quarta-feira, 6 de junho de 2018

Lição 10 — América e Babilônia, por Ana Walper



Para 2  a 9 junho de 2018

Da lição da segunda-feira, 2º parágrafo lemos: “A primeira besta, há muito tempo vista pelos protestantes como sendo Roma, foi retratada como tendo recebido poder por quarenta e dois meses (Apo. 13:5). Os quarenta e dois meses correspondem a ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’ de Daniel 7:25, ou três anos e meio (Apo. 12:14) ou ainda 1260 dias proféticos (Apo. 12:6) — o tempo durante o qual o poder papal oprimiu seus oponentes. Esse período de tempo profético (usando o princípio do dia/ano) começou com a supremacia do papado, em 538 d.C., e terminou em 1798, ano em que o papa foi levado em cativeiro. Nesse momento, o poder papal recebeu sua ferida mortal, e a profecia foi cumprida.”
Três foram as nações arianas que se opuseram ao papado: os Hérulos, os Visigodos (= godos do Oeste) e os Ostrogodos (= godos do leste).
Os hérulos, que aceitaram a posição ariana, controlaram a cidade de Roma até 475 dC, quando o rei ostrogodo Teodorico destruiu o seu poder na Itália e assumiu o reino. Teodorico foi um rei benevolente e tolerante, que não perseguiu pessoas de religiões divergentes. Sob o seu governo, a paz reinou em toda a Itália, exceto na cidade de Roma. Lá a intriga papal e conflitos religiosos continuaram. O apelo foi feito ao imperador do setor oriental do antigo Império Romano por apoio político à reivindicação do papa de autoridade absoluta sobre assuntos civis e religiosos.
O imperador Justiniano entrou na briga, enviando uma carta de apoio ao papa em Roma, que atribuía toda honra e autoridade à “cadeira apostólica”, e reconhecia o bispo de Roma como o chefe de todas as igrejas do Império. Em junho de 533, o reino ariano dos vândalos no norte da África foi atacado pelo general Belizário de Justiniano. Em um ano, os vândalos foram destruídos e Belizário voltou o seu exército para a Itália e os ostrogodos arianos. Um grande exército da nação ostrogoda reuniu-se em Roma para defender-se da invasão. Eles resistiram ao cerco por mais de um ano, mas finalmente Roma foi perdida para Belizário em março de 538.
O último dos reis arianos foi destruído, e o poder político e religioso do bispo de Roma foi firmemente estabelecido através da união de igreja e estado, apoiada pelo exército do império. O bispo de Roma tornou-se o corretor de hereges e o criador de reis. “O sistema [pagão de Roma] que havia sido conquistado [pelo cristianismo] era aquele em que o Estado reconhece e faz uso da religião apenas por seu valor político, e apenas como servo do Estado. Isso era paganismo . . . O sistema estabelecido pela perversão do cristianismo . . . foi um sistema no qual o Estado é feito o servo da igreja. Esta era o papado”.1
 “Cristo colocou-Se diante de Seus discípulos como Aquele que possuía todo o poder no céu e na terra. ... Isso colocava Jesus Cristo acima do Estado, e colocava lealdade a Ele acima da lealdade ao Estado; o que negava a supremacia de Roma”.2A Grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra” (Apo. 17: 3-6) chegou ao poder em 538 dC montando a besta do governo civil, através da qual controlava as consciências dos homens. Em cumprimento das profecias de Daniel e Apocalipse, o controle dos assuntos civis e religiosos permaneceu sob o poder papal por 1260 anos, até 1798, quando uma “ferida mortal” foi infligida como resultado da rejeição da Revolução Francesa a todas as coisas concernentes ao Deus do céu — incluindo o ciclo semanal de sete dias estabelecido na criação.
Desde a conversão de Clóvis, rei dos francos, em 508 d.C., até a coroação de Carlos Magno pelo papa como imperador do Sacro Império Romano em 800 d.C., passando por todos os reis católicos franceses até Luís XVI, que foi decapitado pelos franceses revolucionários, a França tinha sido o mais forte partidário político do papado. Mas a França infligiu a “ferida mortal” em 1798, quando seu general Berthier capturou o papa Pio VI, e o papado foi destituído de seu poder eclesiástico e civil. Com a eleição de um novo papa, em 14 de março de 1800, o poder eclesiástico parcial foi restabelecido, mas apenas sobre um território restrito na Itália.
