sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Lição 8 — O Fruto do Espírito é Fidelidade

As recompensas prometidas aos fieis precisam ser listadas. Incluem a coroa da vida eterna, a entrada no gozo do senhor, e outras bênçãos tão grandes que nós não podemos nem mesmo imaginar (veja o Apoc. 2:10, Mat. 25:21 e 1ª Coríntios 2:9).

(*Pelo paralelismo, o método de interpretação escriturístico) podemos definir a palavra fidelidade:

Salmo 40:10 “Não escondi a Tua justiça dentro do meu coração; apregoei a Tua fidelidade e a Tua salvação.”

Isaias 11:5 “E a justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins.”

Salmo 143:1 “Ó Senhor, ouve a minha oração, responde-me segundo a Tua fidelidade, segundo a Tua justiça” (KJV).

Fazendo exame das passagens acima, e dos (*textos dos) próprios mensageiros de1888, nós usaremos daqui por diante as palavras fidelidade e justiça intermutavelmente.

Alias, nós olhamos aos nossos corações e vemos que neles “não habita bem algum” (Romanos 7:18). Nós merecemos o destino do servo inútil que foi lançado nas trevas exteriores onde “haverá pranto e ranger de dentes” (Mat. 25:30). Se nós reconhecermos nossa verdadeira condição, Romanos 7:24 será o grito do nosso coração: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?”

Com Paulo, nós podemos agradecer a Deus por passagens tais como Lamentações 3:21 - 23: “Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; Novas são a cada manhã: grande é a Tua fidelidade.”

Cristo é a corporificação da fidelidade. Apocalipse 19:11 alista “fiel” como um de Seus nomes. A boa nova é que, mesmo que nós sejamos tão miseráveis, nós podemos escolher fazer do Senhor a nossa “porção” (veja Lamentações 3:24). Quando nós “estamos escondidos com Cristo em Deus” então Sua fidelidade é nossa. Tanto quanto permaneçamos nEle — mortos para o eu, e vivos nEle, não há nenhuma condenação (veja Colossenses 3:1 - 4).

Mas muitos falham em possuir a “boa porção” pela mesma razão que Israel falhou inteiramente em ocupar a terra de Canaã (*devido à incredulidade deles, Heb. 3:19). Muitos gigantes “grandes e altos” ocuparam o território de nossos corações e nós não temos a força ou a coragem para expulsá-los.

Os sacerdotes e os magistrados que rejeitaram a Cristo assim agiram porque reconheceram que deixá-Lo habitar em seus corações os mudaria à Sua imagem, e eles não desejavam tornar-se humildes e, auto-sacrificantes (*altruístas, como Cristo). Sua própria presença os fez ver o contraste entre seu orgulho e egoísmo e seu amor puro, abnegado. Reconheceram que alguém tinha que morrer. Sua escolha era manter seu orgulho e matar seu Salvador. Considere as implicações da escolha que tiveram que fazer. Eles dispunham de duas opções:

1ª) Poderiam “deixar” (ou permitir) que a mente de Cristo habitasse neles1 — a mente que se humilha; a qual “O fez, a Si mesmo, de nenhuma reputação, e tomou sobre Ele a forma de um servo, e foi feito na semelhança dos homens” e fez o supremo sacrifício em prol de outros (veja Filipenses 2:5 – 7, KJV).

2ª) Poderiam resistir àquele amor e humildade, deixando assim seus corações desprotegidos contra a completa ocupação pelo “príncipe das trevas,” cuja razão de existência era destruir Cristo e tudo o que reflete sua fidelidade.

Queriam um Messias, mas desejavam um que os salvasse em seus próprios termos. A fim de que não pensemos que nossa situação seja melhor do que a dos fariseus, Ellen White nos adverte do nosso próprio perigo similar. “Somos muitas vezes levados a buscar a Jesus pelo desejo de algum bem terrestre; e da obtenção de nossas petições fazemos depender nossa confiança em Seu amor. O Salvador anseia dar-nos uma maior bênção do que Lhe pedimos; e retarda o atendimento de nosso pedido para nos mostrar o mal de nossos próprios corações, e a nossa profunda necessidade de Sua graça. Ele deseja que renunciemos o egoísmo a fim de O buscarmos. Confessando nosso desamparo e severa necessidade, devemos confiar-nos completamente em seu amor” (O Desejado de Todas as Nações, página 200).

