quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Lição 4 — Ser e Fazer, por Arlene Hill



Para 18 a 25 de outubro de 2014


Tiago 1:22 nos diz: "... sede cumpridores da palavra." A Nova Bíblia Americana Padronizada, traduz "mas mostrai-vos cumpridores da palavra." James Moffatt traduz, "Atue na palavra."
Torne-se "praticantes da Palavra" ou "faça o que a Palavra diz." Qual é a diferença? Não é complicado. É tão simples como o velho e o novo concertos. Quando Israel primeiro prometeu "Tudo o que o Senhor tem falado faremos" (Êxo 19: 8) eles tinham acabado de chegar ao Sinai, mas o Senhor ainda não tinha dado os Dez Mandamentos. Eles realmente não tinham ideia do que Deus estava pedindo deles, mas o que quer que fosse eles achavam que eles é que iriam fazê-lo.
Isto parece pateticamente ingênuo considerando como a história de Israel demonstra que eles falharam miseravelmente. Suas promessas foram estimuladas pela sua mentalidade de escravos. Um escravo ordinariamente age de acordo com as ordens de seu mestre, independentemente da sua própria vontade. O velho ditado "a razão não é nossa, mas apenas o fazer ou morrer,"1 descreve um escravo. Quando os seres humanos pensam de Deus como um senhor de escravos, há um conflito constante entre a vontade de Deus e a vontade do ser humano. Quando nossos primeiros pais escolheram fazer as coisas à sua maneira, no Jardim do Éden, este conflito foi incorporado à nossa herança genética. Adão e Eva tinham estado em paz com Deus antes de sua escolha, mas depois, o conflito foi inevitável.
Nós não compreenderemos Tiago enquanto pensarmos de sua epístola "como" um livro de dicas úteis para a vida cristã feliz. Nós interpretamos sua instrução sublime para se tornar "praticantes" da Palavra como "execute a palavra." Nós acreditamos que ele está dando instruções sobre o que fazer, quando ele está realmente nos dizendo o que ser.
Quando os irmãos se reuniram no Concilio de Jerusalém, em 51 d. C., foi Tiago, irmão de Cristo, que "presidiu" a reunião (Atos 15:13). Ele permitiu todos terminarem de falar, então fez um sumário e ofereceu uma solução. A questão era se os novos conversos gentios precisavam ser circuncidados para serem salvos. Paulo e Barnabé resistiram aos promotores desta ideia como trazendo um evangelho diferente. A controvérsia foi entre o evangelho verdadeiro e um falso. Ele recomendou que a circuncisão não fosse necessária, mas que os novos conversos se abstivessem: de comida oferecida aos ídolos; da prostituição; de comer animais mortos por estrangulamento, e de comer sangue. Isto pareceu bem aos irmãos, mas o assunto não morreu. Durante todo o ministério de Paulo, os judeus subversivos prosseguiram, tentando dar às pessoas um evangelho falso.
Há pelo menos duas maneiras principais de falsificar o evangelho puro da liberdade em Cristo. Uma delas é a alegação de que a liberdade significa que não há restrições, de modo que o crente não precisa cooperar com o Senhor na recriação dos nossos corações pecaminosos. Nós podemos continuar pecando até que Jesus venha e então, uma mudança mágica acontecerá num piscar de olhos.
A outra falsificação é o legalismo comum envolto em termos mais cristãos do que judaicos. Estes cristãos legalistas cometem o mesmo erro que os judeus fizeram ao pensarem que, se formos exteriormente corretos Deus não vai notar que não temos dado a Ele o nosso coração.
Tomando um exemplo do tempo de Paulo, vamos imaginar que alguém traga comida oferecida aos ídolos para o junta-panelas da trivial festa Ágape. O primeiro diácono sabe de onde a comida veio, assim ele calmamente a remove. A pessoa que trouxe a comida ainda não entende a restrição, e mesmo que a ação do diácono o tenha impedido de comer o alimento proibido, ele estava fazendo a vontade do diácono, não a sua própria. A questão é que Deus quer que nossas ações ou abstenções brotem de um coração recriado. Ele não pode aceitar até mesmo ações corretas que fluem de uma mente sem arrependimento tentando enganar as pessoas e Deus para levá-los a pensar que as ações são genuínas.