Num esforço para reafirmar-se como soberano sobre todas as nações e povos, o papado iniciou uma série de manobras políticas e proclamações eclesiásticas. Em 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX declarou que Maria foi concebida imaculadamente por sua mãe para proporcionar um útero sem pecado, através do qual o Filho de Deus poderia nascer em carne humana sem pecado, intocado pelas enfermidades da humanidade caída (contrariando a ensino bíblico de Hebreus 2:14-18). Durante o Concílio Ecumênico Vaticano I, uma declaração de infalibilidade papal foi feita em 18 de julho de 1870. O Tratado de Latrão entre o papado e o Partido Nacional Fascista na Itália, controlado por Benito Mussolini, foi assinado em 11 de fevereiro de 1929. Este tratado político criou o Estado do Vaticano e formou o território soberano da Santa Sé. Mas esta não foi a cura da “ferida mortal”. Essa ferida não será curada até que o papado mais uma vez detenha a autoridade civil e religiosa, controlando as consciências dos homens como fez durante 1260 anos.
Nos anos que antecederam a assembleia da Associação Geral de 1888 em Mineápolis, havia muito em andamento nos Estados Unidos que estava levando à união de igreja e estado neste país. Em 1861, uma denominação na Pensilvânia conhecida como Covenanters (*pactuantes), criou uma petição queixando-se que a Constituição dos EUA não fazia referência a Jesus Cristo e à lei de Deus. Sem considerar que se tratava de uma exclusão intencional, projetada pelos fundadores dessa nação para preservar a total separação entre igreja e estado, esse grupo da igreja presbiteriana tentou estabelecer uma conexão entre o pecado da escravidão e a “deficiência religiosa” da Constituição. Eles achavam que se o nome de Deus e um reconhecimento Dele e Sua lei fossem inseridos em algum lugar na Constituição, então nos tornaríamos mais semelhantes a Cristo, e a escravidão, a embriaguez e a devassidão desapareceriam da nação. A União de Temperança Cristã Feminina (WCTU) e a Associação Nacional de Reforma (NRA) foram formadas e fizeram deste argumento um movimento nacional. Eles procuraram fazer com que o Congresso escrevesse uma emenda à Constituição que tornaria a América uma “nação cristã” e “uma nação sob Deus”.
Na edição de 13 de janeiro de 1887 do periódico “Christian Statesman”, a revista oficial da NRA, foi declarado: “Nosso remédio para todas essas influências maléficas é fazer com que o governo simplesmente estabeleça a lei moral e reconheça a autoridade de Deus por trás dela,” e ponha a mão sobre qualquer religião que não esteja de acordo com ela. Que “religiões” não se conformavam com a ideia da NRA de religião apropriada? Num discurso proferido na convenção da Reforma Nacional de 1873 por Jonathan Edwards, vice-presidente da Associação, ele disse: “Usamos a palavra religião em seu próprio sentido, como significando uma relação pessoal de fé e obediência a Deus”. Ele passou a nomear aquelas que julgava que não tinham uma relação “adequada” de fé com Deus, e sua lista incluía os ateus, deístas, judeus e batistas do sétimo dia. “Todos estes são, nesta ocasião, e no que diz respeito à nossa Emenda, uma classe. Eles usam os mesmos argumentos e as mesmas táticas contra nós. Devem ser contados juntos”.3
Mais de 200 propostas de emenda buscando tornar a América uma “nação cristã” foram apresentadas no Congresso Americano entre 1894 e 1984. O movimento da Reforma Nacional se transformou na direita cristã no final dos anos 1970, e tem sido uma força notável na política desde então. Está associado a várias instituições e universidades, incluindo a Moral Majority (*A Maioria Moral), a Coalizão Cristã a focava na Família e o Concilio de Pesquisa Familiar.
Sob a proposta de “uma nação sob Deus”, a garantia da Primeira Emenda de liberdade de religião e liberdade de expressão seria aniquilada. Todas as pessoas, quer quisessem ou não, seriam compelidas a adotar a “religião” sancionada pelo Estado e impedidas de falar contra ela. Neste ponto, a “ferida mortal” será curada e a profecia chegará ao cumprimento. O segundo animal que surgiu “da terra” (uma área não civilizada do mundo) no “tempo do fim” (começando em 1798 quando a “ferida mortal” foi infligida ao papado) “falará como um dragão”. “e então a “imagem da besta” será feita e a profecia será cumprida. Então, “todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição [da Babilônia]” (Apo. 18:3).
