quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Lição 9 - Legislador e Juiz, dos escritos do Pr. Roberto Wieland e Pr. Donald Short



Para 22 a 29 de novembro de 2014

Nem sempre é possível cobrir cada tópico em uma semana de lições da Escola Sabatina em um breve ensaio (*como fazemos neste blog), por isso tentamos abranger uma ou mais das "dinâmicas" da mensagem de 1888. Esta semana, a pergunta na parte inferior da lição de segunda-feira (página 109 do guia de estudos dos professores) indaga discutindo: "Recompensa ou punição, receberemos apenas uma das duas. Qual é a sua única esperança de recompensa?"
Uma das verdades primárias do evangelho da mensagem de 1888 é a seguinte: Uma maior motivação do que tem prevalecido na igreja em épocas passadas tornar-se-á apreciada no fim do tempo — uma preocupação por Cristo — que Ele receba sua recompensa e encontre seu "descanso" na erradicação final do pecado. Toda motivação egocêntrica baseada apenas em medo do inferno ou esperança de recompensa é menos eficaz. A maior motivação é simbolizada no clímax da Escritura (*Apoc. 19:7) — a Noiva de Cristo, fazendo-se "pronta".1
Tecnologia em processamento e armazenamento de dados nos ajuda a compreender que todas as informações sobre nossas vidas são registradas corretamente, incluindo os nossos pensamentos e motivos. A lei de Deus é o princípio sobre o qual Seu universo é fundado, o que Tiago chama de "a lei da liberdade" (2:12). Qualquer ato ou motivo que esteja em conflito com a lei do amor altruísta significa que o coração está em desacordo com Deus e com o universo. Assim, o egoísmo se torna uma parte de nosso histórico de vida os "livros", através dos quais João diz que seremos julgados.
Mas a boa notícia é que o juiz é o nosso irmão, o Filho do homem que tomou sobre Si "a semelhança da carne do pecado" e que sabe exatamente como "em tudo", somos tentados. "Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados" (Rom. 8: 3; Heb. 4:15; 2:18). Seu trabalho atual é preparar-nos para passar no nosso exame final. Assim, a notícia do julgamento é infinitamente melhor do que você pode ter imaginado que fosse. O veredito no seu caso está em suas mãos.
Sem dúvida, o desejo do apóstolo João era apresentar Ágape e o julgamento no mais claro equilíbrio possível. Ele se atreveu a expressar uma equação que nenhum outro apóstolo pode formular: "Deus é Ágape" (*1ª João 4:8). Ele se esforça para apresentar o julgamento como consistente com aquele personagem totalmente singular. Ele apresenta o Pai, como a ninguém julgando, “mas deu ao Filho o poder de exercer o juízo porque Ele é o Filho do homem," o Par da humanidade (João 5:22 e 27).
E embora todo o julgamento seja "comprometido" com Cristo, Ele mesmo renunciar o privilégio de pronunciá-lo, dizendo que Ele não vai "condenar" qualquer descrente "no último dia". "Se alguém ouvir as Minhas palavras, e não crer, Eu não o julgo [não o condeno] porque Eu vim, não para julgar [condenar] o mundo, mas para salvar o mundo" (João 12:47).
"O remanescente vai saber que o assunto supremo perante o universo é o julgamento da verdade e da justiça — o caráter de Deus. A preocupação deles por uma recompensa de estar junto ao rio da vida ou andando na rua de ouro que conduz a uma mansão celestial vai desaparecer no pano de fundo. ...
"Por quanto tempo o povo de Deus estará obcecado com o desejo egoísta de sua própria salvação? Ele tornou a nossa segurança tranquila. Ele ajustou Sua situação perante o universo para nos assegurar Seu compromisso com a verdade e com a nossa salvação do pecado. O coração infinito de Deus anseia por algum reconhecimento de Seus filhos. Poderiam eles sentir um pouco de sacrifício? Poderiam eles ver o que está pendente? Poderiam eles entender que Deus também tem sentimentos? Quanto tempo vai levá-los a compreender a magnitude do plano da salvação?"2
Ellen G. White descreve isso de uma maneira mui tocante e sincera: "O amor de Deus é o próprio fundamento da religião. Empenhar-se em Seu serviço meramente pela esperança de recompensa ou medo do castigo, de nada serviria. Apostasia declarada não seria mais ofensiva a Deus do que a hipocrisia e o mero culto por formalidade" (Patriarcas e Profetas, pág. 523).
