quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Lição 10 - Mulheres em Missão

As regras levíticas dadas a Israel fazem uma inegável distinção entre machos e fêmeas. Geralmente, ofertas sacrificais deviam ser um macho primogênito e imaculado, embora uma significativa exceção era a oferta pacífica (Lev. 3:1, 6). Os dias a que uma mãe era exigido purificar-se, após o nascimento de uma filha eram duas vezes mais do que depois do nascimento de um menino (12:1-5). A conclusão de que dar à luz uma criança (*do sexo) feminino tornava a mãe mais impura é difícil de evitar. Fontes judias afirmam que o nascimento de uma criança (*do sexo) feminino desarranjava os órgãos e causava mais sofrimento que o nascimento de uma criança (*do sexo) masculino. Esta opinião, entretanto, não tem base [1]. Vários comentários simplesmente declaram que não há nenhuma razão para tal diferença [2].

Deus deve ter tido uma razão, embora nós não a possamos ver. Quando a raça humana foi vendida em pecado pelo primeiro Adão, todos nascimentos nessa linhagem "foram formados em iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe" (Salmo 51:5, KJV).

Talvez um melhor raciocínio é que o sistema sacrifical inteiro dado a Israel era para constantemente apontar adiante à vinda da Criança (*do sexo) masculino que seria o Salvador do mundo. Cada mulher Judia esperava que ela talvez fosse honrada para trazer o infante Cristo ao mundo. O destque feito à primeira criança nascida (*do sexo) masculino, foi projetado para ser um lembrete constante da bendita esperança especialmente dada à nação de Israel. O fato de que foi pervertido para deturpar o valor intrínseco do macho sobre a fêmea sugere que os seres humanos sucumbiram ao apelo de Satanás para o orgulho egoístico.

Uma vez que a Cruz cumpriu todos os sacrifícios típicos, o sistema sacrifical não era mais necessário para dirigir a atenção da humanidade a um acontecimento futuro. Não mais Deus perdoaria por paciência, mas por causa de um fato histórico ocorrido (*na cruz do Calvário). Esse acontecimento reescreveu a história da humanidade por colocar a raça inteira num novo Adão. Este Adão satisfez as exigências da lei, tanto pela Sua vida sem pecado, quanto por Seu pagamento da pena da segunda morte pelo pecado para a raça humana.

Depois da cruz, Paulo podia declarar "não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa" (Gal. 3:28, 29). Paulo está explicando que a história da humanidade foi reescrita. O estado favorecido de Israel não é mudado, nem as promessas feitas à humanidade, mas quem é israelita é reconsiderado como (*sendo) os que pertencem a Cristo. É significativo que Paulo mesmo redefine a linhagem dos que pertencem a Cristo com o uso das palavras "semente" e "herdeiros".

Foi este pano de fundo, do qual se tirou conclusão errônea, como preconceito divinamente sancionado, que Cristo objetou pela Sua interação com mulheres. Seu relacionamento com elas era, aliás, mais coerente com a história do Velho Testamento de interação de Deus com mulheres e homens. Raabe era uma prostituta como talvez o fosse a mulher junto ao poço (João 4). Sara recebeu a promessa de um filho de um anjo muito semelhantemente à experiência de Maria, a mãe de Cristo. As regras que Cristo "quebrou" desafiam as regras levíticas concernentes a mulheres cerimonialmente imundas. Ele na verdade elogia a mulher com a hemorragia por ter a coragem de quebrar o preconceito artificial para procurar cura.

Embora não mencionado na lição, a viúva com (*duas) pequenas moedas (*Marcos 12:42 e Lucas 21:2) é elogiada. Representa uma classe de pessoas em grande necessidade que são ignoradas pela sociedade. Podia ter sido intimidada pela insignificância comparativa de sua oferta, mas insistia em adorar com (*tal) oferta, embora fosse uma pequena contribuição.

Ao o Novo Testamento desdobrar os papéis de homens e mulheres na igreja primitiva, diferenças parecem tornar-se irrelevantes. Geralmente as contribuições das pessoas à "causa" diziam respeito à sua classe social em vida, se macho, fêmea, bem sucedido, pobres, educado ou analfabeto. Deus usou-os no ministério porque estavam dispostos a serem usados. Nenhuma importância particular deve ser atribuída a seu gênero. O que distingue é: Deus usa ao que está pronto para agir com satisfação.

Deus não revisa os hábitos da sociedade a menos que interfiram no relacionamento da humanidade com Ele. No Seu ministério enquanto na terra, Cristo não fez nenhuma tentativa "ativista" de mudar as normas da sociedade senão pelo Seu calmoexemplo. Sua interação com as pessoas era a exteriorização do princípio de que (*não) há "nem macho nem fêmea".

No terno ministério de Cristo à viúva de Nain nós vemos uma parábola da mensagem de Elias nos últimos dias. Ocupando somente seis versos em Lucas 7 (11-16), a história conta (*a) missão inteira de Cristo. Uma viúva é uma mulher cujo marido morreu. Seu filho morto era órfão. Quando Cristo tocou o féretro, Ele (*o) identificou com o fim inevitável da inteira raça humana. Porque Ele estava desejoso de fazer isso, mesmo a segunda morte, Ele estava habilitado a chamar o filho (*da viuva) dentre os mortos. Ao assim agir, Ele então o restaurou a sua mãe.

........................As conotações espirituais desta história são enormes. A mensagem de Elias irá "...converter os corações dos pais aos filhos” (Lucas 1:17), e "que este povo conheça que Tu és o SENHOR Deus, e que Tu fizeste voltar o seu coração" (I Reis 18:37). Cristo usou esta angustiosa mulher para demonstrar Sua mensagem de restauração total. Ele restaura filhos rebeldes instáveis a seu Pai celestial, e casa uma mulher sem marido com seu Noivo celestial. Tomando seu lugar como Sua noiva, ela não é mais segunda classe e impura, mas tendo se aprontado (*Apoc. 19:7), entra na alegria do seu Senhor.
—Arlene Hill

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Notas da autora:

[1] Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, pág. 758

[2] e.g., Commentary on Leviticus, por Matthew Henry.

Arlene Hill, autora desta introspecção, é uma fiel adventista, professora da escola sabatina numa das igrejas adventistas da cidade de Reno, estado de Nevada, EUA. Profissionalmente foi advogada no estado da Califórnia, estando hoje aposentada.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.