Para 2 a
9 junho de 2018
Da
lição da segunda-feira, 2º parágrafo lemos: “A primeira besta, há muito tempo
vista pelos protestantes como sendo Roma, foi retratada como tendo recebido
poder por quarenta e dois meses (Apo. 13:5). Os quarenta e dois meses
correspondem a ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’ de Daniel 7:25, ou
três anos e meio (Apo. 12:14) ou ainda 1260 dias proféticos (Apo. 12:6) — o
tempo durante o qual o poder papal oprimiu seus oponentes. Esse período de
tempo profético (usando o princípio do dia/ano) começou com a supremacia do
papado, em 538 d.C., e terminou em 1798, ano em que o papa foi levado em
cativeiro. Nesse momento, o poder papal recebeu sua ferida mortal, e a profecia
foi cumprida.”
Três
foram as nações arianas que se opuseram ao papado: os Hérulos, os Visigodos (= godos do Oeste) e os Ostrogodos (= godos do leste).
Os
hérulos, que aceitaram a posição ariana, controlaram a cidade de Roma até 475
dC, quando o rei ostrogodo Teodorico destruiu o seu poder na Itália e assumiu o
reino. Teodorico foi um rei benevolente e tolerante, que não perseguiu pessoas
de religiões divergentes. Sob o seu governo, a paz reinou em toda a Itália,
exceto na cidade de Roma. Lá a intriga papal e conflitos religiosos
continuaram. O apelo foi feito ao imperador do setor oriental do antigo Império
Romano por apoio político à reivindicação do papa de autoridade absoluta sobre
assuntos civis e religiosos.
O
imperador Justiniano entrou na briga, enviando uma carta de apoio ao papa em
Roma, que atribuía toda honra e autoridade à “cadeira apostólica”, e reconhecia
o bispo de Roma como o chefe de todas as igrejas do Império. Em junho de 533, o
reino ariano dos vândalos no norte da África foi atacado pelo general Belizário
de Justiniano. Em um ano, os vândalos foram destruídos e Belizário voltou o seu
exército para a Itália e os ostrogodos arianos. Um grande exército da nação
ostrogoda reuniu-se em Roma para defender-se da invasão. Eles resistiram ao
cerco por mais de um ano, mas finalmente Roma foi perdida para Belizário em
março de 538.
O
último dos reis arianos foi destruído, e o poder político e religioso do bispo
de Roma foi firmemente estabelecido através da união de igreja e estado,
apoiada pelo exército do império. O bispo de Roma tornou-se o corretor de hereges
e o criador de reis. “O sistema [pagão de Roma] que havia sido conquistado
[pelo cristianismo] era aquele em que o Estado reconhece e faz uso da religião
apenas por seu valor político, e apenas como servo do Estado. Isso era
paganismo . . . O sistema estabelecido pela perversão do cristianismo . . . foi
um sistema no qual o Estado é feito o servo da igreja. Esta era o papado”.1
“Cristo
colocou-Se diante de Seus discípulos como Aquele que possuía todo o poder no
céu e na terra. ... Isso colocava Jesus Cristo acima do Estado, e colocava
lealdade a Ele acima da lealdade ao Estado; o que negava a supremacia de Roma”.2 “A
Grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra” (Apo. 17:
3-6) chegou ao poder em 538 dC montando a besta do governo civil, através da
qual controlava as consciências dos homens. Em cumprimento das profecias de
Daniel e Apocalipse, o controle dos assuntos civis e religiosos permaneceu sob
o poder papal por 1260 anos, até 1798, quando uma “ferida mortal” foi infligida
como resultado da rejeição da Revolução Francesa a todas as coisas concernentes
ao Deus do céu — incluindo o ciclo semanal de sete dias estabelecido na
criação.
Desde
a conversão de Clóvis, rei dos francos, em 508 d.C., até a coroação de Carlos
Magno pelo papa como imperador do Sacro Império Romano em 800 d.C., passando
por todos os reis católicos franceses até Luís XVI, que foi decapitado pelos
franceses revolucionários, a França tinha sido o mais forte partidário político
do papado. Mas a França infligiu a “ferida mortal” em 1798, quando seu general
Berthier capturou o papa Pio VI, e o papado foi destituído de seu poder
eclesiástico e civil. Com a eleição de um novo papa, em 14 de março de 1800, o
poder eclesiástico parcial foi restabelecido, mas apenas sobre um território
restrito na Itália.
