sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Lição 2 - Discipulado Naquele Tempo e Agora

Nesta Lição 2 há uma pergunta pertinente: "Se alguém viesse até você (como estes gregos vieram a Felipe, João 12:20-22) dizendo, 'desejo ver Jesus,' o que você responderia"?

Se você é como eu, ficaria encantado por alguém lhe pedir literatura ou estudos bíblicos sobre o Sábado ou outras doutrinas adventistas, porque nossa experiência é esta: "larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” e somente poucos desejam conhecer as verdades da mensagem do terceiro anjo. (cf. Mat. 7:13).

Mas em realidade muitos não sabem como pedir ajuda, mesmo que eles desesperadamente a queiram. O Espírito Santo está vivo e trabalha! Mas nós não estamos bem cientes do que está acontecendo. O Senhor está mais próximo de nós do que pensamos.

Aqui está uma promessa para nos fazer a todos felizes: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás." [o "pão" simboliza a verdade que você compartilha com as pessoas]. "Reparte com sete, e ainda até com oito [isso é, seja pródigo em sua generosidade em disseminar a mensagem!]; porque não sabes que mal haverá sobre a terra... Assim como tu não sabes qual o caminho do vento (*spirit, KJV, = Espírito Santo), nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida [você não sabe como o Espírito Santo atrai esse coração ao Salvador]: assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas” (Ecl. 11:1-6).

Essa promessa é segura e certa: algum "trabalho missionário" que você faz irá produzir fruto! Se você perseverar, naturalmente que mais frutificará, mas haverá uma parte que não vingará ao final.

Nossa alegria em ser "discípulos" de Jesus é a emoção de fazer como Ele faz, e o que Ele faz é ganhar almas. Nada mais que ganhar almas é digno de nosso tempo de vida e energia da vida. Alguém que constrói uma casa tem grande prazer em viver nela o resto da sua vida; ganhar almas para nosso Mestre é a "casa" a que nós dedicamos nossa vida, e um futuro a gozar pela eternidade!

Nossa lição inclui duas declarações fascinantes de Jesus, nosso "Professor Magistral": "E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mat. 16:19). Se tomar sua vida inteira para você entender o que Jesus realmente diz aqui, compensará. Soa como exagero selvagem—mas soa como Jesus. "As chaves do céu"? Não diga que você não O pode entender; o céu é o limite das Suas promessas em lhe abençoar no seu trabalho de ganhar almas para Ele! Persevere em O deixar instruí-lo e fazer isto acontecer.

A outra promessa fantástica que Jesus nos dá nesta lição é: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu" (Mat. 18:18). Naturalmente que isto é dito à igreja; mas o Senhor Jesus está disposto a abandonar Seu trono para nos levar a sentar-se com Ele no Seu trono!

Quando você ora por um ente querido ou amigo que, como dizemos, está "fora da arca da salvação," ora com intensidade de alma. Você foi oficialmente designado pelo céu a trazer essa pessoa ao reino.

Mas naturalmente, você é um "servo" do Mestre; você se submete a Ele, você é Seu "discípulo," isso é, você não emprega nenhuma arrogância, nenhuma força, somente humildade "em Cristo". Sua oração exige 100% de sua devoção a Jesus e Seu modo de fazer as coisas.

Note a seção sobre os discípulos a princípio não totalmente dedicados 24/7 (*isto é, 24 horas por dia, 7 dias por semana) ao trabalho de Jesus (Desejando de Todas as Nações, págs. 246-249)1: pode você imaginar o tempo que está para vir, ao nos aproximamos dos acontecimentos finais, quando a terra será iluminada com a glória da mensagem final (*Apoc. 18:1) quando você será atraído a um serviço de tempo integral para Jesus?

Ao você concluir seu estudo desta lição (quinta-feira), pense em quão maravilhoso será quando outra vez "o Senhor trabalhar conosco" e "confirmar Sua palavra pelos sinais que a acompanham". Note como isso foi precisamente o que o Senhor quis fazer conosco depois da Assembléia da Conferência Geral de Minneapolis em 1888; Ele quis que essa mensagem enchesse a terra e a iluminasse com glória! Quis dar aos irmãos e irmãs em 1888 o dom do Espírito Santo como o deu aos apóstolos depois do Pentecostes (veja Mensagens Escolhidas, Livro Um, págs. 234, 235)2.

