quarta-feira, 6 de agosto de 2008

E o Verbo Se Fez Carne

Na lição de 4ª feira, o título, DEUS CONOSCO, implica em que Cristo ligou completamente a Divindade à humanidade. Ele, “é a escada que Jacó viu, tendo a base na Terra, e o topo chegando à porta do Céu, ao próprio limiar da glória. Se aquela escada houvesse deixado de chegar à Terra, por um único degrau que fosse, teríamos ficado perdidos. Mas Cristo vem ter conosco onde nos achamos. Tomou nossa natureza e venceu, para que, revestindo-nos de Sua natureza, nós pudéssemos vencer. ... Por Sua divindade, firma-Se ao trono do Céu, ao passo que, pela Sua humanidade, Se liga a nós” (DTN, págs. 311 e 312). “Cristo, com Seus próprios méritos construiu uma ponte através do abismo que o pecado causou. Ele liga o homem em sua fraqueza e desamparo, à fonte do poder infinito” (P.P., pág. 184).

Assim, para efetiva eficácia do plano da salvação, convinha” isto é, era necessário, o Comentário Bíblico, vol. 7, pág. 407 diz: “foi obrigado, tinha que, devia,”)que em tudo fosse semelhante aos irmãos” (Heb. 2:17) foi preciso que o Deus Santo Se desse (João 3:16) sem reservas, assumindo a nossa carne, sem isenção alguma, tal qual a carne humana era quando Ele veio, sem ter pecado, e Ele ainda mantem esta mesma natureza humana caída, o que Lhe possibilita habitar em nós, em nossa carne, tal qual a nossa carne é hoje, porque Ele é nós, Ele é a humanidade, Ele é o 2º Adão.

Preste atenção, pois, no artigo de Ellet J. Waggoner, que apareceu em The Present Truth, A Verdade Presente, em 19/12/1895, com o título:

E o Verbo Se Fez Carne

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, (e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai), cheio de graça e de verdade” (João 1:14).

Deus na Carne —Nós sabemos que o Verbo estava no princípio com Deus, "e o Verbo era Deus" (*João 1:1). Portanto quando somos informados de que "o Verbo Se fez carne", sabemos que é o mesmo como se disséssemos, "Deus foi feito carne". Isto é terreno sagrado, e ninguém deve presumir pensar nele, muito menos falar ou escrever dele em qualquer outra linguagem senão a das próprias Escrituras. Mal incontável resultou da tentativa de definir e explicar Deus em credos humanos.

Que Carne? "Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves” (I Coríntios 15:39). Naturalmente não há nenhuma possibilidade para se pensar que o Verbo foi feito de qualquer outra carne senão a dos homens; mas o ponto a ser notado é que há somente uma carne de homem, de modo que, quando o Verbo foi feito carne, Ele tomou uma natureza comum a todo homem, alto e baixo, rico e pobre. Ele "foi feito da descendência de Davi segundo a carne” (Romanos 1:3, KJV). Ele é "Jesus Cristo Homem" (I Timóteo 2:5).

A Natureza da Carne —“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes.” Gálatas 5:19-21. Nenhum homem tem qualquer razão para desprezar outro. Sempre que nós ouvimos de um crime brutal, ou vemos um homem brutamente degradado pelo pecado, nós podemos saber que é, simplesmente, a obra natural da carne, que nós compartilhamos em comum com esse homem. Esta visão é necessária diante de nós, para capacitar-nos a compreender o maravilhoso amor que levou o puro e santo Deus a vir em tal carne. Esta foi a exatamente a carne na qual o Verbo foi feito.

"Mas Sem Pecado" —Embora o Verbo tenha sido feito carne, a mesma carne pecaminosa que temos, Ele era "cheio de graça e de verdade" (João 1:14). Ele "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4,15). “Deus O fez pecado por nós” mas Ele "não conheceu pecado" (II Coríntios 5:21). Ele foi feito para ser pecado, mas Ele "não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano” (I Pedro 2:22; *vs.20 na Almeida Fiel). São estas duas coisas combinadas que fez dEle um Salvador compadecido, em quem nós livremente podemos confiar. Ninguém pode se simpatizar com o fracasso de outrem, se ele não foi tentado da mesma maneira. Além do mais, os que são culpados de qualquer pecado são os mais rápidos e mais ferozes em condenar outros pelo mesmo pecado. Pecadores desculpam pecado, mas não têm nenhuma compaixão por companheiros-pecadores. São somente os que são purificados do pecado, que podem exercitar amor pelos que erram. Cristo foi tentado ao máximo, e sempre foi puro da mais leve mancha de pecado; portanto podemos confiar nEle como Um que sabe e que tem cuidado de nós.