Num esforço para reafirmar-se como soberano sobre todas as nações e
povos, o papado iniciou uma série de manobras políticas e proclamações
eclesiásticas. Em 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX declarou que Maria foi
concebida imaculadamente por sua mãe para proporcionar um útero sem pecado,
através do qual o Filho de Deus poderia nascer em carne humana sem pecado,
intocado pelas enfermidades da humanidade caída (contrariando a ensino bíblico
de Hebreus 2:14-18). Durante o Concílio Ecumênico Vaticano I, uma declaração de
infalibilidade papal foi feita em 18 de julho de 1870. O Tratado de Latrão
entre o papado e o Partido Nacional Fascista na Itália, controlado por Benito
Mussolini, foi assinado em 11 de fevereiro de 1929. Este tratado político criou
o Estado do Vaticano e formou o território soberano da Santa Sé. Mas esta não
foi a cura da “ferida mortal”. Essa ferida não será curada até que o papado
mais uma vez detenha a autoridade civil e religiosa, controlando as
consciências dos homens como fez durante 1260 anos.
Nos
anos que antecederam a assembleia da Associação Geral de 1888 em Mineápolis,
havia muito em andamento nos Estados Unidos que estava levando à união de
igreja e estado neste país. Em 1861, uma denominação na Pensilvânia conhecida
como Covenanters (*pactuantes), criou uma petição queixando-se que a
Constituição dos EUA não fazia referência a Jesus Cristo e à lei de Deus. Sem
considerar que se tratava de uma exclusão intencional, projetada pelos
fundadores dessa nação para preservar a total separação entre igreja e estado,
esse grupo da igreja presbiteriana tentou estabelecer uma conexão entre o
pecado da escravidão e a “deficiência religiosa” da Constituição. Eles achavam
que se o nome de Deus e um reconhecimento Dele e Sua lei fossem inseridos em
algum lugar na Constituição, então nos tornaríamos mais semelhantes a Cristo, e
a escravidão, a embriaguez e a devassidão desapareceriam da nação. A União de
Temperança Cristã Feminina (WCTU) e a Associação Nacional de Reforma (NRA)
foram formadas e fizeram deste argumento um movimento nacional. Eles procuraram
fazer com que o Congresso escrevesse uma emenda à Constituição que tornaria a
América uma “nação cristã” e “uma nação sob Deus”.
Na
edição de 13 de janeiro de 1887 do periódico “Christian Statesman”, a revista oficial da NRA, foi declarado:
“Nosso remédio para todas essas influências maléficas é fazer com que o governo
simplesmente estabeleça a lei moral e reconheça a autoridade de Deus por trás
dela,” e ponha a mão sobre qualquer religião que não esteja de acordo com ela.
Que “religiões” não se conformavam com a ideia da NRA de religião apropriada?
Num discurso proferido na convenção da Reforma Nacional de 1873 por Jonathan
Edwards, vice-presidente da Associação, ele disse: “Usamos a palavra religião
em seu próprio sentido, como significando uma relação pessoal de fé e
obediência a Deus”. Ele passou a nomear aquelas que julgava que não tinham uma
relação “adequada” de fé com Deus, e sua lista incluía os ateus, deístas,
judeus e batistas do sétimo dia. “Todos estes são, nesta ocasião, e no que diz
respeito à nossa Emenda, uma classe. Eles usam os mesmos argumentos e as mesmas
táticas contra nós. Devem ser contados juntos”.3
Mais
de 200 propostas de emenda buscando tornar a América uma “nação cristã” foram apresentadas
no Congresso Americano entre 1894 e 1984. O movimento da Reforma Nacional se
transformou na direita cristã no final dos anos 1970, e tem sido uma força
notável na política desde então. Está associado a várias instituições e
universidades, incluindo a Moral Majority (*A Maioria Moral), a Coalizão Cristã
a focava na Família e o Concilio de Pesquisa Familiar.
Sob
a proposta de “uma nação sob Deus”, a garantia da Primeira Emenda de liberdade
de religião e liberdade de expressão seria aniquilada. Todas as pessoas, quer
quisessem ou não, seriam compelidas a adotar a “religião” sancionada pelo
Estado e impedidas de falar contra ela. Neste ponto, a “ferida mortal” será
curada e a profecia chegará ao cumprimento. O segundo animal que surgiu “da
terra” (uma área não civilizada do mundo) no “tempo do fim” (começando em 1798
quando a “ferida mortal” foi infligida ao papado) “falará como um dragão”. “e
então a “imagem da besta” será feita e a profecia será cumprida. Então, “todas as nações beberam do vinho da ira da
sua prostituição [da Babilônia]” (Apo. 18:3).
