sexta-feira, 18 de abril de 2014

Lição 3 - Cristo e a Tradição Religiosa, por Paul E. Penno



Para 12 a 19 de abril de 2014

Como é possível que "agora todos nós sejamos arminianos"? Será que queremos ser aceitos por parte da comunidade evangélica? A nossa "tradição religiosa" já avançou ao ponto onde ela dita como lemos a Bíblia e o Espírito de Profecia. Nossos estudiosos agora nos dizem que Ellen White ensinou teologia arminiana. (de Armínio1)
Se "nós" tivessemos recebido a mensagem de 1888, seriamos capazes de discernir o verdadeiro do falso.2
É possível ter um "relacionamento de salvação," com o falso cristo e deixar de reconhecer o verdadeiro Cristo? A visão popular da encarnação é um cristo que veio na carne de Adão antes da queda. Ele poderia ser tentado de fora, mas não de dentro. O cristo popular nunca veio tão perto de nós, mas Ele nunca experimentou tentação decorrentes de dentro como nós.3
No entanto, precisamos de um Salvador, que esteja perto de nós e não de longe.4
É possível ter um "relacionamento de salvação," com Jesus e perder a nossa salvação quando Cristo disser: "Nunca vos conheci?” (*Mat.7:23). O entendimento popular da justificação pela fé é "creia, acredite" na salvação da sua própria pobre alma. Jesus pagou tudo na cruz. Justificação foi alçí concluída e acabada.
É possível crer que Jesus está no santuário? É possível entender a profecia dos 2300 dias/anos, e ainda não saber o significado mais profundo da expiação? A ideia popular é que Cristo expiou o pecado quando Ele morreu. (É realmente possível Cristo estar em harmonia com o pecado?) Por isso, creia que seus pecados estão perdoados e você terá a certeza da salvação.
É possível acreditar que a guarda dos Dez Mandamentos ainda é requerida dos cristãos, incluindo o sábado do sétimo dia, e ainda assim ser um transgressor da lei por causa de uma compreensão deficiente da justificação pela fé? Se o pecador foi justificado na cruz e a expiação está concluída, então os Dez Mandamentos e a verdade do santuário não têm significado para a vida cristã. O sábado não é mais o selo do amor de Deus na vida do cristão.
Se este for o caso, então, efetivamente já não somos adventistas do sétimo dia, porque a nossa compreensão defeituosa do evangelho não tem poder para vencer o pecado na vida. Então nós não temos nenhuma forma para a "seara" amadurecer, em preparação para a segunda vinda de Cristo. Podemos adiar sua vinda indefinidamente.
Um segmento considerável da igreja e seu ministério inclina-se para conceitos populares de que não é possível vencer o pecado como tal. Essas ideias foram adaptadas para o adventismo, seguindo o ponto de vista calvinista de que, se alguém possui uma natureza pecaminosa, continuar pecando é inevitável e, portanto, desculpável. (Isto naturalmente nega logicamente o significado peculiar da ideia Adventista do dia antitípico da expiação.)
Para diminuir a expectativa de Deus, a fim de reivindicar um povo indiferente morno, insultaria a justiça divina. Isso significaria instituir a velha Jerusalém na nova terra, continuamente relapsa, sem arrependimento e desobediente, no lugar da Nova Jerusalém espiritualmente triunfante e completamente arrependida. Seria decepcionar as esperanças de Abraão, que, Esta "cidade" seria uma comunidade finalmente vitoriosa de seus descendentes espirituais, não apenas alguns indivíduos dispersos, descoordenados (cf. Heb. 11:10). Deve haver um povo que conquiste a maturidade da experiência e da fé cristã. Este é o clímax para o qual a história vem se movendo.
É possível confundir o velho e o novo concertos e tornar se legalistas endurecidos? Isso explica a história do antigo Israel e sua rejeição definitiva do Messias de Deus. Nosso entendimento confuso dos dois concertos explica porque temos resistido e ridicularizado o Professor da Justiça de Deus (o Espírito Santo), quando Ele nos enviou a mensagem da Chuva Serôdia começando em 1888.
Deus tem muita autoestima para responder às orações dos judeus para enviar o Messias. Ele já lhes deu o seu Messias. Ele não vai reenviar seu Libertador para andar na terra. Eles devem responder às suas próprias orações, recuando na história e reivindicando o que Deus já lhes deu.
Nós somos "exatamente como os judeus."5 Temos orado por mais de 170 anos pelo alto clamor e pela chuva serôdia do Espírito Santo. Deus já nos deu o início da chuva serôdia em nossa história de 1888. Deus tem muita autoestima para dar o Espírito novamente a uma geração que O recusa. Ainda resta a uma "geração" experimentar a humilhação de todos os tempos, e fazer uma confissão a Deus e ao mundo, que temos impedido esse dom abençoado de ir até os confins da terra.
Será que é possível evangelizar o mundo com a mensagem do terceiro anjo, e ensinar o arrependimento individual pelo pecado, e ainda assim o orgulho humano ainda ser deixado intacto? É possível pregar o sábado, o estado dos mortos, a segunda vinda, o milênio, o juízo investigativo, o dízimo, etc., (as 29 crenças fundamentais), e gigantesco resultado de batismos? Em seguida, o evangelista pode prosseguir no circuito de convenções e falar sobre os mais recentes métodos para salvar almas aumentando nossas estatísticas e rol de membros da igreja; e, no entanto, a motivação é fazer com que nos pareçamos bons. É possível estar mais perto do reino por causa de nossos motivos egoístas?
Tudo isso contribui para uma boa política da igreja. Auto-promoção é política inteligente para nos manobrar em posições de poder e influência. Ele chama a atenção. Nós podemos ter contato próximo com lideres e promotores da igreja. Há convites para entrar na escala de pregadores. Todo esse jogo político é estranhamente reminiscente da igreja nos dias de Cristo e a razão pela qual Sua marca de religião foi rejeitada pelos lideres da igreja.
É possível pregar a Cristo, a graça, e sim, a cruz, com todas as profecias e as nossas crenças históricas, e ainda não elevar o Crucificado? É uma questão de quantas vezes usamos as palavras? É uma questão de equilíbrio? Deveria haver a proporção de 50% falando da lei e 50% da graça?
Jesus não conheceu nenhum "equilíbrio" morno em seu amor que O levou a Sua cruz. Ele não fez uma pesquisa a fim de determinar o ponto de vista "consensual" do público para saber se Ele deveria ou não ir à cruz.
Ao contrário, Ele disse: "O zelo da Tua casa, ó Deus, queima em Mim como um fogo" (João 2:17, TEV =  Inglês na Versão de Hoje). A nossa oração é: "Enquanto o tempo está se esgotando, livra-nos da paciência que se assemelha à covardia. Dá-nos a coragem de sermos quentes ou frios, de estarmos firmes por algo, para não cairmos por qualquer coisa."

