Para 29 de outubro a 5 de
novembro de 2016
É um poderoso, persuasivo e, de certa forma, bonito sermão que Elifaz
prega a Jó. “Meu amigo Jó, eu quero lhe trazer todos os recursos de conforto e
sabedoria conhecidos no mundo dos moralmente bons e religiosos. Quero
serenamente incentivá-lo a ser coerente com as suas crenças, ser realista sobre
a nossa condição mortal, ser humilde e não ter ideias acima de si mesmo, e de
bom grado submeter-se à disciplina amorosa de um Deus bom”.
Elifaz indaga, “É possível que os
seres humanos estejam em relacionamento correto com Deus, postarem-se diante de
Deus limpos e puros em Sua presença?” (Jó 4:17). A resposta da religião
humana: Não há nenhuma maneira em que os seres humanos imperfeitos mortais
possam ficar limpos e justos na presença de Deus.
Temos nosso fundamento de pó (4:19). Podemos ser esmagados tão
facilmente quanto você esmaga uma traça. Acordamos uma manhã cheios de
esperança e força, mas à noite estamos mortos, voltando ao pó de onde viemos
(4:20). “Então, seja realista, Jó”,
diz Elifaz, “Nós somos mortais, Deus é
imortal, e nunca os dois se encontrarão” (4:21).
Elifaz suscita a questão de saber se pode haver um ser sobrenatural,
celestial, que irá mediar entre os mortais impuros, feitos de pó, e o Deus
imortal. Ele diz que isso não pode ser (5:1). O céu é simplesmente por demais
inacessível aos mortais. “Então”, diz
Elifaz, “não há por que ficar todo
ardente e incomodado com tudo isso, e, especificamente, sobre o que aconteceu
com você. Seria insensato, ficar de cabeça quente,
impulsivo” (5:2).
Elifaz transmite o seu apelo. “Vi
o que acontece com os tolos, pessoas que ficam iradas e incomodadas com a
injustiça, parecem ser resolvidas e seguras”. Como um homem sábio, Elifaz
observou que a casa do tolo era amaldiçoada (5:3).
Elifaz observa que coisas ruins acontecem a pessoas que recebem ideias
acima da sua condição no que respeita a Deus. “Esteja avisado, Jó, e não aja
assim”. O desastre advém ao tolo. Problemas não aparecem simplesmente do nada
(do chão), mas são o resultado do pecado humano (5:6).
Elifaz começa a dar o seu conselho claro a Jó. “Se eu fosse você”, ele diz: “iria
volver o rosto a Deus e buscar a Sua face” (5:8). Eu confio nEle. E eu não
iria tentar ser por demais inteligente”.
Ele é o Deus que levanta as pessoas humildes e pobres (5:11). Mas é
também o Deus que não podemos compreender (5:9). Faz muitas coisas, e não
podemos procurar compreendê-las. Então não vamos tentar ser muito inteligentes
e arrogantemente achar que podemos ser mais sábios do que Deus.
Eles acham que podem suplantar a Deus e ser mais sábios do que Deus. Mas
Deus sempre frustra os seus esquemas. “Ele
apanha os sábios na sua própria astúcia” (5:13). Esta afirmação é
verdadeira (1ª Cor. 3:19). Deus faz tropeçar os homens e mulheres que tentam
ser muito espertos para o seu próprio bem.
Elifaz pensa que Jó está em perigo de fazer isso, e por isso avisa: “Não faça isso, ou o fim para essas pessoas
é que quando pensam tudo está claro, não podem entender o que está acontecendo
em absoluto, e estão caminhando em trevas” (Jó 5:14).
O que há de errado com o conselho de Elifaz? O que há de errado em
exortar Jó a ser coerente, realista, humilde e submisso a Deus? O que há de
errado em exortar Jó a ser coerente com as suas crenças, de ser realista sobre
nossa condição mortal, ser humilde e não ter ideias acima de si mesmo, e de bom
grado submeter-se à disciplina amorosa de um Deus bom? A verdade é que
descrentes e crentes sofrem igualmente.
O fato é que todos os pecados do mundo dos pecadores perdidos foram
suportados pelo Salvador. Ele pagou a penalidade e tem suportado a ira para
cada um dos seus pecados, conscientes e inconscientes, passados, presentes e
futuros. Segue-se que nenhum sofrimento dos crentes e descrentes pode, no fim
de contas, ser um castigo por seu pecado. À luz da cruz, tudo é imerecido. E
ainda assim o mundo sofre.
Cristo não cometeu pecado; mas Ele sofreu o abuso e dor mais vis, até
mesmo a nossa “segunda morte”. Ele é
chamado de “príncipe dos doentes.”
