final:                                                                           

1) Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 363;                       
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Notas:                                                                                                                  

Veja, em inglês, o vídeo desta 6ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/QpP48RaKAOw

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Lição 5—A conversão de Paulo, por Ann Walper



Para 28 de julho a 4 de agosto de 2018


Enquanto o grupo de Saulo descia a sinuosa colina até o oásis fértil, a jornada longa e quente estava quase no fim. Abaixo deles, ficava a bela extensão de campos verdes e pomares maduros que cercavam Damasco. De repente, um "um resplendor de luz do céu" (*Atos 9:3) brilhou ao redor deles. O líder do grupo, Saulo, foi vencido pela intensidade da luz e caiu no chão.
Saulo era cidadão romano de nascimento e judeu de descendência. Ele havia recebido a melhor educação disponível na época. Ele era bem versado nas línguas grega, latina, hebraica e aramaica. Por sua educação, ele se sentou aos pés de Gamaliel, o ilustre teólogo judeu, e aprendeu "a verdade da lei" (Atos 22: 3). Ele era fariseu dos fariseus, o jovem advogado mais brilhante do Sinédrio (Fil. 3: 5, 6).
Sua missão atual a Damasco foi totalmente apoiada financeira e teologicamente, pelo sumo sacerdote e pelo conselho do Sinédrio. Eles haviam lhe dado cartas de autoridade para que pudesse respirar "ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor", para levá-los a Jerusalém para serem castigados por heresia (Atos 9: 1; 22: 5). Agora, deitado de bruços no chão, ele ouviu uma voz. "Saulo, Saulo, por que Me persegues? ... Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões!" (Atos 9: 4, 5). Ele perguntou: "Quem és, Senhor?" A mesma voz respondeu: "Eu sou Jesus de Nazaré".
Essas palavras atingiram o coração de Saulo como um raio. Jesus de Nazaré estava morto, morto e enterrado! Saulo acreditava firmemente que eram apenas mentiras circuladas por Seus discípulos que incitavam as pessoas a pensar que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Tremendo de medo, ele disse: "Senhor que queres que eu faça?" (*v.6). Jesus respondeu, dizendo-lhe para entrar na cidade e esperar por mais instruções. A glória foi retirada e Saulo se levantou, mas se viu totalmente privado de visão. Ele tropeçou nos últimos quilômetros de sua jornada "guiado pela mão dos que estavam com ele".
Por três dias Saulo estave "sem ver, e não comeu nem bebeu" (*Atos 9:9). Durante esse tempo, ele examinou de perto suas crenças anteriores sobre Jesus de Nazaré. Ele lembrou como ele havia lutado contra o testemunho de Estevão e consentido com sua execução injusta. Como ele pessoalmente arrastou muitos dos discípulos de Jesus perante o Sinédrio para serem processados. Em agonia de alma, ele revisou as profecias relativas à vinda do Messias. Ele estava certo de que o Messias deveria suportar os pecados do povo, libertá-los da opressão e renovar a nação de Israel à sua antiga glória.
Mas, num piscar de olhos, outras profecias se espalharam pela mente de Saulo. O Messias devia ser desprezado e rejeitado, e ferido pelas transgressões do povo; fez uma oferta pelo pecado e separou-Se da terra dos viventes (Isa. 53: 3-9). Saulo sabia que Daniel predisse que quando o Messias viesse, Ele confirmaria o concerto com o povo por sete anos, e, "no meio" daqueles sete anos, Ele faria com que o sacrifício e as ofertas cessassem (Daniel 9:27). Mas o Templo ainda estava de pé e as oferendas continuavam a fluir para ele. Todas as coisas continuaram como antes, exceto pelo pequeno grupo de homens que se chamavam de "discípulos" daquele homem morto, que estavam espalhando mentiras sobre Seu poder sobre a morte.