As Escrituras nos dizem: “E exerce toda a autoridade da primeira besta [Roma papal] na sua presença e faz que a terra e os que nela habitam adorarem a primeira besta, cuja ferida fatal fora curada” (Apo. 13:12). Quando “A grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra” novamente “cavalga a besta” (Apo. 17: 3-6), a América se tornará o braço direito do papado. “Por um decreto que terá por objetivo impor uma instituição papal em contraposição à lei de Deus, a nação americana se divorciará por completo dos princípios da justiça. Quando o protestantismo estender os braços através do abismo, a fim de dar uma das mãos ao poder romano e a outra ao espiritismo, quando por influência dessa tríplice aliança os Estados Unidos forem induzidos a repudiar todos os princípios de sua Constituição, que fizeram deles um governo protestante e republicano, e adotar medidas para a propagação dos erros e falsidades do papado, podemos saber que é chegado o tempo das operações maravilhosas de Satanás e que o fim está próximo”.4
Mas a boa notícia é que, quando isso acontecer, a mensagem do terceiro anjo — a “mui preciosa mensagem” (*“Testemunhos Para Ministros”, pág. 91) trazida por A. T. Jones e E. J. Waggoner em 1888 — também terá plena realização. A proclamação de Cristo e da Sua justiça estará acontecendo ao redor do mundo sob o poder da Chuva Serôdia, chamando todos os que ouvem “Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante de seus pecados, e para que não incorrais nas suas pragas” (Apo. 18:4).
 “O Senhor do Céu não enviará Seus juízos destinados a punir a desobediência e transgressão, até que sejam proclamadas Suas advertências. Não encerrará o tempo da graça até que a mensagem seja mais distintamente proclamada. ... A mensagem da justiça de Cristo há de soar desde uma até a outra extremidade da Terra, a fim de preparar o caminho ao Senhor. Essa é a glória de Deus com que será encerrada a mensagem do terceiro anjo”.5
A proclamação da mensagem de 1888 em toda a sua glória é o que apressará a segunda vinda de Cristo. Por nossa demora, “nossa atitude descuidada e indiferente” e hesitação em relação a esta mensagem, estamos comprometendo a verdade e colocando “o caráter de Deus e Seu trono . . . em risco”.6
Jones (*em um sermão) perguntou à congregação em 1893: “Você está vivendo dia a dia e hora a hora, na presença daquele terrível fato de que é tempo de o próprio Deus operar, se a Sua integridade dever ser mantida diante de todo o mundo? É um fato terrível, é uma posição aterrorizante. Traz-nos ao ponto de tal consagração, que nenhuma alma dentre nós jamais sonhou antes; a uma condição de tal consagração, de tal devoção, que nos manterá na presença de Deus, com o tremendo pensamento de que ‘Já é tempo de operares, ó Senhor, pois eles têm quebrantado a Tua lei’.7
--Ann Walper
Notas finais                                             
1) A. T. Jones, The Great Empires of Prophecy, (Os Grandes Impérios da profecia) pág. 372, 1898.
2) Idem, pág 350                                                                                
3) Veja A. T. Jones, The Two Republics, or Rome and the United States of America, (As Duas Repúblicas, ou Roma e os Estados Unidos da América) págs. 723-725 (emfasis do original), 1891.
4) Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 451.      
5) Ídem, vol. 6, pág. 19.                                                                      
6) Veja O Boletim da Conferência Geral de 1893, pág. 73                
7) ibidem                                                                                            
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Notas:                                                                                                
Veja, em inglês, o vídeo desta 10ª lição do 2º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/IeLkDlvzpjo

Esta lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm


Biografia da autora:
A irmã Ana Walper é uma adventista dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja. Atualmente ela é diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola sabatina; saúde e temperança, e é coordenadora de uma das unidades evangelizadoras da escola sabatina. É também ativa instrutora bíblica. Profissionalmente é enfermeira padrão, e durante as férias escolares ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos estados de Tenneessee e Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16 anos em jornais de sua cidade sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça.

Atenção: Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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