quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lição 8 - Pedro, da Loucura para a Fé

Nossa lição esta semana é sobre como Jesus é capaz de transformar discípulos inexperientes em líderes poderosos da igreja e testemunhas para o Reino do céu. O foco está em Pedro mas eu sugeriria que incluíssemos mais alguns dos discípulos. Nem todos se identificam com a personalidade de Pedro mas podem ser comparados com outros discípulos. O que é mais importante, o método de Jesus treinar missionários, se aplica a todos tipos de caráteres, assim incluindo não somente a capacidade de Jesus de transformar indivíduos mas diversos grupos também.

Quem exatamente eram estes discípulos que Jesus chamou para tornarem-se Seus líderes? Claramente Pedro é o mais conhecido. Ele é descrito como "impetuoso, presunçoso, propenso à violência, fraquejando sob pressão" (último § da lição dos adultos, pág. 54; edição dos professores, pág. 96). Os outros discípulos eram de caráter variado. Tiago e João tinham o mesmo temperamento e linguajar. Filipe era um inquiridor sincero em busca da verdade que o levou a estudar as escrituras (*em busca) das promessas concernentes ao Messias. Há Natanael que não era astuto, nele não havia dolo (*João 1:47), e tinha um espírito suave e meditativo. Tomé era conhecido como quem tinha dificuldade em crer (*João 20:27), mas teve um coração contrito, e estava pronto para morrer com seu Senhor (*João 11:16). Então havia Mateus, o cobrador de impostos, que não pensou nas conseqüências de ter uma festa para celebrar sua conversão e convidou seus amigos publicanos para encontrar o Salvador. Seguramente ele e Simão, o Zelote, teve seus momentos, o primeiro era anteriormente um "amante" de impostos e o último um "inimigo" de impostos! E para arrematar, no grupo havia André, irmão de Pedro que parece ter sido o primeiro a trazer outros para verem Jesus. Tiago, o filho de Alfeu e Tiago o menor, não são caracterizados na Bíblia. E por último, Judas o Traidor. Que (*grupo de) indivíduos tão heterogêneo como um todo, para serem transformados em missionários eficientes!

Como Cristo fez isto?

Para responder a esta pergunta nós precisamos notar que embora este grupo pareça muito heterogêneo para se desenvolver num grupo auxiliador de missionários, coesivo, eles tinham vários valores e desejos em comum. Este era um grupo de homens pios que procuravam o cumprimento das promessas de Deus e as esperanças de homens devotos. O fato que eles estavam com João batista, sugere que eles ansiavam por real justificação, estando enojados pelo que viam na casa de adoração de Deus. A exposição de João de adoração vazia, e um desejo por reavivamento, revela que eles queriam endireitar as coisas que estavam erradas entre o povo de Deus. Tal caráter não teria medo de sacrificar tudo, abandonando o convencional, e aceitando correção.

Então como Jesus inicia a transformação destes homens? Suas primeiras palavras aos discípulos eram, "vem e vê!" (*João 1:39). Desafiando este grupo de investigadores, dando a identificação do Messias, feita por João, era suficiente. Note que não há nenhum sermão em si. Jesus está confiante de que (1º) Ele é a Verdade que eles procuram, e (2º) reconhecerão essa Verdade quando o Espírito Santo a trouxer aos seus corações. Assim quando isto acontecer cada homem poderá dizer com convicção pessoal como fez Filipe, "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José" (João 1:45). Mesmo com a pergunta de Natanael, “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (João 1:46), Filipe responderá na maneira do Salvador, "vem e vê". O primeiro passo em transformação era que Jesus atrai cada homem para observa-Lo, 1 como foi prometido na escritura e como Ele cumpriu essas promessas.

Há uma gradual ligação dos discípulos a Jesus. No começo, os discípulos ocasionalmente acompanharam Jesus, mais tarde eles dedicaram sua plena atenção e tempo para segui-Lo onde quer que Ele fosse.2 Finalmente, aproximadamente no último ano do Seu ministério terreno, Jesus ativamente recrutou os doze para instrução específica. Tudo isto abrange a estrutura geral da educação dos discípulos. Mas isto só explica sua exposição aos princípios do Reino de Deus e não sua transformação pessoal de caráter.

Se estes homens devem testemunhar ao mundo do poder de Jesus para salvar do pecado, eles necessitam uma experiência pessoal. Isto Jesus lhes deu ao ministrar para eles às necessidades de outros. Quer curando doentes ou discutindo com os fariseus, Ele usou a oportunidade para ensinar, comparando e contrastando os falsos juízos da verdade do Seu reino com suas realidades. Aqui é onde Pedro aprendeu sobre a verdadeira missão do Messias (Mat.16), onde os discípulos viram o que a verdadeira fé em Deus podia fazer numa tempestade violenta (Mat. 14), e onde suas acariciadas expectativas do Messias estavam longe de ser verdadeiras quando Jesus respondeu a suas perguntas finais (João 13:36-38). Dito todo isto, alguém talvez pense que eles estavam preparados para ir a todo o mundo, mas não estavam. Necessitavam de uma experiência que selasse sua educação.

