sexta-feira, 18 de abril de 2008

Lição 3 - A Realidade da Sua Humanidade

Há conseqüências eternas para o que nós cremos sobre que tipo de natureza humana Cristo assumiu? Qual é o problema que Deus soluciona ao enviar Seu Filho em carne humana? Houve algum tempo quando (*nós adventistas) fomos unidos neste assunto?

Vamos começar com o contexto histórico. "Os líderes adventistas pensavam, até o início da década dos anos de 1950, geralmente seguindo a direção de Jones e Waggoner, assegurando que a natureza humana de Cristo era a mesma como a do pecaminoso Adão depois da Queda" 1 e 2. "Na Sua humanidade Cristo partilhou de nossa natureza caída, pecaminosa. Se não, então Ele não 'foi feito semelhante a Seus irmãos’,3 e não foi 'em tudo tentado como nós’,4 não venceu como nós temos de vencer, e não é portanto o completo e perfeito salvador que o homem necessita e tem que ter para ser salvo. A idéia de que Cristo nasceu de uma mãe imaculada ou sem pecado, não herdou nenhuma tendência para pecar, e por esta razão não pecou, O remove do reino de um mundo caído, e do exato lugar onde ajuda é necessitada. No Seu lado humano, Cristo herdou exatamente o que cada filho de Adão herda, —uma natureza caída. No lado divino, desde a Sua concepção Ele foi gerado e nascido do Espírito. E tudo isto foi feito para colocar a humanidade em um campo vantajoso, e demonstrar que, da mesma maneira, cada um que é 'nascido do Espírito', pode ganhar vitórias sobre o pecado na sua própria carne pecaminosa. Assim cada um deve vencer como Cristo venceu, Apoc. 3: 21. Sem este nascimento não pode haver nenhuma vitória sobre a tentação, e nenhuma salvação do pecado. João 3:3-7” (condensado).

A .T. Jones escreveu a respeito da origem da doutrina da natureza não caída de Cristo. É a “doutrina oficial e ‘infalível’ da Imaculada Concepção" definida pelo Papa Pio IX em 1854. "É completamente entendido que no Seu nascimento Cristo partilhou da natureza de Maria—a "mulher" de quem Ele foi "feito". Mas a mente carnal não está disposta a permitir que esse Deus, na Sua perfeição de santidade, possa suportar vir a homens, onde eles estão, em sua pecaminosidade. Portanto esforço foi feito para escapar das conseqüências desta gloriosa verdade, que é o esvaziar-Se de Si, por inventar uma teoria de que a natureza da virgem Maria era diferente da natureza do resto da humanidade; que a sua carne não era exatamente a carne como é a de toda a humanidade. Esta invenção diz que, por algum meio especial Maria foi feita diferente do resto dos seres humanos, especialmente para que Cristo fosse propriamente nascido dela"6

Nossa segunda pergunta: Qual é o problema que Deus solucionou ao enviar Seu Filho em carne humana? Quando Lúcifer se rebelou no céu e foi "precipitado na Terra" (Apoc. 12:9), trouxe guerra a este mundo recém criado. Pela queda de Adão e Eva, Satanás esperou garantir na terra um eterno baluarte para sua rebelião contra Deus. Sua própria inimizade contra seu Criador foi instigada na mente e alma da humanidade, de modo que "a mente carnal é inimizade contra Deus: pois não é sujeira à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rom. 8:7, KJV). Como um vírus incurável, o pecado instalou-se nas criaturas que Deus criou à Sua própria imagem. Podemos imaginar a mente maligna de Satanás divertindo-se ruidosamente com a dor que ele trouxe ao coração de Deus por esta manobra tática: Satanás pensou que ele tivesse encurralado a Deus, por assim dizer. Adão morreria, mas haveria cada vez mais homens nascendo, todos infectados com pecado. (*Satanás achava que) não havia nenhuma solução para este problema. A eterna lei de Deus não podia ser alterada, e o homem foi condenado a morrer pela própria palavra de Deus.

No entanto, Satanás nunca imaginou que Deus tivesse o trunfo final. "O que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o Seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rom. 8:3). Por tomar sobre Sua natureza sem pecado nossa natureza pecaminosa que precisava ser redimida, e pela fé no poder de Seu Pai sobre Satanás, Cristo nunca permitiu que essa natureza caída se tornasse uma natureza que peca. "Deus, em Cristo, condenou o pecado, não por pronunciar contra ele meramente como um juiz assentado em plena sala de julgamento (*como o Juiz dos povos), mas por vir e viver na carne, em carne pecaminosa, mas sem pecar. Em Cristo, Ele demonstrou que é possível, pela Sua graça e poder, resistir à tentação, vencer o pecado, e viver uma vida sem pecado em carne pecaminosa". (Obra cit., ênfase em original, texto condensado).

A natureza de Cristo nos confronta com a verdade sobre o pecado e a redenção—quão horrível o pecado realmente é, e quão caro foi para Deus livrar-nos dele. A natureza humana que Cristo assumiu nos convence do pecado em nossa própria vida e de nossa culpa perante Deus. Ao mesmo tempo, pelo mesmo processo, Ele nos dá nossa única esperança, e o poder para vencer todo pecado, aqui e agora. A "fé de Jesus" não é algum enigma teológico. É a dinamite que destrói o pecado. Esta fé é dada a todos (Rom. 12:3) e é uma das características que identificam o povo de Deus no fim do tempo (Apoc. 14:12).

Assim como a natureza de Cristo é preciosa para nós, também o é a fé que Ele aperfeiçoou nessa carne. "E do ponto de vista da fraqueza e enfermidade do perdido, Ele confiou em Deus, que Ele Lhe livraria e o salvaria. Carregado com os pecados do mundo; e tentado em todos pontos como nós somos, esperou em Deus e confiou nEle para livra-Lo de todos esses pecados e guarda-Lo de pecar. Salmos 69:1-21; 71:1-20; 22:1-22; 31:1-5. ... Esta vitória dEle é o que trouxe a cada homem do mundo a divina fé pela qual cada homem pode esperar em Deus e confiar nEle, e pode achar o poder de Deus para livra-lo do pecado e guardá-lo de pecar. Essa fé que Ele exerceu e pela qual Ele obteve a vitória sobre o mundo, a carne, e o demônio—essa fé é o Seu dom a cada homem perdido no mundo"7

Jesus fez mais que somente "aparecer num corpo" (a palavra grega para "corpo" é soma como comparado com "carne," que é a palavra grega sarx—a forma concreta da natureza humana marcada pela queda de Adão)8 Jesus fez mais que meramente "sentir nossa dor" de fome, fadiga, tristeza, e ferida física e emocional. Pela natureza caída que Ele assumiu, Ele pessoalmente conheceu a luta contra o pecado com que cada um de nós lida diariamente. Nossa esperança na batalha contra o pecado está na certeza de que Jesus, na mesma natureza que nós temos, de fato defrontou e conquistou cada tentação que nos confronta. Pelo poder da fé de Jesus operando em nossa vida, nós podemos dizer, "NÃO!!!" às tentações de Satanás. Cristo suportou exatamente a mesma batalha e assim Ele pode, honesta e inequivocamente, aqui em nossa condição caída, dizer a todos nós: Siga-Me, o caminho que eu preparei conduz direto ao trono de Deus! "Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo em Meu trono, assim como eu também venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono" (Apoc. 3:21).

