sexta-feira, 12 de junho de 2009

Lição 11—Mordomia

Há uma melhor palavra que "mordomia" para descrever nosso relacionamento com Jesus no Seu trabalho de proclamar o evangelho "a cada criatura"?

Jesus disse, "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a cada criatura" (Marcos 16:15).

A) Esse comando de Jesus exige que apoiemos os que "vão".

B) Isto significa, antes de tudo, o devolver o dízimo—um décimo de nosso "real ganho" que o Senhor nos dá.

C) Não é uma tributação legalística sobre nós; é companheirismo com Jesus no Seu trabalho. É trabalhar juntos com o Senhor Jesus na Sua obra de proclamar o evangelho "a toda criatura", "em todo o mundo".

D) Este é o trabalho que o Senhor Jesus ama. Um "mordomo" é alguém que preocupa-se com a propriedade; a palavra "mordomia" pode ser entendida implicando uma conexão legalística com o Senhor Jesus no Seu trabalho de proclamar o evangelho a "cada criatura".

E) Mas é muito infinitamente além disso; você nunca chega realmente a conhecer alguém até que você se empenhe a trabalhar com tal indivíduo em cavar a vala; "mordomia," corretamente entendida, é entrar no fundo da vala cavando com o Senhor Jesus; compartilhando Seu peso de coração pelo mundo1.

F) Jesus disse "Ide..." e isso exige que apoiemos os que dão a vida para "ir".

G) O seu "ir" pode não ser a África2, nem a qualquer tal lugar romântico no estrangeiro, mas pode querer dizer a porta ao lado (*o vizinho); ou pode querer dizer, ensinando (*o correto) "evangelho eterno" em vez de (*mensagens) legalístidca às crianças e jovens em sua igreja local no sábado.

H) Se os nossos corações puderem ser "aumentados" para compreender a "largura, e comprimento, e profundidade, e altura" do amor [Ágape] de Cristo no verdadeiro evangelho (cf. Efésios 3:14-21; Salmo 119:32), o Espírito Santo assumirá o nosso ministério e nosso ensino; e tudo que nós fizermos para o Senhor Jesus produzirá fruto eterno.

(I) Isso será uma feliz "mordomia," tanto para agora como por toda a eternidade.

Robert J. Wieland

Tradução e acréscimos, inclusive nos textos compilados do Esp. de Profecia, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

1) “Deus não depende dos homens para a manutenção de Sua causa. ... Poderia ter idealizado meios pelos quais houvessem sido enviados anjos para anunciar a verdade ao mundo sem a instrumentalidade humana. Poderia haver escrito a verdade nos Céus, ... Seja qual for a necessidade de nossa participação no progresso da causa de Deus, isso foi propositadamente arranjado por Ele para nosso bem. Honrou-nos tornando-nos coobreiros Seus. ... pôs os pobres ... entre nós para despertar-nos simpatia e amor cristãos.

“A treva moral de um mundo arruinado pleiteia com os cristãos, homens e mulheres, para exercerem esforços pessoais, darem de seus meios e de sua influência, de modo a serem assemelhados à imagem dAquele que, embora possuísse infinitas riquezas, tornou-Se todavia pobre por amor de nós” (Testemunhos Seletos, vol.1, págs. 339 e 370).

“O amor será revelado no sacrifício. O plano de salvação foi estabelecido através de sacrifício - um sacrifício tão profundo, amplo e alto, que é incomensurável. Cristo entregou tudo por nós” (Conselhos Sobre Mordomia, págs. 197).

Sua dádiva não foi consistente apenas de bens materiais. O “tudo” para Ele incluiu o Seu próprio ser, “Ele revestiu sua divindade com humanidade” (Review and Herald, 28/08/1888) e passou a ter nossa natureza humana caída que Ele assumiu. “Ele consentiu em tomar a vestimenta da humanidade para torna-Se um com a raça caída” (Signs of the Times, 25/04/1892) Se Ele tivesse vindo a este mundo diferente de nós, ainda que na simples sombra de um único grau, não teria descido ao fundo da vala em que nos atolamos, e não poderia ser nosso Exemplo, nem Redentor. Sua humilhação constitu-se na glória do evangelho. “Ele humilhou-Se ao tomar a natureza do homem em sua condição caída, mas Ele não foi maculado pelo pecado” (Maniscrito 93, de 1893, pág. 3).