“Não veio sobre vós tentação senão comum ao homem; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação abrirá também um caminho de escape, para que a possais suportar” (1ª Coríntios 10:13, KJV). Nós não necessitamos ficar imaginando o que esse caminho de escape possa ser, porque Jesus diz, “Eu Sou o caminho” (João 14:6).

É-nos dito para procurá-Lo, e encontrá-Lo (Jeremias 29:13). Quanto devemos procurar a fim encontrar Aquele que é o “Caminho”? Ele está em pé à porta de nossos corações (veja o Apocalipse 3:20). E bate — persistente, pacientemente. Percorremos um círculo completo, voltando a Filipenses 2:5. Nós temos simplesmente que abrir a porta de nossos corações a Jesus (*isto é, não resistir à Sua ação), e permitir que esta mente dEle penetre e “esteja” em nós. Então o “autor e consumador da nossa fé” (Hebrews 12:2) nos fará fiéis, nos santificará em tudo (veja 1ª Tessalonicenses 5:23). “Fiel é o que vos chama, O qual também o fará” (1ª Tessalonicenses 5:24).

“A promessa de que haveria de ser herdeiro do mundo, não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da (Romanos 4:13). Outra vez nós vemos que a justiça é “de”, ou produzida pela fé. E mais, a fé que produz esta justiça é “a fé de Jesus” (Apocalipse 14:12), que nós devemos “guardar.” Aqueles que “deixam” o solícito Cristo de Apocalipse 3:20 incorporar seus corações — aqueles que “permitem” Sua mente estar neles, aqueles que “mantêm” a fé de Jesus, são aqueles a quem a mensagem dos três anjos proclama, publicamente, como “santos” (Apocalipse 14:12).

A lição de quinta-feira indica que a pergunta (*que preocupa o povo de Deus) não é, “Será que Deus é fiel?' mas “permitirei eu que Ele seja fiel em mim até o fim? '”

A. T. Jones responde, “Nós necessitamos da fidelidade de Jesus Cristo para manter-nos fiéis. E devemos nós esperar a perseguição para dispersar-nos, a fim de pregar a palavra? De maneira nenhuma! Avancemos por genuína fé, e na fidelidade de Jesus, que veio voluntàriamente quando Deus O chamou (novembro 11, 1893 ATJ, HOMI 222.2).

“Como filhos na casa de Deus nós devem exercitar a mesma fidelidade que Cristo manifestou, e isto nós podemos fazer porque Ele nos dá sua própria fé. ‘A vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus’ (Gal. 2:20). Cristo morando no coração pela fé, exercita Sua própria fé, pela qual guardou os mandamentos do Pai, e habitou em Seu amor; de modo que possa ser dito: ‘Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus' (Apoc. 14:12). Só esta fé vence o mundo. ‘Por isso ... considerai o apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, Cristo Jesus, sendo fiel ao que o constituiu ... como Filho sobre a Sua própria casa' (Heb. 3: 1, 2 e 6)” (30 de setembro de 1897, E. J. Waggoner, PTUK pág. 612, §7º)

“A presença Deus dá vida ao trono em que Ele Se senta, e à alma em que Ele habita. Separar-se dEle significa morte certa. Portanto tome cuidado, e guarde a fé” (21 de outubro de 1897, E. J. Waggoner, PTUK pág. 659, §35º)

Apocalipse 2:10 diz, “Sê fiel até à morte, e eu dar-te-ei a coroa da vida.” Parece claro então, que aqueles que persistem em manter a porta do coração aberta ao solícito Cristo batendo (*à porta), Apocalipse 3:20, terão dentro deles a firme fidelidade. Então, “quando o caráter de Cristo Se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como seus próprios” (Parábolas de Jesus, pág. 69, §1º)