O Evangelho coloca a glória de homem no pó para que a justiça de Cristo possa brilhar. Uma relutância em crer que o pecado "na carne" pode ser vencido está à raiz da velha controvérsia sobre a natureza humana de Cristo. É o fundamento para a resistência em crer que Cristo verdadeiramente era como nós em nossa natureza caída. A verdade sobre a natureza que Cristo assumiu na Sua encarnação significa que não há nenhuma desculpa para pecar nas nossas próprias vidas. Reverentemente estudemos este assunto em tudo o que significa para nós neste Dia cósmico da Expiação com a sua purificação do santuário celestial.

Ann Walper

A irmã Ana Walper é uma enfermeira padrão, ávida estudante da Bíblia, e é ativa na igreja adventista que freqüenta; este ano exercendo as funções de diretora da Escola sabatina; instrutora de uma de suas unidades, e líder do dep. de Liberdade Religiosa. Durante os meses de verão ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista dos estados de Kentucky e Teneessee nos EUA. Escreve, já por 14 anos, artigos no jornal de sua cidade sobre as Boas Novas de Cristo e Sua Justiça.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

[1]) Knight, George R. Angry Saints (“Santos ZangadosTensões e possibilidades na Controvérsia Adventista Sobre Justificação Pela Fé)”, Hagertown, Md: Review and Herald (1989). página 131.

2) Bible Readings for the Home (Leituras da Bíblia para o Lar), pág. 174. Em português a CPB o publicou com o título Estudos Bíblicos, Doutrinas Fundamentais das Escrituras Sagradas, cujas últimas edições foram em 1972 e 1995. Entretanto esta citação permaneceu em Bible Readings for the Home até a edição de 1949, depois da qual passou a ser omitida, não constando pois das edições em português;

3) Hebreus 2:17;

4) Hebreus 4:15;

5) João 3: 5, 6 e 8;

6) O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, págs. 41-42;

7). O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, págs. 56-57;

8). Herbert Douglas, autor das lições da Escola Sabatina do 2º trimestre de 1977, com o título Jesus, O Homem Modelo, e um escolástico evangélico, Donald Dayton, demonstraram que muitos teólogos defendiam e criam na idéia de que Cristo tomou a nossa natureza caída, entre eles Edward Irving, (1792-1834), e no século XX Karl Barth (1886-1968), e Colin Gunton (1941-2003).

Já salientamos, no trimestre passado, na nota 4 da lição 12, que Karl Barth, geralmente considerado por muitos o maior teólogo cristão-protestante do século XX, pastor da Igreja Reformada, diz, em sua obra Church Dogmatics, que “Carne, sarx, é a natureza humana marcada pelo pecado de Adão.”

Sarx no Novo Testamento, é a tendência dentro do homem caído para desobedecer a Deus em todas as áreas da vida. Inclui não só os “pecados da carne” (pecados do corpo); como também os pecados cometidos pela pessoa total. Na lista das “obras da carne” (ta erga tes sarkos) encontrada em Gálatas 5.19-21, cinco de quinze dizem respeito aos pecados do corpo; o restante diz respeito ao que chamamos de “pecados do espírito”— como ódio, discórdia, ciúme, etc.

Um estudo mais antigo, embora competente, a respeito do significado de sarx nos escritos de Paulo é o de Wm. P. Dickson, St. Paul’s Use of the Terms Flesh and Spirit (Glasgow: Maclehose, 1883). E um estudo mais recente é do Ver. John A. Robinson, (1861-1934, na obra The Body (1952).

O dicionário do grego bíblico, Revised Bauer-Arndt-Gingrich Greek Lexicon, diz que a palavra “sarx”, “carne”, em grego, é a tendência dentro do homem caído para desobedecer a Deus em todas as áreas da vida; o instrumento desejoso do pecado

A Humanidade de Cristo, segundo Ellen G. White:

Ellen G. White Ela foi a primeira líder – e realmente a única – que, anteriormente a 1888, expressou-se por escrito sobre a posição da natureza humana de Jesus, a qual foi finalmente adotada por toda a jovem comunidade.

Após suas primeiras declarações sobre o assunto, em 1858, Ellen continuou a expressar seus pensamentos, concernentes ao tema, com crescente clareza, em artigos publicados na Review and Herald, e mais tarde em seus livros. Em 1874, uma série de artigos tratando da tentação de Cristo apresentou a essência de sua Cristologia. Você vê isto em Mensagens Escolhidas, vol 1 págs. 242 – 289.

Em 1888, na sessão da Conferência Geral de Mineápolis, onde Ellet J. Waggoner tornou a divindade e a humanidade de Cristo o fundamento da justificação pela fé, todos os elementos de sua Cristologia haviam já sido expressos nos escritos de Ellen White.

Não se trata de que Cristo assumiu a natureza humana apenas no aspecto físico, como muitos entre nós afirmam, mas também no aspecto mental e moral:

“Cristo devia redimir, em nossa humanidade, a falha de Adão. Quando este fora vencido pelo tentador, entretanto, não tinha sobre si nenhum dos efeitos do pecado. Encontrava-se na pujança da perfeita varonilidade, possuindo o pleno vigor da mente e do corpo. Achava-se circundado das glórias do Éden, e em comunicação diária com seres celestiais. Não assim quanto a Jesus, quando penetrou no deserto para medir-Se com Satanás. Por quatro mil anos estivera a raça a decrescer em forças, físicas, vigor mental e valor moral; e Cristo tomou sobre Si as fraquezas da humanidade degenerada. Unicamente assim podia salvar o homem das profundezas de sua degradação.” Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 117. Essa comparação já havia sido feita em Review and Herald, 28 de julho de 1874. Ver também Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 267, 268.

