quinta-feira, 10 de abril de 2014

Lição 2 - Cristo e a Lei de Moisés, por Roberto Wieland



Para 5 a 12 de abril de 2014

A própria Bíblia é a melhor fonte de informação sobre Moisés do que qualquer filme, e também mais interessante. Se a Bíblia é lida com incredulidade, torna-se tediosa, porque a dúvida provoca curtos-circuitos praticamente em todas as declarações e paralisa o entendimento. Mas se ela é lida crendo com o coração contrito, ela prende a atenção. O Espírito Santo recria os acontecimentos descritos e você vê tudo em um realismo tridimensional, uma vivacidade que nunca pode ser esquecida, como um filme o pode ser.
Antes de chegarmos ao fogo e terremoto do Monte Sinai e à escrita da lei sobre pedra em Êxodo 20, vemos que Israel já tinha cometido o erro, no capítulo 19, de fazer um "velho concerto." Eles queriam substituí-lo pelo “concerto eterno” de Deus. A história é fascinante, pois podemos nos ver nela.
Quando o povo se reuniu no Monte Sinai, Deus disse a Moisés para renovar-lhes as mesmas promessas do "novo concerto" que fizera a seu pai Abraão : "Assim falarás ... aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a Mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é Minha" (Êxo. 19:3-5).
Quando Ele disse: "A minha aliança," Ele estava se referindo ao mesmo concerto que fizera com Abraão — a Sua promessa unilateral. "Guardar a Minha aliança," disse Ele; isto é, estimá-la (*alimentar no espírito com uma memória). O verbo hebraico shamar é a mesma palavra usada em Gênesis 2:15, onde lemos que Deus colocou Adão no Jardim do Éden "para o cultivar e o guardar." Não faria sentido dizer que Adão era para "obedecer" o Jardim! Há um jogo de palavras, no qual Deus disse a Israel: Se você vai "entesourar" Minha promessa que fiz a Abraão, Eu vou "entesourá[-lo] acima de todos os povos." Crer como Abraão, faz Deus muito feliz!
O verbo hebraico “shamea” traduzido como "obedeça a Minha voz," é traduzido no Antigo Testamento mais de 700 vezes como "ouvir," como "escutar" quase 200 vezes, mas como "obedecer" apenas cerca de 80 vezes. O significado da raiz de "obedecer" em hebraico ou grego é ouvir atentamente (em grego, é dobrar a orelha na direção daquele que lhe fala para que você capte cada sílaba). Qualquer pai sabe que, se você pode conseguir que seu filho o ouça, provavelmente você já percorreu um longo caminho em direção a obediência.
Assim, o Senhor disse a Israel: "Se diligentemente ouvirdes a minha voz e valorizar ou entesourar a promessa que fiz a seu pai Abraão, você será 'a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos" (*vs.5). Mas Israel não entendeu. Eles não tinham a fé de Abraão. Atolados em pensamento legalista, eles fizeram uma vã promessa, algo que Deus nunca pediu a Abraão para fazer. "Tudo o que o Senhor tem falado, faremos" (v. 8). Assim, eles formaram o velho concerto .
Uma vez que eles assumiram o antigo concerto sobre si mesmos, Deus os deixou aprender através de sua própria história quão vãs eram as suas promessas para guardar a Sua lei. A lei escrita em tábuas de pedra impôs sobre eles um fardo de "ter que fazer," uma obrigação interminável que não poderiam cumprir, nunca dando liberdade, mas sempre ameaçando punição se não for guardada perfeitamente. Deve agora servir neste longo desvio nacional como uma espécie de cárcere, dirigindo-os "sob a lei", até que, finalmente, eles deparassem com a experiência de seu pai Abraão justificado pela fé e não pelas suas "obras da lei".
A diferença entre a nova e a antiga alianças é simplesmente "quem faz a promessa." Como temos apresentado neste blog frequentemente, a verdade do novo concerto era um elemento essencial da mensagem de 1888, e até hoje levanta uma carga de dúvida e desespero em muitos corações pesarosos. Na nova aliança, é Deus (*quem faz a promessa); na antiga aliança, é o povo. E guardar a promessa depende inteiramente de quem faz a promessa. No novo concerto, a base é Rocha sólida; no velho, é areia. A nossa salvação (e a de Israel) não depende de fazermos promessas a Deus (nem guardá-las), mas em crermos em Suas promessas para nós.
Corretamente entendida, a mensagem da nova aliança é parte da luz que ainda está para "iluminar a terra com glória" (KJV) nas horas finais da história do mundo (Apoc. 18:1-4). A mensagem será centrada em uma verdadeira compreensão da justificação pela fé, a única que pode preparar o povo de Deus para o tempo de angústia (ver 19:1-14). Muitos, quando ouvirem a sua Boa Nova vão despertar como que de um sonho. (*“Tudo que deve ser feito a Seu mando pode ser cumprido por Seu poder. Todas as Suas ordens são promessas habilitadoras (*Parábolas de Jesus, pág. 333, *grifamos), e os Dez Mandamentos se tornarão dez declarações preciosas de Boa Nova. Nada será capaz de impedi-los de responder a um último gracioso chamado de Deus, "Sai dela [de Babilônia], povo Meu" (18:4).
