Para
14 a 21 de fevereiro de 2015
Em seu livro Animal
Farm
[A Revolução dos Bichos], George Orwell descreve a desintegração
de sua imaginária sociedade animal, dizendo que “todos os animais
são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros”.
Nós empregamos esta frase comum para descrever uma situação em que
se espera que pensemos ser iguais, mas na realidade não o somos. É
frustrante, mas, por um acordo tácito, ninguém se propõe a
discutir o assunto.
Deus não é
enganoso assim. Ele nos diz que somos todos iguais, mas o motivo não
é lisonjeiro. Provérbios 20: 9 nos diz que todos os seres humanos
são iguais, porque ninguém pode reivindicar: “Eu tenho purificado
o meu coração, estou limpo do meu pecado”. Somos todos igualmente
pecadores que se apresentam ao pé da cruz em necessidade de graça.
Ao longo dos
séculos, a Igreja cristã tem lutado com o ensinamento bíblico
claro de que toda a humanidade é igualmente culpada. Se isso for
verdade, apresenta-se o problema de quem será salvo e é aí que as
coisas ficam confusas. Teorias foram desenvolvidas para explicar como
pessoas igualmente culpadas de algum modo poderiam diferenciar-se
diante de Deus a fim de que Ele as possa levar para o céu. Bem cedo,
a igreja cristã primitiva desenvolveu um complexo sistema de
confissão, penitência e indulgências para aqueles que podiam pagar
por elas. O sistema não era totalmente confortador, pois se fazia
impossível verificar se os esforços de alguém seriam suficientes
para agradar a Deus. Esta situação também perpetuou o sistema,
pelo menos até que Martinho Lutero tomou sua famosa posição de que
a humanidade é salva pela graça, sem as obras. Por um tempo,
parecia que a Igreja estava se afastando do erro rumo à verdade.
No entanto, o
problema de quem chega ao céu persistiu. A ideia de que a graça
tinha sido oferecida a todos era insustentável, porque isso poderia
significar que todo mundo é salvo. A Bíblia ensina claramente o
contrário disso.
O problema foi
inicialmente resolvido quando João Calvino desenvolveu sua
interpretação e exposição das Escrituras encontradas em suas
Institutas
da Religião Cristã
(1536). Ela enfatiza a soberania de Deus na seleção de candidatos
para a salvação e está intimamente associado com o puritanismo que
é mais bem resumido pela sigla em inglês TULIP:
(1) Depravação
total
da humanidade.
(2) Eleição
incondicional (unconditional,
em inglês) por
Deus daqueles que serão salvos.
(3) Expiação
limitada
em que nada foi feito por aqueles que não são eleitos.
(4) Graça
irresistível,
em que uma vez que
Deus elege alguém, este indivíduo não pode rejeitá-la.
(5) Perseverança
dos santos.
Assim, os “eleitos”
são mais iguais do que aqueles entre os que não fazem parte dos
eleitos. A ideia é que a morte de Cristo na cruz só incluiu essas
pessoas eleitas, e nada foi realizado pelos outros. Assim, não
importa o que façam ou deixem de fazer, eles não podem ser salvos.
Os ensinamentos de
Jacobus Arminius e seus seguidores foram resumidos em cinco pontos
que se destinavam a contrariar a ortodoxia calvinista predominante de
sua época. São eles:
(1) Deus desde toda
a eternidade predestinou para a vida eterna aqueles que Ele previu
que permaneceriam firmes na fé até o fim.
(2) Cristo morreu
por toda a humanidade, não somente pelos eleitos.
(3) Por meio do
livre arbítrio, o homem coopera na sua conversão.
(4) Os seres humanos
podem resistir à graça divina.
(5) É possível
para os seres humanos cair da graça divina.
Uma forma modificada
de arminianismo caracterizou o avivamento metodista do século XVIII
e domina boa parte da teologia evangélica na América hoje.
A mensagem da
expiação que A. T. Jones e E. J. Waggoner trouxeram para a Igreja
adventista em 1888 capta o que é verdade no calvinismo e o que é
verdade no arminianismo, mas rejeita o que é erro em ambos.
João 3:16 nos diz
que Deus tomou, toma, e ainda continua a tomar a iniciativa na
salvação do homem. A este respeito, o calvinismo é verdadeiro. Mas
João 3:18, 19 ensina que aqueles que por fim se perderão tomaram e
continuam a tomar a iniciativa de sua própria condenação
(*rejeição). A este respeito, o calvinismo está errado.
Embora Deus seja o
Soberano do universo, ao contrário do que o Calvino ensinou, o
sacrifício de Cristo garantiu liberdade de escolha a todos os
habitantes da terra (Lev. 25:10). A este respeito, o arminianismo
está certo. No entanto, também ensina que o sacrifício de Cristo
não faz qualquer bem a ninguém, a não ser que primeiro creia,
aceite e obedeça, negando assim que Cristo é realmente o Salvador
de toda a humanidade somente àqueles que fazem algo primeiro.
“‘Pela
justiça de Um veio a graça sobre todos os homens para justificação
de vida’. [Rom.
5:18]. Não há exceção aqui. Tal como a condenação veio sobre
todos, assim a justificação vem a todos. Cristo provou a morte por
todos. Ele deu-Se a Si mesmo por todos. Não, Ele se deu por cada
homem.
O dom gratuito a todos
veio. O fato de ser um dom gratuito evidencia que não há exceção.
Se ele veio apenas àqueles que têm alguma qualificação especial,
então não seria um dom gratuito. . . . não há a mínima razão
para que todo homem que já viveu não deva ser herdeiro da vida
eterna, a menos que não a deseje. Tantos desprezam o dom oferecido
tão livremente” (E. J. Waggoner, Waggoner
Sobre Romanos,
p. 101, grifo nosso).
“‘Você está
querendo ensinar salvação universal?’ alguém pode perguntar.
Queremos ensinar apenas o que a Palavra de Deus ensina—que ‘a
graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens’
(Tito 2:11, RV). Deus operou a salvação para todos os homens e a
eles a concedeu, mas na sua maioria a desprezam e a lançam fora. O
juízo vai revelar o fato de que a salvação completa foi dada a
cada um e que os perdidos deliberadamente jogaram fora sua posse da
primogenitura” (Waggoner, The
Glad Tidings,
Gálatas
Tornado Claro,
pp. 13 e 14).
Esta verdade
maravilhosa permanece controvertida. Que importa isso, uma vez que o
sacrifício foi feito? Assim, muitas pessoas têm sido mantidas longe
de terem qualquer coisa a ver com a religião, porque “nunca
poderiam ser suficientemente boas para Deus aceitá-las”. Elas
ouviram que diante de Deus todos são iguais, mas há uma mensagem de
fundo que deixa transparecer que alguns são mais iguais do que
outros. Quem dera soubessem que Deus lhes deu a vitória, mesmo antes
de nascerem, não por causa de seu mérito, mas porque Deus é o Deus
de amor. Isso levanta todo o peso que recai sobre as pessoas em nome
da religião.
Arlene
Hill
A
irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela
agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da
Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela
foi um dos principais oradores no seminário “É
a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”,
que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do
Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th
Street , Reno, Nevada, USA, Telefone 001 XX (775)
327-4545; 001
XX (775)
322-9642.
Ela também vai ser oradora do seminário “Elias, convertendo
corações”, nesta semana, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, a
ser realizado na igreja adventista Valley
Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço:
14919
Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota
do tradutor:
- Estas cinco categorias não compreendem o calvinismo na totalidade. Eles simplesmente representam alguns dos seus principais pontos.
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