quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Lição 7 - O Apóstolo João

Temos o privilégio de estudar esta semana, um dos maiores missionários de Deus—João, o amado. 1 João 1:1, 3 diz, “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida ... O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.”

O homem que escreveu estas palavras e o pescador que Jesus chamou em Lucas 5, foram homens substancialmente diferentes. De fato João e seu irmão Tiago eram bem diferentes. João naturalmente não possuía este caráter amoroso visto em 1 João 1:1, 3. Como um discípulo João era orgulhoso, ambicioso por título e posição, exclusivista, e ressentido quando ferido. Ele tinha um temperamento mal e possuía um desejo de vingança. A arte medieval pinta João como um humilde, suave, branquelo, efeminado, inclinado no ombro de Jesus. Mas tal não era o caso. De fato ele era um homem grosseiro, orgulhoso, intolerante, explosivo como seu irmão mais velho. Jesus percebeu isto e o cognominou e a seu irmão de "Boanerges," "Filhos do Trovão" (Marcos 3:17). Jesus, conhecendo os corações destes homens e vendo o que eles possivelmente se tornariam através do amor redentor, colocou-os no Seu círculo interior mais íntimo, e então o processo, a viagem de transformação de "Filhos do Trovão" para "o discípulo que Jesus amava" começou.

Os defeitos de caráter do João sobressaíram freqüentemente nesta “viagem”. Lucas 9 registra três destes episódios, que são instrutivos. Jesus acabara de levar seus três amigos íntimos de mais confiança, à montanha onde Ele foi transfigurado. O véu da Sua carne humana foi descerrado, dando-lhes uma visão da Sua glória. Mateus diz que a visão foi tão chocante que os discípulos caíram sobre os seus rostos (Mat. 17:6). Ninguém na terra tinha experimentado algo remotamente igual a isto desde que Moisés viu a Deus pelas costas depois que foi escondido na fenda da pedra da plena exposição da glória de Deus. Foi depois disto que Lucas registra: "E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. ... E, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, ... para lhe prepararem pousada, ... Mas não o receberam, ... E Tiago e João, vendo isto, disseram: ‘—Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma” (Lucas 9:51-55). Afinal de contas, nós lemos como Elias fez isto, e nós sabemos como podemos fazê-lo, e não será um problema. Jesus repreendeu-os, porque Ele "não veio para destruir as almas dos homens mas para salvá-las" (vs. 56).

Deus é Ágape—O amor não Se exibe, não Se ensoberbece, não age rudemente, não busca os seus interesses, não é provocado, não folga com a injustiça, tudo suporta, tudo espera (1 Cor. 13:4-7). O amor humano é baseado no valor da pessoa, mas o amor de Deus cria valor nas pessoas. Ágape é dado livremente e está em busca ativa de toda humanidade.

Em outra ocasião Tiago e João argumentavam sobre quem seria o maior no reino e ocuparia a posição de honra mais alta. Jesus, sabendo o orgulho e ambição que motivaram esta petição, disse, "Os reis dos gentios dominam sobre eles ... Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós Sou como aquele que serve” (Lucas 22:25-27). Mateus adiciona, "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mat. 20:28). De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. O amor humano procura subir mais alto, mas Ágape aventura-Se em descer (Fil. 2:5-8). O amor humano procura imortalidade como uma recompensa, mas o Filho de Deus estava disposto a perder a vida eterna (O Salmo 22 nos fala pungentemente sobre isso).