- Paul E. Penno

Nota: Esta introspecção e o vídeo desta lição do Pastor Paul Penno estão na Internet em: http://1888mpm.org

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Notas do tradutor:

1) Jacó Armínio, em latim: Jacobus Arminius, nome latinizado de Jakob Hermanszoon (1560-1609) foi um teólogo neerlandês da época da reforma protestante. Trabalhou em 1603 como professor de teologia na Universidade de Leiden. Escreveu muitos livros e tratados sobre teologia; sua visão tornou-se a base do arminianismo e do movimento conhecido na Holanda como Remonstrante. Após a sua morte, a sua objeção ao padrão reformado, a Confissão de Fé Belga a, provocou uma ampla discussão no Sínodo de Dort, resultando nos cinco pontos do calvinismo na refutação dos ensinamentos de Armínio. Ele foi um teólogo que estudou, ensinou e eventualmente se desligou do calvinismo). Ele afirmava: “—Cristo morreu para tornar a salvação à disposição de todos no mundo. Apenas aqueles que fazem algo por crer em Jesus são salvos.”
Por outro lado João Calvino, dizia que: “—Cristo salvou aqueles por quem Ele morreu, mas a expiação é limitada aos eleitos pré-selecionados de Deus—.”
A mensagem de 1888 afirma que “—Cristo provou a morte por todo homem” (Heb. 2:9). Ele pagou o “salário do pecado,” que “é a morte" (Romanos 6:23) — “a segunda morte” (*Apoc. 20:14). 

