quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Lição 7 - Cristo, nosso sacrifício, por Paulo Penno



Para 9 a 16 de novembro de 2013

Pergunte a qualquer grupo de cristãos: "Por que Jesus morreu na cruz?" e eles dirão: "Ele morreu como nosso Substituto." E isso é absolutamente verdadeiro. Mas o que significa isso? Como é que esta verdade faz alguma diferença na forma como vivemos? Qual é a diferença entre a compreensão Evangélica da substituição de Cristo e da dinâmica da mudança de coração da mensagem de 1888?
Durante a Guerra Civil dos Estados unidos uma pessoa poderia pagar US $300 para um substituto ir à guerra em seu nome e lutar e até mesmo morrer, enquanto ele estava livre para ir para casa junto à sua família e continuar a vida. Ele estava grato por ele não desperdiçar seu tempo em uma guerra terrível graças a seu substituto, para que ele pudesse retomar a vida como de costume. Mas seu egoísmo permanecia intacto.
Essa é a ideia popular de substituição de Cristo. Mas é um entendimento infantil, especialmente em vista de nossa verdade do santuário. Vivemos assim no dia cósmico da Expiação, é hora de mudarmos este conceito.
Nossa lição refere-se repetidamente ao sacrifício de Cristo como vicário. Esta palavra nunca é usada nas Escrituras e apenas uma vez no Espírito de Profecia. Se você quer uma experiência vicária com um alpinista de classe mundial, vá ao YouTube e veja a primeira subida do Monte Everest do Sir Edmund Hillary. Você terá uma experiência virtual, mas não é real. Se você quer uma experiência real de escalada, peça a um montanhista para guia-lo ao pico de uma montanha e compartilhe a experiência com ele.
Qual é a ideia de substituição, que erradica nosso egoísmo? É o ensinamento bíblico de Cristo, identificando-Se com a nossa humanidade decaída. Ele não veio como Se fosse nós, mas como nós. (*Ele tornou-Se o segundo Adão, a própria Humanidade, nosso segundo pai). Quando vemos o verdadeiro Cristo, então somos movidos a compartilhar a Sua experiência de vida crucificada. O sacrifício expiatório de Cristo é uma substituição compartilhada.
"O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, ... mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos" (Isaías 53:5, 6). Pedro diz que Sua identidade com os nossos pecados era profunda, não superficial, pois "levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados" (1ª Pedro 2:24).
Substituição vicária é uma "experiência" compartilhada que realmente não se torna experiência, pois exige a separação de Cristo de nós, forçando-O a tomar apenas a natureza sem pecado de Adão antes da queda e mantê-Lo "de longe," em vicário isolamento.
Uma substituição real é uma experiência compartilhada, que é identidade "com Cristo," que O vê como "Emanuel, Deus conosco", partilhando plenamente nossa humanidade caída comum, "mas sem pecado" para que Ele possa realmente "socorrer [ajudar] os que são tentados" (Heb. 2:18).
O conceito popular evangélico "vicário" nega ao crente um sentido de participação compartilhada com Cristo. A Bíblia é muito mais profunda: o sacrifício de Cristo é também uma substituição compartilhada. Em Sua primeira lição na cruz, Jesus nos disse: "Se alguém quer vir após Mim, ... tome a sua cruz e siga-Me .... Quem perder a sua vida por Minha causa a encontrará" (Mat. 16:24, 25) .
Há cerca de um bilhão de muçulmanos que discordam do que muitos deles consideram como um obstáculo contra tornarem-se cristãos: as Cruzadas dos 11º ao 13º séculos demonstram, claramente em todo tempo que o "cristianismo" é uma religião cruel e injusta (eles dizem), pois advoga a doutrina de que a justiça de um homem pode substituir moralmente a injustiça de outro homem. Na verdade, seus teólogos conectam as Cruzadas com a doutrina moral da substituição vicária, e isto é injusto e desleal, dizem eles.1
Sabemos que em primeiro lugar: as Cruzadas não eram o verdadeiro Cristianismo bíblico. Em segundo lugar, poderia a doutrina da substituição vicária ser explicada aos muçulmanos de forma mais clara? A Bíblia também ensina a verdade de uma substituição compartilhada?
Paulo compreendeu essa ideia de substituição compartilhada: "Estou crucificado com Cristo" (Gál. 2:20). "[Nós] fomos batizados em Jesus Cristo, ... batizados na sua morte, ... sepultados com Ele pelo batismo na morte; ... fomos plantados juntamente [com Ele] na semelhança da sua morte, ... o nosso homem velho [o amor de si mesmo] foi com Ele crucificado, ... morremos com Cristo." Se tudo isso for verdade, então "nós também viveremos com Ele" (Rom. 6:3-8). Mas só se
Uma coisa é o jardim de infância, a idéia de substituição da daminha de casamento muito, muito verdadeira, mas outra coisa é a noiva "crescendo à medida da estatura completa de Cristo" (Efésios 4: 13), preparados para permanecer com Ele, lado a lado, nas "bodas do Cordeiro". É um momento de intimidade divino-humano nunca antes realizado pelo corpo de Sua igreja.
Se os "nossos" cruzados tivessem entendido isso, a história do mundo teria sido diferente! Orar pelos muçulmanos é bom, mas não bom o suficiente: é preciso pregar-lhes o evangelho de forma clara, com sinceridade.
O destino deste planeta paira sobre o resultado do grande conflito entre Cristo e Satanás. A vitória de Cristo sobre Satanás, no Getsêmani e na Sua cruz expôs o verdadeiro caráter de Satanás ao universo não caído de modo que "o grande dragão ... foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele", diz João, "e ouvi uma grande voz do céu que dizia: Agora é chegada a salvação ... e o reino do nosso Deus, e o poder do Seu Cristo" (Apoc. 12:9, 10). Em outras palavras, tanto quanto ao céu é diligente nesta matéria, Cristo ganhou a grande guerra .
Mas, quanto aos habitantes deste planeta, "o grande conflito" continua até que "nossos irmãos" possam ser descritos: "eles venceram [o dragão] pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho" (Apoc. 12:10, 11).
Esta não é uma "apólice de seguro" do tipo de relação com o Cordeiro — você paga o seu prémio ("eu aceito Cristo!"), E agora Ele "cobre" para você em uma forma de "substituição vicária," como a companhia de seguros "cobre" a sua perda se a sua casa for incendiada. Você não esquenta sua cabeça porque ela "cobre" seus danos por você.
Apocalipse retrata "nossos irmãos" em uma relação muito mais íntima com o Cordeiro que a preocupação egocêntrica popular, "Eu estou bem, eu estou coberto, estou salvo! Vou sentar, relaxar e "negociar até [Ele] venha." (*Luc. 19:13).
O serviço do santuário, que ilustra este "grande conflito," nos diz que agora é o dia cósmico da Expiação — o tempo para a total unicidade experimental com Cristo “por meio da fé." Seu povo se torna "participantes da natureza divina", eles experimentam "Estou crucificado com Cristo", eles "compreendem" as grandes dimensões de Seu amor (Ágape), eles “vencem assim como [Cristo] venceu," eles "crescem nEle" "à medida da estatura da plenitude de Cristo". É como uma noiva intimamente "at-one-ment," (*atonement, expiação em inglês) isto é, em uma mesma mente com o Esposo dela. Eles sentem o fardo do coração que Jesus carrega. Isso é mais do que "substituição vicária". É a realização de uma "substituição compartilhada," uma íntima unidade com o Cordeiro por meio da fé. Você vê isso como uma boa nova?


