quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Lição 9 - Discipulando Poderosos, por Arlene Hill



Para 22 de fevereiro a 1º de março de 2014

Nossa tendência é crer que as pessoas que consideramos poderosas neste mundo rejeitam a ideia de que elas precisam ser discipuladas. As poderosas decisões  tomadas afetam milhões de pessoas, sem se importarem com quem elas sejam ou quais suas verdadeiras necessidades. Mas deve haver algumas pessoas honestas de coração em posições de poder. A Bíblia está cheia de histórias onde pessoas poderosas e influentes responderam ao chamado de Deus. A diferença é que Deus conhece seus corações, e como pessoas dispostas responderão. Todas as pessoas precisam de discipulado espiritual, quer saibamos ou não.
Lidamos com as pessoas com (*exercício de) "poder" o tempo todo. Nós nos submetemos à autoridade dos empregadores, autoridades civis e outras em uma base diária. Uma sociedade organizada não pode existir sem isso. Mesmo na Igreja Adventista do Sétimo Dia, reconhecemos uma forma centralizada de governo. Líderes da igreja local são subordinados às associações, que (*por sua vez) prestam conta às uniões, divisões, e, finalmente, à Conferência Geral. Este sistema tem servido a nossa denominação bem mais de 100 anos. Tal como acontece com todos os líderes, o cargo que ocupam merece o nosso respeito.
Um dos aspectos mais comoventes da crise que nossa igreja suportou na época de1888 é o espírito mostrado pelos dois mensageiros escolhidos por Deus a muito poderosos líderes da igreja que se opuseram a eles. Os princípios foram expressos por Ellen White muitas vezes: "O Senhor nomeia e envia ministros não só para pregar, pois esta é uma pequena parte de seu trabalho, mas para ministrar, para educar o povo a não digladiar, mas a ser um exemplo de piedade. ... Alguns entraram na obra com uma comissão humana e não divina. Eles se educaram como debatedores" (Manuscript Releases, vol. 12, pág. 327).
A controvérsia que atingiu seu ápice em 1888 começou vários anos antes. E. J. Waggoner e A. T. Jones estavam ambos trabalhando em Healdsburg, Califórnia, como editores da revista Signs of the Times (Sinais dos Tempos). Estudando separadamente, ambos concluíram que a lei referida no livro de Gálatas era os dez mandamentos. Durante o verão de 1884, Waggoner escreveu dez artigos sobre a lei e o evangelho em Gálatas apoiando este ponto de vista, o que era uma discordância da posição adventista aceita (*à época) de que a lei em Gálatas referia-se apenas à lei cerimonial. Os artigos foram publicados na Signs of the Times.
Não demorou muito para que o seu ensino fosse contestado. George Butler, presidente da Conferência Geral começou a escrever a Ellen White sobre o que ele considerava serem erros ensinados por Jones e Waggoner. Uriah Smith, editor da Review and Herald, concordou com Butler. Finalmente, no início de 1887, Ellen White escreveu uma carta a Jones e Waggoner com cópias para Smith e Butler. Nesta carta, ela expressou grande preocupação ao ver as duas posições em discórdia. Ela temia que Waggoner tivesse cultivado um amor por discussões e contendas, e que tanto Jones e Waggoner eram muito autoconfiantes e menos cautelosos do que deveriam ser (Carta 37, de 18 fev. de 1887; ​​Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, págs. 26 a 31).
Jones agradeceu a Ellen White pela carta que ela lhe escreveu, dizendo que ele iria tentar fervorosamente lucrar com o testemunho, e que ele estava profundamente sentido com o fato de que ele tenha tido qualquer parte em qualquer coisa que tenderia a criar divisão ou fazer mal de alguma forma para a causa de Deus (Carta de A. T. Jones a Ellen G. White, de 13 de marco de 1887, publicada em Manuscripts and Memories of Minneapolis (Manuscritos e Memórias de Minneapolis), págs. 66-67).
A reação de Waggoner foi semelhante: “Eu desejo fervorosamente que o tempo possa vir em breve quando todo o nosso povo esteja em consonância... Eu realmente sinto muito pelas sensibilidades que existiram e existem entre ambas lideranças. ... eu sei muito bem que um sentimento de crítica tem existido aqui, ao eu pensar em ninguém mais do que eu. Como eu vejo agora esse espírito de crítica, que brota do tipo mais cruel de orgulho, eu detesto isso, e não o quero mais" (Carta de E. J. Waggoner a Ellen G. White, idem, em 1º de abril de 1887, págs. 71, 72).
Não é nosso propósito nestas introspecções narrar as descrições que temos do espírito exibido por Jones e Waggoner, que tendem a refutar as críticas deles. Eles estavam sob o ataque constante, como ocorria com Ellen White, que aprovou a mensagem deles. Como pessoas que conhecem e amam a mensagem, temos de aprender a lição de deixar a mensagem efetuar a sua obra em nossos corações. O espírito de debate e argumentação nunca "discipulou" pessoas defendendo pontos de vista diferentes, mas isso não significa que devamos ficar calados. Devemos sempre pedir a Deus sabedoria para falar a verdade com amor no momento adequado.
