sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Lição 11 - Missão em Terra Pagã: Daniel e Companhia

As experiências de Daniel em Babilônia oferecem lições vitais para nós, ao encaramos os acontecimentos finais de história da terra, quando Babilônia espiritual tentará controlar toda humanidade. Daniel e seus três companheiros literalmente foram transportados à cidade de Babilônia, mas suas mentes nunca foram convertidas ao modo babilônico de pensar. Mantiveram a resolução de fazer o que é direito porque é direito, antes que se comprometerem para poupar suas vidas ou torna-las mais fáceis em cativeiro. A resolução é uma inabalável firmeza de propósito, uma dedicação sem reserva. Estes três jovens declararam que não importava o que lhes acontecesse, eles não corromperiam seu modo de pensar. Eles não adorariam outros deuses, nem partilhariam das maneiras babilônicas, nem mesmo nas "mínimas coisas.” Cada vez que nós nos comprometemos (*ou mesmo contemporizamos) enfraquecemos nossa resolução de lutar pela verdade “ainda que caiam os céus.”

Os desafios de viver num mundo pagão não mudaram desde os dias de Daniel, nem temos que ir a uma terra estrangeira para encará-los. Sociedade americana1 diariamente torna-se mais pagã ao o deus deste mundo ganha crescente poder sobre as mentes e vidas das pessoas. Aqui é onde a verdade da mensagem de 1888 de Cristo e Sua justiça entra em jogo—é a verdade em contraste com as idéias de Babilônia, a justificação e a natureza de Cristo. É a verdade concernente o caráter de Deus.

Muitos reivindicam que não crêem em justificação pelas obras, enquanto também mantêm que temos que fazer "algo" para receber o que Deus fez para nós. Citando um texto católico sobre justificação, A.T. Jones transcreve: "Estamos em ininterrupta necessidade da graça real para executar atos bons, tanto antes como depois de sermos justificados. Os bons atos devem ser praticados antes de sermos justificados, a fim de nos qualificar para ela. Os bons atos, no entanto, praticados pela ajuda da graça, antes da justificação, não são, estritamente falando, meritórios, mas servem para suavizar o caminho para a justificação, para mover a Deus". Tal noção é pagã. Adoração de Baal. Jones comenta, "Eles 'servem para mover a Deus'. Este é somente o espírito duro de ferro que o demônio assegurou estava no Senhor quando afirmou no céu—que Deus era tirano. … Mas isso é passado sob o título e sob a idéia de justificação pela fé! Não há nenhuma fé nele". (Boletim da Conferência Geral de 1893, p.262).

A teologia pagã popular reivindica que tudo que nós necessitamos fazer para ser convertidos espiritualmente é ter uma mudança de mente, aceitar uma nova consciência, um novo conhecimento de nosso real eu. Reivindica que disfunção social, ansiedade, desumanidade do homem para com o semelhante e abuso da natureza, tudo têm sua raiz no egoísmo, e (de acordo com esta teoria) são causados por uma falta de conhecimento sobre quem nós realmente somos. Suposta ignorância de si conduziu aos inumeráveis livros de autoajuda, no mercado que todos prometem fazer de nós "novas criaturas” seguindo seus métodos. A espiritualidade pagã pregada por Oprah Winfrey (*uma apresentadora de televisão norte-americana) e seu novo instrutor espiritual, Eckhart Tolle (*autor de Uma Nova Terra, Despertamento para os Propósitos da sua Vida), não é senão um exemplo desta antiga teoria de "consciência verdadeira" através do conhecimento de "nosso próprio interior" transmitido como cristianismo autêntico.

No entanto, converter a mente não é a solução ao problema de pecado. A Bíblia nos diz que "a mente carnal é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus" (*Rom 8:7). "Eis aí o ponto: se estava em inimizade, então talvez seja reconciliada, porque a coisa que o faria estar em inimizade seria a fonte do problema. E portanto, tire a fonte do problema, então a coisa que está em inimizade será reconciliada. Estamos em inimizade; mas quando Ele tira a inimizade, somos reconciliados com Deus. Nesta questão da mente carnal embora, nada existe no meio; é a própria coisa. Essa é a raiz. Então não pode estar sujeita à lei de Deus. A única coisa que pode ser feita com ele, é destruí-lo, desarraiga-lo, bani-lo, aniquila-lo. De quem é esta mente? É a mente do eu, e este é Satanás" (Boletim da Conferência Geral de 1893, p. 260; cf. Rom. 8:6-7, 12-14, 16-18; ênfase do original).