Atormentado por seus pensamentos, Saulo gritou: "Oh Senhor, eu estive errado? Estive lutando contra Ti em vez de por Ti? Ajude-me a entender!" Saulo estava completamente sozinho em sua luta. Ele não podia apelar aos judeus não convertidos de Damasco. Eles nunca acreditariam em sua história. Os seguidores de Jesus evitavam-no como um enganador, recusando-lhe toda a simpatia. Aprisionado por sua cegueira e rejeitado pelos homens, sua única fonte de ajuda e conforto era um Deus misericordioso. Para esta fonte, ele apelou com um coração quebrantado e contrito.
"Senhor, explica-me como Jesus pode ser o Messias. A Lei claramente ensina que qualquer pessoa pendurada em uma árvore é amaldiçoada por Ti para sempre" (veja Deu. 21:22, 23). "Como Jesus pode agora ser o Exaltado, a Consolação e a Redenção de todo o Israel?" (Lucas 2:25)
Ao refletir sobre o significado dessas profecias, a mente obscurecida de Saulo foi iluminada pelo Espírito Santo. Ele ficou surpreso com sua antiga falta de compreensão e vergonhado de ter sido persuadido por outros a rejeitar a verdade de quem era Jesus. Quando Saulo se entregou ao poder convincente do Espírito Santo, ele pôde curvar-se com humildade diante de Deus e confessar sua indignidade. Ele defendeu os méritos do Salvador crucificado e ressuscitado, pedindo perdão por seus pecados. Com a simplicidade de uma criancinha, ele começou a compreender o amor de Deus. Ele viu que Jesus de Nazaré era a personificação de toda a "lei e os testemunhos", o cumprimento de todo serviço do santuário.
Ao Saulo sair de Damasco ele era um homem mudado. Ele era tão zeloso como sempre, mas agora ele era compelido por um Espírito diferente. O amor de Deus exibido na cruz do Calvário não lhe deu escolha. Ele percebeu que Jesus morreu uma vez por todas, como humanidade corporativa, sendo "feito pecado por nós" e que, se "Um morreu por todos, então todos morreram" (2ª Cor. 5:21, 14). Nesse único sacrifício, a salvação foi dada a toda a família humana (Rom. 5: 15-19). A única maneira de alguém se perder é rejeitando esse presente mui precioso. Doravante, Saulo só poderia viver para Jesus e a vindicação do Seu nome.
Saulo percebeu que Jesus morreu por ele, como ele. Não era mais Saulo que existia, mas Paulo. Saulo e seus pecados morreram em Cristo na cruz, e como ele poderia viver mais naquela velha vida de rebelião? (veja Rom. 6: 6, 7). Porque Cristo ressuscitou dos mortos, Paulo teve a certeza da vida eterna. Ele estava vivo pela fé de Cristo (Gál. 2:16, 20). Dali em diante Paulo só poderia pregar "Cristo e Ele crucificado", declarando a graça ilimitada de Deus para com os pecadores. A conversão de Saulo é uma evidência impressionante do poder do Espírito Santo para convencer os homens do pecado. Saulo encontrou o Salvador crucificado e ressureto face a face na estrada de Damasco e ele foi mudado para sempre.
Em 1888, Deus enviou Sua mensagem do Salvador ressurreto para confrontar Sua igreja com seu pecado de legalismo. Por quarenta anos, a igreja havia gradualmente se tornado um orgulho espiritual que quase excluía a necessidade de fé. Nós nos tornamos fariseus de primeira grandeza. Confiando no poder da retórica e no conhecimento da Bíblia, os pregadores podiam convencer uma multidão a aceitar o sábado do sétimo dia e a necessidade de guardar a Lei de Deus. Mas eles haviam pregado a Lei até que se tornaram "tão secos quanto as colinas de Gilboa, que não tinham orvalho nem chuva". 1 O que a igreja precisava para terminar a obra de Deus era uma chuva muito necessária — chuva enviada do céu para amadurecer a plantação e preparar o povo de Deus para a trasladação.