“Entreguemo-nos num sacrifício vivo, dando a Jesus tudo o que temos. É Seu; somos-Lhe possessão adquirida. Os que recebem Sua graça, que contemplam a cruz do Calvário, não questionarão sobre a proporção em que dar, mas sentirão que a mais rica oferta é demasiado mesquinha, completamente desproporcionada, ante a grande dádiva do Filho unigênito do infinito Deus” (Review and Herald de 14/07/1896).

“As Escrituras exigem que os cristãos adotem um plano de beneficência ativa, que mantenha em constante exercício o interesse pela salvação de seus semelhantes. A lei moral ... não era um fardo, senão quando aquela lei era transgredida, ... o sistema dizimal não era nenhuma carga para os que não se apartavam desse plano.” (Testemunhos Seletos, vol.1, pág. 371).

“O plano de Moisés no deserto para alcançar meios teve grande êxito. Não houve necessidade de compulsão. Moisés não fez um grande banquete. Não convidou o povo para cenas de alegria, dança, (*bazares, festa do milho ou de outras comidas típicas, bingos, quermesses e jogos), divertimentos em geral. Tampouco instituiu ele loterias (*rifas) ou qualquer outra coisa profana dessa espécie a fim de obter recursos para construir o tabernáculo de Deus no deserto” (Conselhos Sobre Mordomia, págs. 202 e 203) “Todos esses métodos de trazer dinheiro para Seu tesouro são para Ele uma abominação” (idem, pág. 205).

“Pode o pastor ser o amigo íntimo de algum homem abastado, e pode este ser muito liberal para com ele; isso agrada ao pastor, que por seu turno não economiza louvores à beneficência de seu doador. Seu nome pode ser exaltado ao aparecer na imprensa, no entanto pode esse liberal doador ser completamente indigno do crédito que lhe é dado.

“Sua liberalidade não proveio de um profundo e vivo princípio de fazer o bem com seus recursos, para fazer a causa de Deus avançar porque a apreciava, mas por algum motivo egoísta, o desejo de ser julgado liberal. ... Dá por espasmos; sua bolsa se abre espasmodicamente e com a mesma certeza espasmodicamente se fecha. Não merece elogio, pois é, em todo o sentido da palavra, um homem mesquinho;

“Esses acordarão, finalmente, de um horrível engano próprio. Os que lhes louvavam a espasmódica liberalidade, ajudaram Satanás a enganá-los, fazendo-os pensar que eram muito liberais, que se sacrificavam muito, quando nem conheciam os fundamentais princípios da liberalidade ou do sacrifício próprio. (idem págs. 205 e 206; Testimonies, vol. 1, págs. 475 e 476).

2) Conheci pessoalmente o pastor Roberto Wieland e encontrei-me com ele e o ouvi pregar em muitas ocasiões, especialmente em congressos e seminários, campais e na conferência Geral de 2000 no Canadá, bem como participei com ele da comissão do Grupo de estudos da mensagem de 1888. Minha esposa e eu o ouvimos pregar no “King College”, após o encerramento daquela assembléia. Posso falar como testemunha ocular da dedicação deste servo de Deus. Eu sempre senti no coração a sinceridade dele, quer pelas atitudes bem como pelas palavras e a maneira de se expressar.

Robert J. Wieland, pastor adventista ordenado, com um total de quase 55 anos de serviço à Igreja Adventista do Sétimo Dia, 25 anos vividos na África, como departamental, fundador da Voz da Esperança na África Oriental, bem como autor e editor da casa publicadora "Africa Herald Publishing House", e consultor do editorial "Adventist All Africa Editorial". Ele, hoje é ancião de uma igreja adventista no estado da Califórnia, e já serve à igreja por mais de 55 anos, vinte deles no Quênia e Uganda. É um dos fundadores da Comissão para o Estudo da Mensagem de 1888. Hoje Ele não pode mais "ir" fisicamente, à África, mas o seu coração ainda ali está. Assim pode dele ser dito que obedeceu o chamado “ide”.

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