quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Lição 7 — Jesus desejava o bem das pessoas,



Para 6 a 13 de agosto de 2016


Até agora aqueles que estudam as lições deste trimestre têm notado que para uma igreja ser uma força em ganhar almas na comunidade deve demonstrar um tipo especial de amor pelas pessoas. A mensagem de 1888 depende de uma compreensão adequada do amor “ágape” de Deus, que é tão diferente da palavra única em nosso idioma para amor, usada para abranger tantas facetas do conceito. A palavra “‘ágape” é usada muitas vezes no Novo Testamento, e considerando alguns casos vai ajudar a entender o seu verdadeiro significado:
Mateus 24:12: “Porque com o aumento da iniquidade, o amor [ágape] esfriará de quase todos”.
Lucas 11:42: Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor [ágape] de Deus. Importa fazer estas coisas, e não deixar as outras”.
João 5:42: Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor [ágape] de Deus”.
João 3:35: “O Pai ama o Filho [com ágape] e todas as coisas entregou nas suas mãos”.
Romanos 5: 5: “A esperança não decepciona, porque o amor [ágape] de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (todos estes textos bíblicos são da New American Standard Bible).
Há muitos outros, mas mesmo esses poucos textos nos dizem que o verdadeiro amor de Deus é dado aos seres humanos por Deus, porque não têm isso naturalmente dentro de si. É compartilhado entre os Seres da Divindade. Nós, seres humanos, seríamos totalmente desprovidos desse amor altruísta se Deus não o derramasse em nossos corações, e mesmo assim nos foi dado o Espírito Santo, que deve direcionar este amor a nossos corações e mentes.
Desejar genuinamente o bem para os outros é um padrão impossível sem o “ágape” de Deus. A dramática história de Jonas demonstra alguém que acreditava que devemos “amar uns aos outros” em teoria, mas na prática ele falhou. Se Jonas estivesse disposto a ver a si mesmo como Deus o via, ele teria percebido o seu colossal egoísmo. Na verdade, ele se ressentia por Deus ter perdoado o povo de Nínive, quando se arrependeu. Ele estava mais interessado em preservar a sua reputação como profeta.
A história da cura do cego, relatada em Marcos 8, contrasta o arrependimento de Nínive com a obstinada rejeição de Cristo em Betsaida. E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos [visão restaurada], disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam. Depois disto, tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e o fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu a todos claramente. E mandou-o para sua casa, dizendo: Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia” (vs. 22-26).
Por que Jesus o conduziu para fora da aldeia, e depois da cura disse-lhe para ir para casa sem entrar na aldeia? Em Mateus 11:21, descobrimos que Betsaida era uma das cidades sobre que Jesus havia pronunciado julgamento, tendo dito, “Ai de ti Betsaida! Porque, se os milagres que foram feitos em vós, tivessem sido feitos em Tiro e Sidon, iriam se arrepender há muito tempo ...” (NVI).
Num triste contraste com o arrependimento da Nínive pagã, Betsaida tinham rejeitado a Jesus e a Sua mensagem. Não havia nenhum valor em revelar-lhes mais uma prova da identidade de Cristo. Quando o cego foi levado a Cristo, aparentemente ninguém na cidade estava interessado o suficiente para segui-los quando Jesus o levou para fora da cidade, portanto, eles deixaram de testemunhar o milagre. Rejeitar ou mesmo desprezar a preciosa mensagem de Cristo e Suas bênçãos significa perdê-las. Se Deus não pode ganhar os nossos corações com bênçãos concedidas, Ele tentará fazer-nos conscientes da nossa cegueira, retirando essas bênçãos. Betsaida não estava disposta a ver e, portanto, não as verá.
Na realização do milagre, Jesus começou cuspindo-lhe nos olhos e impondo as mãos sobre o homem. Não é uma prática incomum na medicina daqueles dias, e isso deve ser visto como um paralelo ao conselho que Cristo dá à igreja de Laodiceia de obter colírio para ungir aqueles que são cegos espiritualmente (Apoc. 3:18).
Surpreendentemente, quando o homem abriu os olhos, o milagre não estava completo. Quando indagado sobre o que via, ele disse que via o que percebeu serem homens, mas eram como árvores andando. Seria fácil explicar essa estranha percepção como simplesmente a confusão inicial do novo crente, o que é uma aplicação adequada. Mas talvez haja algo mais profundo. Por que usar uma árvore? O idioma inglês tem um coloquialismo comum que descreve uma pessoa desesperada e confusa como “correndo por aí como uma galinha de cabeça cortada”. Por que aquele homem não viu uma galinha?
O que imaginamos quando pensamos numa árvore? Uma árvore é algo que cresce no solo e tem raízes que a ancoram no chão. Espera-se que produza algo benéfico para o seu ambiente, seja frutas, nozes, folhas, sementes, sombra, ou apenas transforme dióxido de carbono em oxigênio. Ela fornece um habitat para as aves, pequenos animais e insetos. No Jardim do Éden, uma árvore provia um fruto de sustentação da vida. Quando pecaram, Adão e Eva escolheram as folhas de uma figueira para se cobrirem. Quando Cristo viu uma figueira que tinha folhas mas nenhum fruto, Ele a amaldiçoou. O que acontece se a árvore decide ser como os homens e andar por aí? Ela não mais estará arraigada e alicerçada a sua fonte de vida.