As
Escrituras nos dizem: “E exerce toda a
autoridade da primeira besta [Roma papal] na sua presença e faz que a terra e os que nela habitam adorarem a
primeira besta, cuja ferida fatal fora curada” (Apo. 13:12). Quando “A grande Babilônia, a mãe das prostituições
e abominações da terra” novamente “cavalga a besta” (Apo. 17: 3-6), a
América se tornará o braço direito do papado. “Por um decreto que terá por
objetivo impor uma instituição papal em contraposição à lei de Deus, a nação
americana se divorciará por completo dos princípios da justiça. Quando o
protestantismo estender os braços através do abismo, a fim de dar uma das mãos
ao poder romano e a outra ao espiritismo, quando por influência dessa tríplice
aliança os Estados Unidos forem induzidos a repudiar todos os princípios de sua
Constituição, que fizeram deles um governo protestante e republicano, e adotar
medidas para a propagação dos erros e falsidades do papado, podemos saber que é
chegado o tempo das operações maravilhosas de Satanás e que o fim está próximo”.4
Mas
a boa notícia é que, quando isso acontecer, a mensagem do terceiro anjo — a
“mui preciosa mensagem” (*“Testemunhos
Para Ministros”, pág. 91) trazida por A. T. Jones e E. J. Waggoner em 1888 —
também terá plena realização. A proclamação de Cristo e da Sua justiça estará
acontecendo ao redor do mundo sob o poder da Chuva Serôdia, chamando todos os
que ouvem “Sai dela, povo Meu, para que
não sejas participante de seus pecados, e para que não incorrais nas suas
pragas” (Apo. 18:4).
“O Senhor do Céu não enviará Seus juízos
destinados a punir a desobediência e transgressão, até que sejam proclamadas
Suas advertências. Não encerrará o tempo da graça até que a mensagem seja mais
distintamente proclamada. ... A mensagem da justiça de Cristo há de soar desde
uma até a outra extremidade da Terra, a fim de preparar o caminho ao Senhor.
Essa é a glória de Deus com que será encerrada a mensagem do terceiro anjo”.5
A
proclamação da mensagem de 1888 em toda a sua glória é o que apressará a
segunda vinda de Cristo. Por nossa demora, “nossa atitude descuidada e
indiferente” e hesitação em relação a esta mensagem, estamos comprometendo a
verdade e colocando “o caráter de Deus e Seu trono . . . em risco”.6
Jones
(*em um sermão) perguntou à congregação em 1893: “Você está vivendo dia a dia e
hora a hora, na presença daquele terrível fato de que é tempo de o próprio Deus
operar, se a Sua integridade dever ser mantida diante de todo o mundo? É um
fato terrível, é uma posição aterrorizante. Traz-nos ao ponto de tal
consagração, que nenhuma alma dentre nós jamais sonhou antes; a uma condição de
tal consagração, de tal devoção, que nos manterá na presença de Deus, com o
tremendo pensamento de que ‘Já é tempo de
operares, ó Senhor, pois eles têm quebrantado a Tua lei’”.7
--Ann Walper
Notas finais
1) A. T. Jones, The Great Empires of Prophecy,
(Os Grandes Impérios da profecia) pág. 372, 1898.
2) Idem, pág 350
3) Veja A. T. Jones, The Two Republics, or Rome
and the United States of America, (As Duas Repúblicas, ou Roma e os Estados
Unidos da América) págs. 723-725
(emfasis do original), 1891.
4) Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja,
vol. 5, pág. 451.
5) Ídem, vol. 6, pág.
19.
6) Veja O
Boletim da Conferência Geral de 1893, pág. 73
7) ibidem
_______________________________
Notas:
Veja,
em inglês, o vídeo desta 10ª lição do 2º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/IeLkDlvzpjo
Esta
lição em inglês está na internet no sitio: http://1888message.org/sst.htm
Biografia da autora:
A irmã Ana Walper é uma adventista
dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja. Atualmente ela é
diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola sabatina; saúde e
temperança, e é coordenadora de uma das unidades evangelizadoras da escola
sabatina. É também ativa instrutora bíblica. Profissionalmente é enfermeira
padrão, e durante as férias escolares ela trabalha como enfermeira voluntária
em acampamentos da juventude adventista nos estados de Tenneessee e
Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16 anos em jornais
de sua cidade sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça.
Atenção: Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
_______________________________