Mas, não há nenhuma necessidade de gastar tempo chorando sobre leite derramado; vamos endireitar o erro e nos arrepender pela única maneira sensata: dar a mensagem de 1888 ambos à igreja e ao mundo—agora.

Isso é o que o manuscrito “1888 Re-examinado"3 pleiteou em 1950 e que deve ser feito.

Isso é o que o Grupo de Estudo de Mensagem de 1888 pleiteia deve ser feito hoje—agora, antes que mais décadas decorram.

Robert J. Wieland


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Notas do tradutor:

1) Desejando de Todas as Nações, págs. 246-249, (da 3ª até a 6ª páginas do capítulo XXV). Note que Jesus não os forçou à decisão de abandonarem tudo. Ao contrário, naquele momento de transição cooperou com eles em seus labores temporais:

“A noite era o único tempo propício para pescar com redes nas claras águas do lago. Depois de labutar a noite inteira sem resultado parecia inútil lançar a rede de dia; Jesus, porém, dera a ordem, e o amor por seu mestre levou os discípulos a obedecer. Simão e seu irmão deitaram juntos a rede. Ao tentarem colhe-la, tão grande era a quantidade de peixes apanhados, que começou a romper-se. Foram forçados a chamar Tiago e João em seu auxílio. E havendo recolhido o conteúdo, tão grande era a carga de ambos os barcos, que se viram ameaçados de ir a pique.

“Mas Pedro não cuidava agora de barcos e carregamentos. Esse milagre, acima de todos quantos havia presenciado, foi-lhe uma manifestação do poder divino. Viu em Jesus Alguém que tinha toda a Natureza sob Seu comando. ...

“Foi depois de Pedro haver sido levado à renúncia de si mesmo e à dependência do poder divino, que recebeu o chamado para sua obra por Cristo. ...

“Até então nenhum dos discípulos se havia inteiramente unido a Jesus como colaborador Seu. Tinham testemunhado muitos de Seus milagres e Lhe escutado os ensinos; mas não haviam, porém, abandonado de todo sua anterior ocupação.

“Pedro aceitara o chamado. Em chegando à praia, Jesus pediu aos outros três discípulos: ‘Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens,’ Imediatamente deixaram tudo, e O seguiram.

“Antes de lhes pedir que abandonassem as redes e barcos, Jesus lhes dera a certeza de que Deus lhes supriria as necessidades.”


2) Mensagens Escolhidas, Livro Um, págs. 234, 235. Nunca esqueça esta citação, é fácil memorizar sua fonte: ME, 12345, isto é, Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 234 e 5, decore-a:

A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas, e de aceitar esta verdade, estava à base de grande parte da oposição manifestada em Mineápolis contra a mensagem do Senhor através dos irmãos [E. J.] Waggoner e [A. T.] Jones. Promovendo aquela oposição, Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo.”


3) O pastor Roberto Wieland, autor da introspecção da Lição 1 e desta, 2.1T.08, e Donand K. Short, foram missionários adventistas na África por quase toda a vida. Em conjunto serviram à obra por mais de 100 anos.

Os dois pesquisaram e estudaram profundamente a mensagem da justiça de Cristo, que foi dada à igreja Adventista em 1888 na assembléia da Conferência Geral em Mineápolis e nos anos que se seguiram.


Em 1950 eles escreveram a obra: “1888 Re-examinado”. E fizeram 2 apelos à Conferência Geral:

O primeiro, para se publicar uma antologia (coleção literária, de escritos) dos dois mensageiros de 1888, Alonso T. Jones e Ellet J. Waggoner, (que passou a ser chamada de “A Mensagem de 1888”) permitindo assim que cada membro da igreja adventista mundial avaliasse, pessoalmente, tal mensagem pelas próprias palavras de seus dois mensageiros, sem necessidade de a membresia ficar ao léu de incontáveis obras que falam sobre a mensagem de 1888, mas não a transmitem na íntegra.

A razão de tal apelo era a necessidade de haver um entendimento mutuo dentro da igreja, para que se alcance a harmonia que o Senhor deseja que haja entre nós. “Era um apelo para ‘alimentar o rebanho de Deus’ com os elementos nutritivos da mensagem de 1888. Desde então, a consciência adventista tem lutado com a convicção de que há difundida fome espiritual. A comissão evangélica não está concluída, não obstante maiores programas, atividades, e promoções a cada ano que passa” (1º § do capítulo 14).

