sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Lição 9 — O Fruto do Espírito é Mansidão

Embora seja comum e adequado para nós vermos os frutos do Espírito como traços que nós, (*pela ação de Deus), como cristãos, devemos incorporar em nossas vidas1, nunca devemos esquecer que obtemos estes frutos do Espírito. O Espírito Santo não só distribui esses traços de caráter, mas possui, inerente à Sua natureza essencial, todos esses traços, ou os frutos, Ele mesmo. Claro que, por extensão, podemos então compreender que cada membro da Divindade também deve possuir estas características em Suas naturezas também, incluindo Deus, o Pai


Embora alguns desses traços, muito facilmente, apliquemos a Deus, como amor, longanimidade, benignidade, bondade, etc, há outros que não aplicamos tão facilmente ao caráter de Deus. Por exemplo, quantos de nós vemos Deus Pai como manso? Quão pronta e facilmente vemos Deus Pai como gentil? Enquanto frequentemente aplicamos estes traços a Deus Filho, é para nós fácil e natural vermos humildade e mansidão como inerentes ao caráter do Pai?


É interessante notar que o guia trimestral da lição (*na 2ª feira, 22/02/10) lista vários "modelos de mansidão", incluindo Jesus, mas nãolista o Pai como um modelo de mansidão. É o Pai, tão gentil - "manso e humilde", como Jesus?


Autores seculares ou ateístas raramente descrevem Deus como manso, gentil e tendo domínio próprio. Eis um exemplo, de dezenas que poderiam ser citados, de Richard Dawkins em The God Delusion (O Engano sobre Deus): "O Deus do Antigo Testamento é provavelmente o personagem mais desagradável de toda a ficção: ciumento e orgulhoso; mesquinho, injusto, implacável, excêntrico, vingativo, purificador étnico sedento de sangue; odiando as mulheres, homofóbico, racista, infanticida, genocida, assassino dos próprios filhos, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, valentão caprichosamente malévolo".


Antes de condenarmos o Sr. Dawkins por falhar em ver a Deus como manso, suave e com domínio próprio vamos lembrar a fonte de onde a maioria dos equívocos sobre o caráter de Deus se originou. Percepções erradas sobre Deus antecederam o ateísmo moderno por milênios. "Ao considerarmos em que cores falsas Satanás esboçou o caráter de Deus, surpreender-nos-emos de que nosso misericordioso Criador seja receado, temido e mesmo odiado? As visões terríveis a respeito de Deus, que se espalharam pelo mundo a partir dos ensinamentos do púlpito fizeram milhares, sim, milhões de céticos e infiéis " (O Grande Conflito, pág. 536).


Infelizmente, a maioria das más publicações (*a respeito) de Deus vêm daqueles que afirmam estar falando por Ele! A responsabilidade por grande parte do ateísmo repousa à porta da Cristandade. O adventismo do Sétimo Dia foi criado, especificamente, para a finalidade de corrigir os "terríveis quadros de Deus" que têm permeado o pensamento religioso e cristão por milênios. A falta de apreço pela mansidão de Deus, o Pai, é apenas um em uma longa cadeia de exemplos.


É verdade hoje, como foi nos dias anteriores a Cristo vir ao nosso mundo, que "a terra estava obscurecida pela má compreensão de Deus. ... Somente Aquele que conhecia a altura e a profundidade do amor de Deus poderia torná-Lo conhecido” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 22). Jesus veio para demonstrar ao mundo que Deus era a síntese da mansidão — assim como todos os outros (*aspectos do) fruto do Espírito. É possível que tenhamos bloqueado essa visão de Deus, não apenas por transmitir informações errôneas a respeito dEle em nossas vidas pessoais, mas quando O retratamos como menos manso, suave, sem domínio próprio do que o Filho de Deus?


A consequência fundamental é esta: Os seres humanos são “transformados” pela contemplação (2ª Cor.3: 18)2. Quando nós deturpamos (*o caráter de) Deus em nosso ensino e vida, limitamos o impacto do evangelho em nossas próprias vidas. Nossa capacidade de provocar mudanças no mundo ao nosso redor também é limitada por causa disso. A correta compreensão do caráter (mansidão) de Deus não é importante apenas porque Deus precisa ser visto como Ele realmente é, mas é importante porque a nossa capacidade de mudança, à Sua imagem, é extremamente ligada à nossa percepção sobre Ele. ‘Pelo contemplar é que somos transformados’ (*Testemunhos para a Igreja, vol. 5, pág. 744 e Lift Him Up, pág. 251 e Patriarcas e Profetas, pág. 91)3.