Ellen White deixa pouca dúvida acerca de sua posição referente à natureza pós-queda de Cristo, em sua declaração de 24/2/1874:
“A grande obra da redenção podia ser efetuada apenas pelo Redentor
tomando o lugar do decaído Adão.” Ellen G. White, em Review and Herald, 24 de fevereiro de 1874 (grifamos).

Uma afirmação feita em 1901 tocou no mesmo ponto: “A natureza de Deus, cuja lei havia sido transgredida, e a natureza de Adão, o transgressor, uniram-se em Jesus, o Filho de Deus e o Filho do homem.” Manuscrito 141 de E. G. White, 1901, Comentário Bíblico de vol. 7, pág. 926 (grifos supridos).

“Não devemos pensar que a possibilidade de Cristo ceder às tentações de Satanás degradou Sua humanidade, e que Ele possuía as mesmas pecaminosas e corruptas propensões como o homem (*Ele não pecou). A natureza divina, combinada com a humana, tornou-O suscetível de ceder às tentações de Satanás. Aqui o teste de Cristo era tanto maior do que aquele de Adão e Eva, pois Ele tomou a nossa natureza, decaída mas não corrompida.” Manuscrito 57 de E. G. White, 1890 (grifamos) (*a natureza de nós todos é corrompida porque todos pecamos).

Em todos os escritos de Ellen White não há uma simples referência que identifique a natureza humana de Cristo com a de Adão antes da queda. Contrariamente, sobejam declarações afirmando que Jesus tomou a natureza de Adão após 4.000 anos de pecado e degeneração. Em outras palavras, Ele revestiu-Se de nossa carne em estado decaído; ou, tomando emprestada a expressão de Paulo, “em semelhança da carne do pecado”.

Ellen White acentua vigorosamente a semelhança da natureza de Jesus e a nossa. Não satisfeita em dizer que Jesus tomou a nossa natureza, ela repete que Ele a assumiu em seu “estado decaído” Carta 106 de E. G. White, 1896.

“Pensemos sobre a humilhação de Cristo. Ele tomou sobre Si mesmo a decaída, sofrida, degradada e maculada natureza humana, Ellen White, em Youth’s Instructor, 20 de dezembro de 1900. E mais: “Ele Se humilhou e tomou sobre Si a mortalidade.” Ellen White, em Youth’s Instructor, 20 de dezembro de 1900. “Foi uma humilhação muito maior do que o homem pode compreender.” Manuscrito 143 de E. G. White, 1897. “Cristo tomou sobre Si as enfermidades da degenerada humanidade. Apenas desse modo podia Ele resgatar o homem dos profundíssimos abismos de sua degradação”, E. G. White, O Desejado de Todas as Nações, 117.

Para evitar qualquer possível mal-entendido sobre a realidade da participação de Jesus na natureza da humanidade caída, Ellen White amiúde emprega o verbo assumir, implicando que Ele realmente a tomou sobre Si mesmo. “Cristo assumiu nossa natureza decaída e expôs-Se a cada tentação a que o homem está sujeito”, Manuscrito 80 de E. G. White, 1903. “Ele assumiu os riscos da natureza humana, para ser provado e tentado”, E. G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 226. “Ele assumiu a natureza humana, suas enfermidades, riscos e tentações”, Manuscrito 141 de E. G. White, 1901 (itálicos supridos)

A participação de Cristo na plena natureza humana em seu estado decaído, é colocada por Ellen White como condição sine qua non para a salvação do homem. “Estava nos planos de Deus que Cristo tomasse sobre Si mesmo a forma e a natureza do homem caído, para que Ele pudesse ser aperfeiçoado através do sofrimento, e suportar em Si mesmo a força das tentações de Satanás, a fim de que conhecesse melhor como socorrer aqueles que são tentados.” E. G. White, Spiritual Gifts (Dons Espirituais), vol. 4, págs. 115, 116. “Por esse ato de condescendência, Ele seria capaz de derramar Suas bênçãos em favor da raça decaída. Assim Cristo nos tornou possível sermos participantes de Sua natureza.” E. G. White, em Review and Herald, 17 de julho de 1900.

Foi exatamente isso o que o autor da epístola aos Hebreus nos ensinou. Convinha que em tudo fosse feito semelhante a Seus irmãos”, “para que pudesse estar em posição de libertar os seres humanos de seus pecados.” (Heb. 2:17). E acrescenta: “Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (verso 18).

* Convinha, o Comentário Bíblico vol. 7, pág. 407, define o termo usado na KJV, “behoved”:, como indebted, obrigação; must, verbo auxiliar para indicar obrigação; ought, verbo dever.. O Comentário nos sugere “comparar o uso do verbo e substantivos corelatos em Mat. 18:30, 34; 23:16: 6 e 7; João 13:14; I Cor. 5:10; II Thess. 2:13”. Como se vê o verbo convir em português não traz exatamente o mesmo sentido de obrigatoriedade. O mais perto que temos das idéias acima são os termos: conformar-se, ajustar-se; quadrar, servir. No latimconvenire” (estar de acordo, ajustar) é uma força vinculante. Era necessário que Ele em TUDO “fosse feito semelhante a Seus irmãos ...”

“Nosso Salvador veio a este mundo para suportar em natureza humana, todas as tentações com as quais o homem é assediado.” E. G. White, Sons and Daughters de Deus (Filhos e Filhas de Deus), pág. 230. “Ele conhece por experiência quais são as fraquezas da humanidade, quais as nossas carências e onde jaz a força de nossas tentações, pois Ele foi ‘tentado em todos os pontos, como nós, mas sem pecado’(Heb. 4:15).” O Desejado de Todas as Nações página 329, 2º §.

“Cristo sabe quão fortes são as inclinações do coração natural e ajudará em cada ocasião de tentação.” Mensagens aos Jovens, pág. 67,

“É um mistério inexplicável aos mortais que Cristo pudesse ser tentado em todos os pontos, como nós o somos, e ainda ser sem pecado.” Carta 8 de E. G. White, 1895. Citada no Comentário Bíblico, vol. 5, págs. 1128, 1129.