Entretanto a Conferência Geral reagiu contra este apelo feito em 1950, e até hoje não efetuou tal publicação.

O segundo apelo foi no sentido de tornar público o que não havia ainda sido publicado dos escritos de Ellen G. White sobre a mensagem de 1888, para que se pudesse livremente dizer, em suas próprias palavras como a “mui preciosa mensagem” foi realmente recebida.

Trinta e oito (38) anos depois, no centenário da assembléia de Mineápolis, 1998, o Patrimônio dos Escritos de Ellen White publicou tudo que ela escreveu sobre “1888”, que resultou em 4 volumes, com um total de 1821 páginas grandes (formato A-4) xerocopiadas dos documentos originais.


No prefácio do livro “1888 Re-examinado” encontramos um breve resumo dos elementos singulares, essenciais daquela mensagem:

(A) O sacrifício de Cristo não é meramente provisional mas eficaz para o mundo inteiro, de modo que a única razão pela qual alguém pode perder-se é preferir resistir à graça salvadora de Deus. Para aqueles que, por fim se salvarão, Deus foi quem tomou a iniciativa; no caso dos que se perderem, eles é que tomaram a iniciativa. A salvação é pela fé; a condenação é por descrença;

(B) Assim, o sacrifício de Cristo legalmente justificou "todo homem", e literalmente salvou o mundo da destruição prematura. Todos os homens devem-Lhe mesmo a sua vida física, crendo nEle ou não. Cada fatia de pão está assinalada com Sua cruz. Quando o pecador ouve e crê no puro evangelho, é justificado pela . Os perdidos deliberadamente negam a justificação que Cristo já efetuou por eles;

(C) A justificação pela é, portanto, muito mais do que uma declaração legal de absolvição; ela trans­forma o coração. O pecador agora recebeu a expiação, que é reconciliação com Deus. Uma vez que é impossível ser verdadeiramente reconciliado com Ele e não ser também reconciliado com a Sua santa lei, segue-se que a verdadeira justificação pela torna o crente obediente a todos os mandamentos de Deus;

(D) Essa maravilhosa obra é cumprida mediante o ministério do novo concerto no qual o Senhor realmente escreve a Sua lei no coração do crente. A obediência é amada, e a nova motivação transcende o temor de estar perdido ou de espera de recompensa por estar salvo (qualquer dessas motivações é o que Paulo quer dizer com a frase "debaixo da lei").

O velho e novo concertos não são questões de tempo, mas de condição. A fé de Abraão capacitou-o a viver sob o novo concerto, enquanto multidões de cristãos hoje vivem debaixo do velho concerto devido a que a preocupação centralizada no eu é a sua motivação. O velho concerto era a promessa do povo para ser fiel; sob o novo concerto a salvação vem de crer nas promessas de Deus para nós, não de fazermos promessas a Ele;

(E) O amor de Deus é ativo, não meramente passivo. Como o Bom Pastor, Cristo está ativamente em busca da ovelha perdida. (*Deus é um caçador que está em contínuo safári em busca do pecador.) Nossa salvação não depende de buscarmos o Salvador, mas de crermos que Ele está à nossa procura. Aqueles que estão perdidos finalmente continuam a resistir e desprezar a atração de Seu amor. Esta é a essência da descrença;

(F) Assim, é difícil estar perdido e é fácil ser salvo se se compreende e crê quão boas são as boas novas. O pecado é um constante resistir a Sua graça. Uma vez que Cristo já pagou a penalidade do pecado de todo homem, a única razão por que alguém pode ser condenado no final é a persistente descrença, uma recusa em apreciar a redenção provida por Cristo sobre a cruz e por ele ministrada como Sumo Sacerdote. O verdadeiro evangelho traz a lume essa descrença e conduz a um arrependimento efetivo que prepara o crente para o retorno de Cristo. O orgulho humano e o louvor e lisonja a seres humanos é incompatível com a verdadeira fé em Cristo, mas é um sinal seguro da persistente descrença, mesmo dentro da igreja;

(G) Ao buscar a humanidade perdida, Cristo seguiu o caminho completo, tomando sobre Si a natureza caída e pecaminosa do homem após a queda. Isso Ele fez para que pudesse ser tentado em todos os pontos como nós, e, contudo, demonstrar perfeita justiça "à semelhança de carne pecaminosa". A mensagem de 1888 aceita o termo "semelhança" como tendo o seu sentido óbvio, não o de dessemelhança. Justiça é uma palavra nunca aplicada a Adão em seu estado não caído, nem aos anjos sem pecado. Somente pode revelar santidade aquele que entrou em conflito com o pecado na decaída carne humana, e sobre ele triunfou.

