sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Motivo “em Cristo”

As lições de 4ª e 5ª feira, 17 e 18/12/08, toca no “motivo em Cristo”. O nome não importa, você pode mesmo usar muitos outros: “O assunto ‘em Cristo”; “O Argumento ‘em Cristo”; “A Matéria ‘em Cristo”; “O Tema ‘em Cristo”, etc...

O importante é sabermos que Cristo é o que influencia nossa escolha de vivermos “nEle”, e promove a nossa ação através “dEle”, e mais importante ainda é entendermos que este é um ponto central de toda a Bíblia e do Espírito de Profecia. Tudo só é possível ‘em Cristo’.

Receber a mensagem da Justiça de Cristo, pela fé, e compreende-la, é ter, dentro de nós, “em Cristo”,“O Caráter de Deus”, refletindo-O aos nossos semelhantes em nossa missão evangelística. O Caráter de Deus tem que ser vivido por nós, “em Cristo”, antes que possamos pregar com total eficácia.

Surpreendentemente a serva do Senhor a chama de “A Terceira Mensagem Angélica, em verdade”, que é nossa missão cardinal, Apoc. 14: 6-12.

Ela diz mais: “Em Sua grande misericórdia enviou-nos o Senhor uma mui preciosa mensagem, através dos irmãos A.T. Jones e E. J. Waggoner.” Declarações de apoio a estes “dois mensageiros divinos” somam por volta de 370 nos 4 volumes de materiais da pena inspirada a respeito de Justificação pela Fé, impresso pela Conferência Geral em comemoração ao centenário da realização da Assembléia de Mineápolis (1988).

Esta mensagem tem como essência a transformação do caráter do crente quando ele vive “em Cristo”, pelo poder de Deus. É o início da Chuva Serôdia (Apoc. 14:12), a mais importante hoje pois faz que o grão amadureça para a colheita final que Deus está ansioso por concluir em nós na Sua obra de purificação do Santuário Celestial, através do Espírito Santo.

Falei recentemente ao meu pastor da Igreja Central de Belo Horizonte, que evangelismo não é primordialmente método, mas mensagem. Está a nossa igreja, os nossos membros, ou melhor, tenho que ir ao ponto, estou eu permitindo Cristo viver dentro de mim? Se não, não estou apto a realizar uma efetiva pregação de “Cristo e Este crucificado”.

Paulo disse ser este o caráter da pregação a que se propôs proclamar (1ª Cor. 2:2).

Isto é o que Apolo, um “eloqüente orador e poderoso nas escrituras” que se podia vangloriar, mas, que, ao contrário, foi humilde o suficiente para ser instruído por Áquila e Priscila, “com mais precisão, o caminho de Deus” (Atos 18: 24 a 26).

Em Hebreus 10: 19 e 20 Paulo está falando da eficácia do sacrifício de Cristo (vs. 1-18) “Portanto, irmãos, tendo ousadia para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne.”

Você vê, o ministério Sumo sacerdotal no Santíssimo do Santuário celestial, é através de um Sumo Sacerdote divino-humano, que assumiu a natureza caída que tenho, e, mesmo revestido deste equipamento desfavorável, defeituoso, pelo poder de Deus venceu o inimigo, e não pecou, em momento algum. Como foi isto possível quando Ele era um infante, não sendo capaz de nem mesmo segurar sua mamadeira?, A resposta está no livreto “Como Poderia Jesus Viver Sem Pecado, Como um Bebê, se Ele Assumiu a Nossa Natureza Caída e Pecaminosa?”, que vem acompanhado de um CD (áudio). Peça-nos e lho enviaremos.

Assim Ele sempre foi, continuará sendo, e é “Santo, Santo, Santo”, Isaias 6:3 e Apoc. 4:8 (confira também: Marcos 1:24; Lucas 1:35; 4:34; João14:30, etc...), pois nunca pecou. Esta verdade é parte essencial da “mui preciosa mensagem” que “o Senhor, em Sua grande misericórdia”, nos enviou há 120 anos atrás.

Quando nossos pioneiros se reuniram para estudarem e estabelecerem o nosso corpo de doutrinas, quando, após muitos períodos de jejum e oração, não chegavam a um entendimento unânime sobre um determinado ponto ou assunto, diz a serva do Senhor que Ele apresentava a ela, em visão, a verdade sobre a controvérsia.

As verdades sempre nos foram outorgadas pela intervenção divina, Hebreus 1:1 é um dos muitos exemplos. E são cumulativas, isto é, a declaração de um profeta não contradiz a de antecessores.

Por mais de 100 anos, a partir da década de 1850, a “Cristologia Adventista” foi unânime e invariavelmente no sentido de afirmar que Cristo assumiu a natureza de Adão com 4.000 anos de pecado (DTN pág. 49 é uma das centenas de declarações neste sentido). O Comentário Bíblico Adventista, escrito por mais de 40 irmãos nossos por volta da década de 1950 afirma invariavelmente isto, enquanto três irmãos nossos se envolveram em reuniões com “evangélicos”, e numa tentativa de evitarem sermos chamados de “seita”, viraram 180 graus a Cristologia, afirmando o oposto, isto é, que Cristo veio a esta terra na natureza de Adão antes da queda.