Assim como os judeus fizeram enquanto Cristo estava pessoalmente andando nesta terra, e como eles continuaram a fazer depois que o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes sobre os discípulos espiritualmente humilhados, nós corporativamente resistimos ao derramamento da chuva serôdia. "A desgraça é pronunciada sobre toda incredulidade e crítica como foi revelado em Minneapolis e como foi revelado em Battle Creek [liderança da igreja]. Por seus frutos os conhecereis. Evidências a cada passo que Deus estava no trabalho não mudou a atitude manifesta daqueles que no começo iniciaram um curso de incredulidade que era uma ofensa a Deus. Com essa barreira que eles mesmos haviam erigido, eles — como os judeus — estavam buscando algo para fortalecer sua incredulidade e fazer parecer que eles estavam certos. Portanto, não podiam beber na grande salvação que o Senhor lhes oferecia. Eles recusaram as riquezas da graça divina.2
O Espírito Santo foi insultado pelo modo como foi tratado então e desde aquele  tempo, e Cristo sofreu um profundo desapontamento. "Em toda igreja em nossa terra, é necessário confissão, arrependimento e reconversão. O desapontamento de Cristo está além de descrição. A menos que aqueles que pecaram se arrependam rapidamente, os enganos dos últimos dias os alcançarão. Alguns, embora não percebam isso, preparam-se para serem vencidos. Deus clama pelo arrependimento sem demora, há tanto tempo que muitos brincam com a salvação, que sua visão espiritual é obscurecida, e eles não podem discernir entre luz e trevas. Cristo é humilhado em Seu povo. O primeiro amor se foi, a fé é fraca, há necessidade de uma transformação completa".3                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
Foi pela mesma razão que os judeus que a mensagem de 1888 de Cristo e Sua justiça foi resistida e rejeitada – orgulho de posição e opiniões preconcebidas. "A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas e aceitar esta verdade, estava à base de grande parte da oposição manifestada em Minneapolis contra a mensagem do Senhor através dos irmãos E. J. Waggoner e A. T. Jones. Excitando aquela oposição Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a terra com a sua glória (*Apoc. 18:1), e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido em grande medida, conservada afastada do mundo".4
Através da oração e busca do coração, Saulo passou a entender e apreciar o grande amor de Deus pela humanidade. Ele poderia ter rejeitado a mensagem dada a ele na estrada de Damasco. Ele poderia ter continuado no poder e autoridade da igreja judaica e subido a grandes alturas na sociedade de Jerusalém. Ele tinha todo o mundo antes dele se ele permanecesse com suas antigas convicções. Se ele seguisse sua nova fé, a vida era, na melhor das hipóteses, incerta. Ele trocaria a certeza de uma vida ambiciosa pela certeza da perseguição? Foi a escolha dele.
Nós também temos uma escolha a fazer. Podemos continuar na glória deste mundo ou podemos nos ajoelhar ao pé da cruz. Um caminho dá satisfação imediata, a glória da posição e aprovação dos homens. O outro caminho traz a condenação possível daqueles que se opõem à verdade, mas também traz a certeza da vida eterna. Se o amor de Cristo nos costrange (2ª Cor. 5:14, 15), faremos a escolha certa.
Sejamos como Saulo quando ele ficou cara a cara com Deus no caminho de Damasco - "Ó Senhor, o que queres que eu faça?" "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos da refrigério pela presença do Senhor" (Atos 3:19).

