quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Lição 6, O que você vai receber não é o que está vendo, por Arlene Hill



Para 31 de janeiro a 7 de fevereiro de 2015


O livro de Provérbios denota uma tentativa de Salomão em registrar o máximo de sabedoria que Deus lhe deu quanto possível. Ele usa declarações sucintas e às vezes expressivas que frequentemente repete para dar ênfase. É fácil pensar nele como um livro de lições sobre a vida bem sucedida, especialmente se são vistas simplesmente como bons conselhos a serem tentados, mas num padrão elevado demais de se alcançar o tempo todo.
Não há nada errado em usar Provérbios como um padrão de vida cristã, da mesma forma como a lei de Deus é o padrão final. Todavia, tanto o aconselhamento em Provérbios quanto as diretivas na lei são apenas normas, não tendo nenhuma delas poder para ajudar os pecadores a colocá-los em prática, não importa quão sábio o conselho. Somos lembrados da frustração do apóstolo Paulo: “Porque eu sei que nada de bom habita em mim, isto é, na minha carne; pois o que desejo está presente em mim, mas não o fazer o bem” (7:18 Rom., NVI).
Provérbios e a lei dizem-nos o que devemos fazer, e com Paulo, “alegremente concordamos com a lei de Deus ... mas vejo outra lei nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, e fazendo-me prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que sou” (Rom. 7: 22-24)! Somos todos esse “homem miserável” que quer fazer o bem, mas encontra resistência em nossa carne humana.
Salomão frequentemente nos diz que a solução é o “temor” do Senhor (Prov. 1: 7, 29; 2: 5). Não há nada errado em temer a Deus, mas é apenas o começo da sabedoria. A maior parte das pessoas que respondem a Deus ao chamá-las ao arrependimento podem recordar que algum nível de medo de punição ou esperança de recompensa no céu se misturou à sua experiência. Deus nos recebe onde quer que estejamos, mas não precisamos permanecer nesse nível imaturo. O insensato pensa que se essa foi a sua motivação inicial, é a única motivação para andar com Deus.
Como que para reforçar esse medo, Provérbios 15: 3 nos diz. “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”. Isso está muito perto da canção de Papai Noel que diz às crianças, “ele o vê quando está dormindo, ele o vê quando está acordado, ele sabe se foi bom ou ruim, por isso seja bom ...” Todo mundo entende que o Papai Noel não pode esperar que sejamos bons o ano todo, e brincamos sobre as desculpas de modo que Papai Noel ainda traga presentes. Deus não é Papai Noel, e Ele nunca pestaneja ao pecado, mas está disposto a mudar os nossos corações para que amemos a Sua lei e a observemos. A fé sábia nunca confia na capacidade de “sermos bons” por nós mesmos, embora ver o que consideramos desempenho correto seja reconfortante. Aqueles que receberam a sabedoria de Deus sabem que andar pela fé, não pela vista, requer humildade. Temos de admitir que não sabemos discernir o melhor caminho para nós, mas Deus sabe. Um tolo confia em sua própria sabedoria, o sábio confia na de Deus.
Israel demonstrou isso na sua interpretação tola do que Deus queria. Ele lhes pediu para fazerem uma tenda a fim de que pudesse habitar no meio deles. Alonzo T. Jones, um dos “mensageiros” de 1.888, entendeu este conceito: “Quando o tabernáculo foi confeccionado e armado no meio do arraial de Israel, muitos dos filhos de Israel supunham que isso era o suficiente; supuseram que seria aquela a maneira pela qual Deus habitaria no meio deles. . . . Além do magnífico edifício e seu mobiliário, havia os sacrifícios e as ofertas do povo . . . Havia os sacerdotes em seus serviços contínuos; e lá estava o sumo sacerdote no seu santo ministério. Sem isso tudo, o santuário era para Israel praticamente uma coisa vazia, mesmo que o Senhor habitasse nele”.
Eles perderam a ideia de que o prédio, os sacerdotes, e os serviços todos demonstravam o processo de expiação e perdão obtidos. “Expiação em inglês é ‘atonement’ (at-one-ment) = numa só mente. O pecado e a culpa deles os tinham separado de Deus. Mediante esses serviços eles eram tornados um com Deus. Perdoar é, literalmente, dar em favor. Perdoar o pecado é dar algo pelo pecado. O perdão do pecado vem somente de Deus. O que Deus dá? e o que Ele deu pelo pecado? Ele deu a Cristo, e Cristo ‘deu-Se a si mesmo por nossos pecados’. (Gál. 1: 4; Efé. 2:12-16; Rom. 5: 8-11)”. Os nossos corações, não ações exteriores, é o que Lhe damos.
