terça-feira, 7 de julho de 2015

Lição 2— Abraão: o primeiro missionário, por Roberto Wieland



Para 4 a 11 de julho de 2015

Na introspecção da lição da semana passada afirmou-se: Após o pecado ter levado o homem a fugir de Deus, Ele chamou um homem que esteve disposto a ouvir a Sua voz, Abraão: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção” (Gên. 12:1, 2). ... O objetivo desta chamada especial foi fazer de Abraão e sua “nação” uma bênção para todo o mundo: “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (vs. 3).
Sendo que a nossa lição da Escola Sabatina dá um interessante relato da progressão da vida e vocação de Abraão, não vamos repassá-lo aqui. Nosso foco estará nas promessas de Deus a Abraão, e como uma compreensão dos dois concertos tornou-se um dos aspectos mais importantes da mensagem de 1888.
O que impressiona muitas pessoas com a beleza daquela “mui preciosa mensagem” (*TM 91)  é sua visão especial do novo concerto, uma “mui preciosa Boa Nova”. Em termos simples, a visão da mensagem de 1888 é a seguinte: a Nova Aliança (*o Novo Concerto) são as promessas de Deus; o velho concerto foram as promessas do povo.
Herdado de séculos de controvérsia, a visão cristã em geral das duas alianças é de que se tratavam de duas “dispensações”. Presumia-se que Deus havia inventado a Antiga Aliança para estar em vigor até ao tempo de Cristo, quando uma nova “dispensação” iria começar como primeira manifestação da Nova Aliança.
À época da assembleia da Associação Geral de 1888, era difícil encontrar quaisquer dois dentre nossos líderes ministeriais que pudessem concordar sobre os detalhes. Nesse contexto surgiram os “mensageiros especiais” (A. T. Jones e E. J. Waggoner) a quem o Senhor tinha “enviado”. Eles declararam que a ideia “dispensacionalista” não é ensinada na Bíblia. As duas alianças não são questões de tempo, ou dispensações: elas seguem lado a lado por toda a história desde a queda do homem no Jardim do Éden. São questões de convicção do coração. Era possível para as pessoas que viviam ao tempo do Antigo Testamento estar vivendo sob a Nova Aliança se tivessem verdadeira fé em Cristo; é possível que vivamos hoje sob a Antiga Aliança, se não entendermos a Boa Nova do Evangelho.1
O testemunho de Ellen White é vital, mas ela sempre quis que nos baseássemos principalmente na evidência bíblica sobre este importante assunto. Waggoner e Jones tinham sido habilitados pelo Espírito Santo para romper o nevoeiro que se havia fechado sobre esse assunto por muitos séculos. A Bíblia tornou-se clara para eles, uma vez que captaram a importância do tema do grande conflito entre Cristo e Satanás e viram a justificação pela fé sob esta luz. Numa visão dada a ela em 1890 foi-lhe mostrado, “Desde que fiz a declaração de sábado passado de que a visão das alianças como tinha sido ensinada pelo irmão Waggoner era verdade, parece que grande alívio veio para muitas mentes.”2
A promessa original da Nova Aliança era que Deus prometeu em Gênesis 3:15 — um  Salvador que feriria a cabeça de nosso inimigo, Satanás. Deus não fez nenhuma menção de que Adão e Eva teriam que prometer nada em troca.
O apóstolo Paulo cita as promessas de Deus a Abraão como a afirmação mais clara da Nova Aliança (Gál. 3:8-18). Há sete promessas maravilhosas em Gênesis 12: 2, 3, tudo para Abraão e seus descendentes pela fé: (1ª) “Farei de ti uma grande nação; (2ª) e te abençoarei, (3ª) e engrandecerei o teu nome; (4ª) e tu serás uma bênção; (5º) e abençoarei os que te abençoarem, (6ª) e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; (7ª) e em ti todas as famílias da terra serão abençoadas”.
Mais tarde (Gên. 13: 14-17; 15: 5) Deus prometeu dar a Abraão não só a terra de Canaã, mas toda a Terra por sua “possessão eterna”, sobre que Waggoner ironicamente comentou dever incluir também a vida eterna, ou ele não poderia desfrutá-la, e isso significava também que deve incluir a justificação pela fé necessária para herdá-la.3 Em outras palavras, na visão de Waggoner (que, como mencionado anteriormente, Ellen White endossou pela sua visão), a Nova Aliança era a essência do “evangelho eterno”, a justificação pela fé, que é a “terceira mensagem angélica”.
Waggoner e Jones foram impressionados com o fato de que quando o Senhor fez essas sete promessas (e outras) a Abraão, Ele não pediu a Abraão que fizesse promessa alguma em troca. Em vez disso, pediu a Abraão que acreditasse que a Sua palavra viria a se realizar. Eles insistiram que quando o Senhor “faz uma aliança”, é uma promessa unilateral de Sua parte.
“Isso é tudo que podemos fazer — receber. Deus nos promete tudo o de que precisamos, e mais do que podemos pedir ou pensar, como um presente. Nós Lhe damos a nós mesmos, que não é nada. E Ele nos dá a Si mesmo, e isto é tudo. O que constitui todo o problema [aqui ele se refere à oposição que vem recebendo dos irmãos] é que, mesmo quando os homens estão dispostos a reconhecer o Senhor em tudo, querem fazer barganhas com Ele. Querem que seja um negócio de igual para igual — uma transação na qual eles podem considerar-se em pé de igualdade com Deus”.4
“O evangelho foi tão pleno e completo nos dias de Abraão quanto sempre foi e sempre será. Nenhuma adição a ele ou mudança nas suas disposições ou condições poderia ser feita após o juramento de Deus a Abraão. Nada pode ser tirado dele como existia, e coisa alguma pode ser exigida de qualquer homem mais do que o que foi exigido de Abraão”.5
A resposta de Abraão às promessas de Deus foi a simples palavra hebraica  ‘AMEN’, o que implica uma apreciação sentida de coração, um acordo de coração com Deus, um compromisso de coração a Ele, assim como quando dizemos “amém” a algo com que concordamos plenamente. Isso é o que Deus quer de nós, pois Ele sabe que isso também irá produzir toda a obediência que a lei exige.
A Nova Aliança foi o pilar central da “mui preciosa mensagem” de 1888, e são as melhores boas novas para missões que poderia ser dada ao mundo. (*É nosso desejo) que a sua verdade seja ressuscitada na Igreja Adventista do Sétimo Dia.