Assim, "a mensagem da justiça de Cristo" que Ellen White endossou tão entusiasticamente na época de 1888 está enraizada nessa única visão da natureza de Cristo. Se Ele tivesse assumido a natureza sem pecado de Adão antes da queda, o termo "justiça de Cristo" seria uma abstração sem sentido. Crer-se que Cristo tomou a natureza sem pecado de Adão antes da queda é um legado do romanismo, a insígnia do mistério da iniqüidade que O mantém "afastado" e não "ao alcance da mão";

(H) Assim, nosso Salvador "condenou o pecado na carne" da decaída humanidade. Isso significa que Ele superou o pecado pela lei (*como Ele vencia cada tentação?, citando “A Palavra”, ESTÁ ESCRITO ...); o pecado tornou-se desnecessário à luz de Seu ministério. É impossível ter a verdadeira fé neotestamentária em Cristo e continuar em pecado. Não podemos escusar o contínuo pecar declarando que "somos apenas humanos" ou que "o diabo me levou a fazê-lo". À luz da cruz, o diabo não pode forçar ninguém a pecar. (*‘Escondi a Tua Palavra no meu coração para eu não pecar contra Ti,’ Salmos 119:11) Ser verdadeiramente humano é ser semelhante a Cristo em caráter, pois Ele era e é plenamente humano, tanto quanto divino;

(I) Segue-se que o único elemento de que precisa o povo de Deus a fim de preparar-se para o retorno de Cristo é aquela genuína do Novo Testamento. Mas isto é precisamente o elemento de que carece a igreja. Ela se imagina doutrinária e experimentalmente "rica", de nada tendo falta, quando na verdade o seu pecado básico é uma patética descrença.

A justificação é pela fé; é impossível ter fé e não demonstrar justiça na vida, porque a verdadeira fé opera pelo amor. As falhas morais e espirituais são o fruto de perpetuar o antigo pecado de Israel de descrença hoje, mediante a confusão de uma falsa justificação pela fé;

(J) A justificação pela fé desde 1844 é "a terceira mensagem angélica em verdade". Assim ela é maior do que aquilo que os reformadores ensinavam e as igrejas populares hoje entendem. É uma mensagem de graça abundante compatível com a verdade adventista singular da purificação do santuário celestial, uma obra contingente com a plena purificação dos corações do povo de Deus sobre a terra.


Há outros aspectos da mensagem de 1888 tais como reformas nos métodos de saúde e educação, mas nossa principal preocupação deste livro é o coração, como reconhecido por Ellen Whitejustificação pela fé. Não é verdade que a mensagem de 1888 era oposta à organização eclesiástica.


O Significado da Mensagem Hoje

A história e mensagem de 1888 propicia uma chave para reconciliação com o Senhor Jesus. A grande "expiação final" se tornará realidade. "Haverá uma fonte aberta à casa de Davi [a liderança da igreja] e aos habitantes de Jerusalém [a igreja organizada] para purificação do pecado e da imundícia" (*Zacarias 13:1). Alguns, talvez muitos, desprezarão e rejeitarão essa fonte de que fala Zacarias, mas cremos que o cerne do coração do povo de Deus é honesto. Quando conhecerem a verdade plena, responderão. O teu povo apresentar-se-á voluntariamente no dia do teu poder, em trajes santos” (Salmo 110:3). O gênio latente do adventismo ainda perceberá e receberá verdades agora entendidas palidamente. A despeito de oposição dentro da estrutura eclesiástica, a consciência adventista ainda reconhecerá o testemunho de Ellen White sobre 1888 como sendo uma genuína manifestação do espírito de profecia, "o testemunho de Jesus". Em seu impacto sobre corações honestos, a verdade é invencível.

O mundo e o universo aguardam aquele outro anjo que desce do céu "com grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória" (Apoc. 18:1). Se era plano do Senhor que a mensagem de 1888 fosse o “começo" da obra daquele anjo e o "começo" da chuva serôdia, poderia algo ser mais importante do que buscar a verdade plena a seu respeito?