Por todo o Evangelho de João, ele nunca, nem uma vez menciona seu próprio nome. O apóstolo recusa falar de si mesmo relativamente a si. Em vez disso ele fala de si relativamente a Cristo. Ao invés de escrever seu nome, o que focalizaria atenção em si, ele se refere a si mesmo como "o discípulo que Jesus amava," dando glória a Jesus para amar tal homem. A apelação de João de si não é arrogância nem ele quer dizer que é o único discípulo que Jesus amava. Antes era totalmente uma admiração da maravilha de que Cristo o tivesse amado (*mísero pecador). Jesus amava todos Seus discípulos "até ao fim" (*I João 13:1), mas parece que havia uma maneira especial em que João compreendeu esta realidade, e ele foi humilhado por ele. Ellen White diz em Atos dos Apóstolos, página 543: "Aquele que permanece mais próximo de Cristo é o que tem bebido mais profundamente do Seu espírito de amor — amor que não trata com leviandade, não Se ensoberbece, ... não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1 Cor. 13:4, 5). Ela também diz em página 545, "João podia falar do amor do Pai como nenhum outro dos discípulos poderia faze-lo". O amor de Cristo transformou este "Filho de Trovão" num filho de amor e graça.

O desejo de muita santidade e obediência procura fixar a fruta, quando em verdade temos um problema de raiz. A única motivação que nos fará obediente a todos os mandamentos de Deus e trará a justiça eterna é Ágape. Nestes últimos dias uma motivação mais alta prevalecerá na igreja—interesse por Cristo e Sua recompensa. Motivação egocêntrica baseada em temor do inferno ou esperança do céu não é suficiente para preparar a noiva de Cristo para as bodas do casamento do Cordeiro. Em O Maior Discurso de Cristo, página 108, Ellen White diz, "O reino de graça de Deus está sendo agora estabelecido, visto que corações que têm estado sobrecarregados de pecado e rebelião se rendem à soberania do Seu amor".

João, o discípulo que Jesus amava menciona o amor no seu Evangelho e epistolas mais de 80 vezes. Ele tem uma mensagem para nós em I João 3:1, 2: "Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. ... Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos.” João diz que este amor está além de palavras, mas pede que vejamo-lo porque quando o fizermos nós "seremos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Cor. 3:18). Esta transformação produzirá a geração que será trasladada, pois "vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou” (Apoc. 19:7).1 Louvado seja Deus

Deus abençoe-nos ao estudarmos e compartilhamos a lição desta semana.

Lyndi Schwartz

(Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Linda Schwartz e seu marido, Brian, são médicos no Hospital Adventista na cidade de Kettering em Ohio. Ambos são ativos membros da segunda maior igreja adventista do estado. Ela é professora da escola sabatina, e ele além das atividades na igreja local é o presidente da mesa administrativa do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888 (localizada anexo à Andrews University, 8784, Valley Vew Drive, Berrien Spings, 49103, Michigan, USA, fone (269) 473-1888.

1)
No livro "Os Movimentos do Êxodo e do Advento, em Tipo e Antítipo.” Escrito pelo pastor Taylo G. Bunch em 1937, à pág. 149 (pág. 225 na edição de 1997), no capítulo 30, no subtítulo “Uma Divina Visitação”, analisando Isaias 52:1-10, ele diz. "Aqui é retratada a divina visitação e fim do cativeiro do moderno Israel. 'Quando Jeová retorna a Sião' (Standard Version, verso 8). 'Quando o Senhor converter a Sião' (Bíblia Douai). 'Todas as vossas sentinelas estão clamado num cântico de triunfo, pois veem o Eterno face a face ao Ele retornar a Sião' (versão de James Moffatt). (*'Quando o Senhor fizer Sião voltar', Almeida Fiel). Esta é uma descrição da mensagem laodiceana e os benditos resultados de sua aceitação. Sião está adormecida e sem as vestes da justiça de Cristo. Deus a chama para despertar e levantar-se do pó e 'assenta-te em meu trono' (Standard Version, verso 2). A Igreja está inconvertida e despreparada para a vinda do Noivo. A glória do Senhor a abandonou por causa da condição laodiceana, mas agora o Senhor 'retorna' com poder pentecostal e a chuva serôdia é derramada e a obra terminada. Essa gloriosa visitação do poder divino e da obra de reavivamento e reforma é também descrita em Miquéias 7:15-20 e Joel 2:1, 12-32. Quando o povo do Advento volver-se ao Senhor de todo o coração, 'Ele voltará e se arrependerá, e deixará após Si uma bênção'” (*Joel 2:14).