--Extraido dos escritos de Robert J. Wieland
Notas:



1)             Uma clara apresentação deste assunto é encontrado em dois dos livros de Waggoner : The Glad Tidings,  [Boas Novas], e The Everlasting Covenant [O Concerto Eterno]. Você os pode encontrar em português em nosso blog: HTTP://agape-edicoes.blogspot.com).
“O Concerto Eterno”: Os capítulos 1º até o 43º foram postados em agosto de 2010; os capítulos 44º a 47º em setembro de 2010. O índice geral deste livro foi postado em 15 de setembro de 2010.
“Boas Novas”, foi todo postado em um único dia, em 31 de outubro de 2011.
Para localizar um determinado capítulo, na coluna da direita do blog clique no ano desejado e nos meses acima indicados;
2)             Materiais de Ellen G;. White sobre 1888, vol.2, pág. 623, 2ª página da carta W-30 de 1890, págs. 622 a 626. Veja também a pág. 604 da carta S-59 de 1890, págs. 599 a 605. Em ingles você tem este material (The Ellen G. White 1888 Materials,) postado em 1888mpm.org;

3)             Ellet J. Waggoner, The Glad Tidings, [Boas Novas],  pág. 72;                      
4)             Idem, pág. 71;                                      
5)             Idem, pág. 73.
                                                                    
 

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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