--Ann Walper

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Notas finais (de Ellen G. Whte)                 Endnotes (Ellen G. White):

1) Review and Herald, de 11 de março de 1890                                      

2) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, págs. 369 3 370;

3) Review and Herald, de 15 de dez. de 1904                                              

4) Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234 e 235;

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Notas:                                                          Notes:

Veja, em inglês, o vídeo desta 5ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/QamIzPguffo


Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia da autora:

A irmã Ana Walper é uma adventista dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja. Atualmente ela é diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola sabatina; saúde e temperança, e é coordenadora de uma das unidades evangelizadoras da escola sabatina. É também ativa instrutora bíblica. Profissionalmente é enfermeira padrão, e durante as férias escolares ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos estados de Tenneessee e Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16 anos em jornais de sua cidade sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça.

Atenção: Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Liçao 4—Os primeiros líderes da igreja, por Paulo E. Penno



Para 21 a 28 de julho de 2018

Quando éramos crianças pequenas na Escola Sabatina, costumávamos ter um ditado que achamos engraçado. Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos, é por isso que eles eram chamados de “sad-you-see” (*Triste-você-veja, em português). Por que eles não acreditavam na ressurreição? Porque não acreditavam na promessa de Deus, Seu concerto eterno.
A ressurreição foi claramente ensinada na experiência de seus pais, Abraão, Isaque, Jacó e José. Quando Estêvão esteve diante do Sinédrio, ele iniciou o seu poderoso discurso com a promessa de Deus a Abraão e continuou durante todo o seu longo sermão registrado com alusões ao concerto (Atos 7). Nossa lição da Escola Sabatina (parte de terça-feira) afirma que o sermão de Estêvão foi um “processo judicial da aliança” levantado perante o Sinédrio.
A alusão de Estevão à promessa de ressurreição de Deus a Abraão não passava pela cabeça dos componentes do Sinédrio. Por exemplo, Estevão começou com a ordem de Deus a Abraão: “Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirigi-te à terra que eu te mostrarei” (Atos 7:3). Abraão viajou com a sua família e trouxe o seu falecido pai para Canaã, e Deus “não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé; mas prometeu que lhe daria a posse dela, e depois dele à sua descendência [Cristo]” (vs. 5). Abraão não possuía nada em Canaã, nem mesmo uma sepultura para o seu pai. É óbvio a partir dessas palavras que Deus nunca pretendeu dar a Abraão apenas um pequeno espaço no Oriente Médio. Deus prometeu toda a terra em justiça a Abraão e seus descendentes.
Quando Abraão morreu, ele ainda não possuía a Palestina, mas creu na promessa de Deus: “Pela fé ele [Abraão] habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas [tendas nômades] com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa: porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (Heb. 11: 9-10). “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (v. 13).
E. J. Waggoner comenta sobre esta passagem que os patriarcas “afirmaram claramente, diz Paulo, que procuravam um país, e já descobrimos que aquele país era a terra toda; e como não ficaram desapontados porque o país não lhes foi dado em sua vida, é evidente que eles entenderam que a promessa incluía a ressurreição dos mortos”.1
Paulo testificou de sua fé diante do rei Agripa: “E agora pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado; à qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus. Pois que? Julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos? (Atos 26: 6-8).
A promessa de Deus contém a esperança da ressurreição para habitar na nova terra em justiça. “Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (2ª Pedro 3:13).
Mas tudo isso é muito familiar. Foi quando Estevão falou da “vinda do Justo” (Atos 7:52), que o Sinédrio perdeu a causa e assassinou Estêvão. Estevão praticamente disse que Deus não morava no templo deles (v. 47-49). Era tudo menos justo. O concerto de Deus com Abraão prometeu-lhe uma “Semente” vindoura [vs. 5, Descendente] em Quem o Espírito Santo manifesta inteira e completa justiça. Deus habitou no “Reto [justo]” que os fariseus e saduceus assassinaram (v. 52).
Deus deu a Abraão “o concerto da circuncisão” (v. 8) porque ele estava disposto a receber o dom do Espírito Santo de “justiça pela fé” em seu coração. Foi esse presente do Espírito de Deus que os mestres da lei recusaram na vinda de Cristo e, assim, cometeram o pecado imperdoável e assassinaram o Justo. Por se recusarem a acreditar no concerto de Deus, não reconheceram a prometida “Semente”—o seu Messias. Assim, eles eram “incircuncisos de coração” e rejeitaram a sua justiça, embora afirmassem “ter recebido a lei” (v. 53). Ao resistirem ao Espírito Santo e rejeitarem o seu Messias, manifestaram a incredulidade do velho concerto em seus corações.
“Enfureciam-se em seus corações” (vs. 54). Em outras palavras, o Espírito Santo passou por eles, mas não lhes fez bem. Rejeitaram a mensagem e o mensageiro.
Quando Estevão testificou: “Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem que está em pé à mão direita de Deus” (v. 56), ele virtualmente estava dizendo: “Eu vejo o ressuscitado em pé vindicado à mão direita de Deus”, e isso selou o destino de Estêvão.
Um dos principais temas da mensagem de 1888 são as boas novas do concerto eterno de Deus. O Novo Concerto foi a promessa unilateral de Deus a Abraão e seus descendentes de lhes dar toda a terra feita nova como “uma possessão eterna” e a justiça necessária para herdá-la “em Cristo”. O Velho Concerto era a promessa do povo no Monte Sinai de realizar obediência fiel: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxo. 19: 8). Aquela Velha Aliança se tornou a tese fundamental da compreensão de Israel da verdade de Deus que culminou no assassinato de seu Messias. Assim, a história de Israel demonstra que o concerto “do monte Sinai ... gera filhos para a servidão” (Gál. 4:24).
Todos os esforços para firmar as “promessas” do Velho Concerto em crianças e jovens estão fadados a “gerar para a servidão” em sua experiência espiritual. Ellen White diz: “O conhecimento de vossas promessas violadas e dos votos não cumpridos, enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade, levando-vos a julgar que Deus não vos pode aceitar”.2 Deus não nos pede para prometer-lhe justiça; Ele nos pede para crer em Suas promessas a nós.

--Paul E. Penno

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Notas de rodapé:                                      

1) E. J. Waggoner, “A Esperança da Promessa,” Bible Echo and Signs of the Times, vol. 4, nº 10 de 15 de maio de 1889, pág. 154.

2) Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 47                                        
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Notas:                                                         

Veja, em inglês, o vídeo desta 4ª lição do 3º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/dGK6ZcX_5KI

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, no nosso blog Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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