quinta-feira, 10 de julho de 2014

Lição 2 - O Filho — a partir dos escritos de Roberto Wieland



Para 5 a 12 de julho de 2014

“Far-nos-ia bem despender diariamente uma hora cada dia contemplando a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito. Se queremos ser salvos afinal, teremos de aprender ao pé da cruz a lição de arrependimento e humilhação” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 83).
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 Nossa lição desta semana centra-se sobre a natureza divina de Cristo, e também sua "plena humanidade." Uma pergunta é feita: "Por que é tão importante saber que Jesus era plenamente humano?" (*Guia de estudos das Lições da Escola Sabatina, edição Adultos/professor, pág. 17, na edição do aluno, pág. ___, em ambas, está no destaque ao final da página).
Uma das maiores verdades da mensagem de 1888 é que, em busca de nós, Cristo veio todo o caminho para onde estamos, tomando sobre si "a semelhança da carne do pecado, e pelo pecado, condenou o pecado na carne."1 Assim, Ele é o Salvador "ao alcance da mão, e não de longe." Ele é o "Salvador de todos os homens", até mesmo "o principal dos pecadores."
A chave para compreender o coração da mensagem de 1888 encontra-se naquela frase - "o Salvador que não está longe, mas bem perto."2 Ele, que é "o caminho, a verdade e a vida" (*João 14: 6) Se fez manifesto como Alguém "ao alcance da mão", "Emanuel, Deus conosco ...", não Ele sozinho lá com Deus, mas “Deus conosco" (Mat. 1:23).
Jesus Cristo vem a nós na mensagem de 1888 de uma forma única. E o desconcertante, muitas vezes incompreendido, é que a história dessa mensagem demonstra a grande controvérsia entre Cristo e Satanás. Deixe Cristo ser revelado em Sua plenitude, e Satanás, com certeza vai ser despertado a se opor. É assim até hoje.
Foi Cristo de fato, "como nós, em tudo tentado" a partir de dentro, bem como de fora? Ou era Ele tão diferente de nós que Ele não podia sentir nossas tentações interiores? Foi Ele real e verdadeiramente homem? Ou foi Ele tentado apenas como o Adão sem pecado? Podemos ter certeza de que Ele foi tentado como nós somos tentados? Ou foi Ele tentado de alguma forma não humana, misteriosa, irrelevante para o nosso entendimento?
Esta mensagem não foi uma distinção mesquinha, partidária de disputas teológicas cerebrais, que são tão comuns entre nós hoje. Era simples, poderosa, Boas Novas de salvação da alma que conquistou pecadores, incluindo adolescentes tentados!
Ellen White em Caminho a Cristo nos dá a resposta sincera à pergunta da lição:
Ele, que era um com Deus, ligou-Se aos filhos dos homens por laços que nunca serão rompidos. Jesus ‘não Se envergonha de lhes chamar irmãos’". Heb. 2:11;Ele é o nosso sacrifício, nosso Advogado, nosso Irmão, portando nossa forma humana perante o trono do Pai, e, através dos séculos eternos, unido à raça que Ele o Filho do homemredimiu. E tudo isto para que o homem pudesse ser erguido da ruína e degradação do pecado, a fim de que refletisse o amor de Deus e participasse da alegria da santidade.” (pág. 14).
Alonzo T. Jones (um dos dois "mensageiros" de 1.888), em um sermão na Assembleia da Conferência Geral de 1895 disse: "Aquele que era um com Deus Se ligou com os filhos dos homens por laços que nunca deverão ser quebrados' [citando Ellen White]. Em que foi Ele próprio ligado conosco? — em nossa carne; em nossa natureza. Este é o sacrifício que ganha os corações dos homens .... Quando consideramos que Ele mergulhou Sua natureza em nossa natureza humana por toda a eternidade — isto é um sacrifício. Esse é o amor de Deus. E nenhum coração pode argumentar contra isso.3  
Esta “descida” ao nível da humanidade foi com o propósito de levantar-nos para nos tornarmos aprovados em Cristo. "E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por meio de Cristo" (Gal. 4, 6, 7). Em outras palavras, Cristo sendo "feito carne"4 é uma verdade que é gloriosamente verificada na experiência pessoal daqueles que creem nEle.
Cristo entrou na corrente da hereditariedade humana, não sendo isento de nenhum dos males da nossa herança. "Ele tomou sobre Si a semente [esperma, no  grego] de Abraão" (Heb. 2:16) "feito da semente [esperma] de Davi segundo a carne" (Rom 1:3). Ele não podia Se aproximar mais de nós do que o fez.
Ele veio com o propósito expresso de atacar e conquistar a fera do pecado no covil onde tinha a sua residência em carne humana. COMO? — "Deus, enviando o Seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós" (Romanos 8:3, 4). Sua batalha contra o pecado era real, em nenhum sentido, fez de conta ou fingiu. 
Ele tornou-Se o Príncipe dos sofredores humanos, sorvendo ao máximo toda a desgraça a que nós, seres humanos, estamos sujeitos. Mediante a fé nEle, tornamo-nos "participantes das aflições de Cristo" (1ª Pedro 4:13). Em outras palavras, os nossos sofrimentos não são mais agonia sem sentido, mas são elevados a um parentesco com Cristo. Em Cristo, os nossos sofrimentos humanos assumem uma glória eterna. Ele foi "coroado de glória e de honra" (Salmo 8:5) "por causa da paixão da morte" (Heb. 2:9), e nós também, devemos nos alegrar "com gozo inefável e glorioso" (1ª Pedro 1:8) em Sua presença, percebendo nosso parentesco com Ele no sofrimento. (*alcançando o fim da nossa fé e a salvação das nossas almas, confira no verso 9).
A "descida" de Cristo até nós inclui Ele tomar sobre Sua natureza sem pecado, a nossa natureza pecaminosa, para que pudesse ser tentado como somos e ganhar o direito de nos socorrer (ajudar) em nossa tentação. Ele era totalmente sem pecado, mas Ele também foi totalmente tentado como somos:
"E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam toda a vida sujeitos à servidão .... por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados" (Heb. 2:14-18). 
No antigo Israel, o sumo sacerdote era o conselheiro, pastor do povo, médico, e curador de suas doentes almas. A melhor definição moderna da palavra "sumo sacerdote" é Psiquiatra Divino, o Médico de nossas almas. Cristo é o Curador celestial de nossas almas, próximo a cada um de nós, "pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Heb. 7:25).
Se houvesse qualquer detalhe em que Cristo estivesse isento de suportar nossas tentações, Ele seria incapaz de nos "socorrer" nessas mesmas tentações. Fosse qual fosse o pecado que somos tentados a cometer que Ele não tivesse sido tentado a cometer, não teríamos Salvador a em relação a este pecado. Ficaríamos impotentes, para sempre incapazes de resistir a tal tentação. Mas "não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo [em todos os pontos] foi tentado, mas sem pecado" (4:15).
A realidade do Filho de Deus em realmente Se tornar um de nós é vista no fato dEle assumir sobre Si nossa natureza pecaminosa, mas não participando de nossos próprios pecados. (*esta é a diferença entre Cristo e Nós). Ele abre uma janela para o Seu coração [*para o coração dEle mesmo], para que possamos ver a luta que Ele teve de suportar: "Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo, e o Meu juízo é justo, porque não busco a Minha vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou” (João 5:30) "Porque Eu desci do céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou" (6:38).
Certamente hoje temos de sentir a necessidade de apresentar Cristo como um Salvador que não está longe, mas perto, à mão! Um mundo moribundo precisa vê-Lo assim.
 - A partir dos escritos de Robert J. Wieland