“E o posicionamento do tabernáculo no meio do arraial de Israel era uma ilustração ... da verdade de que Ele habitaria no meio de cada indivíduo” (Efé. 3: 16-19). Alguns daquela nação, em qualquer era, viram no santuário esta grande verdade salvadora. Mas, como um corpo, em todas as eras, Israel perdeu este pensamento de vista; detiveram-se apenas com o pensamento de Sua morada na tenda no meio do acampamento, ficaram aquém de ter a Sua própria presença pessoal habitando em suas vidas individualmente. Nesse respeito, o seu culto tornou-se apenas exterior e formal, em vez de interior e espiritual” (The Consecrated Way to Christian Perfection, O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, págs. 70-73. Começando no meio do terceiro parágrafo do capítulo “E Eu habitarei no meio deles”).
“Entrega as tuas obras ao Senhor, e teus pensamentos serão estabelecidos” (Prov. 16: 3, NVI). A palavra traduzida como “pensamentos” é traduzida como “preparações” em 16: 1, e significa “planos”. Somos instruídos pelo homem sábio a apresentar nossos planos ao Senhor; caso contrário, os melhores planos podem se extraviar. Demasiadas vezes fazemos planos, mergulhamos num curso de ação, e como uma reflexão tardia pedimos a Deus que abençoe o que estamos fazendo. Tardiamente descobrimos que Ele não está em nossos planos de modo algum. No entanto, quando consultamos a Deus desde o início, Ele estabelece os nossos pensamentos, isto é, Ele nos guia no caminho que planejou. O Seu caminho é sempre o melhor.
A mensagem de 1888 destaca o plano de Deus para nós, que vivemos nos últimos dias. O pequeno antigo “dia da expiação,” uma vez por ano, ensinava as preciosas boas novas: “Naquele dia, o sacerdote fará expiação por vós, para purificar-vos, para que possais estar limpos de todos os vossos pecados perante o Senhor” (incluindo os até então desconhecidos, Lev. 16:30). Quem fez realmente a obra? O sacerdote—símbolo de nosso Senhor e Salvador Jesus. O povo cooperava com o sacerdote. Eles mantiveram o pequeno dia da expiação sagrado. Assim, estamos a observar o grande Dia da Expiação original, que tem sido “agora”, desde 1844, o fim da profecia dos 2.300 anos.
Grave distorção desta boa notícia tem levado alguns a pensar que isto é “perfeccionismo”, que se trata de uma heresia. Mas acrescente-se a essa distorção da verdade a convicção universal de quão imperfeitos todos somos, e como se cozendo um guisado terrível você chega à ideia de sofridos eremitas adventistas do sétimo dia a apenas um passo da auto-flagelação. Quem quer uma vida tão triste?, é a ideia dos jovens.
Corrigir essa distorção e criar as mais felizes pessoas semelhantes a Cristo que já viveram sobre a Terra era o propósito de Deus ao “nos” enviar a “mui preciosa mensagem” de 1888—o grande antítipo do tipo de jardim da infância que ocorria a cada “décimo dia do sétimo mês”. Esse dia terminou com uma nação inteira andando no ar! Eles estavam tão felizes por mais uma vez estarem num só pensamento com Deus e uns com os outros. A “mui preciosa mensagem” do Dia da Expiação é poderosa!
Naquele antigo dia as querelas se foram, as alienações se curaram; maridos e esposas recuperaram o amor que uma vez os reunia; a idolatria mais sedutora (que constantemente os fascinava!) foi abominada porque algo melhor tinha sido provado naquele dia—o evangelho. São os corações transformados por “Elias”! Era plano de Deus que o nosso “Dia da Expiação” devesse terminar com a recepção (não rejeição!) da mensagem “mui preciosa” de 1888, que deve florescer e “iluminar a terra com glória” em “rápidos movimentos finais;” nestas alturas, há muito atrasado. Um povo inteiramente reconciliado com Deus e uns com os outros—é o sentido do juízo hoje.
Mas é hora de uma mudança de paradigma no pensamento: a questão não é o medo egocêntrico da nossa própria salvação (que em grande parte permeia este Trimensário), mas uma nova preocupação de que Cristo receba a Sua recompensa—não que “iremos vestir uma coroa na casa de nosso Pai”, mas que, finalmente, Ele receba a Sua Noiva.
É sábio reconhecê-Lo diariamente como nosso Deus Soberano. Quando deixamos de fazer isso, tornamo-nos tolos e nos esgotamos vida afora, tentando fazer as coisas funcionarem com um mínimo, ou nenhum êxito. Não encontramos qualquer alegria em nossos esforços, mas vivemos com medo de Deus nos observando com desaprovação. É muito mais fácil reconhecê-Lo como Soberano, submetendo nossos corações, planos e vontades a Ele. Que Deus nos dê a humildade para fazer isso.

Arlene Hill



A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também vai ser oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, nesta semana, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, a ser realizado na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
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