]Certa ocasião, algumas pessoas questionaram a decaída natureza de Cristo. Ellen White lhes respondeu: “Tenho recebido cartas afirmando que Cristo não podia ter tido a mesma natureza que o homem, pois nesse caso, teria caído sob tentações semelhantes. Se não possuísse natureza humana, não poderia ter sido exemplo nosso. Se não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter sido tentado como o homem tem sido. Se não Lhe tivesse sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso Auxiliador.” E. G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 408

“Pretendem muitos que era impossível Cristo ser vencido pela tentação. Neste caso, não teria sido colocado na posição de Adão; não poderia haver obtido a vitória que aquele deixara de ganhar. Se tivéssemos, em certo sentido, um mais probante conflito do que teve Cristo, então Ele não estaria habilitado para nos socorrer. Mas nosso Salvador Se revestiu da humanidade com todas as contingências (*vulnerabilidades) da mesma. Tomou a natureza do homem com a possibilidade de ceder à tentação. Não temos que suportar coisa nenhuma que Ele não tenha sofrido” O Desejado de Todas as Nações, pág. 117..

Todavia, “ao tomar sobre Si a natureza do homem em sua decadente condição, Cristo não participou no mínimo que fosse de seu pecado.” E. G. White, em Youth’s Instructor (O Instrutor da Juventude) de 1 de junho de 1898. Citado em Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 256. Eis aqui outra solene verdade que Ellen White nunca deixou de repetir, enquanto enfatizando a realidade das tentações às quais Jesus estava sujeito. Pois, como está escrito:

“Antes, foi Ele tentado em todas as coisas, mas sem pecado.” (Heb. 4:15)

“... Mas Sem Pecado.”

Toda vez que Ellen White escrevia sobre o delicado assunto da natureza caída de Cristo, era muito cuidadosa em acrescentar imediatamente que Jesus viveu “sem cometer pecado”, seja por pensamentos, palavras ou obras.

Numa carta enviada a W. L. H. Baker, que evidentemente tinha tendência de falar de Cristo como um homem “integralmente humano”, (*Nós, por termos pecado, somos ‘Inteiramente humanos’, Ele não pecou) Ellen White sugeriu que ele fosse mais cauteloso: “Nunca, de modo algum, deixe a mais leve impressão sobre mentes humanas de que uma mancha, inclinação ou corrupção incidia sobre Cristo, ou que Ele, de alguma maneira, cedeu à corrupção.” Carta 8 de E. G. White, 1895. Citada no Comentário Bíblico, vol. 5, pág. 1128. “Nem mesmo por um pensamento podia Cristo ser trazido a ceder ao poder da tentação” Review and Herald, 8 de novembro de 1887. “Nenhuma palavra impura escapou de Seus lábios. Jamais cometeu um ato errado, pois era o Filho de Deus. Embora possuísse forma humana, estava isento da mancha de pecado.” E. G. White, Beneficência Social, pág. 286 e 287. “Em Sua natureza humana, Ele manteve a pureza de Seu divino caráter. Ele viveu a lei de Deus e a honrou em um mundo de transgressão.” E. G. White, do periódico Youth’s Instructor (O Instrutor da Juventude) de 2 de junho de 1898.

Alguns acham que Jesus foi tentado apenas externamente. Se houvesse sido assim, Ele não teria sido verdadeiramente tentado como nós o somos, nem teria conhecido “o poder de nossas tentações”, e a “força da paixão humana”, Nos Lugares Celestiais, pág. 155., aos quais os homens estão sujeitos. Porém, “nunca Ele cedeu à tentação de praticar um simples ato que não fosse puro, elevado e enobrecedor” Ibidem.

“Tomando sobre Si a natureza humana em seu estado decaído, Cristo não participou, no mínimo que fosse, do seu pecado... Não devemos ter dúvidas acerca da perfeita ausência de pecado na natureza humana de Cristo.” Mensagens Escolhidas, Vol. 1, pág. 256.

“Se Cristo possuísse um poder especial que o homem não tem o privilégio de possuir, Satanás ter-se-ia aproveitado desse fato.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 139. De acordo com Ellen White, “Satanás declarou ser impossível aos filhos e filhas de Adão observarem a lei de Deus.”, Signs of the Times, 16 de janeiro de 1896.

“Sua vida testificou que, com a ajuda do mesmo poder divino que Cristo recebeu, é possível ao homem obedecer à lei de Deus.” Manuscrito 141, de E. G. White, 1901. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 132.

Obviamente, essa prova não teria sido efetiva se Jesus houvesse vivido uma vida sem pecado em uma natureza humana diversa da nossa – isto é, em a natureza de Adão antes da queda. Isso explica por que, com perfeita lógica, Ellen White afirmava que “a grande obra da redenção poderia ser efetuada apenas com o Redentor tomando o lugar do decaído Adão.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 132.

Conclusão

Não há melhor síntese da Cristologia de Ellen White, do que seu comentário sobre o Sermão da Montanha: “Cristo é a escada que Jacó viu, tendo a base na Terra, e o topo chegando à porta do Céu, ao próprio limiar da glória. Se aquela escada houvesse deixado de chegar à Terra, por um único degrau que fosse, teríamos ficado perdidos. Mas Cristo vem ter conosco onde nos achamos. Tomou nossa natureza e venceu, para que, revestindo-nos de Sua natureza, nós pudéssemos vencer. Feito ‘em semelhança da carne do pecado’ (Rom. 8:3), viveu uma vida isenta de pecado. Agora, por Sua divindade, firma-Se ao trono do Céu, ao passo que, pela Sua humanidade, Se liga a nós. Manda-nos que, pela fé nEle, atinjamos à glória do caráter de Deus. Portanto, devemos ser perfeitos, assim como ‘é perfeito vosso Pai que está nos Céus’. Mat. 5:48” O Desejado de Todas as Nações, págs. 311, 312 (grifamos).

Caminho A Cristo, 20 a 24

“É este o mesmo quadro ao qual Se referiu Cristo em Sua palestra com Natanael, quando disse: ‘Vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.’ João 1:51. . . . Cristo lançou uma ponte através do abismo que o pecado cavara, de maneira que os anjos ministradores podem manter comunhão com o homem. Cristo une o homem caído, em sua fraqueza e desamparo, à Fonte de infinito poder. . . . A única senda que conduz a Deus é Cristo. Diz Ele: ‘Eu Sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim.’ João 14:6. . . . O coração de Deus . . . entregando Seu Filho, nesse único Dom derramou sobre nós todo o Céu. A vida, morte e intercessão do Salvador, o ministério dos anjos, o pleitear do Espírito, o Pai operando acima de tudo e por tudo, o interesse incessante dos seres celestiais - tudo se empenha em favor da redenção do homem. . . . (pág. 23:) É unicamente por meio de Cristo que podemos ser postos em harmonia com Deus, com a santidade; . . . O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua malignidade;”

* O mal (principalmente OS MEUS PECADOS) é o que causou a morte do Filho de Deus. Este fato, contemplado nas cenas do Getsemani e do calvário, é que TRANSFORMARÁ o coração endurecido pelo pecado.