E. J. Waggoner sumaria nosso estudo sobre fidelidade assim: “Paulo expressa seu desejo quando o senhor vem, de ser ‘achado nEle, não tendo a justiça que vem da lei, mas a que vem da fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé' (Fil. 3:9). Aqui outra vez nós temos `a fé de Cristo.' E ainda mais, é dito dos santos, `aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus' (Apoc. 14:12). ‘Fiel é Deus’ (1ª Cor. 1:9). Cristo é fiel, pois ‘Ele permanece fiel' (2ª Tim. 2:13). Deus reparte a cada um a medida da fé. Rom. 12:3; (*e isto não vem de nós, é dom de Deus) Ef. 2:8. Deus concede-nos Sua fidelidade. Isto Ele faz dando a Si mesmo a nós. De modo que nós não temos que conseguir justiça produzida por nós mesmos; mas para fazer a matéria duplamente certa, o Senhor dá-nos nEle a fé pela qual nos apropriamos de Sua Justiça. Assim a fé de Cristo deve trazer a justiça de Deus, porque a possessão dessa fé é a possessão do próprio Senhor. Esta fé é distribuída a cada homem, assim como Cristo Se deu a Si mesmo a cada homem. Você pergunta, o que então pode impedir que cada homem seja salvo? A resposta é, nada, exceto o fato que todos os homens não manterão a fé. Se todos guardassem tudo o que Deus lhes dá, todos serias salvos” (16 de janeiro de 1896, E. J. Waggoner, SITI, pág. 36, §5º).

— Helene Thomas

A irmã Helene Thomas é esposa de um obreiro bíblico adventista. Eles vivem no estado de Michigan, nos EUA. Além de exercer as funções do lar, como esposa, mãe e avó, ela é escritora, e produz artigos literários de dentro da própria casa. Desde Janeiro de 2010 ela é a nova editora-chefe do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888.

Nota do tradutor:

1) A mensagem de 1888 nos diz que quando estamos "em Cristo", Sua vitória é nossa vitória. Não é que nos é dada força suficiente para superar a tentação, mas nós somos instados: "deixe esta mente estar em você, que também esteve em Cristo Jesus(Fil. 2:5, KJV). Isto é, permita que Ele realize isto em você. Sua vitória na nossa carne torna-se nossa vitória pela fé. Não se trata de ação sua e sim de Deus em você.


E este pode ser o sumário do evangelho. A KJV trás a idéia essencial: "deixe esta mente estar em você...”. Nas versões em português há uma sutil, oculta e perigosa aparência de salvação pelas obras ao substituir esta idéia de “DEIXAR,” ou NÃO IMPEDIR a ação de Deus. Nas versões Almeida lemos: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento (mente) que houve em Cristo Jesus”, o que pode instigar o indivíduo à ação. A vontade de Deus é implantar em nós a mente de Seu Filho. Mas Ele não o fará sem o nosso consentimento. “O livre arbítrio é um templo sagrado que Deus jamais violará” (Autor desconhecido). O Evangelho é—Deus desejoso de agir no ser humano; e Ele o fará simplesmente se não for resistido.


O verbo deixar bem expressa um aspecto primordial do evangelho, sua essência em verdade. É que Deus quer realizar tudo em nós sem necessidade de obras da nossa parte. Mas Ele nada fará se houver qualquer resistência da nossa parte devido ao respeito que Ele tem pelo livre arbítrio com que nos criou. Ele o respeita como a um templo sagrado.

Assim a versão da King James (a versão do Rei Tiago) melhor retrata esse princípio do evangelho, porque mostra o que Ele quer realizar em, e através de nós. Veja o quadro que a compara com a nossa versão em português que dá a entender a necessidade de ação de nossa parte, através de formas expressas no tempo verbal imperativo que a Almeida emprega:

Texto

Versão King James

Versões Almeida

Mat. 5: 16

Deixe sua luz brilhar

Resplandeça a vossa luz

1ª Cor. 14: 26

Deixe que tudo se faça para edificação

Faça-se tudo para edificação

Verso 40

Deixe que todas as coisas sejam feitas decentemente

Faça-se tudo descentemente

1ª Cor. 16: 14

Deixe que todas as coisas sejam feitas com amor

Todas as coisas sejam feitas com amor

2ª Cor. 7:1

Deixe que nos limpemos de toda imundícia da carne

Purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne

Gal. 5: 25

Se vivemos no Espírito, deixe-nos também andar no Espírito

Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito

Gal. 6: 10

Deixe-nos fazer bem a todos os homens

Façamos bem a todos

Fil. 2: 3

Não deixe que nada se faça por contenda e vanglória

Nada façais por contenda ou vanglória

Filipenses 2:5

deixe esta mente estar em você

De sorte que haja em vós a mesma mente que houve

Col. 3: 15

Deixe que a paz de Deus reine em seus corações

A paz de Deus domine em vossos corações

verso 16

Deixe a palavra de Cristo habitar em vós abundante-mente, em toda a sabedoria

A palavra de Cristo habite em vós abundantemente em toda a sabedoria.