. >>>> O que distinguiu os verdadeiros seguidores de Jesus era que estavam dispostos a ser corrigidos. Isto levou ao arrependimento. Muitos ouviram Jesus alegremente e foram impressionados e inspirados, mas eles não estavam dispostos a abandonar o que os impedia de receber as bênçãos da salvação. Os discípulos tinham abandonado aparentemente todo, mas foram mistificados no cenáculo quanto ao reino como verdadeiramente era. Não foi senão na cruz, onde eles viram seu Messias morrer, que eles estavam prontos para ver a verdade, incluindo todas suas nutridas expectativas de grandeza. No cenáculo, no domingo à noite, Jesus apareceu a eles numa maneira totalmente diferente porque todas suas pré-suposições se tinham ido. Quando Ele repetiu o que Ele os ensinara no passado ENTÃO ELES O RECEBERAM! Em quarenta dias eles estavam fora pregando com poder, porque Jesus tinha substituído seus falsos juízos pela verdade e a verdade os libertou, para compartilhar com outros o que Ele tinha modelado e o que Ele tinha feito.

A mesma transformação dos discípulos é o que Jesus quer fazer em nossa vida. Em nosso reconhecimento de que nós somos como os discípulos, tanto individual como coletivamente, em necessidade de mudança, estando dispostos a ser corrigidos e livremente arrependendo-se do erro, a verdade que Jesus tem para a preparação final da Sua segunda vinda será mesmo mais gloriosa do que o pentecostes.

“A menos que torne a ocupação de sua vida contemplar o Salvador levantado, e pela fé aceite os méritos que é seu privilégio suplicar, não mais poderá o pecador ser salvo do que podia Pedro andar sobre as águas, a não ser que conservasse os olhos bem fixos em Jesus. Ora, é o propósito determinado de Satanás eclipsar a visão de Jesus e levar os homens a olhar para o homem, a no homem confiar, e serem educados a esperar auxílio do homem. Por anos tem estado a igreja olhando para o homem, e dele muito esperando, mas sem olhar para Jesus, em quem Se centraliza nossa esperança de vida eterna. Portanto, Deus deu a Seus servos3 um testemunho que apresentava a verdade como esta é em Jesus, e que é a terceira mensagem angélica, em linhas claras e distintas” (Testemunhos a Ministros, pág. 93).

Robert Van Ornam

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

O Pastor Roberto Van Ornam fez curso superior em Religião, com ênfase em Teologia, na Universidade Adventista de Loma Linda, Califórnia, EUA. Serviu como missionário na Coréia do Sul e Quênia, áfrica Oriental. Nos últimos 26 anos, ele lecionou a estudantes do primeiro e segundo graus, a matéria “como estudar a Bíblia”. Atualmente leciona religião no colégio Adventista do Vale de Shenandoah, no estado americano da Virginia.

Notas do tradutor:

1) “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (João 12:32); “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé..”. (Hebreus 12: 1 e 2). Se temos de olhar para Jesus devemos olhar para o nosso Sumo Sacerdote no Santuário celestial. “Para ver a tua força e a tua glória, como te vi no santuário” (Salmo 63:2). “O teu caminho, ó Deus, está no santuário” (Salmo 77:13).

2) No Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág. 909 lemos: “Os seguidores não interromperam de imediato suas ocupações usuais e se tornaram discípulos no completo sentido da palavra. Não até um ano depois na primavera do ano 29 d.C., quando receberam o chamado para discipulado permanente (ver Lucas 5:1, 11), somente então poderia ser dito que ‘deixaram tudo, e O seguiram’, Lucas 5:11, ú. p.”.

Inicialmente todos vimos a Cristo por interesses pessoais, egoísticos. Os discípulos esperavam que Jesus restabelecesse o poder de Israel, e ansiavam por alguma importante posição no futuro governo. Mas por contemplarmos a Cristo somos transformados. Isto é o que ocorreu com os discípulos. “Nossa aproximação de Deus não deve ser por medo do inferno nem por desejo de recompensas mas pelo sincero desejo de reivindicarmos o caráter de Deus”. Entretanto inicialmente todos nós vamos a Cristo por motivos egoísticos, depois é que somos transformados.

"O Rei da Glória muito Se humilhou ao revestir-Se da humanidade. Rude e ingrato foi Seu ambiente terrestre. Sua glória foi velada, para que a majestade de Sua aparência exterior não se tornasse objeto de atração. Esquivava-Se a toda exibição exterior. Riquezas, honras terrestres e humana grandeza nunca poderão salvar ... . Jesus Se propôs que nenhuma atração de natureza terrena levasse homens ao Seu lado. Unicamente a beleza da verdade celeste devia atrair os que O seguissem. O caráter do Messias fora desde há muito predito na profecia, e era Seu desejo que os homens O aceitassem em razão do testemunho da Palavra de Deus" O Desejado de Todas as Nações, pág. 43, primeiros dois §§ do cap. 4).

3) Ellen White está falando aqui de Waggoner e Jones, os dois mensageiros de 1888; confira isto desde a pág. 91.