Desde então tem-se feito todo o tipo de esforço para justificar-se esta mudança na doutrina, até mesmo usando-se textos da pena inspirada em que ela fala da santidade de Cristo, o que nenhum dos dois lados nega. A tentativa de dizer que a Irmã White tem declarações nos dois sentidos é o mesmo que afirmar que um profeta pode acender uma vela a Deus e outra ao diabo. A verdade é uma coisa ou outra. Ela mesmo disse, Minha obra... traz o selo de Deus, ou o do inimigo. Não há, meio-termo...” (Evangelismo, pág. 260, 4º §).

Deus não é sócio de Satanás e “nada faz em parceria com ele” (ibidem).

Mas antes deste assalto que o inimigo fez à igreja de Deus na década de 50 do século XX, com vitória, ele já havia tentado isto através de irmãos nossos no estado de Indiana, nos EUA, a saber, através do movimento da “carne santa”, mas, então, a serva do Senhor ainda era viva e o condenou, e a Conferência Geral mudou toda a liderança da Associação de Indiana.

Hoje, graças a Deus, a despeito da posição oficial predominante, ainda temos em todos os níveis da igreja, desde a Associação Geral, passando pelas uniões, associações, missões, instituições, igrejas e grupos, pessoas que creio serem bem mais do que 7.000 (1º Reis 19:18), que têm mantido intacta esta verdade.

Querem um exemplo?, o Pr. Marcos Aguiar, que há três anos ou pouco mais, deixou a igreja central de Belo Horizonte para assumir a central do Rio. Suas pregações estavam repletas da mensagem da Justiça de Cristo, como nos foi outorgada em 1888 e na década que se seguiu. Certa feita, em um encontro jovem, onde se debatia sobre a natureza de Cristo na encarnação, se antes ou depois da queda, disse que “se Cristo não correu o risco de pecar, ‘risco de perda eterna’ (DTN, pág. 49), se Ele não assumiu a nossa natureza pecaminosa de 4.000 anos de pecado, toda sua vida de sofrimento, principalmente no Calvário não passou de uma encenação teatral, um fingimento.”

E a este “risco de perda eterna” não se referia Ellen White simplesmente à “força física, e poder mental” de Cristo, mas ela também fala de “valor moral” (DTN, pág. 117. Atenção: algumas edições em português omitem a palavra valor).

Bem, alguém dirá, mas João, você saiu, e muito, do assunto “em Cristo” a que você se propôs comentar para as partes de 4ª e 5ª feira da lição desta semana, que fala da expressão-chave ‘em Cristo”, que “mostra... o que Deus realizou por nós e pelo universo caído, por meio da vida, morte e ressurreição de Cristo. ... Cristo é a chave para tudo que recebemos de Deus.”Sem este conceito estaríamos “separados ... e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef. 2:12)”.

Mas irmãos, para o mundo ser revolucionado com a pregação do evangelho em alguns poucos anos, por pessoas vivendo “em Cristo”, a mensagem da Justiça de Cristo “deveria trazer, mais proeminentemente ante o mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. [Esta mensagem] apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo a receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência aos mandamentos de Deus. Muitos perderam Jesus de vista. Eles têm que ter os olhos fixos na Sua divina pessoa, Seus méritos e Seu imutável amor pela família humana.... Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo”. Testemunhos para Ministros, págs. 91 e 92. Leia até o final do capítulo, e então responda:

Temos nós esta mensagem?, ou melhor, a estamos vivendo “em Cristo”?

Um importante elemento da mensagem da Justiça de Cristo é o “relacionamento” entre os trabalho final de Cristo na purificação do Santuário celestial e a verdade bíblica da justificação pela fé. “Cristo está apelando pela igreja nas cortes acima e com aqueles por quem Ele pagou o preço da redenção do Seu próprio sangue” (ibidem), intercedendo através do Espírito Santo, para que, “em Cristo”, abandonemos, pela fé “nEle”, pelo poder de Deus, os nossos pecados. (Confira em Primeiros Escritos págs. 55 e 56).

A mensagem da justificação pela fé fala de “Cristo em” você. É uma experiência de vida, uma mudança de coração, e, se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus” (TM 92). Assim, esta expressão “em Cristo”, quando se torna uma realidade em nossas vidas, nos reconcilia com a lei de Deus, e deve repousar em um fundamento mais forte do que os sentimentos ou obras do crente, ou mesmo sua escolha em crer.

Efésios 2:8 diz que somos salvos “pela graça... por meio da fé”.

Quando se manifestou a graça? Tito 2: 11-14 diz que foi quando “Cristo Se deu a Si mesmo por nós para remir-nos ...” (vs. 14).

Ellen White viu esta verdade como um elemento da luz de deverá iluminar a terra com a Sua glória (Apoc. 18:1). Naturalmente que isto só será possível através de pessoas destituídas completamente do eu, e vivendo inteiramente “em Cristo”. A mensagem de 1888 é, assim, uma “motivação para servir a Cristo”.

