Para
5 a 12 de abril de 2014
A própria Bíblia é a
melhor fonte de informação sobre Moisés do que qualquer filme, e também mais
interessante. Se a Bíblia é lida com incredulidade, torna-se tediosa, porque a
dúvida provoca curtos-circuitos praticamente em todas as declarações e paralisa
o entendimento. Mas se ela é lida crendo com o coração contrito, ela prende a
atenção. O Espírito Santo recria os acontecimentos descritos e você vê tudo em um
realismo tridimensional, uma vivacidade que nunca pode ser esquecida, como um
filme o pode ser.
Antes de chegarmos ao
fogo e terremoto do Monte Sinai e à escrita da lei sobre pedra em Êxodo 20,
vemos que Israel já tinha cometido o erro, no capítulo 19, de fazer um
"velho concerto." Eles queriam substituí-lo pelo “concerto eterno” de
Deus. A história é fascinante, pois podemos nos ver nela.
Quando o povo se
reuniu no Monte Sinai, Deus disse a Moisés para renovar-lhes as mesmas promessas
do "novo concerto" que
fizera a seu pai Abraão : "Assim
falarás ... aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, e
como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a Mim; agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então sereis
a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é Minha"
(Êxo. 19:3-5).
Quando Ele disse: "A minha aliança," Ele estava
se referindo ao mesmo concerto que fizera com Abraão — a Sua promessa
unilateral. "Guardar a Minha
aliança," disse Ele; isto é, estimá-la (*alimentar no espírito com uma
memória). O verbo hebraico shamar é a mesma palavra usada em Gênesis 2:15, onde
lemos que Deus colocou Adão no Jardim do Éden "para o cultivar e o guardar."
Não faria sentido dizer que Adão era para "obedecer" o Jardim! Há um
jogo de palavras, no qual Deus disse a Israel: Se você vai "entesourar"
Minha promessa que fiz a Abraão, Eu vou "entesourá[-lo] acima de todos os
povos." Crer como Abraão, faz Deus muito feliz!
O verbo hebraico “shamea” traduzido como "obedeça a
Minha voz," é traduzido no Antigo Testamento mais de 700 vezes como
"ouvir," como "escutar" quase 200 vezes, mas como "obedecer"
apenas cerca de 80 vezes. O significado da raiz de "obedecer" em
hebraico ou grego é ouvir atentamente (em grego, é dobrar a orelha na direção
daquele que lhe fala para que você capte cada sílaba). Qualquer pai sabe que,
se você pode conseguir que seu filho o ouça, provavelmente você já percorreu um
longo caminho em direção a obediência.
Assim, o Senhor disse
a Israel: "Se diligentemente
ouvirdes a minha voz e valorizar ou entesourar a promessa que fiz a seu pai
Abraão, você será 'a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos"
(*vs.5). Mas Israel não entendeu. Eles não tinham a fé de Abraão. Atolados em
pensamento legalista, eles fizeram uma vã promessa, algo que Deus nunca pediu a
Abraão para fazer. "Tudo o que o
Senhor tem falado, faremos" (v. 8). Assim, eles formaram o velho
concerto .
Uma vez que eles
assumiram o antigo concerto sobre si mesmos, Deus os deixou aprender através de
sua própria história quão vãs eram as suas promessas para guardar a Sua lei. A
lei escrita em tábuas de pedra impôs sobre eles um fardo de "ter que fazer,"
uma obrigação interminável que não poderiam cumprir, nunca dando liberdade, mas
sempre ameaçando punição se não for guardada perfeitamente. Deve agora servir
neste longo desvio nacional como uma espécie de cárcere, dirigindo-os "sob a lei", até que,
finalmente, eles deparassem com a experiência de seu pai Abraão justificado
pela fé e não pelas suas "obras da
lei".
A diferença entre a
nova e a antiga alianças é simplesmente "quem faz a promessa." Como temos
apresentado neste blog frequentemente, a verdade do novo concerto era um
elemento essencial da mensagem de 1888, e até hoje levanta uma carga de dúvida
e desespero em muitos corações pesarosos. Na nova aliança, é Deus (*quem faz a
promessa); na antiga aliança, é o povo. E guardar a promessa depende
inteiramente de quem faz a promessa. No novo concerto, a base é Rocha sólida;
no velho, é areia. A nossa salvação (e a de Israel) não depende de fazermos
promessas a Deus (nem guardá-las), mas em crermos em Suas promessas para nós.
Corretamente
entendida, a mensagem da nova aliança é parte da luz que ainda está para "iluminar a terra com glória"
(KJV) nas horas finais da história do mundo (Apoc. 18:1-4). A mensagem será
centrada em uma verdadeira compreensão da justificação pela fé, a única que
pode preparar o povo de Deus para o tempo de angústia (ver 19:1-14). Muitos,
quando ouvirem a sua Boa Nova vão despertar como que de um sonho. (*“Tudo que deve ser feito a Seu mando
pode ser cumprido por Seu poder. Todas as Suas ordens são promessas
habilitadoras” (*Parábolas de Jesus, pág. 333,
*grifamos), e os Dez Mandamentos se tornarão dez declarações
preciosas de Boa Nova. Nada será capaz de impedi-los de responder a um último gracioso
chamado de Deus, "Sai dela [de Babilônia],
povo Meu" (18:4).