Notas de rodapé — a primeira e a última são do tradutor:

1)     Note que não nos é nem mesmo repetido ao final do verso a palavra semelhança dizendo  que Jesus condenou o pecado na semelhança da carne, mas sim que Cristo “condenou o pecado na carne” (Rom. 8:3)
No verso 4 é dito que Deus condenou o pecado na carne de Jesus a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, ou seja: a salvação em Cristo dá ao crente a possibilidade de obedecer a Deus. Não por suas próprias forças, mas pelo poder do Espírito Santo.
Longe de abolir a Lei, Paulo estava destacando uma das funções da lei: mostrar a nossa necessidade de um Salvador fazer parte da vida daquele que crê em Jesus como propiciação pelos nossos pecados. Que o apóstolo Paulo acreditava na eternidade da Lei de Deus podemos concluir ao ler os seguintes textos: Romanos 3:31, 6:15, 7:7, 12,  22, etc. Paulo nunca foi contra e Lei de Deus, mas sim contra a maneira errada que alguns a interpretavam.

[2]      Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 181.

[3]     Boletim diário da Conferência Geral de 1895, páginas 381 e 382;

4)      Cristo era divino, espiritual. Ora, ninguém é feito o que já é, e sim o que ainda não é. Assim, Cristo que já era divino e espiritual, foi feito carne. Carne real, como a sua e a minha, pois quando Ele veio não existia outra carne  senão a nossa pecaminosa carne que todos temos. Veja O Desejado de Todas as Nações pág. 49. Assim Ele, que já era plenamente divino assumiu sobre Si a plenitude da humanidade.
"Quando meditamos na encarnação de Cristo na humanidade, ficamos perplexos por um mistério insondável, que a mente humana não pode compreender... O Criador dos mundos, Aquele em quem estava corporalmente a plenitude da divindade, foi manifesto no desamparado bebê na manjedoura. ... A divindade e a humanidade se combinaram misteriosamente, e homem e Deus se tornaram um. ... Ao olhar para Cristo na humanidade, olhamos para Deus, e vemos nEle o esplendor de Sua glória, a expressa imagem de Seu ser." – (Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, vol. 5, pág. 1.130. Originalmente em Sings of the Times, de 30 de julho de 1896).
“Tomando sobre Si a natureza humana em sua condição caída, Cristo não participou em nada de seus pecados. ... Ele foi em todos os pontos tentado como nós somos” (Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, vol. 5, pág. 1.131. Originalmente em Sings of the Times, de 9 de junho de 1898).
"Cristo... teve experiência de todas as tristezas e tentações que recaem sobre os seres humanos. Jamais outro nascido de mulher foi tão terrivelmente assediado pela tentação; jamais outro suportou fardo tão pesado dos pecados e das dores do mundo. Nunca houve outro cujas simpatias fossem tão amplas e ternas. Como participante em todas as experiências da humanidade, Ele poderia não somente condoer-Se dos que se acham sobrecarregados, tentados e em lutas, mas partilhar-lhes os sofrimentos." – Ellen G. White, Educação, pág. 78.
Cristo não venceu pelo uso de Seu próprio poder. "Jesus obteve a vitória por meio da submissão e fé em Deus". – Pág. 130. "E não exerceu em Seu próprio proveito poder algum que nos não seja abundantemente facultado." (O Desejado de Todas as Nações – Pág. 24).
"A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que liga nossa alma a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo: Cristo foi um homem real; deu prova de Sua humildade, tornando-Se homem. Entretanto, era Ele Deus na carne." – (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 244).
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