Para 4 a 11 de abril de 2015
A Dinâmica da
Mensagem de 1888: Batismo simboliza morte para o eu e humilde aceitação do
poder do Espírito Santo para resistir à tentação. Sem esse poder, a tentação
não pode ser resistida.
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Não foi por
acaso que o Espírito Santo dirigiu Jesus a apresentar-Se ao batismo antes de
ser levado para o deserto para ser tentado. O batismo é uma demonstração de uma
escolha que a pessoa fez de não viver mais para si, mas ser morto
simbolicamente para si mesmo e viver só em Cristo Jesus.
A. T. Jones,
um dos “mensageiros” de 1888, descreve o batismo desta forma: “Ser uma pessoa
batizada em Seu nome significa muito mais do que simplesmente ter a frase
recitada sobre ela, seguindo-se o sepultamento na água. Ser batizado em nome do
Senhor realmente significa que, assim como a pessoa está sepultada, submissa e
foi perdida de vista na água, assim também é a pessoa sepultada, submissa e
perdida de vista no nome, caráter, natureza do Senhor. Significa que a velha
natureza e caráter originais dessa pessoa não deverão mais ser vistos no mundo,
mas, em seu lugar, a natureza e o caráter do Senhor. Significa que ela não deve
mais manifestar-se no mundo, mas Deus, ao invés de si mesma, é que será
manifestado no mundo nela.1
Por que o
batismo seria necessário para o imaculado Cordeiro de Deus, como João Batista
deixou implícito quando questionou o pedido de Cristo? “Quando Jesus veio a ser
batizado, João reconheceu nEle uma pureza de caráter que nunca tinha antes
percebido em qualquer homem. ... Como poderia ele, um pecador, batizar o
Inocente? E por que Ele, que não precisava de arrependimento Se submetia a um
rito que era uma confissão de culpa a ser lavada?”2 “Por que
Jesus precisa ser sepultado, submisso e perdido de vista”, como A. T. Jones
descreve acima?
Compreender a
natureza que Jesus assumiu em Sua encarnação é a chave. Há dois pontos de vista
comuns sobre a natureza de Cristo. A maioria dos teólogos que têm considerado a
questão crê que Cristo deve ter a natureza de Adão antes de pecar no Jardim do
Éden. Essa natureza “pré-queda” era necessariamente sem pecado. Se o batismo
significa “que a velha natureza e caráter original dessa pessoa não deverão
mais ser vistos no mundo, ...” e Cristo
veio na natureza pré-queda, Ele não teria nenhuma necessidade de batismo. O
ponto de vista dos mensageiros de 1888 é que a única razão pela qual morremos
para o eu como indicado pelo batismo é que nós temos uma natureza que é
pecaminosa e merece ser “sepultada, submissa, e perdida de vista.”
Porque Jesus
veio “em semelhança da carne do pecado”
e teria que vencer as tentações nessa carne, Ele foi batizado para significar
que estava Se submetendo ao poder do Espírito Santo para cumprir a Sua missão.
É importante lembrar que Cristo meramente “assumiu” ou veio “em semelhança” da
carne do pecado, Ele não Se tornou pecaminoso. Qual é a diferença, e que
importa isso?
Com relação à
afirmação de que Deus enviou o Seu Filho “em
semelhança da carne do pecado”, Waggoner afirma: “Há uma ideia comum de que
isso significa que Cristo simulou a carne pecaminosa, que Ele não tomou sobre
si a carne do pecado real, mas apenas o que parecia ser tal”.
Em refutação,
Waggoner cita Heb. 2:17 que afirma que Jesus tinha “de ser feito semelhante a
Seus irmãos, para que pudesse ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas
coisas concernentes a Deus, para expiar os pecados do povo.
Para
estabelecer a razão para a vinda de Cristo na semelhança da carne do pecado
Waggoner coloca lado a lado Romanos e 2ª Coríntios. Rom. 8: 3, 4 diz que Cristo
foi enviado à ‘semelhança da carne do
pecado’”, para que a justiça da lei se cumprisse em nós. 2ª Cor. 5:21 diz
que Deus ‘O fez pecado por nós’,
embora Ele não conhecesse pecado, “para que possamos ser feitos justiça de Deus
nEle.’” ...
Para se
certificar de que seu público estava claro no ponto, Waggoner insistiu, “o
Verbo Se fez carne perfeita em Adão, mas em Cristo era o Verbo feito carne
caída. Cristo vai até o fundo, e aí está a carne do Verbo, carne do pecado”.