Ao longo da história, Deus deu aos seres humanos mensagens sobre quem Ele é e que Ele nos ama incondicionalmente. Ao virem e irem gerações, essas instruções se tornaram distorcidas por lembranças humanas e inclusão do pensamento humano. A nação judaica tinha a verdade sobre Deus tão distorcida que a sua confusão a impediu de reconhecer o Messias quando Ele veio. A igreja apostólica recebeu o verdadeiro evangelho de Sua exposição ao ensino direto de Cristo, mas a mesma distorção ocorreu com a inclusão de ideias humanas de inspiração satânica. Os reformadores começaram a tarefa de focar novamente o verdadeiro evangelho da salvação pela fé somente.
Infelizmente, o mesmo ciclo mortal aconteceu novamente e Deus levantou um pequeno grupo, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, à qual foi dada a mensagem especial para a Igreja do tempo do fim quanto ao entendimento do sábado e da purificação do santuário. Mais uma vez, essa mensagem foi distorcida com conceitos de legalismo, que retirou o poder de nossos argumentos sobre o sábado e a mensagem do santuário.
 “‘Quando estiverdes trabalhando num lugar onde as almas estão apenas começando a remover as escamas de seus olhos, vendo os homens como árvores que andam, tende muito cuidado para não apresentar a verdade de forma a despertar o preconceito, e fechar a porta do coração para a verdade. Concordai com as pessoas em todos os pontos onde puderdes coerentemente fazê-lo. Deixai-as ver que amais as suas almas, e quereis estar em harmonia com elas, tanto quanto possível’.  Depois acrescentou, com um toque de tristeza, 'Oh que eu pudesse impressionar a todos sobre a necessidade de trabalhar no espírito de Jesus, porque já foi demonstrado que as almas aqui na Europa se afastaram da verdade por causa de uma falta de tato e habilidade em apresentá-la’”.1
Mais uma vez, Deus levantou mensageiros para restabelecer os grandes conceitos de revelar o “ágape” de Deus pela doutrina da justificação pela fé somente,  sem contribuição das obras dos seres humanos como sendo o único meio de salvação. A menos que estejamos arraigados e alicerçados no amor “ágape”  de Deus pela fé, seremos como os homens que são árvores que andam. Aqueles que têm o privilégio de estudar a mensagem dada aos “mensageiros”, de 1888, Jones e E. J. Waggoner, e Ellen White, têm uma séria responsabilidade de que o nosso próprio arrependimento é profundo, e nosso entendimento está enraizado e fundamentado no testemunho direto da Testemunha verdadeira. O nosso próprio arrependimento não pode ser superficial.
“Escrevo isto porque muitos na igreja são-me representados como vendo os homens como árvores andando. Eles devem ter outra experiência mais profunda antes de discernir as armadilhas espalhadas para apanhá-los na rede do enganador. Não deve haver trabalho feito pela metade agora. Ora, o Senhor apela por homens e mulheres firmes e decididos para permanecerem na brecha, e se tornarem barreiras [Isaías 58: 12-14 citado].
“Há um decidido testemunho para ser levado por todos os nossos ministros em todas as nossas igrejas. Deus tem permitido que apostasias tenham lugar a fim de mostrar quão pouca dependência pode ser colocada no homem. Devemos sempre buscar a Deus ...”2
O paralelo entre “homens vendo como árvores andando” e a mornidão de Laodiceia é evidente. Jesus apela a Seu povo para se arrepender. De que deve se arrepender — de  legalismo? O arrancar de árvores de sua fundação e a causa da mornidão na Igreja é a condição do legalismo. A Igreja Adventista do Sétimo Dia é legalista porque, para todos os efeitos práticos, a sua compreensão da fé é motivada por uma fuga egoísta e individualista do inferno e a esperança de recompensa no céu.3 Quando há uma convergência de indivíduos que trocam o seu amor auto-centrado pela verdadeira motivação de fé no amor de Deus, então o testemunho direto da Testemunha Verdadeira terá realizado o seu trabalho, e haverá uma explosão de evangelismo que a Terra jamais testemunhou.
A árvore que está enraizada e aterrada alcança a umidade e se alimenta profundamente de dentro do solo. Então devem nossas raízes chegar aos profundos mistérios tão prontamente disponíveis para aqueles que estão dispostos a estudar a palavra de D.

Arlene Hill


Notas:                                                                                                      

1)        Ellen G. White na Europe 1885-1887, "Presenting the Truth in Love" [Apresentando a verdade em amor] pág. 69.

2)       Comentário Bíblico Adventista , vol 4, pág. 1152, Ellen G White.


Notas adicionais:
Esta introspecção, em inglês está na Internet em: http://1888mpm.org
O video do Pastor Paul Penno sobre esta lição, em inglês, está na Internet em:
https://www.youtube.com/watch?v=pf7Yx1jL7Bw

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.
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