Capaz de Ajudar — "Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hebreus 2:17,18). E Ele “portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus” (Hebreus 7,25). Algumas pessoas às vezes imaginam que porque Cristo nunca pecou, Ele não pode plenamente Se simpatizar conosco em nosso pecado; mas este é exatamente o motivo porque Ele pode. Ele conhece a força da tentação como ninguém mais, pois Ele sentiu todo o poder de Satanás. Aquele sobre quem o inimigo exerceu todo seu poder em vão, conhece a extensão desse poder mais do que quem cede a ele. O homem que rema contra a correnteza conhece melhor sua força do que aquele que flutua com ela; e o homem que com êxito se opõe à corrente conhece melhor sua força do que o que é varrido por ela. Então Cristo não só conhece todas as nossas necessidades e Se preocupa com elas, mas Ele é apto para salvar.

Em Benefício de Quem? — Supõe-se comumente que o Verbo foi feito carne na pessoa de Jesus de Nazareth há 1.800 anos (*em 1895 quando este artigo foi escrito), a fim que Ele possa aprender as condições e necessidades do homem, e assim possa Se simpatizar com ele e ajudá-lo. Que isto é uma idéia equivocada pode ser visto por uma momentânea reflexão, bem como por simples declarações da Escritura. O salmista diz, "Ele conhece a nossa estrutura; e lembra-Se de que somos pó” (Salmo 103:14). E também, "Senhor tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces” (Salmo 139.1-4). É dEle que os homens devem depender para um conhecimento de si. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os rins” (Jeremias 17:9 e 10). “Eu sei, ó SENHOR, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos” (Jeremias 10:23). Todo isto era verdade 1.800 anos antes de Cristo como 1.800 anos depois. Deus conhece os homens também, e Se simpatiza com eles tanto, há quatro mil anos como Ele o faz hoje. Quando os filhos de Israel estavam no deserto, "em toda a angústia deles Ele foi angustiado” (Isaias 63:9). O profeta podia dizer uma verdade, setecentos anos antes de Cristo, "Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si” (Isaias 53:4). Deus estava em Cristo, não para que Ele conhecesse os homens, mas a fim de que os homens saibam que Ele os conhece. Em Jesus nós vemos quão amoroso e simpatizante Deus sempre foi, e temos um exemplo do Ele fará em qualquer homem que plenamente se render a Ele.

Ainda na Carne"Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus” (I João 4: 2, 3). Para confessar a Cristo, não é suficiente acreditar que Ele uma vez viveu e sofreu e morreu e ressuscitou. Nós não devemos confessar simplesmente que Ele veio na carne, mas que Ele "vem na carne". Ele é um Salvador presente. Como em todas as aflições dos antigos israelitas Ele foi afligido, também agora "não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hebreus 4:15). Ele ainda sente tudo que nos toca, porque Ele ainda está na carne. Mesmo nos lugares celestiais. Ele ainda é "o homem Jesus Cristo" (I Timóteo 2: 5). Ele é o nosso precursor, isso é, um dos irmãos que foi antes preparar um lugar para o descanso. Quando Ele voltar, virá na carne porque a Sua carne não viu corrupção e a mesma carne que entrou na sepultura também ascendeu ao céu. "Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Efésios 4: 10).