Porque guardamos os sábado, devolvemos o dízimo, fazemos trabalho missionário, etc...? Ah!, queremos nos salvar, queremos ir para o céu!!!. Boa idéia, mas se nunca formos além disto torna-se a raiz do legalismo, uma motivação centralizada no egoísmo, e está “sob a lei”, é velho concertismo, e, sem dúvida, não subsistirá na crise final. Muito de nosso evangelismo público está baseado neste apelo egocêntrico, o que é bom para um entendimento com infantilidade.

Mas a Bíblia fala de um processo de crescimento. Efésios 4 apela “para que não sejamos mais meninos, levados ao redor por todo vento de doutrina... antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo, ‘nAquele’ que é o Cabeça, Cristo.”

A mensagem da Justiça de Cristo nos aponta para a motivação “em Cristo”, que promove o esquecimento do eu, uma preocupação por Jesus, para que Ele receba Seu galardão para que seja coroado Rei dos Reis, para que O honremos, a fim de que o peso dos sofrimentos que Ele sente pelo mundo cambaleante, em desgraça e miséria, possa ser alevantado, para que Ele veja o trabalho da Sua alma e possa ficar satisfeito. (cf. Isaias 53:11).

Esta motivação é criada no nosso mundo egocêntirico, em corações pecadores, pela introdução de algo que a Bíblia chama de “Ágape” (Rom. 5:8).

A pregação da Justiça de Cristo, pelos dois mensageiros de 1888, tem este amor, que é o próprio Deus, 1ª João 4:8, Ágape, como o fundamento de sua mensagem. É um conceito de amor muito diferente do que os seres humanos normalmente entendem. Um conceito de amor consistente com a idéia da Bíblia da não-imortalidade da alma.

Agora, cuidado para você não dizer que é exatamente isto que cremos! Aparentemente pode assim parecer, mas veja: nós, como denominação, já de há muito dizemos que o nosso entendimento da justificação pela fé é idêntico ao dos luteranos.

*Ora, já faz alguns anos (final do século XX), que a igreja Luterana e a igreja Católica Romana chegaram a um acordo virtual de que o entendimento da Justificação pela Fé de ambas é o mesmo.. É, assim, a Justificação pela Fé, que estas duas denominações pregam o que Ellen White chama de “a terceira mensagem angélica, em verdade”?

*Se a nossa pregação é a mesma que a dos guardadores do domingo, evangélicos e católicos romanos, aonde isto nos leva? Alguém poderá dizer, “oh! não faz diferença, contanto que continuemos a guardar o Sábado.” Mas, espere um pouco. Você não será capaz de manter a guarda do sábado quando a marca da besta for imposta, a menos que você esteja alicerçado “em Cristo”, na verdade da Justificação pela Fé, porque Ellen White e a Bíblia dizem que a mensagem do 3° anjo é, em verdade, a justificação pela fé.

E isto, como vêem, nos leva de volta ao tópico da lição desta semana, ( de 4ª e 5ª).

*Outro elemento vital da mensagem de 1888 é a realidade de Cristo descer até o fundo do poço aonde nos encontramos, para nos tirar dele e ser Deus conosco, nosso Salvador. Esta mensagem proclama que Ele tomou sobre a Sua natureza santa a nossa pecaminosa; que, “em todos os pontos Ele foi tentado como nós, entretanto, sem pecado. Não tentado diferente do que somos. Ele foi tentado a partir do interior, como nós somos, “entretanto, sem pecado”, bem como a partir do exterior.

*Também a doutrina dos dois concertos é, possivelmente, a mais contestada verdade que o Senhor nos enviou no final do século XIX, e é diferente do entendimento das igrejas observadoras do domingo, e da qual muitos, mesmo entre nós, têm somente uma ofuscada visão.

*Se você entender e viver esta verdade “em Cristo”, você a desejará proclamar até mesmo com risco de vida. É algo que queimará dentro de você. Jeremias disse: “a verdade de Deus é algo que eu não posso segurar dentro de min; ‘Sua palavra me é no coração como fogo ardente. Estou cansado de mantê-la comigo, e não posso mais” (Jer. 20:9)

As boas novas são que esta mensagem ainda triunfará na igreja remanescente, e a eficácia dela há de ser recuperada pelo povo de Deus.

Quando o noivo regressar, já a Sua noiva terá se aprontado (Apoc. 19:7).

Isto ocorrerá quando nós, a igreja de Deus, estivermos vivendo “em Cristo”, e “Ele em nós”, e, então, somente então, Deus poderá dizer “aqui está a paciência dos santos, aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus.” Apoc. 14:12.

Que Deus realize isto, “em Cristo”, na vida de cada um de nós, é o meu desejo e oração.

Tenham um feliz sábado,

Do irmão “em Cristo”,

João Soares da Silveira.

Muitas da idéias deste artigo colhi de diferentes publicações do Comitê de estudos da Mensagem da Justiça de Cristo, e as com asterisco (*) de um artigo do Pr. Roberto Wieland, de quem já lhes falei antes. (News Leter de set./out. 1999).