A maioria de nós já experimentou a alegria de compartilhar a mensagem de 1888 com outras pessoas em nossas igrejas, possivelmente incluindo nossos líderes. A responsabilidade mais importante para nós é estudar a mensagem para o nosso próprio entendimento, e deixa-la repousar em nossos corações pelos profundos sussurros do Espírito Santo. Uma vez que entendamos como ela é maravilhosa, a nossa vontade será exortar os outros a assim vê-la também. Nada de errado com isso, mas como sempre, isso depende de como o fazemos. A mensagem deve ser estudada para realmente sondar suas profundezas. Não há atalhos. Alguns têm receio de até mesmo estudar a mensagem com medo de perder suas posições na liderança da igreja. É possível discipular essas pessoas, e se Deus lhe deu essa tarefa, oro para que Ele vos guie em como fazer isso. (*Toda verdade deve ser dita, mas com espírito de amor Ágape e sem contendas).
Outros podem concordar apenas com certos aspectos da mensagem. A maioria das pessoas vão concordar que a morte de Cristo na cruz realizou algo por todos os seres humanos, mas o ponto de vista arminiano assume a posição de que o que Ele fez não é efetivo até que a pessoa primeiro se arrependa dos seus caminhos e venha a Cristo. O sacrifício de Cristo na cruz não é meramente provisional, mas eficaz para todo o mundo. A única razão pela qual alguém pode se perder é que ele escolha resistir à graça salvadora de Deus. Assim, o sacrifício de Cristo justificou todos os seres humanos e literalmente salvou o mundo da destruição prematura. No livro, "1888 For Almost Dummies" (1888 para Quase Estúpidos), Robert J. Wieland, dá resumos úteis).
Outro ponto sensível da mensagem de 1888 é que Cristo tomou a natureza humana caída da humanidade na encarnação. Nossa liderança da igreja não questionou essa posição até a metade do século 20, quando se tornou vaga, e atualmente é considerada uma questão não essencial. A visão de 1888 é que ao procurar a humanidade perdida, Cristo percorreu todo o caminho, tomando sobre Si e assumindo a natureza caída e pecaminosa do homem. Ele fez isso para que pudesse ser tentado em todos os pontos como nós somos, e, ainda assim, demonstrar a perfeita justiça "em semelhança da carne do pecado" (Rom. 8: 3, 4). (Os livros O Caminho Consagrado escrito por A. T. Jones, e Tocado com os Nossos Sentimentos, escrito por Jean Zurcher são úteis sobre este tema).
Possivelmente o ponto mais disputado é a ideia de que a igreja nunca totalmente aceitou a mensagem e precisa "corporativamente" arrepender-se e levar os membros atuais para uma curiosidade profunda e estudo do que ela realmente era. (*Este arrependimento corporativo é um desafio de Cristo a nós líderes do verdadeiro povo de Deus em Apoc. 3:19, “ao anjo da igreja que está em Laodicéia” (vs.14), e do verso 18 fica claro que Cristo está falando dos elementos essenciais da mensagem de 1888: o “ouro”, a fé e o amor; “roupas brancas,” a pureza do caráter de Cristo, e o “colírio,” o discernimento espiritual).  Embora haja "bolsões" de crentes, os esforços são amortecidos por um corpo de “obreiros assalariados que tanto pode reagir com indiferença ou com aberta hostilidade. (Há pelo menos dois livros úteis sobre este tema: “Arrependimento corporativo,” e o “Apelo da Testemunha Verdadeira,” ambos escritos por Robert J. Wieland, e também "Então o Santuário Será Purificado" por Donald K. Short).
A história do que realmente aconteceu na era de 1888 também é debatida. Aqueles que consideram que a mensagem foi aceita na Conferência 1888 ou pouco depois simplesmente devem distorcer os fatos. (Três excelentes histórias estão disponíveis: “1888 Re- examinado” por Robert J. Wieland e Donald K. Short; “Deixe que a História Fale” por Donald K. Short, e “O Retorno do Chuva Serôdia” por Ron Duffield).
De maneira nenhuma isso é uma bibliografia exaustiva, mas serve para destacar por onde começar ou continuar a estudar. A paixão de Cristo foi a Sua aflição pelas almas. Quando permitimos que o Espírito nos encha, nós também teremos essa paixão. O significado de "discipulado" é que não há nenhuma classe de pessoas isentas da necessidade da Boa Nova de Cristo e do que Ele fez por todos nós. Que Deus abençoe a você e lhe dê coragem para realizar a Sua vontade.
-- Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642.
_____________________________________