Em Cada Homem—O Verbo foi feito carne e habitou entre nós, literalmente, "acampou em nós". Mas desde que toda carne humana é a mesma, e Cristo tomou a carne comum à humanidade, para mostrar como intimamente Deus Se identificou com a família humana, segue que Ele está em todos, exatamente na extensão que qualquer O permita. Lembre-se disso "a vida era a luz dos homens” (*João 1:4), e "que ilumina a todo o homem que vem ao mundo(*vs. 9). "Ele não está longe de cada um de nós,” o que significa que Ele está muito perto de cada um de nós, tão perto que "nEle vivemos, e nos movemos, e existimos" (Atos17: 27,28). A demonstração do fato de que o Verbo está em toda carne, é visto em que todos sabem que são pecadores, e que mesmo os piores homens têm às vezes remorso de consciência, e desejo e mesmo determinação de viver melhor. Este é o trabalho do Espírito, O representante de Cristo, esforçando-Se com eles. Mais ainda, temos as palavras de Moisés, em Deuteronômio 30: 11-14, citado pelo Apóstolo Paulo em Romanos 10: 6-8. Destes dois textos nós vemos que “o Verbo” de que Moisés fala é Cristo, o mesmo Verbo de que João escreve. Então lemos, "O Verbo está junto de ti, na tua boca e no teu coração (Romanos 1: 8). Isto não é falado aos que são perfeitos, mas aos que estão sendo exortados a ouvir e guardar os mandamentos de Deus. "A Palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires" (Deut. 30: 14). Ela não está ali porque nós obramos, mas a fim de que nós possamos obrar. Mas outra vez nós lemos, "Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais condenados” (II Coríntios 13: 5). O condenado é o que é rejeitado como imprestável. Mas Deus não rejeita ninguém que não O tenha primeiro rejeitado. Ele nunca abandonará qualquer homem que tem um desejo da Sua presença. Ele não deixa os homens entregues a si mesmos até que eles O expulsem para longe. Cristo, portanto, o Verbo que é Deus, está em cada alma que vem ao mundo, aí permanecendo até que seja expulso.

Confessando a Cristo—Já lemos que todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus. Agora leia mais uma vez Romanos 10:6-8, que nos diz que o Verbo, isto é, Cristo, está junto de nós, na nossa boca, e no nosso coração, e leia mais adiante, "se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (*vs. 9). Confessar a Cristo, portanto, é reconhecer que Ele está em nós com poder, a saber, o poder da ressurreição, e que Ele tem o direito de aí estar, tendo-nos comprado pela Sua morte; e isso significa render-nos a Ele plenamente (porque Ele não usará de qualquer força), para que Sua vida possa ser manifestada em nós em sua perfeição, e não intermitentemente nos intervalos quando não a reprimimos. "Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:6). Então podemos dizer, "estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20).

Livre Curso para o Verbo —Já lemos que o Verbo está muito perto de nós, na nossa boca e no nosso coração, esperando para ser reconhecido. O que é requerido é que Cristo possa morar no coração pela fé, Efésios 3:17. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (*Romanos 10:17). Se ouvimos a Palavra e cremos nela, então Cristo, a Palavra, mora no coração pela fé; e nos que crêem ela opera eficazmente. Mas apesar do fato de que o Verbo está vivo e ativo, poderoso, nada pode fazer em nós contrário à nossas vontade, porque ela é amor. Portanto de nós depende se o Verbo atuará eficazmente em nós ou não. Então o apóstolo Paulo pediu que os irmãos orassem por ele e seus companheiros, para que a Palavra do Senhor possa ter livre curso e seja glorificada, como também entre os tessalonicenses, II Tessalonicenses 3:1. O Verbo é água viva, e deve ser permitido livre fluxo, senão cessa de ser vida para nós.

Conter o Verbo —Em Romanos 1:18 nós lemos de “homens que detêm a verdade em injustiça". Isso não diz que eles têm meramente a verdade em injustiça, mas que eles a seguram. Deve ser permitido correr; eles a seguram. Se essa repressão é persistida, o Espírito do Verbo finalmente será expulso, e a luz que está nos homens tornar-se-á escuridão. Mas se confessamos os nossos pecados, como o Verbo os mostra a nós, o Verbo de Deus crescerá poderosamente, e prevalecerá. Veja Atos 19:18-20.

O Resultado Prático —vimos que Cristo, o Verbo que é Deus, é inseparável da Palavra escrita. Se cremos nas Escrituras, Cristo mora no coração pela fé. O mistério de Deus feito carne deve ser repetido em nós. "Cristo em vós, a esperança de glória" (Col. 1:27), é o mistério do Evangelho. Desde que Cristo está na Palavra, quando é recebido em fé, nós temos o Verbo feito carne, a nossa mesma carne, por permitir-nos cumprir todos os requisitos da Palavra. Cristo disse, “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração” (Salmo 40:8). Ele é "o mesmo ontem, e hoje, e eternamente" (Hebreus 13,8). Portanto se Ele mora no nosso coração pela fé, Ele produzirá em nós a mesma obediência à lei que Ele prestou quando esteve entre os homens. A justiça da lei se cumprirá em nós. Seremos praticantes da Palavra, e não ouvintes apenas; seus preceitos serão coisas da vida, vitalizando a nossa carne; e viveremos por cada palavra que procede da boca de Deus.

The Present Truth, A Verdade Presente, 19/12/1895