Col. 4: 6

Deixe que a vossa palavra seja sempre agradável

A vossa palavra seja sempre agradável

Hebreus 4:11

Dixemos, pois, laborar por entrar naquele repouso

Procuremos, pois, entrar naquele repouso

Verso 14

Deixe que retenhamos fir-memente a nossa profissão

Retenhamos firmemente a nossa confissão

Verso 16

Deixe, portanto, que venhamos confiantemente ao trono da graça

Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça

Hebreus

6: 1

Deixe que cheguemos à perfeição

Prossigamos até à perfeição

Hebreus

10: 22

Deixe que nos aproximemos com verdadeiro coração

Cheguemo-nos com verdadeiro coração

Hebreus

12: 1

Deixe que corramos com paciência a corrida que é posta perante nós

Corramos com paciência a carreira que nos está proposta

Verso 28

Deixe que tenhamos graça

Retenhamos a graça

Hebreus

13: 1

Deixe que o amor fraternal continue.

Permaneça o amor fraternal

Tiago

1:4

Mas deixe a paciência ter a sua perfeita obra

Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita

Tiago

3: 13

Deixe que ele mostre por uma boa conversação suas obras ...

Mostre pelo seu bom trato as suas obras

Tiago

5: 12

Deixe que o seu sim seja sim e o seu não seja não

Que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não

Tiago

3: 10

Deixe que ele refreie sua língua do mal

Refreie a sua língua do mal

Verso 11

Deixe que ele evite o mal e faça o bem, deixe que ele procure a paz e a siga

Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a

1ª João 4:7

Deixe que nos amemos uns aos outros

Amemo-nos uns aos outros

Apoc.2:7,11,17, 29; 3: 6, 13, 22

Aquele que tem ouvidos, deixe que ele ouça

Quem tem ouvidos ouça

Apoc. 22: 11

Aquele que é justo, deixe que continue justo

Quem é justo seja justificado ainda

Assim o Evangelho é — Deus desejoso de agir no ser humano; e Ele o fará simplesmente se não for resistido, não há necessidade de obra alguma nossa.

A mensagem de Mat. 5:13-16 para os discípulos de Cristo sobre "deixar sua luz brilhar" está na palavra "deixar." Mateus 5:16, nas nossa versões em português, diz: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, ..”. Na KJV é deixa sua luz resplandecer ...” o que trás a idéia de nosso consentimento para que Deus realize isto em nós. É uma questão de respeito que Deus tem pelo nosso livre arbítrio; A palavra significa que o Senhor está pronto para fazer algo se nós O deixarmos agir. Ele não o pode fazer sem nossa permissão, ou devemos dizer, sem nossa cooperação.

Na história de nossa igreja temos um exemplo em que demonstramos, como denominação, falta de fidelidade para com Deus. A idéia de "deixar sua luz brilhar" era "verdade presente" há 120 anos quando o Senhor estava pronto para fazer "nossa" luz brilhar sobre um mundo entenebrecido, iluminando a terra com a glória do quarto anjo de Apocalipse 18:1-4. (Lembre-se de que, quando Apocalipse fala de anjos com uma mensagem, é o povo de Deus que realmente dá a mensagem).

Mas estava aquela "luz" pronta para o Céu magnificá-la, para fazê-la brilhar num mundo escuro naquela época? A serva do Senhor disse que éramos secos como as colinas de Gilboa que não tinha nem orvalho nem chuva. Para trazer cura e unidade à igreja mundial, "em Sua grande misericórdia o Senhor enviou uma mui preciosa mensagem" (Testemunhos a Ministros, pág. 91), que era (e é) essa mensagem de há 120 anos — a mensagem da justiça de Cristo, a mensagem de 1888, a “mui preciosa mensagem”. Cada classe da Escola sabatina e cada serviço de adoração na época de 1888 eram "secos". O Senhor nunca poderia ter como magnificar a luz que eles tinham para aquele tempo no mundo. Mas Ele estava esperando para brilhar (*neles) a "luz" que tinha dado em 1888.

Uma das abençoadas coisas que a mensagem de 1888 nos diz é que quando estamos "em Cristo", Sua vitória é nossa vitória. Não é que nos é dado força suficiente para superar a tentação, nós somos instados: "deixe esta mente estar em você, que também esteve em Cristo Jesus(Fil. 2:5, KJV). Sua vitória na semelhança da nossa carne torna-se nossa vitória pela fé.