- Paul E. Penno

Nota: Esta lição e o vídeo dela do Pastor Paulo Penno estão na Internet em:
http://1888mpm.org



Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99


Nota do tradutor:

1) E os muçulmanos estão certos quanto a isto. Nenhum juiz de toda a terra admitiria colocar a pena de condenação de um criminoso sobre uma pessoa inocente. A própria Bíblia não admite isto. Há mesmo um capítulo inteiro na Bíblia que condena isto, Ezequiel 18. Cada pessoa é responsável, individualmente por seus próprios pecados (vs. 4, ú.p.); “O Justo certamente viverá” (vs.9, ú.p.); o ímpio “certamente morrerá, o seu sangue será sobre ele” (vs. 13, ú.p.); o filho do ímpio que não cometer “a iniquidade de seu pai, certamente viverá” (vs. 17, ú.p.). “Por que não levará o filho a iniquidade do pai? Porque o filho procedeu com retidão e justiça, e guardou todos os Meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele” (vs. 19 e 20).
E você poderá perguntar ; “—Por que é, então, que Cristo, sendo Justo, morreu por mim, pecador?” Não, Ele não morreu por você, Ele morreu sendo você. A Humanidade morreu a segunda morte nEle, isto é, Ele, ao assumir a nossa natureza caída, tornou-Se o nosso segundo pai. Tornou-se a humanidade, como é a definição de “Adão” em cinco línguas orientais: hebraica, caldeia, siríaca, etíope e árabe, e nelas significa o nome da espécie humana, humanidade. Nosso primeiro pai, Adão pecou, e por ele ser o primeiro pai da humanidade sofremos com ele todas as consequências de seu pecado, (mas, atenção, não carregamos a sua culpa e nem somos responsáveis por seu pecado, porque pecado é decisão, escolha, não status. O que Rom. 3: 23 nos está dizendo é que todos os seres humanos escolhemos repetir o ato de rebelião de Adão contra Deus). Cristo, na encarnação, após tornar-Se a humanidade, levou toda a raça humana à cruz. Veja então que assim podemos fazer os muçulmanos entenderem a doutrina da substituição, sem afrontarmos Ezequiel capítulo dezoito. O nosso segundo pai foi a encarnação da humanidade. O que o pai é ou faz sob certos aspectos envolve toda sua descendência: Se um pai é rico, seus filhos vivem em berço de ouro. Se este mesmo pai tornar-se insolvente, falir, toda sua descendência viverá na miséria.

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