Continuando, “Muitos há que não compreendem a verdadeira natureza do arrependimento. Multidões de pessoas se entristecem pelos seus pecados, efetuando mesmo exteriormente uma reforma, porque receiam que seu mau procedimento lhes traga sofrimentos. Mas não é este o arrependimento segundo o sentido que lhe dá a Bíblia. Lamentam antes os sofrimentos, do que o próprio pecado. . . . (*Judas disse:) ‘Pequei, traindo sangue inocente.’ Mat. 27:4. . . . “

“Quando, porém, o coração cede à influência do Espírito de Deus, a consciência é despertada, e o pecador discerne alguma coisa da profundeza e santidade da lei de Deus, base de Seu governo no Céu e na Terra. A ‘luz verdadeira, . . .’ (João 1:9), ilumina . . . os secretos escaninhos da alma, e . . . A convicção se apodera do espírito e da alma. O pecador tem então uma intuição da justiça de Jeová e experimenta horror ante a idéia de aparecer, em sua própria culpa e impureza, perante o Perscrutador dos corações. Vê o amor de Deus, a beleza da santidade, a exaltação da pureza; anseia por ser purificado e reintegrado na comunhão do Céu.”

“A oração de Davi, depois de sua queda, ilustra a natureza da verdadeira tristeza pelo pecado. Seu arrependimento foi sincero e profundo.”

Patriarcas e Profetas, pág. 184 em diante:

“Nesta visão o plano da redenção foi apresentado a Jacó, não completamente, mas nas partes que para ele eram essenciais naquela ocasião. A escada mística que lhe fora revelada no sonho era a mesma a que Cristo Se referiu em Sua conversa com Natanael. Disse Ele: ‘Vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem.’ João 1:51. A escada representa Jesus, o meio designado para a comunicação. Não houvesse Ele com Seus próprios méritos estabelecido uma passagem através do abismo que o pecado efetuou, e os anjos ministradores não podiam ter comunhão com o homem decaído. Cristo liga o homem em sua fraqueza e desamparo, à fonte do poder infinito.”

“Tudo isto foi revelado a Jacó no sonho. Se bem que sua mente de pronto apreendesse parte da revelação, as grandes e misteriosas verdades da mesma foram o estudo de sua vida toda, e mais e mais se lhe desvendava à compreensão. Jacó despertou do sono no profundo silêncio da noite. As formas resplandecentes da visão haviam desaparecido. Apenas o obscuro contorno das colinas solitárias, e acima delas, o céu resplendente de estrelas, encontravam agora o seu olhar. Tinha porém, uma intuição solene de que Deus estava com ele. Uma presença invisível enchia a solidão. ‘Na verdade o Senhor está neste lugar’, disse ele, ‘e eu não o sabia. ... ... Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos Céus.’ Gên. 28:16 e 17.”

"Então levantou-se Jacó pela manhã de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela.’ Gên. 28:18. De acordo com o costume de comemorar acontecimentos importantes, Jacó construiu um memorial da misericórdia de Deus, para que quando (*quem) quer que passasse por aquele caminho pudesse demorar-se naquele local sagrado para adorar ao Senhor. E chamou o lugar Betel, ou ‘casa de Deus’. Com profunda gratidão repetiu a promessa de que a presença de Deus seria com ele; e então fez este voto solene: ‘Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestidos para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo.’ Gên. 28:20-22.”

“Jacó não estava aqui a fazer um contrato com Deus. O Senhor já lhe havia prometido prosperidade, e este voto era o transbordar de um coração cheio de gratidão pela certeza do amor e misericórdia de Deus. Jacó entendia que Deus tinha direitos sobre ele, os quais ele devia reconhecer, e que os sinais especiais do favor divino a ele concedidos exigiam retribuição. Assim, toda a bênção que nos é concedida reclama uma resposta ao Autor de todas as nossas vantagens. O cristão deve muitas vezes rever sua vida passada, e relembrar com gratidão os preciosos livramentos que Deus operou em favor dele, amparando-o na provação, abrindo caminho diante dele quando tudo parecia escuro e vedado, refrigerando-o quando pronto a desfalecer. Deve reconhecê-los todos como provas do cuidado vigilante dos anjos celestiais. Em vista destas bênçãos inumeráveis, deve muitas vezes perguntar, com coração submisso e grato: ‘Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?’ Sal. 116:12.’ Devemos reconhecer a bondade de Deus não simplesmente exprimindo nossa gratidão com palavras, mas, como Jacó, por meio de dádiva e ofertas à Sua causa. Assim como estamos continuamente a receber as bênçãos de Deus, assim devemos estar continuamente a dar.”

"De tudo quanto me deres’, disse Jacó, ‘certamente Te darei o dízimo.’ Gên. 28:22. Deveremos nós, que desfrutamos a plena luz e os privilégios do evangelho, estar contentes com dar menos a Deus do que foi dado por aqueles que viveram na dispensação anterior, menos favorecida? Ao contrário, sendo que as bênçãos que fruímos são maiores, não se acham nossas obrigações aumentadas de modo correspondente? Mas quão pequena é a apreciação. Quão vão é o esforço de medir pelas regras matemáticas o tempo, o dinheiro e o amor, em confronto com um amor tão imensurável e um dom de tal valor inconcebível! Dízimos para Cristo! Parco bocado, vergonhosa recompensa por aquilo que custou tanto! Da cruz do Calvário Cristo pede uma consagração sem reservas. Tudo que temos, tudo que somos, deve ser dedicado a Deus.”

“Com uma fé nova e permanente nas promessas divinas e certo da presença e guarda dos anjos celestiais, Jacó prosseguiu em sua jornada para ‘a terra dos filhos do Oriente’. Gên. 29:1.”

