quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Lição 5 – As Bênçãos dos Justos, por Paul E. Penno



Para 24 a 31 de janeiro de 2015

Como a justiça livra da morte? O tema da mensagem de 1888 é: “O Senhor, justiça nossa”. Lemos sobre esta bênção em Provérbios: “Tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a justiça livra da morte” (Prov. 10: 2).
O que se segue é a ideia de 1888. A justiça é consistente com a purificação do santuário. Os livros do Céu são meros reflexos fiéis de nossos corações. A nossa “purificação” no santuário celeste não pode ser feita até que primeiro os nossos corações aqui embaixo sejam purificados.1 Isto é claramente estabelecido nos livros de Jones e Waggoner, The Consacrated Way [O Caminho Consagrado] e Christ and His Righteousness (Cristo e Sua Justiça], respectivamente. A santificação não é a obra da purificação; de acordo com a mensagem de 1888, a purificação é realizada por meio da verdadeira justificação pela fé.2
Justificação pela fé é algo experiencial, não apenas algo que satisfaz a lei. Ellen White não diz apenas que as boas obras seguem a justificação pela fé; ela diz: “Deus requer a completa entrega do coração, antes que a justificação possa ter lugar.”2 Apesar de uma justificativa legal ter sido dado pela “culpa de todo o mundo”, aqueles que creem experimentam uma libertação do pecado “através da fé”, não seguindo-se à fé. “Tendo-nos feitos justos através da justiça imputada de Cristo, Deus nos pronuncia justos.”3
Por meio da fé “o pecador percebe o que o amor redentor de Cristo significa”, e é isso que “reconciliação” significa. Na justificação pela fé, “o coração do pecador” é alcançado. É impossível crer enquanto continuando no pecado; portanto, crer verdadeiramente é de fato a cessação do pecado. A fé é uma apreciação de coração, da justiça de Cristo, e, nesse sentido, a fé é “contada por justiça” (Rom. 4: 3-5).
Como a boca de um homem justo é uma fonte da vida? “A boca do justo é manancial de vida, mas a violência cobre a boca dos ímpios” (Prov. 10:11). Isto é o que Jesus citou quando “no último dia, o grande dia da festa [dos tabernáculos], Ele levantou-Se e clamou, dizendo: ... ‘Aquele que crê em Mim, como diz a Escritura, do seu interior [coração] fluirão rios de água viva’ (João 7: 37, 38). Você poderia encontrar em qualquer parte definição mais emocionante do que significa “crer” em Jesus? O “aquele que crê” é você! Está esse “rio de água viva” fluindo para fora a partir do seu coração e boca ante todos os que encontra? Você tem uma palavra de boas novas da verdade para todos? “Vive” ela em você?
Como a expiação de Deus lida com nossos pecados? “A ira excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões” (Prov. 10:12). Nossa raiva está constantemente arranjando briga com Deus, mas Seu amor supera o nosso pecado. A mensagem de 1888 aponta à maneira de como o Ágape de Deus efetua a reconciliação com os nossos corações alienados.
É na cruz que Ele Se identifica plenamente com você. Lá, Ele sofreu a depressão culminante. A escuridão que envolvia a cruz foi o véu misericordioso de Deus de Sua agonia facial ante o escárnio e ridicularia de demônios humanos. Mas a escuridão também envolveu a Sua alma. Ele estava aterrorizado com a segunda morte que enfrentava. “Por que me abandonaste?” foi o Seu grito desesperado. E Ele esperou na escuridão pela resposta.
Jesus não nos diz para fazer o que fez; Ele apenas diz-nos para crer no que Ele fez, ou seja, apreciar o fato. E o que Ele fez? Construiu uma ponte sobre a escuridão total de desespero, uma ponte sobre o abismo da perdição humana, uma ponte que chamamos de “expiação”. O Pai não reconciliou o Filho consigo mesmo; o Filho reconciliou-Se com o Pai. Em todo esse horror Jesus escolhe acreditar nas boas novas. Assim, “o amor [Ágape] nunca falha” (1ª Cor. 13: 8).
O seu “trabalho” não é fazer isso ou aquilo, realizar obras quando está “sem força”, mas o seu trabalho é “olhar” para Ele na cruz. Ali é o lugar onde Ele foi feito “pecado por nós, Aquele que não conheceu pecado,” tudo por nós; e ali é onde a graça muito mais abundante de Deus é revelada (2ª Cor. 5: 13-21).
Muitos perguntam: “O que é essa coisa chamada justiça? É uma palavra sobrecarregada; está sobre a minha cabeça; me ajude”. “A justiça dos retos os livrará, mas os transgressores serão tomados em suas próprias cobiças”! (Prov. 11: 6).
O pecado fez com que o mundo se tornasse “torto”, “ruim”, “errado”, “injusto”. A justiça é fazer tudo direito novamente. O que tem causado todo esse mal é o pecado. A justiça é, portanto, o oposto do pecado. Ela inverte o mal que o pecado tem causado, desfaz o que o pecado operou, desembaraça o nó que o pecado tem amarrado no universo de Deus, especialmente neste planeta.
A justificação é o que realizou Aquele a quem a Bíblia chama de “o Salvador do mundo” (João 4:42). Desatou o nó, inverteu o mal, trouxe o bom no lugar do mau, reconciliou inimigos tornando-os amigos de Deus, fez tudo quanto era torto ficar em linha reta, e fez todo errado se tornar direito.
O que é justificação pela fé? É quando o nosso coração pecador, alienado, aprecia a justificação que Ele realizou por nós; e isso é um coração e vida totalmente mudados. Você agora é um novo você.
Existe uma recompensa para viver a vida justa? Provérbios responde, Sim. “Os ímpios trabalham por um salário ilusório; mas o que semeia justiça recebe galardão seguro” (Prov. 11:18.). Sim, mas neste dia da expiação todo o desejo egoísta de recompensa é eliminado. Paramos de pensar nos nossos pobres e pequenos seres e nos tornamos totalmente focados numa recompensa para Jesus.
Sua obra final de ministrar a expiação é o fruto prático de crer no evangelho. Significa preparar-se para o encontro do Senhor quando Ele voltar, pronto para a transladação. E a motivação não é autocentrada: não é para que possamos obter uma recompensa, mas para que Ele possa ser “satisfeito” ao receber a Sua recompensa. Se Ele retorna e descobre que não estamos prontos, imagine a Sua decepção!
A boa notícia que apresentamos é centrada nEle, porque a nossa maneira de viver, a maneira como nos vestimos, o que fazemos com a nossa vida e os nossos talentos, e como gastamos o nosso dinheiro, tudo é para a glória dAquele que  morreu por nós e ressuscitou . Ele merece de nós vidas de total consagração. Seu sacrifício nos livra da escravidão virtual da obsessão mundana com o ego. Este mundo escuro merece ver um povo que não teme ser diferente—para Sua honra e glória.
Mas é hora de uma mudança de paradigma do pensamento: a questão não é o medo egocêntrico pela nossa própria salvação (que em grande parte permeia a lição deste trimestre), mas uma nova preocupação de que Cristo receba a Sua recompensa—não a de que “vamos usar uma coroa na casa de nosso Pai”, mas que, finalmente, ele receba a Sua Noiva.
-Paul E. Penno

