quinta-feira, 3 de abril de 2014

Lição 1, 2º Trim. 2014 - Leis no tempo de Cristo, por Paulo Penno



Para 29 de março a 5 de abril de 2014

Bem-vindo ao estudo de "Cristo e Sua Lei" para as próximas 13 semanas. De todas as leis que existiam no tempo de Cristo, havia apenas duas formas de guarda-las. Uma maneira era o legalismo e a outra maneira era o amor. Isto é o que nos interessa hoje. As mesmas duas motivações para a observância da lei existem hoje. O legalismo é uma falsificação sutil do diabo pelo qual a alma pode se perder no final. O amor é a verdadeira motivação do celeiro de dons do mercador celeste no santuário.
Satanás se infiltrou com sucesso nas igrejas populares e no adventismo com uma forma extremamente
sutil de se mostrar (*“selfie,” em inglês; uma foto de si mesmo para se mostrar nas mídias sociais; “amor próprio”). Lúcifer descobriu uma marca de legalismo revestida de açúcar para nos confundir, enquanto nós, em vão, imaginamos que temos vencido o tipo antigo. "Nós" pensamos que o legalismo é manter a lista (*enfática dos mandamentos:) “faça” e “não faça” fabricada pelo homem a fim de ser salvo. É a religião absorvida em um altamente refinado e sofisticado amor de si mesmo que fica perguntando: "O que é essencial para a minha salvação? Qual é o menor sacrifício e devoção que eu posso fazer e ainda ouvir o ranger dos portões de pérola ao passar por eles? Quão perto posso eu chegar do mundo e ainda ser salvo?" Esta atitude é evidente na frequente pergunta: "É realmente um pecado fazer isso ou aquilo?" Há uma grande quantidade de legalismo entupindo o pensamento popular adventista! E repele a sincera e pensativa juventude. Precisamos desesperadamente entender o evangelho como fizeram nossos irmãos em 1888!
O legalismo disseminado por décadas como "a mensagem do terceiro anjo" é uma distorção da verdade e é, em grande parte, responsável pela longa demora na terminação da obra de Deus. Cerca de 75 % ou mais dos jovens adventistas deixa a igreja depois de completar 18 anos. O legalismo tem provocado muitos filhos à ira e conduzindo-os à rebelião.
Este foi o problema básico na história de 1888. Ellen White disse que os nossos ministros daquela época vinham "pregando a lei até que ficamos secos como as colinas de Gilboa, que não tinham orvalho nem chuva."1 No entanto, os sinceros líderes adventistas do sétimo dia estavam exigindo mais do mesmo, dizendo: "Você não deve ficar correndo atrás da justiça de Cristo, e falando muito disso. Você deve pregar a lei."2 Aquele era legalismo, puro e simples! Mas temos nós um problema com ele hoje? Sim, caso contrário não estaríamos perdendo aqueles 75% ou mais dos nossos jovens!
Como podem a lei e o amor ser inseparáveis? Eles parecem (na superfície) ser incompatíveis!
A obediência à lei de Deus nunca é legalismo. A perpetuidade da lei não é legalismo, nem está pregando a importância da obediência. O legalismo não é a ênfase excessiva da lei, como se houvesse alguma linha secreta de equilíbrio entre o legalismo e graça — 50% X 50%. "Equilíbrio" não é a questão; 99% de evangelho e 1% de legalismo anula o evangelho, ou "o aniquila," para usar a expressão de Paulo (Gál. 2:21, Almeida Fiel) . O 1% do legalismo vai envenenar o todo como uma pequena dose de arsênico arruína o pão.
Aqui está a frase de Paulo que significa legalismo: "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição" (Gál. 3:10). Obviamente, "as obras da lei" não são a verdadeira obediência à lei. Elas são uma suposta obediência, que é enganosa. O problema é que elas nascem da motivação errada. O legalismo tenta fazer a coisa certa pela razão errada.
No pensamento de Paulo, "as obras da lei" são o oposto da fé. A definição negativa revela o positivo. Observe seus contrastes: "recebestes o Espírito pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? ... tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?" (Gál. 3:2, 3). "As obras da lei" são definidas aqui como obras da "carne".