2) Cristo realmente salvou o mundo através de Sua morte na cruz. Como Paulo o afirma, "A ação judicial, na sequência de um crime [de Adão], (*foi) emitida em um veredicto de condenação, mas o ato de graça, seguindo por tantos crimes, emitidos num veredicto [judicial] de absolvição.... O resultado de um ato justo [a cruz] é absolvição e vida para todos os homens” (Rom. 5:16, 18, NEB). (*Nova Versão da Bíblia em Inglês).
Ellet J. Waggoner escreveu: “Deus operou a salvação para cada homem, e a deu a ele, mas a maioria a despreza e a joga fora. O julgamento vai revelar o fato de que salvação completa foi dada a cada um, e que os perdidos têm, deliberadamente, jogado fora seu direito de posse de primogenitura” (Boas Novas, pág. 14, edições Boas Novas)
A mensagem de 1888 nos ajuda a ver nas Escrituras o que falta no calvinismo e no arminianismo. O que Cristo realizou na Sua cruz é o perdão (*incondicional) de Deus dado a todos. Salvação é eficaz para aqueles por quem Cristo morreu (calvinismo), e Cristo morreu por todos (arminianismo) independentemente deles crerem ou não.

3) A visão predominante dos protestantes, evangélicos e católicos é que a morte é a porta para o céu. Assim, o "evangelho" da justificação pela fé, como entendida por eles, não consegue ver que Cristo morreu a segunda morte por todos. Cristo dá a cada pessoa o dom do perdão e da vida eterna, porque Ele tomou a nossa pena de morte para o pecado e, literalmente, foi para o inferno, por cada alma.
Quando um coração honesto reconhece essa verdade suprema do que aconteceu na cruz, “o amor (ágape) de Cristo constrange” (obriga) (*2ª Cor. 5:14) a alma a viver “doravante” apenas para Aquele que morreu nossa segunda morte por nós. (*“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo,” vs. 17). Os resultados, no plano de Deus, são fenomenais: Todas as motivações egocêntricas do velho concerto são superadas. A verdade do sábado, por exemplo, será aceita naturalmente. No alto clamor final, ainda por vir, do qual a mensagem de 1888 foi antecipadamente avisada, “os raios de luz penetram por toda parte, a verdade é vista em sua clareza, e os leais filhos de Deus cortam os liames que os têm retido. Laços de família, relações na igreja, são impotentes para os deter agora. A verdade é mais preciosa do que tudo o mais. ... um grande número se coloca ao lado do Senhor.” (O Grande Conflito, pág. 612). Esse clímax glorioso para a comissão evangélica foi o que o Senhor pretendia que “nós” víssemos na época de 1888. Mas rejeitando (“em grande medida" o início da chuva serôdia poderia levar a um aborto espiritual.

4) Precisamos de um Salvador que seja um “Deus conosco” (Mateus 1:23).
Um cristo que tenha vindo na natureza de Adão antes da queda não é um Deus conosco que vivemos após a queda. Precisamos de um Salvador que nos entenda; isto é, um Deus que tenha passado por tudo que nós passamos e assim possa nos transmitir poder para obedecer.
A ideia de um cristo que tenha vindo a esta terra na natureza de Adão antes da queda é a que deu origem, através de Santo Agostinho, à herética doutrina  da imaculada concepção da virgem Maria. Ele não conseguia vencer o pecado do 7º mandamento, tendo inclusive tido um filho fora do casamento. Julgando por si ele entendeu que Cristo não poderia ter a natureza humana pois não conseguiria vencer o pecado do sexo. Foi então que teve a ideia de que Cristo deveria ter nascido de uma mulher santa, no sentido literal da palavra, que nunca cometera pecado algum, que nunca teve sexo com homem algum.
5) Mais de 100 vezes Ellen G. White expressa a ideia de que nos últimos dias a igreja iria “judaizar os judeus.” Veja alguns exemplos na compilação: “Instances in the writings of Ellen G. White where Ellen White implores Seventh-day Adventists to not be just like the Jews at the time of Christ but that they are anyway. (“Ocasiões em que Ellen G. White implora aos adventistas do sétimo dia para não serem como os judeus no tempo de Cristo, mas que eles são assim mesmo”):

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