Um segundo ponto vital da mensagem de 1888, que foi enviada por Deus para corrigir o pensamento babilônico, era a verdade da natureza que Cristo assumiu na Sua encarnação. Que um Deus santo pudesse manifestar-Se em carne pecaminosa é tolice e anátema à mente carnal pagã. "Portanto esforço foi feito para escapar às conseqüências desta verdade gloriosa, que é o esvaziar de Si, por inventar uma teoria de que a natureza da virgem Maria era diferente da natureza do resto de humanidade". (O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, p. 41-42; ênfase do original). O pecado original e seu corolário, a teoria da Imaculada Concepção de Maria, ambos estão na raiz da resistência à verdade de que Cristo, de fato, tomou sobre Sua natureza sem pecado nossa natureza pecaminosa, caída.

"Se Ele não era da mesma carne como são esses a quem Ele veio redimir, então não há nenhuma razão de Ele ter sido feito carne absolutamente. Mais que isto: desde que a única carne que há neste vasto mundo que Ele veio redimir, é somente a pobre, pecaminosa, perdia carne humana que toda humanidade tem; se esta não é a carne de que Ele foi feito, então Ele realmente nunca veio ao mundo que necessita ser redimido" (Ibidem). "Se Ele não vem mais perto de nós do que numa natureza pecaminosa, este é um longo caminho errado; porque eu necessito de Alguém que esteja mais perto de mim que isso. Necessito que Alguém que me ajude, que sabe algo sobre a natureza pecaminosa; porque esta é a natureza que eu tenho; e esta o Senhor tomou". "Sempre foi obra de Satanás fazer com que os homens pensem que Deus está tão longe quanto possível. Mas é o esforço perpétuo do Senhor fazer que os homens descubram que Ele está tão perto de cada um quanto possível. Assim está escrito: 'Ele não está longe de cada um de nós'” (*Atos 17:27). (Boletim da Conferência Geral de 1895, p. 311; veja também p. 303).

Cristo assumiu, tomou sobre Sua natureza inata, sem pecado, nossa natureza pecaminosa, mas nunca por um momento permitiu que Sua natureza pecaminosa rendesse à artimanha de Satanás. Ele nunca permitiu que Sua mente pura, que não estava em inimizade contra Deus, aceitasse a liderança e sugestões da mente de Satanás, que está em inimizade contra Deus. Jones enfaticamente declarou: "Ele foi feito na semelhança de carne pecaminosa; não na semelhança de mente pecaminosa. Não arraste Sua mente para isto". (idem, p. 327). E assim, "Em Jesus Cristo ao estar Ele na carne pecaminosa, Deus demonstrou perante o universo que Ele tanto pode tomar posse da carne pecaminosa (*habitar em nós) quanto manifestar a Sua própria presença, Seu poder, e Sua glória, em vez do pecado se manifestar" (idem, p. 303). Que gloriosa boa nova!

Por meio de livros, seminários, sermões de púlpito, e testemunho pessoal, a filosofia gnóstica2 pagã antiga está sendo fraudulentamente transmitida como cristianismo verdadeiro, mas nós não devemos ficar surpreendidos1. "O mais perto que nos aproximarmos da segunda vinda do Salvador mais plenamente o espiritualismo professará Cristo". (Boletim da Conferência Geral de 1893 p. 342; veja também O Grande Conflito, p. 588-589). O perigo não é que o espiritismo esteja tomando o mundo, mas que nós não reconheçamos que ele esteja entrando no nosso próprio pensamento. "Estamos exatamente onde todo o poder desta terra é aliado contra a mensagem que nós devemos dar ao mundo, e portanto nós necessitamos, assim como eles [os discípulos antes do Pentecostes], ser dotados do poder do alto". (Boletim da Conferência Geral de 1893, p. 148). Necessitamos desse "colírio" que só Cristo pode dar, de modo que nós corretamente possamos discernir o paganismo da verdadeira religião que Daniel e seus companheiros tiveram, uma abundante unção desse colírio espiritual, e eles o obtiveram por profundo estudo diário da palavra de Deus. Eles estavam preparados antes de encararem o desafio.

O transcurso do tempo não mudou a batalha entre Cristo e Satanás. A batalha hoje, assim como foi para Daniel e seus companheiros, é por nossa mente: "escolhei hoje a quem sirvais” (Josué 24:15) e "deixa esta mente que estava em Cristo Jesus" (Fil. 2:5, KJV) ser a sua mente, uma mente plenamente rendida à vontade de Deus, para que Ele manifeste Seu caráter em você.

—Ann Walper

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Nota do tradutor:

1) O mesmo ocorre no Brasil.

2). Gnose, s. f. Ciência superior às crenças vulgares; gnosticismo; o saber, por excelência. Fr. gr. Gnosis (ciência, conhecimento). (Dicionário Caldas Aulete).