 “Não é o temor do castigo, ou a esperança da recompensa eterna, que leva os discípulos de Cristo a segui-Lo. Contemplam o incomparável amor do Salvador revelado em Sua peregrinação na Terra, da manjedoura de Belém à cruz do Calvário, e essa visão dEle atrai, abranda e subjuga o coração. O amor desperta na alma dos que O contemplam. Ouvem-Lhe a voz e seguem-nO" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 480).
Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, os dois "mensageiros" que Deus "enviou," com o "começo" da mensagem de Apocalipse 18, apresentou o destino dos perdidos com uma ênfase na justiça de Deus, o Seu amor e compaixão. Eles eram, acima de tudo, "evangelistas," desejando ter uma mensagem de reconciliação. Eles queriam evitar qualquer aparência de pregação do tipo "fogo e enxofre," convencidos de que a verdadeira motivação para a conversão duradoura é uma apreciação do amor de Deus. Eles queriam encontrar uma compreensão mais clara do que esse amor tem significado para o mundo. Esta convicção permitiu-lhes "gloriarem-se na cruz" (*Gál. 6:14), como o verdadeiro coração da "mensagem do terceiro anjo, em verdade." Eles viram todos as nossas "doutrinas," naquela luz, e eles anteciparam declarações de Ellen White de O Desejo de Todas as Nações, anos antes de serem publicadas. Esta foi a sua ênfase.
A questão é evangelização, não teologia complexa; Que mensagem pode conciliar a Deus o coração alienado, e amante do mundo, autocentrado, "morno"? A menos que uma compreensão mais clara do evangelho torne-se envolvida, o resultado tem de ser inevitavelmente mais mornidão de devoção perpetuada de geração em geração durante séculos mais. A verdade de hoje apela com o pecador "em lugar de Cristo." Isto é, como ganhadores de almas permitimos que o pecador se identifique com Ele tão completamente que ele experimente um encontro em primeira mão com Cristo tão vívido como fez a mulher samaritana ou Nicodemos em sua entrevista à noite. Isto é evangelismo para ganhar almas e conservação de almas.
A mensagem dos três anjos é que Deus, certamente, terá um povo que traz glória a Ele. A principal preocupação de Apocalipse é a vindicação do Cordeiro que pagou um preço infinito para nos redimir. Mas Sua vindicação também envolve a nossa, pois somos um com Ele. Aqueles que fielmente se postam "com Ele" nesta luta final não vão fazê-lo a fim de ganhar uma recompensa para si próprios. A salvação é realmente um bom negócio, mas a obtenção de um bom negócio não será o motivo para quem realmente segue a Cristo nestes últimos dias. A pequena menina, daminha das flores em um casamento, é sempre muito doce e amável, mas tudo o que ela realmente se preocupa é em receber um pedaço do bolo e sorvete na recepção. A noiva, por outro lado, não se preocupa com as guloseimas. Seu interesse está no noivo, e só nele.
É possível que nós, seres humanos egoístas, que em toda a nossa vida ficamos imersos na busca do trivial interesse próprio, encontremos uma perspectiva mais ampla — uma genuína compaixão de coração com o Cordeiro de Deus? A apreciação dEle por Sua própria causa irá transcender tanto o nosso medo de se perder bem como uma esperança meramente egoísta de recompensa no céu. Esta é a fé madura para o qual Deus está nos chamando.

-Extraído dos escritos de Robert J. Wieland e Donald K. Short

Notas finais:

[1] Robert J. Wieland, Dez grandes verdades do evangelho que tornam a Mensagem de 1888 Única, págs. 27-29.

[2] Donald K. Short,
"Made Like ... His Brethren," (feito semelhante ... a Seus irmãos) pág. 111.
     
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.


Donald K.SHORT foi um missionário adventista do sétimo dia na África, desde a década de 1950. Foi editor de nossa casa publicadora ali. Foi também editor do Boletim mensal do Comitê de Estudos da mensagem de 1888, e escreveu alguns dos melhores livros sobre a mensagem de 1888. Ele e o irmão Roberto Wieland escreveram o livro 1888 Re-examinado, que despertou muitas mentes dentro do adventismo para as belezas e encantamentos de Cristo contidos na mensagem. Ele morreu em 2005 ou 2006?

___________________________