Jesus nos prometeu que “os mansos herdarão a terra” (Mat.5: 5). Mais tarde, Ele nos encorajou a aprender dEle, que é “manso e humilde de coração” (Mat.11: 29). Em Miquéias 6:8 somos encorajados a caminhar humildemente (mansamente) com o nosso Deus. Você pode ver isso em uma de duas maneiras: (1ª) se anda humildemente com Deus, porque, caso contrário, a gente está fuzilado (*a sua esperança se foi, você é um caso perdido, sua oportunidade de reivindicar uma vitória está morta) — Ele não tolera ninguém que não seja manso; ou (2ª) andar com Deus significa andar como Ele anda. Deus Se comporta humildemente (mansamente), e se queremos andar como Ele anda, então nós também nos comportaremos com humildade (com mansidão).


Que possamos ver a Deus, o Pai, como Ele realmente é — tão manso e humilde e gentil quanto Jesus. E podemos ter confiança de que seremos transformados pela contemplação, e, assim, estarmos preparados para herdar a terra ao refletirmos a mansidão de Deus (cf. Mat. 5:5).


Bob Hunsaker



O irmão Bob Hunsaker é médico, e diretor do ministério pessoal de uma Igreja Adventista do Sétimo Dia, na área de Boston, MA., U.S.A. Ele tem, também, um programa semanal na rádio (AM WEZE 590) aos domingos à noite, às 19:30 horas, em parceria com o Pr. Bill Brace, intitulado Portraits of God (Quadros de Deus). Ele é adventista por muitos anos e também professor de uma unidade evangelizadora em sua igreja local.



Notas do tradutor:


1) Isto nos faz lembrar a dica do Pr Alonzo T. Jones, em Lições de Fé:

“Não são os seus frutos aqui descritos, mas os frutos de Jesus. ’Fará o que Me apraz’. Isaías 55.11. Você não deve ler ou ouvir a palavra de Deus e concluir, ’preciso fazer isso, ou fazer aquilo’. Antes, deve permitir que em você ‘habite ricamente ... a Palavra de Cristo’. Colossenses 3.16.

“A Palavra de Deus deve operar em você para levá-lo a fazer o que Ele deseja que você faça. ’Para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a Sua eficácia que opera eficientemente em mim.’ Colossenses 1.29. Pela fé, considere a palavra como se cumprindo a si própria.

“A palavra do homem deve ser praticada a fim de ter cumprimento. A Palavra de Deus opera por si mesma, e devemos recebê-la pela fé dessa maneira, como Palavra de Deus, para que efetivamente realize em nós o propósito divino. ’Pois Ele falou, e tudo se fez.’ Salmo 33.9. ’Pela fé entendemos que foi o universo formado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.’ Hebreus 11.3.

“A Palavra de Deus na Bíblia é a mesma na vida, no Espírito, em poder criador. Jesus Cristo falou a Palavra por ocasião da Criação, e Ele fala a Palavra que salva e santifica a alma. ’Ela realizará’... a salvação ’do’ pecado. ’A nós foi enviada a Palavra desta salvação.’ Atos 13.26. ’Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à Palavra da Sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.’ Atos 20.32.

“’Contudo, quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na terra?’ Lucas 18.8. A pergunta dirige-se a você que está agora vivendo no fim dos tempos. Será você ’justificado’, ’santificado’, ’purificado’ do pecado por essa Palavra? ’Vós estais limpos, pela Palavra que vos tenho falado.’ João 15. 3. ... O pecador hoje, pela fé na Palavra de Deus, declara: ’Se queres podes salvar-me do pecado’, e Jesus responde: ’Quero, fica limpo’. Aceite a criadora palavra de Deus!”


2) Nós “somos transformados, de glória em glória” (2ª Cor 3:18). Ao lermos o Velho Testamento (vs. 14) com corações convertidos (vs. 16) não estaremos com viseiras , o “véu” (vs. 13 a 15) porque Cristo o aboliu (vs. 14), e estaremos aptos a usar a palavra de Deus em todas as situações e tentações, para termos o nosso caminho, a vida, purificados (Salmo 119:9).


3) E alguma transformação se opera quer para o mal, pela prática do pecado como para o bem, pela confiança na justiça de Deus. Como exemplo da primeira atitude, falando sobre a adoração de ídolos, E. G. White cita Salmo 115: 8, “Tornam-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam.” Então ela afirma: “É uma lei do espírito humano que, pelo contemplar, somos transformados” (Patriarcas e Profetas, pág. 91).


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