Isto torna a maioria das pessoas nervosas. Elas perguntam: "não temos que fazer alguma coisa enquanto esperamos por Deus mudar o nosso coração?" É verdade que existe alguma coisa, mas esta coisa não é tentar esforçadamente ser bom.
Ellet J. Waggoner, um dos dois “mensageiros” de 1888, expressou estes conceitos de maneira clara e simples em um artigo de 1980 publicado na revista Signs of the Times:
"No décimo sexto verso do terceiro capítulo de Colossenses ocorre esta exortação: ‘A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria.’ Este texto, corretamente entendido, resolve o problema da vida cristã. ... Que existe um poder na palavra de Deus, muito acima do de qualquer outro livro, não se pode duvidar. ... A palavra escondida no coração protege contra o pecado. ... A palavra do Senhor é a semente pela qual o pecador nasce de novo. ... Enquanto aqueles que são de Cristo, são nascidos do Espírito, a palavra de Deus é a semente da qual eles são desenvolvidos em novas criaturas, em Cristo. A Palavra, então, tem o poder de dar vida ... Isto é afirmado muito claramente pelo próprio Jesus em João 6:63: "O Espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos disse são espírito e vida." Isso mostra que o poder do Espírito de Deus habita na palavra de Deus.
"Com o conhecimento de que a palavra de Deus é a semente pela qual os homens são gerados para uma nova vida, e que o esconder a palavra no coração guarda um homem de pecar, podemos facilmente compreender 1ª João 3: 9: "Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado, porque a Sua semente permanece nele, e não pode pecar, porque é nascido de Deus." ... É claro que a palavra pode fazer isso apenas para aqueles que a recebem com fé simples. Mas a palavra não perde nenhum de seu poder. Se a alma, nascida de novo mantém essa poderosa palavra sagrada, pelo qual ele foi gerado, vai mantê-lo ainda uma nova criatura. É tão poderosa para preservar, quanto o é para criar. ... O Espírito é dado para trazer a verdade à lembrança, na época da provação; mas o que não se aprendeu não se pode lembrar. Mas se ele escondeu a palavra em seu coração, o Espírito, na hora da tentação, trará à sua lembrança exatamente a parte que vai frustrar o tentador.
"Muitas pessoas sinceramente anseiam por Cristo vir habitar em seus corações, e elas imaginam que a razão por que Ele não o faz é porque elas não são boas o suficiente, e elas sem sucesso tentam tornar-se tão boas de modo que Ele possa condescender em vir. Essas pessoas se esquecem de que Cristo vem ao coração, não porque está livre do pecado, mas, a fim de livrá-lo do pecado; e eles, possivelmente, nunca percebem que Cristo é a palavra, e aquele que torná-la uma companheira constante, irá render-se à sua influência, terá Cristo habitando . Aquele que tem escondida a palavra em seu coração, que nela medita de dia e de noite, e que crê nela com a fé simples da infância, tal pessoa tem Cristo habitando em seu coração pela fé, e vai experimentar Seu potente e criativo poder."1

--Arlene Hill

Nota (a 1ª é do tradutor):

1) Uma simplificação do ditado citado acima seria, “Nossa obrigação é simplesmente executar o que nos é dito para fazer, ainda que morramos em razão disto.” Este velho ditado é de um poeta inglês, da época Vitoriana, Alfred Tennyson (1809-1892). Geralmente lembrado como o poeta mais representativo da era Vitoriana.
 [2] Extraído de Cristo e Sua Justiça, do capítulo "O Espírito Santo Opera Através da Palavra," págs. 152-157, edições Glad Tidings; originalmente publicado em "Signs of the Times, de 14 de julho de 1890.

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou na sua igreja em maio de 2010, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA, Telefone  001 XX (775) 327-4545; 001 XX (775) 322-9642.

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