Mensagens Escolhidas, págs. 279-80: Vitória por Cristo

“Porque o homem caído não podia vencer a Satanás com sua força humana, veio Cristo das cortes reais do Céu para ajudá-lo com Sua força humana e divina combinadas. Cristo sabia que Adão, no Éden, com suas superiores vantagens, poderia ter resistido às tentações de Satanás, vencendo-o. Sabia também que não era possível ao homem, fora do Éden, separado, desde a queda, da luz e do amor de Deus, resistir em suas próprias forças às tentações de Satanás. A fim de conceder esperança ao homem e salvá-lo da ruína completa, humilhou-Se, tomando a natureza do homem para que, com Seu poder divino combinado com o humano, pudesse Ele alcançar o homem onde se acha. Obtém Ele para os caídos filhos e filhas de Adão aquela força que é impossível obterem eles por si mesmos, a fim de que em Seu nome possam vencer as tentações de Satanás.”

“O exaltado Filho de Deus, assumindo a humanidade, vem para perto do homem, pondo-Se como substituto do pecador. Identifica-Se com os sofrimentos e aflições dos homens. Foi tentado em todos os pontos, como o é o homem, para que pudesse saber como socorrer aos tentados. Cristo venceu em favor do pecador.”

“Jacó, na visão noturna, viu a Terra ligada ao Céu por uma escada que alcançava o trono de Deus. Viu os anjos de Deus, envergando vestes de celeste brilho, descendo do Céu e para lá subindo, sobre essa escada brilhante. A parte inferior da escada repousava na Terra, enquanto o topo alcançava o mais alto dos Céus, apoiado no trono de Jeová. O resplendor do trono de Deus irradiava da escada, refletindo sobre a Terra uma luz de glória inexprimível.”

“Essa escada representava a Cristo, que abrira a comunicação entre Terra e Céu. Na humilhação de Cristo, desceu Ele à própria profundeza da miséria humana, em simpatia e piedade pelo homem caído, o que foi representado a Jacó pela extremidade da escada que repousava sobre a terra, enquanto o seu topo, alcançando o Céu, representa o divino poder de Cristo que se apega ao Infinito, ligando assim a Terra ao Céu, e o homem finito ao infinito Deus. Por meio de Cristo acha-se aberta a comunicação entre Deus e o homem. Os anjos podem passar do Céu para a Terra com mensagens de amor ao homem caído, e para servir aos que hão de ser herdeiros da salvação. É por Cristo, tão-somente, que os mensageiros celestes ministram aos homens. . . .”

* É significativo o fato que a serva do Senhor passa a analisar, a seguir, as tentações de Cristo à pág. 281, com o sub-título:

“A Segunda Tentação de Cristo”

“Satanás foi derrotado em seu objetivo de vencer a Cristo na questão do apetite; e no deserto Cristo alcançou uma vitória em favor do gênero humano, na mesma questão do apetite, tornando possível ao homem, em todo o futuro, vencer em nome dEle a força do apetite, em seu próprio benefício. . . .”

“De novo exigiu de Cristo que, se era de fato o Filho de Deus, lhe provasse isso atirando-Se da vertiginosa altura sobre a qual O havia posto. Instou com Cristo a que mostrasse Sua confiança no protetor cuidado do Pai, lançando-Se do templo, . . . forcejando por levá-Lo à presunção. O Pecado da Presunção jaz bem perto da virtude da perfeita fé e confiança em Deus. . . . Instou então com Cristo para que desse mais uma evidência de Sua inteira confiança em Deus, mais uma prova de Sua fé de ser Ele o Filho de Deus, lançando-Se do templo. . . .”

“O Redentor do mundo não Se desviou de Sua integridade e mostrou que tinha perfeita fé no prometido cuidado do Pai. Não poria desnecessariamente à prova a fidelidade e amor de Seu Pai, embora estivesse nas mãos do inimigo, e colocado em posição de extrema dificuldade e perigo. Não tentaria a Deus, por sugestão de Satanás, pondo presunçosamente à prova a Sua providência.”

A Humanidade de Cristo de Acordo com os Dois Mensageiros de 1888

Cristo, O Evangelho, A Escada que Jacó Viu.

Na 4ª lição dos professores do 3º trimestre de 2007, (págs. 50 e 51), foi sugerido que se comentasse o seguinte texto da pena inspirada:

“A escada representa Jesus, o meio designado para a comunicação. ... Cristo liga o homem em sua fraqueza e desamparo, à fonte do poder infinito.” Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 184

Ellet José Waggoner, um dos mensageiros de 1888, no seu livro The Everlasting Covenant, (O Concerto Eterno), à pág. 110, assim comenta:

“Jacó começou a entender que a herança que Deus tinha prometido a seus pais, a qual ele pensou em adquirir por uma esperta barganha, era algo para ser obtido em uma maneira inteiramente diferente. Quanto do evangelho ele captou nesta ocasião não podemos afirmar; mas nós sabemos que nesta revelação Deus proclamou o evangelho a ele. Aprendemos (* em páginas anteriores deste mesmo livro) que Deus pregou o evangelho a Abraão nestas palavras: ‘Em ti serão benditas todas as nações da terra.’ Portanto estamos certos de que quando o Senhor disse a Jacó: ‘Em ti e em tua semente serão benditas as famílias da terra,’ Ele estava pregando o mesmo evangelho.

“Em conexão com esta declaração, estava a promessa da terra e de uma posteridade inumerável. A promessa feita a Jacó era idêntica à feita a Abraão. A bênção a vir a Jacó e a sua semente era idêntica à que viria através de Abraão e sua semente. A semente é a mesma, a saber, Cristo e os que são Seus através do Espírito; a bênção vem através do Espírito; vem através da cruz de Cristo. ‘Aquele que perder a sua vida,’ e tudo que a vida contem, ... ‘achá-la-á.(* Mat. 10:39 e ver também 16:25)

Falta Algum Degrau Nesta Escada?

Alonzo T. Jones, o outro mensageiro de 1888, em seu livro “O Caminho Consagrado Para a Perfeição Cristã”, descreve, de modo bastante detalhado, a natureza que Cristo assumiu na encarnação.

No capítulo 7, intitulado “A Lei da Hereditariedade”, na terceira página, falando sobre a genealogia de Cristo ele diz:

“Nessa genealogia há: Jeoiaquim, o qual foi, pela sua maldade, enterrado na sepultura de jumento, arrastado e lançado para bem longe, fora das portas de Jerusalém, Jeremias 22:19; Manasses, que fez com que Judá fizesse pior do que os gentios; Acáz, o qual fez Judá nú e transgrediu excessivamente contra o Senhor; Jeroboão, que nasceu de Salomão, após este se ter voltado do Senhor; o próprio Salomão, que nasceu de Davi e de Bate-Seba; há também Rute, a moabita, e Raabe, tanto quanto Abraão, Isaque, Jessé, Asa, Jeosafá, Ezequias e Josias. Os piores tanto quanto os melhores, e as ações más dos melhores estão descritas tanto como as boas, e nesta genealogia toda há dificilmente um do qual não sejam mencionados alguns atos errado.”