Possivelmente temos citado erroneamente os Dez Mandamentos, sem perceber o que temos feito. Quem quer que nos tenha ensinado, desde o rol do berço, geralmente deixado de fora um versículo que Deus colocou bem no início, antes de qualquer das proibições. Deixe-o de fora, e os dez (*preceitos) de fato tornam-se más novas, um " jugo de escravidão." Muitos, até mesmo pregadores e professores, não chegaram a ver a importância daquele verso preâmbulo. Mesmo alguns que afirmam se especializar em pregar "os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" não o têm visto.
Aqui está — o verso que faltava, que pertence ao início de qualquer verdadeira versão dos Dez Mandamentos:
"Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: 'Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êxodo 20:1,2).
 (*Note quatro aspectos:) Em primeiro lugar, Deus nos diz que o Seu verdadeiro nome é: "O Senhor." Segundo, este versículo negligenciado nos diz que Ele é Deus de todos, "Eu sou o Senhor teu Deus." em terceiro lugar, em Seu preâmbulo Deus nos diz que nós não pertencemos ao Egito espiritual. E em quarto lugar, Deus já te libertou "da casa da servidão" (*Grifo nosso).
Assim como Ele escolheu Israel para ser seu "filho", assim em Cristo Ele já escolheu você. Israel nunca realmente foi "escravo" no Egito. Os egípcios os fizeram pensar que eram escravos, e eles acreditaram, e assim eles os serviram erroneamente como escravos, mas o tempo todo eles eram um povo livre à espera de Moisés para dizer-lhes a verdade: "Você é livre! Saia para a liberdade em sua própria terra. "
O que o mundo está esperando para ouvir é a verdade completa da mensagem de Deus na histórica liberdade. O Pai enviou o seu Filho com uma missão expressa: salvar o mundo! Pouco antes de ser crucificado, Ele orou ao Pai: "Eu tenho consumado a obra que Me deste a fazer" (João 17:4). Como poderia Ele dizer isso se Ele não tivesse conseguido salvar o mundo?
Sabemos que os Dez Mandamentos não foram pregados na cruz. Ellen White escreve: "Há uma lei que foi abolida, a qual Cristo 'tirou do meio de nós, cravando-a na cruz’ (*Col. 2:14). Paulo a chama de "a lei dos mandamentos que consistia em ordenanças" (*Efé. 2:15). Esta lei cerimonial, dada por Deus através de Moisés, com seus sacrifícios e ordenanças, devia ser obrigatória para os hebreus até que o tipo encontrasse o antítipo na morte de Cristo como o Cordeiro de Deus para tirar o pecado do mundo" (Bíble Echo, 16 de abril , 1894) .
O que foi "abolido na carne [de Cristo]" não foi a própria lei (*moral), mas a inimizade secular que foi incentivada por um legalismo motivado pelo medo. Pedro, em Atos 15:10, se refere ao "jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar," como a circuncisão, e "a lei de Moisés." A circuncisão foi instituída por causa da incredulidade de Abraão em tomar Hagar (Gên. 16 e 17). "A lei de Moisés" foi imposta ao povo por causa de sua incredulidade em tomarem sobre si o velho concerto no Sinai (Êxodo 19:8). O que foi "abolido" na cruz foi a inimizade carregada de medo e a culpa gerada por essa incredulidade. Assim, a circuncisão e a "lei de Moisés" chegaram ao um fim na cruz; mas, em princípio, algo mais fundamental também chegou ao fim lá, diz Paulo — o próprio pecado foi conquistado, com a sua resultante alienação de Deus.

Libertação do jugo do pecado
O Espírito Santo nos convence do pecado, e nos leva à vitória contínua. Mas, em vista da cruz, não devemos deixar "Portanto, que ninguém vos julgue" ou coloque em cima de nós um sentimento de culpa por ofensas pagas pelo sacrifício de Cristo. Não devemos permitir que "Ninguém nos julgue contra nós"  a nossa "recompensa" (margem)  por meio dos falsos ensinos de uma "mente carnal" (Col. 2:16-18, KJV). O conceito de Paulo aos Colossenses de sua época incluía não só a libertação dos regulamentos da lei cerimonial, mas também fez referência á infinitamente maior boa nova de libertação de todo vestígio de tirania de Satanás sobre nossas almas. Essa é a ideia que está no coração da "terceira mensagem angélica em verdade," a libertação do jugo mortificante do pecado. É possível para um povo preparar-se para a segunda vinda de Cristo!
É uma boa nova para essas últimas horas da história da Terra. Incontáveis ​​milhões estão esperando para ouvi-lo.

-Robert J. Wieland
Com base em seus escritos

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

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