Mas há uma passagem em que Paulo deixa ainda mais claro. Ele contrasta estar "sob a lei" [legalismo] com estando "debaixo da graça," como dois opostos. Estar "debaixo da graça" é "a pregação da fé" e produz a verdadeira obediência à lei, porque livra do "domínio" do pecado (Rom. 6:14). O crente está sob a compulsão de uma nova motivação imposta por uma apreciação de coração da graça de Deus revelada no sacrifício de Cristo. Esta nova motivação transcende "esperança de recompensa" ou " medo do inferno."3 Assim, a definição de Paulo de legalismo é estar sob uma motivação egoísta imposta quer por medo de punição ou esperança de recompensa.
O que é o verdadeiro amor? Há cerca de 200 referências a ele no Novo Testamento. Uma diz: "Deus é amor" (1ª João 4:8). Se isso for verdade, deveríamos estar pregando o amor mil vezes mais do que temos feito!
O problema é que o inimigo sequestrou a ideia do Novo Testamento de amor (Ágape) do cristianismo e a substituiu pela helenística ideia pagã (eros). A maioria dos cristãos, e isso inclui, infelizmente, muitos adventistas, não entendem a diferença. A ideia do Novo Testamento sobre o amor não é tolerante com o pecado — é o único antídoto eficaz para ele. Não há nada sentimental em relação a Ágape;,o mesmo Deus que é Ágape é também "um fogo consumidor " (Heb. 12:29). Muito antes de as chamas dos últimos dias serem soltas, este fogo santo vai ter queimado o altamente refinado egocentrismo de cada coração de laodiceano, em que a genuína fé em Cristo vai deixá-lo fazer isso.
Falar sobre a lei, sem entender Ágape, "opera a ira" (Rom. 4:15) na verdade, contribui para o pecado. Esse foi o problema em 1888. Irmãos não sabiam o que é a verdadeira obediência. Somente "Ágape é o cumprimento da lei" (Rom.13:10). Segue-se que a igreja remanescente, os que "guardam os mandamentos de Deus" será um povo praticamente obcecado com o Ágape. "Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória."4 Essa mensagem não é algo brando.
A pergunta mais importante no julgamento será, nós aprendemos a amar? Não, quantas "obras da lei" conseguimos acumular? Jesus “aparta dos bodes as ovelhas” com base no verdadeiro amor (Mateus 25:31-46).
No magnífico capítulo de João sobre Ágape, o amor revela o teste para saber se conhecemos ou não a Deus: "Qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama [com Ágape] não conhece a Deus" (1ª João 4:7, 8).
Além disso, quando "o nosso amor é tornado perfeito ... tenhamos confiança no dia do juízo" (1ª João 4:17, KJV). Muitos adventistas têm tido sonhos sobre o juízo investigativo e a segunda vinda. O Ágape do Novo Testamento prepara uma pessoa para andar humildemente, mas corajosamente diante de todos os santos anjos e diante do trono de Deus, sem tremer.
Ninguém pode receber o selo de Deus e encarar a imposta marca da besta se houver medo que ainda espreita no coração. O básico "medo da morte, ... por toda a vida," tornou a raça humana "sujeita à servidão" (Heb. 2:15). Mas "no amor [Ágape] não há temor; antes o perfeito amor lança fora o temor; ... o que teme não é perfeito em Ágape" (1ª João 4:18).

O efeito prático da mensagem de 1888 enfatizando a purificação do santuário será a base para erradicar esse último vestígio de medo dos corações do povo de Deus, e substituí-lo por Ágape, que, por si só, é a verdadeira obediência aos mandamentos de Deus.


- Paul E. Penno


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99


Notas (de Ellen G. White):
[1] Do artigo, "Cristo orou pela unidade dos seus discípulos", Materiais Ellen G. White sobre 1888, vol. 2, pág. 560; Review and Herald de 11 de março de 1890.               

[2] Ibidem;

[3] "Não é o temor do castigo, ou a esperança da recompensa eterna, que leva os discípulos de Cristo a segui-Lo. Eles veem o incomparável amor do Salvador, revelado em Sua peregrinação na terra, desde a manjedoura de Belém até à cruz do Calvário, e a visão dEle atrai, abranda e subjuga a alma. O amor desperta no coração dos espectadores. Ouvem-Lhe a Sua voz, e O seguem" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 480).
[4] Parábolas de Jesus, págs. 415 , 416.

Nota: Esta introspecção, e o vídeo desta primeira lição deste trimestre, do Pastor Paulo Penno estão na Internet em:
http://1888mpm.org
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