Em “O Desejado de Todas as Nações”, na última página do cap. IV, página 49 do original, a pena inspirada escreveu: “Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade. O que estes resultados foram, manifesta-se na história dos Seus ancestrais terrestres. Veio com ESSA hereditariedade para PARTILHAR de nossas dores e tentações e dar-nos o exemplo de uma vida sem pecado” (*Gen. 1: 21 e 24. As ênfases são nossas).

E nessa mesma linha de raciocínio veja como o pastor Jones está querendo destacar para nós os pecados dos ancestrais de Cristo, e ao ele falar-nos da Lei da Hereditariedade está nos chamando a atenção para o fato de que quando Cristo veio à terra na forma de homem, Ele desceu de modo integral, a escada, que é Ele mesmo,e na qual não falta degrau algum. Ele veio sem isenção alguma. Ellen White inclui a parte física, mental e moral de Cristo, idem, pág. 117. E há uma ênfase no original não traduzida pela CPB, pelo menos na edição de que disponho, exatamente na parte moral, da qual alguns teólogos querem isentar a Cristo encarnado: a Serva do Senhor diz “...valor moral”, “...moral worth”, que é deliberadamente incisiva para demonstrar a completa dádiva de Deus à humanidade, João 3:16. Deus não nos emprestou Seu filho, como um embaixador vai a outro país, cumpre sua missão e volta incólume. Não!!! Ele “O deu” à humanidade. Ele assumiu, completamente a nossa natureza pecaminosa, e este fato é belamente apresentado no livro “O Desejado de Todas as Nações”, na antepenúltima página do cap. 31, páginas 311 e 312

“Cristo é a escada que Jacó viu, tendo a base na Terra, e o topo chegando à porta do Céu, ao próprio limiar da glória. Se aquela escada ...”

Por favor, preste atenção nisto:

“...Se aquela escada houvesse deixado de chegar à Terra, por um único degrau que fosse, teríamos ficado perdidos. Mas Cristo vem ter conosco onde nos achamos. Tomou nossa natureza e venceu, para que, revestindo-nos de Sua natureza, nós pudéssemos vencer. Feito ‘em semelhança da carne do pecado’ (*Rom. 8:3), viveu uma vida isenta de pecado. Agora, por Sua divindade, firma-Se ao trono do Céu, ao passo que, pela Sua humanidade, Se liga a nós. Manda-nos que, pela fé nEle, atinjamos à glória do caráter de Deus. Portanto, devemos ser perfeitos, assim como “é perfeito vosso Pai que está nos Céus” (* Mat 5:48).

As duas declarações, a de A T. Jones e esta, da pena inspirada, combinam-se maravilhosamente, e ao retornarmos agora à obra “O Caminho Consagrado Para a Perfeição Cristã”, no capítulo em que ele descreve, de modo bastante detalhado, a natureza que Cristo assumiu na encarnação, no capítulo 7, intitulado “A Lei da Hereditariedade”, lemos:

“Por conseguinte, tanto pela herança (* hereditariedade), como pela imputação, Ele foi carregado com os pecados do mundo...”

Assim, a partir do parágrafo anteriormente lido, Jones diz, à pág. 43:

“Agora, ao final de tal Genealogia foi que o Verbo Se fez carne e habitou entre nós. Foi no fim desta genealogia que Ele nasceu de uma mulher, foi numa linha de descendentes destes que Deus enviou o Seu próprio filho na igualdade da carne pecaminosa.”

Aqui é citado novamente, de modo exatamente idêntico, a forma como a mensageira do Senhor emprega na página 312 de “D. T. N.”,

Continuando, da pág. 43, “E tal genealogia, uma tal descendência, significou alguma coisa para Ele, como faz para qualquer outro homem sobre a grande lei, visto que as iniqüidades dos pais são visitadas nos filhos até a terceira e quarta geração. Isto significou tudo para Ele nas terríveis tentações no deserto, tanto quanto em todos os caminhos durante a Sua vida na Carne.”

Se Cristo foi isento da natureza pecaminosa no aspecto moral, como querem alguns, na escada que Jacó viu, falta este degrau. Então Cristo, não atingiu-nos no fundo do poço. E isto faz total diferença: Confúcio, Maomé, e outros líderes ‘religiosos’ chegam à boca do poço e dizem-nos, viu, eu te adverti para você não cair aí, agora, quando você sair daí, eu posso lhe ajudar a novamente não cair. Não é assim que Cristo faz: Cristo desce até o fundo do poço, onde nos encontramos, e nos resgata dali.

E leiamos novamente a sentença de “O Caminho Consagrado ...”, “Por conseguinte, tanto pela herança, como pela imputação, Ele foi carregado com os pecados do mundo. E, apesar de estar carregado com esta imensa desvantagem, passou, triunfantemente, sobre a Terra, onde, não havendo qualquer sombra de desvantagem, o primeiro par caiu.”

E um pouco mais adiante,

“É neste sentido que está escrito, ‘vindo a plenitude dos tempos Deus enviou o Seu Filho nascido de Mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” Gal. 4:4.

“Deus enviou o Seu Filho à semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”, Rom. 8: 3 e 4.

Ele é a nossa paz, na Sua carne desfez a inimizade, para criar em Si mesmo, dos dois (*Deus e homem), um novo homem (Jesus), fazendo a paz”, Efésios 2: 14 e 15.

“Pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, porque naquilo que, Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”. À tentação, vinda quer de dentro ou de fora, Ele é o perfeito escudo contra tudo isto, e assim, salva positivamente, a todos que se chegam a Deus através dEle”.

“O Senhor Jesus pôs uma ponte sobre o abismo causado pelo pecado. Ele ligou a Terra com o Céu, e o homem finito com o Deus infinito.” Artigo de Ellen G. White sobre A Humanidade de Cristo, em Meditações Matinais (MM) 1962, pág. 46.

Agora alcançamos o parágrafo final deste capítulo, que complementa o sentido de Emanuel, Deus Conosco:

“Deus mandou o Seu próprio Filho na semelhança da carne pecaminosa. Cristo assumiu a nossa natureza, tal e qual ela é na sua impiedade e degeneração. Deus morou constantemente com Ele e nEle, tendo Ele esta natureza. Tudo isto é uma demonstração de Deus, para todos os povos, e para sempre, de que não há nenhuma alma, tão carregada de pecados, ou tão perdida, que Deus não queira, de boa vontade morar com ela, e nela, que a queira salvar disto tudo, e conduzi-la no caminho da justiça divina.”