Notas finais (a primeira é do tradutor):

1)        “Deixando Cristo o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor” (O Grande Conflito, pág. 614). Entretanto, naturalmente que continuarão a ter um Salvador. É lógico que isto não se trata de legalismo, eis que “Cristo vive” no crente, “não mais” ele (Gal. 2:20), além de estarem vivendo pela fé em Cristo. “É Deus que nos dá poder para vencer” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 943); “Aqueles que somente através da fé em Cristo obedecem aos mandamentos de Deus alcançarão a condição de impecabilidade na qual Adão viveu antes de sua transgressão” (MS 122, 1901; Comentário Bíblico Adventista, vol. VI, pág. 1118). “A cada um que se render completamente a Deus, é dado o privilégio de viver sem pecado” (Review and Herald, Sept. 27, 1906); “É nosso privilégio ser ‘participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.’ Então estamos purificados de todo pecado, todos defeitos de caráter. Não temos que reter nenhuma propensão pecadora” (Review and Herald de 24 de Abril de 1900, e Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 943), e Ellen G. White citou, nesta ocasião, Efésios 2: 1-6; “Cristo morreu para tornar possível a você viver sem pecado” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 144); “Ser redimido significa cessar de pecar” (Review & Herald, 25 de Setembro de, 1900); “Os que estiverem vivendo sobre a Terra, quando a intercessão de Cristo cessar no santuário celestial, deverão, sem mediador, estar em pé na presença do Deus santo. Suas vestes devem estar imaculadas, o caráter liberto de pecado, pelo sangue da aspersão. Mediante a graça de Deus e seu esforço diligente, devem eles ser vencedores na batalha contra o mal” (O Grande Conflito, pág. 425); ver diversas outras citações do Espírito de profecia no site: http://exaltandoaverdade.blogspot.com.br/2011/03/por-que-devemos-estudar-humanidade-de.html
2] A oposição original para a mensagem de 1888 afirmava que a justificação pela fé é meramente perdão por “pecados do passado”, como é o atual entendimento de muitos adventistas do sétimo dia. Quando a justificação pela fé é entendida como mero perdão pelos pecados do passado, de modo que a verdadeira mudança de coração ocorre apenas em santificação, há uma inevitável recaída ao legalismo. Quando Waggoner viu que “só existe uma coisa neste mundo de que um homem precisa, e isso é justificação” (General Conference Daily Bulletin [Boletim Diário da Conferência Geral de 1891], pág. 74, de 11 de março de 1891), ele não estava ecoando a doutrina da “nova teologia” de que a justificação pela fé é apenas uma declaração legal, e que a obediência não é necessária. Ele viu o glorioso poder da justificação pela fé, uma verdade que nos levou mais de um século para entender.
3] Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 366;                    
4] Idem, pág. 394.
Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99
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