terça-feira, 15 de novembro de 2016

LIÇÃO 8, — SANGUE INOCENTE, por Arlene Hill



Para 12 a 19 de novembro de 2016

Todos os argumentos que Jó e seus amigos levantam para explicar a miséria que Jó está vivenciando estão baseados num mal-entendido do amor de Deus. É natural para nós (*pecadores) que projetemos nossas próprias inclinações a Deus. Pensamos que quando Deus presta atenção a nós, negativa ou positivamente, Ele está respondendo a algo que fizemos ou não fizemos. É um tipo de manipulação.
Essencialmente, os amigos de Jó estão argumentando que os seus problemas foram causados ​​ou permitidos por Deus por causa de algum pecado que Jó está abrigando ou ignora. Jó argumenta que não sabe de nada disso, e que suas ações e intenções só foram boas. Ambas são maneiras erradas de pensar sobre Deus. A ideia de que Deus é justificado em permitir que inocentes sofram tortura e morte porque todos pecaram é uma extensão simplista do argumento dos amigos de que coisas ruins nos acontecem porque somos maus. Alegar que Deus pode torturar ou matar alguém que deseje é projetar sobre Ele intenções sádicas e caprichosas mais adequadas a Satanás.
Deus é amor, Ágape. Ele ama a Sua criação porque isto é da Sua natureza. E na Sua natureza, não nas nossas ações, está o porquê de Ele nos amar. A demonstração derradeira da extensão do Seu amor foi a cruz onde Deus, em Cristo, reconciliou Sua criação, mesmo quando em rebelião contra Ele. Este conceito é fundamental para a mensagem de 1888. O entendimento de que Deus nos ama simplesmente porque somos Sua criação é a base do evangelho.
Em outras palavras, por causa da cruz de Jesus, o Pai pode “fazer com que Seu sol se levante sobre o mau e o bom, e envie chuva sobre o justo e o injusto” (Mat. 5:45). Ele agora estava livre para tratar “cada homem”, crentes e incrédulos, como se nunca tivessem pecado.
Porque Ele é amor, Deus deu a Suas criaturas rebeldes um caminho para sair de sua difícil situação no Éden. Ao contrário da “conferência” celestial com Jó, Satanás nem sequer ficou para ouvir o plano de Deus para consertar a confusão a que havia conduzido Adão e Eva. Podemos olhar para a metáfora do bebê recém-nascido indesejado em Ezequiel 16:6 e ver o que o maligno queria fazer com os seres humanos. “E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água para te limpar... Não se apiedou de ti olho algum, para te fazer alguma coisa disto, compadecendo-se de ti; antes foste lançada em pleno campo, pelo nojo da tua pessoa, no dia em que nasceste” (Eze. 16:4, 5). Mas Deus veio, limpou e alimentou-a para que pudesse viver.
Esta não é uma imagem de um Deus que precisa nos fazer sofrer para satisfazer algum prazer perverso como um gato brinca com um rato. Podemos ver a imagem de um Pai terno que apóia e disciplina Seu filho perdido. Sem dúvida, a disciplina não era divertida para ele, mas era necessária para fazer o seu caráter completo e maduro. Deus não permitiu que Satanás tornasse Jó miserável apenas para a Sua própria diversão. Ele conhecia a força do caráter de Jó e permitiu que o sofrimento o amadurecesse e demonstrasse ao universo observador o fato de que Deus poderia fazer isso por um ser humano disposto. 
Se o leitor me permitir uma história pessoal, creio que esta ilustração ajuda: Quando minha irmã e eu éramos pequenas, nossos pais nos levaram para a Disneylândia. Estávamos tão entusiasmadas que tivemos problemas para dormir no hotel na noite anterior. Nosso pai ficou tão exasperado que avisou que o próximo a falar ganharia uma surra. Eu sussurrei algo para minha irmã, mas ele pensou que ela estava falando e levou as palmadas que eu merecia. Lamento admitir, eu não falei nada.
É esta a imagem que temos de Deus? Pensamos que Ele comete erros sobre quem merece castigo e caprichosamente prepara disciplina para satisfazer a Sua ira? Como podemos “em tudo nos regozijar” aceitando a disciplina de Deus quando pensamos que Ele é assim?
Como adulto, eu posso entender as ações do meu pai. Uma viagem de 8 horas com duas crianças de 5 e 7 anos provavelmente não foi agradável. Todos precisávamos dormir. Nossos pais queriam que desfrutássemos o dia seguinte, e estar cansado e irritadiço teria impedido nossa diversão. Sua motivação para estabelecer limites era realmente o amor por seus filhos. Aos 5 anos de idade, eu certamente não era suficientemente madura para entender isso.
Deus é nosso Pai perfeito e nos ama muito mais do que nossos pais terrenos. Ele nos castiga porque nos ama. Ele não comete erros. Se insistimos em entender mal os seus motivos, Ele nunca pode nos mover para a fé madura.
Como é a fé madura? “Portanto, tendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom. 5: 1). Ellet J. Waggoner escreveu: “A maioria das pessoas tem a ideia de que [paz] é uma espécie de sentimento extático. ... Mas a paz com Deus significa a mesma coisa que representa para os homens: é simplesmente a ausência de guerra. Como pecadores, somos inimigos de Deus. Ele não é nosso inimigo, mas nós somos Seus inimigos. Ele não está lutando contra nós, nós é que estamos lutando contra Ele. Como, então, poderemos ter paz com Ele? Simplesmente deixando de lutar, e baixar os braços. Podemos ter paz sempre que estivermos prontos para parar de lutar” (Waggoner sobre Romanos, pág. 5.93).
Como isso aconteceu com Jó? A maior parte de sua defesa foi baseada em sua integridade. No capítulo 31, ele lista suas boas intenções e suas boas ações que as sustentavam. No final do livro, depois que Deus falou, Jó não tem nada a dizer. “Então Jó respondeu ao Senhor e disse: ‘Eis que eu sou insignificante; O que posso responder a Ti? Coloco a mão na minha boca. Uma vez eu tenho falado, e não vou responder; Mesmo duas vezes, e não acrescentarei mais’” (Jó 40: 3-5).
Ele parou de lutar, disposto a deixar que Deus fosse o seu juiz. As opiniões de seus amigos não importavam porque ele estava em paz com Deus. “Note que quando temos paz com Deus não estamos simplesmente em paz com Ele, mas temos a Sua paz. Esta paz foi deixada na terra para os homens; Porque o Senhor disse: ‘Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou’ (João 14:27). Ele a deu a nós. Já é nossa. Sempre foi nossa. O único problema é que não acreditamos nisso. Tão logo crermos nas palavras de Cristo, então teremos verdadeiramente muita da paz que Ele nos deu. E é paz com Deus, porque encontramos a paz em Cristo, e Cristo habita no seio do Pai (João 1:18)”.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street, Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642. Ela também foi oradora do seminário “Elias, convertendo corações”, realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.

Nota: Asteriscos (*) indicam acréscimos feitos pelo tradutor.

Notas:                                                                                                                                         
O vídeo, em inglês, do Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,

Esta introspecção, em inglês, está na Internet, acesse:  http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Outline, 2016 / 4th quarter / The book of Jobe.

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