Num artigo em Signs of the Times, intituladado “Deus
manifestado em carne”, Waggoner estipula que os nossos pecados não foram
lançado sobre Cristo de uma forma simbólica, mas foram realmente depositados
sobre Ele”.3
A pergunta
permanece, por que Cristo insistiu em ser batizado? Ele disse a João “Deixa por agora, porque assim nos convém
cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu”. (Mat.3:15). Jesus não recebeu
o batismo como uma confissão de culpa por Sua própria conta. Ele Se identificou
com os pecadores tomando as medidas que temos de tomar, fazendo o trabalho que
temos de fazer. Sua vida de sofrimento e paciência depois de Seu batismo foi
também um exemplo para nós.”4 Sendo
que Cristo tinha tomado a natureza decaída que precisava de um redentor, Ele
precisava simbolizar Sua morte para essa natureza através do batismo. Estamos
seguindo o Seu exemplo em espírito e ação.
A Tentação de
Cristo
“Depois de
tentar o homem a pecar Satanás reclamou a terra como sua e denominou-se o
príncipe deste mundo. Após ter conformado com a sua própria natureza o pai e a
mãe de nossa raça, (*Satanás) pensou estabelecer aqui o seu império”.5 Essa última frase é importante. Quando Adão e Eva
escolheram o pecado isso mudou a sua natureza da imagem de Deus para a imagem
de Satanás. Deus afirmou ser Todo-poderoso, mas Satanás alegou que Ele tinha
perdido o poder sobre a raça humana e que agora a ele pertencia. Também alegou
que era impossível para eles observar a lei de Deus e esperava demonstrar isso
ao tentar Cristo a ceder ao pecado.
Em certo
sentido, Satanás tinha um ponto. Uma vez que Adão caiu, era-lhe impossível
observar a lei de Deus em seu próprio poder. Na conversa entre Deus e os dois
que caíram no jardim, Deus prometeu “a
inimizade entre ti [Satanás] e a mulher, entre a tua descendência e a sua
descendência” (Gn 3:15). Sem isso, a mudança na sua natureza teria tornado
impossível serem atraídos para outra coisa senão o que fosse egocêntrico e
perverso.
Logo após as
tentações do deserto “Jesus voltou para a
Galiléia no poder do Espírito Santo” (Lucas 4:14). Ele estava ensinando nas
sinagogas e veio a Nazaré, Sua cidade natal. Ele leu as palavras de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pois
que Me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-Me a curar os quebrantados do
coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a por
em liberdade os oprimidos, a anunciar um ano favorável do Senhor” (Lucas
4:18, 19).
A. T. Jones
comentou sobre este evento enfatizando que Jesus não estava usando o Seu
próprio poder divino (Ele colocou isso de lado. Ver Filipenses 2) (*“esvaziou-Se”, vs. 7), mas estava
vivendo uma vida sem pecado na natureza pecaminosa que havia assumido. “Tenha
em mente também estas palavras que Jesus leu naquele dia na sinagoga, e que
disse que estavam naquele dia se cumprindo, começando assim: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim’; e que apenas alguns dias antes disso Ele
havia sido batizado com o Espírito Santo, a fim de fazer o que, portanto,
estava diante Dele no último período de Sua obra na Terra. . . .
“No entanto, foi essencial para a conclusão da
obra de Deus, naquele dia, que Ele fosse batizado com o Espírito Santo. Nesse
período de encerramento de Sua obra houve provações, perseguições, tentações, e
a cruz a enfrentar, o que Ele não poderia cumprir com êxito sem este batismo do
Espírito Santo. Assim também é essencial para a conclusão da obra de Deus em
nossos dias que sejamos batizados com o Espírito Santo. Neste período de
encerramento do nosso trabalho há provas, perseguições, tentações e cruzes para
enfrentarmos, o que não se pode cumprir com sucesso sem esse mesmo batismo do
Espírito Santo.
“Não só precisamos disso, não só temos de
tê-lo, mas graças ao Senhor podemos tê-lo. Deus anseia que o recebamos. O Pai
nos ama tanto quanto ama a Jesus. E louve o Seu santo nome quando Ele colocar
diante de nós a mesma obra que estava diante de Jesus. Ele nos concede o mesmo
Espírito Santo na medida certa para nos preparar para essa obra, assim como Ele
a deu a Jesus.
“Graças a Deus pelo Seu dom inefável, por Seu
terno amor, e por Sua liderança suave de Seu povo”.
—Arlene
Hill
Notas:
1) A. T. Jones, The Adventist Review and Sabbath Herald, 1º de out. de 1895 (as ênfases
são do original).
2) Ellen G.
White, O Desejado de Todas as Nações,
pág.110.
3)
J. R. Zurcher, Tocado por Nossos
Sentimentos, págs. 74, 75 (Review and
Herald Publishing Association, 1999).
4) Ellen G.
White, O Desejado de Todas as Nações,
pág.111.
5) Obra
citada, pág. 114
6) A. T.
Jones, em The Advent Review and Sabbath
Herald, de 12 de out. de 1897 (as ênfases são do original).
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