Mas o que sofreu é o que nós teríamos sofrido, se não tivesse sofrido em nosso
lugar:
“Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e
moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele;
e pelas Suas pisaduras fomos sarados. Todos nós como ovelhas, nos desviamos,
voltando-nos cada um ao seu próprio caminho: mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos” (Isa.
53:4-6). Isso poderia muito bem ser traduzido em linguagem moderna: “O Senhor fez cair sobre Ele a sorte de
todos nós”.
Deus não Se tem acomodado em sublime indiferença, sem sentir nada de
nossa desgraça. A ideia que declara que o mal é irreal, que Deus não pode
sentir isso, é contrariada na Bíblia. Deus Se sente mal. Ele é infinitamente
perturbado por isso, precisamente porque Ele mesmo não é mau. Ele está tão
preocupado com isso que mergulhou no mar do pecado humano, tomou sobre Si a sua
penalidade completa e, portanto, purificou a corrente da humanidade que irá
aceitar a Sua salvação.
Então haverá qualquer significado para os sofrimentos que ainda
suportamos? Sim, muito. A ideia de 1888 de receber a expiação de Cristo oferece
uma resposta para o sentido dos nossos sofrimentos, que nenhuma filosofia
humana, como a de Elifaz, pode proporcionar. Paulo apela aos que amam a
verdade: “Regozijo-me
agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de
Cristo, pelo Seu corpo, que é a igreja” (Col. 1:24).
E. J. Waggoner escreveu: “... Os sofrimentos são de Cristo, ... Ele os
sente, e sendo dEle, é capaz de em nós suportá-los, e não precisa tremer pelo
resultado. Para sermos salvos temos de ser identificados com Ele, e para sermos
identificados com Ele devemos ser participantes dos Seus sofrimentos. Foi como
os mártires se capacitaram a suportar com coragem as terríveis provações pelas
quais entregaram as suas vidas. Seus sofrimentos foram os sofrimentos de
Cristo, uma parte do que foi ‘deixado para trás’ depois que ressuscitou dos
mortos, e Ele as suportou em seus corpos.
‘Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores’. As
aflições podem ser chamadas nossa, mas é Ele que as suporta”. [1]
Quando os olhos da fé visualizam os sofrimentos de Cristo, imediatamente
percebemos um parentesco com Ele; nos tornamos um com Ele; isso “para
conhecê-Lo ... e à comunicação de Suas aflições, sendo feito conforme à Sua
morte” (Fil. 3:10). Nossos
sofrimentos estão em “comunhão” com os Seus sofrimentos no que compartilhamos
com Ele o privilégio de demonstrar a vitória da fé sobre o mal. Nada é em vão.
O verdadeiro discípulo deve compartilhar a vida de seu Mestre. Jesus disse: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse:
Não é o servo maior do que seu senhor. Se eles Me perseguiram, também vos
perseguirão a vós” (João 15:20).
Perseguição e sofrimento são muito difíceis de suportar se pensarmos que
é Deus quem os inflige. Mas, se sabemos que o agente é Satanás, podemos
suportá-los com alegria porque percebemos uma “comunhão” com Cristo. O
sofrimento já não é inútil e sem sentido. Se fôssemos transportados para um
lugar de recompensa (céu) sem que tenhamos experimentado o sofrimento nesta
vida, iríamos nos sentir miseravelmente fora de lugar na presença de Jesus, que
teve que suportar tanta perseguição e sofrimento por nossa causa. Os seres
humanos que querem ter comunhão com Deus em qualquer nível também devem ter
comunhão com Ele no sofrimento. Só então serão capazes de apreciar o Seu dom da
salvação.
—Paul E. Penno
Notas finais
[1] E. J. Waggoner, “The
Sufferings of Christ,” The Present Truth,
(A Verdade Presente), 6 de Junho de 1895; ênfase acrescida.
Notas:
O vídeo, em inglês, do
Pastor Paul Penno sobre esta lição, gravada com um sábado de antecedência,
está
na Internet em: https://www.youtube.com/watch?v=DrctkXzt6j4
Esta introspecção, em inglês,
está na Internet, acesse: http://1888mpm.org
Depois, clique em SABBATH SCHOOL TODAY / Ouline, 2016 / 4th
quarter / The book of Jobe.
Paulo
Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na
Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no
endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi
ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na
Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos
escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva
Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele
escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja
Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos
sobre vários conceitos da mensagem de 1888. Ele foi jubilado em julho de 2016. O
pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós
usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador
do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de
2015, realizado na igreja adventista Valley
Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center,
Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam
acréscimos do tradutor.
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