Possivelmente temos citado
erroneamente os Dez Mandamentos, sem perceber o que temos feito. Quem quer que
nos tenha ensinado, desde o rol do berço, geralmente deixado de fora um
versículo que Deus colocou bem no início, antes de qualquer das proibições.
Deixe-o de fora, e os dez (*preceitos) de fato tornam-se más novas, um "
jugo de escravidão." Muitos, até mesmo pregadores e professores, não chegaram
a ver a importância daquele verso preâmbulo. Mesmo alguns que afirmam se
especializar em pregar "os
mandamentos de Deus e a fé de Jesus" não o têm visto.
Aqui está — o verso
que faltava, que pertence ao início de qualquer verdadeira versão dos Dez
Mandamentos:
"Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: 'Eu
sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êxodo 20:1,2).
(*Note quatro aspectos:) Em primeiro
lugar, Deus nos diz que o Seu verdadeiro nome é: "O Senhor." Segundo,
este versículo negligenciado nos diz que Ele é Deus de todos, "Eu sou o Senhor teu Deus." em
terceiro lugar, em Seu preâmbulo Deus nos diz que nós não pertencemos ao
Egito espiritual. E em quarto lugar, Deus já te libertou "da casa da servidão" (*Grifo nosso).
Assim como Ele
escolheu Israel para ser seu "filho", assim em Cristo Ele já escolheu
você. Israel nunca realmente foi "escravo" no Egito. Os egípcios os fizeram
pensar que eram escravos, e eles acreditaram, e assim eles os serviram
erroneamente como escravos, mas o tempo todo eles eram um povo livre à espera
de Moisés para dizer-lhes a verdade: "Você é livre! Saia para a liberdade
em sua própria terra. "
O que o mundo está
esperando para ouvir é a verdade completa da mensagem de Deus na histórica
liberdade. O Pai enviou o seu Filho com uma missão expressa: salvar o mundo!
Pouco antes de ser crucificado, Ele orou ao Pai: "Eu tenho consumado a obra que Me deste a fazer" (João
17:4). Como poderia Ele dizer isso se Ele não tivesse conseguido salvar o
mundo?
Sabemos que os Dez
Mandamentos não foram pregados na cruz. Ellen White escreve: "Há uma lei
que foi abolida, a qual Cristo 'tirou do
meio de nós, cravando-a na cruz’ (*Col. 2:14). Paulo a chama de "a lei dos mandamentos que consistia em
ordenanças" (*Efé. 2:15). Esta lei cerimonial, dada por Deus através
de Moisés, com seus sacrifícios e ordenanças, devia ser obrigatória para os
hebreus até que o tipo encontrasse o antítipo na morte de Cristo como o
Cordeiro de Deus para tirar o pecado do mundo" (Bíble Echo, 16 de abril , 1894) .
O que foi "abolido
na carne [de Cristo]" não foi a própria lei (*moral), mas a inimizade
secular que foi incentivada por um legalismo motivado pelo medo. Pedro, em Atos
15:10, se refere ao "jugo que nem
nossos pais nem nós pudemos suportar," como a circuncisão, e "a
lei de Moisés." A circuncisão foi instituída por causa da incredulidade de
Abraão em tomar Hagar (Gên. 16 e 17). "A lei de Moisés" foi imposta ao
povo por causa de sua incredulidade em tomarem sobre si o velho concerto no
Sinai (Êxodo 19:8). O que foi "abolido" na cruz foi a inimizade carregada
de medo e a culpa gerada por essa incredulidade. Assim, a circuncisão e a
"lei de Moisés" chegaram ao um fim na cruz; mas, em princípio, algo
mais fundamental também chegou ao fim lá, diz Paulo — o próprio pecado foi
conquistado, com a sua resultante alienação de Deus.
Libertação do jugo do pecado
O Espírito Santo nos
convence do pecado, e nos leva à vitória contínua. Mas, em vista da cruz, não
devemos deixar "Portanto, que ninguém
vos julgue" ou coloque em cima de nós um sentimento de culpa por
ofensas pagas pelo sacrifício de Cristo. Não devemos permitir que "Ninguém nos julgue contra nós"
a nossa "recompensa" (margem) por meio dos falsos ensinos de uma "mente
carnal" (Col. 2:16-18, KJV). O conceito de Paulo aos Colossenses de sua
época incluía não só a libertação dos regulamentos da lei cerimonial, mas
também fez referência á infinitamente maior boa nova de libertação de todo
vestígio de tirania de Satanás sobre nossas almas. Essa é a ideia que está no
coração da "terceira mensagem angélica em verdade," a libertação do
jugo mortificante do pecado. É possível para um povo preparar-se para a segunda
vinda de Cristo!
É uma boa nova para
essas últimas horas da história da Terra. Incontáveis milhões
estão esperando para ouvi-lo.
-Robert J. Wieland
Com base em seus
escritos
O irmão
Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na
África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial
adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África.
Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na
Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na
África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à
Conferência Geral: 1º) que fossem
publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de
Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de
Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência
Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes
com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G.
White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda
atendido.
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