Que parágrafo !!!

Não há lugar a que possamos ir, nenhuma profundeza em que possamos cair, onde Deus não nos possa achar, porque quando Ele enviou o Seu Filho na semelhança de carne pecaminosa, no meio desta revoltante massa de uma humanidade pecaminosa, Ele percorreu todo caminho. A escada que liga o Céu à Terra, não foi interrompida por um degrau sequer, mas alcançou o mais baixo nível. Se um degrau faltasse estaríamos totalmente perdidos, (leia com atenção “O Desejado de Todas as Nações”, pág. 312 e 313).

Em Filipenses 2: 5-8 o apóstolo Paulo descreve os sete degraus que Cristo desceu, desde a mais elevada glória, passo a passo rumo à profunda humilhação.

Que Deus !!! e que Salvador !!!

E é sobre isto que trata a sentença em colusão, no capítulo do livro de A.T.Jones, sobre a “Lei da Hereditariedade”, que reza:

“E assim, certamente, o Seu nome é Emanuel, que significa Deus Conosco.” (* Não Deus lá com Deus, como as doutrinas da “imaculada concepção da virgem Maria”, de Santo Agostinho, e a da “imaculada concepção de Jesus Cristo” das igrejas populares de hoje, pregam, inclusive muitos entre nós, embora o neguem. Qual a base original destas doutrinas: um errôneo entendimento do primeiro pecado de nossos primeiros pais, chamada de “pecado original” termo cunhado por Santo Agostinho.

Sem dúvida, na visão da escada que Jacó teve, encontramos o próprio coração do evangelho.

Jeremias 31:3 diz, “Há muito que o Senhor nos apareceu dizendo: ‘—Com amor eterno te amei, com benignidade te atrai.”

Salmo 77: 1-13, nos trás à mente como Davi sentiu a grandeza e maravilhas de Deus, e também ansiava pela proximidade de Deus, pelo cumprimento de Suas promessas. Os versos 11 a 13 dizem: ‘Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade. Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos. O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?”

Às págs 18 e 19 do livro O Evangelho Eterno, de Elet J. Waggoner, lemos o seguinte:

O Mistério de Deus

Para alguns pode ser uma nova idéia, o pensamento de que a criação e a redenção são o mesmo poder; para todos é, e sempre será, um mistério. O próprio evangelho é um mistério. O apóstolo Paulo ansiava pelas orações dos irmãos, a fim de que lhe fosse dado o poder da palavra “para fazer notório o mistério do evangelho.” Efésios 6:19. Em outro lugar ele afirma que tinha sido constituído ministro do evangelho (Romanos 15:16, Colossenses 1:23 e I Tesalonicenses 3:2), de acordo com o dom da graça de Deus, dado a ele pela eficaz obra do Seu poder, para que pudesse “... anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo.” Efésios 3:8-9. Aqui vemos, mais uma vez, o mistério do evangelho como sendo o mistério da criação.

Este mistério tornou-se conhecido ao apóstolo por revelação. Como a revelação foi dada a ele, vemos em sua epístola aos gálatas, onde ele diz: “Faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” Então ele torna o assunto ainda mais explícito ao dizer: “Quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela Sua graça, revelar Seu Filho em mim, para que O pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue.” Gal. 1:11, 12, 15 e 16.

Vamos resumir os últimos poucos pontos: 1) O evangelho é um mistério; 2) É um mistério tornado conhecido pela revelação de Jesus Cristo.

Não foi meramente que Jesus Cristo Se revelou ao apóstolo, mas que lhe foi dado conhecer o mistério pela revelação de Jesus Cristo. Paulo teve primeiro que conhecer o evangelho antes de o poder pregar a outros; e a única forma em que pôde conhecê-lo foi através da revelação de Jesus Cristo nele. A conclusão, portanto, é que o evangelho é a revelação de Jesus Cristo nos homens.

Essa conclusão está plenamente exposta pelo apóstolo em outro lugar, ao afirmar que foi feito ministro “segundo a dispensação de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória.” Colossenses 1:25-27.

Assim, é-nos amplamente assegurado que o evangelho é tornar Cristo conhecido nos homens. Ou antes, o evangelho é Cristo nos homens, e a pregação dele é tornar conhecido aos homens que é possível Cristo habitar neles. E isto está de acordo com a afirmação do anjo de que o nome de Jesus deveria ser Emanuel, “que traduzido é: Deus conosco.” Mateus 1:23; e também com a declaração do apóstolo de que o mistério de Deus é Ele manifestado em carne (I Timóteo 3:16); quando o anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus, o anúncio foi de que Deus tinha vindo ao homem em carne; e quando foi dito que estas boas-novas seriam para todo o povo, foi revelado que o mistério de Deus, habitando em carne humana, deveria ser declarado a todos os homens, e repetido em todos os que cressem nEle.

E à pág. 28 do livro O Evangelho Eterno, de Ellet J. Waggoner, escreve o seguinte:

[Na Criação] Deus colocou a terra, e tudo o que lhe pertence, debaixo do governo do homem. Mas isto não ocorre agora “Não vemos ainda todas as coisas sujeitas a ele” Por quê não? Porque o homem perdeu tudo na queda. Porém vemos Jesus, que foi feito “menor que os anjos,” (Heb. 2:7) isto é, foi feito homem, provou a morte por todo homem, a fim de que todo aquele que crer possa ser restaurado à herança perdida. Portanto, tão certamente como Jesus morreu e ressuscitou outra vez, e tão certamente como por Sua morte e ressurreição os que crerem nEle serão salvos, assim certamente a herança perdida será restaurada para os que são redimidos.

Isto está indicado em Hebreus 2:5: “Pois não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos.” Bem, sujeitou Ele o mundo por vir ao homem? Sim, porque quando a terra foi criada Ele a pôs em sujeição ao homem, e Cristo tomou o estado caído do homem a fim de redimir ambos, o homem e sua propriedade perdida, porque Ele veio salvar o que se havia perdido (Mateus 18:11 e Lucas 19:10); e visto que nEle obtivemos uma herança, é evidente que em Cristo temos domínio sobre o mundo que há de vir, que é a terra renovada, como foi antes da queda.

João Soares da Silveira

Asteriscos em citações, indicam acréscimos que fiz