quarta-feira, 8 de abril de 2015

Lição 2 — O Batismo e as Tentações, por Arlene Hill

Para 4 a 11 de abril de 2015


A Dinâmica da Mensagem de 1888: Batismo simboliza morte para o eu e humilde aceitação do poder do Espírito Santo para resistir à tentação. Sem esse poder, a tentação não pode ser resistida.
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Não foi por acaso que o Espírito Santo dirigiu Jesus a apresentar-Se ao batismo antes de ser levado para o deserto para ser tentado. O batismo é uma demonstração de uma escolha que a pessoa fez de não viver mais para si, mas ser morto simbolicamente para si mesmo e viver só em Cristo Jesus.
A. T. Jones, um dos “mensageiros” de 1888, descreve o batismo desta forma: “Ser uma pessoa batizada em Seu nome significa muito mais do que simplesmente ter a frase recitada sobre ela, seguindo-se o sepultamento na água. Ser batizado em nome do Senhor realmente significa que, assim como a pessoa está sepultada, submissa e foi perdida de vista na água, assim também é a pessoa sepultada, submissa e perdida de vista no nome, caráter, natureza do Senhor. Significa que a velha natureza e caráter originais dessa pessoa não deverão mais ser vistos no mundo, mas, em seu lugar, a natureza e o caráter do Senhor. Significa que ela não deve mais manifestar-se no mundo, mas Deus, ao invés de si mesma, é que será manifestado no mundo nela.1
Por que o batismo seria necessário para o imaculado Cordeiro de Deus, como João Batista deixou implícito quando questionou o pedido de Cristo? “Quando Jesus veio a ser batizado, João reconheceu nEle uma pureza de caráter que nunca tinha antes percebido em qualquer homem. ... Como poderia ele, um pecador, batizar o Inocente? E por que Ele, que não precisava de arrependimento Se submetia a um rito que era uma confissão de culpa a ser lavada?”2 “Por que Jesus precisa ser sepultado, submisso e perdido de vista”, como A. T. Jones descreve acima?
Compreender a natureza que Jesus assumiu em Sua encarnação é a chave. Há dois pontos de vista comuns sobre a natureza de Cristo. A maioria dos teólogos que têm considerado a questão crê que Cristo deve ter a natureza de Adão antes de pecar no Jardim do Éden. Essa natureza “pré-queda” era necessariamente sem pecado. Se o batismo significa “que a velha natureza e caráter original dessa pessoa não deverão mais ser vistos no mundo,  ...” e Cristo veio na natureza pré-queda, Ele não teria nenhuma necessidade de batismo. O ponto de vista dos mensageiros de 1888 é que a única razão pela qual morremos para o eu como indicado pelo batismo é que nós temos uma natureza que é pecaminosa e merece ser “sepultada, submissa, e perdida de vista.”
Porque Jesus veio “em semelhança da carne do pecado” e teria que vencer as tentações nessa carne, Ele foi batizado para significar que estava Se submetendo ao poder do Espírito Santo para cumprir a Sua missão. É importante lembrar que Cristo meramente “assumiu” ou veio “em semelhança” da carne do pecado, Ele não Se tornou pecaminoso. Qual é a diferença, e que importa isso?
Com relação à afirmação de que Deus enviou o Seu Filho “em semelhança da carne do pecado”, Waggoner afirma: “Há uma ideia comum de que isso significa que Cristo simulou a carne pecaminosa, que Ele não tomou sobre si a carne do pecado real, mas apenas o que parecia ser tal”.
Em refutação, Waggoner cita Heb. 2:17 que afirma que Jesus tinha “de ser feito semelhante a Seus irmãos, para que pudesse ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, para expiar os pecados do povo.
Para estabelecer a razão para a vinda de Cristo na semelhança da carne do pecado Waggoner coloca lado a lado Romanos e 2ª Coríntios. Rom. 8: 3, 4 diz que Cristo foi enviado à ‘semelhança da carne do pecado’”, para que a justiça da lei se cumprisse em nós. 2ª Cor. 5:21 diz que Deus ‘O fez pecado por nós’, embora Ele não conhecesse pecado, “para que possamos ser feitos justiça de Deus nEle.’” ...
Para se certificar de que seu público estava claro no ponto, Waggoner insistiu, “o Verbo Se fez carne perfeita em Adão, mas em Cristo era o Verbo feito carne caída. Cristo vai até o fundo, e aí está a carne do Verbo, carne do pecado”.
Num artigo em Signs of the Times, intituladado “Deus manifestado em carne”, Waggoner estipula que os nossos pecados não foram lançado sobre Cristo de uma forma simbólica, mas foram realmente depositados sobre Ele”.3
A pergunta permanece, por que Cristo insistiu em ser batizado? Ele disse a João “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu”. (Mat.3:15). Jesus não recebeu o batismo como uma confissão de culpa por Sua própria conta. Ele Se identificou com os pecadores tomando as medidas que temos de tomar, fazendo o trabalho que temos de fazer. Sua vida de sofrimento e paciência depois de Seu batismo foi também um exemplo para nós.”4 Sendo que Cristo tinha tomado a natureza decaída que precisava de um redentor, Ele precisava simbolizar Sua morte para essa natureza através do batismo. Estamos seguindo o Seu exemplo em espírito e ação.
A Tentação de Cristo                                                                 
“Depois de tentar o homem a pecar Satanás reclamou a terra como sua e denominou-se o príncipe deste mundo. Após ter conformado com a sua própria natureza o pai e a mãe de nossa raça, (*Satanás) pensou estabelecer aqui o seu império”.5 Essa última frase é importante. Quando Adão e Eva escolheram o pecado isso mudou a sua natureza da imagem de Deus para a imagem de Satanás. Deus afirmou ser Todo-poderoso, mas Satanás alegou que Ele tinha perdido o poder sobre a raça humana e que agora a ele pertencia. Também alegou que era impossível para eles observar a lei de Deus e esperava demonstrar isso ao tentar Cristo a ceder ao pecado.
Em certo sentido, Satanás tinha um ponto. Uma vez que Adão caiu, era-lhe impossível observar a lei de Deus em seu próprio poder. Na conversa entre Deus e os dois que caíram no jardim, Deus prometeu “a inimizade entre ti [Satanás] e a mulher, entre a tua descendência e a sua descendência” (Gn 3:15). Sem isso, a mudança na sua natureza teria tornado impossível serem atraídos para outra coisa senão o que fosse egocêntrico e perverso.
Logo após as tentações do deserto “Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito Santo” (Lucas 4:14). Ele estava ensinando nas sinagogas e veio a Nazaré, Sua cidade natal. Ele leu as palavras de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-Me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a por em liberdade os oprimidos, a anunciar um ano favorável do Senhor” (Lucas 4:18, 19).
A. T. Jones comentou sobre este evento enfatizando que Jesus não estava usando o Seu próprio poder divino (Ele colocou isso de lado. Ver Filipenses 2) (*“esvaziou-Se”, vs. 7), mas estava vivendo uma vida sem pecado na natureza pecaminosa que havia assumido. “Tenha em mente também estas palavras que Jesus leu naquele dia na sinagoga, e que disse que estavam naquele dia se cumprindo, começando assim: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim’;  e que apenas alguns dias antes disso Ele havia sido batizado com o Espírito Santo, a fim de fazer o que, portanto, estava diante Dele no último período de Sua obra na Terra. . . .
 “No entanto, foi essencial para a conclusão da obra de Deus, naquele dia, que Ele fosse batizado com o Espírito Santo. Nesse período de encerramento de Sua obra houve provações, perseguições, tentações, e a cruz a enfrentar, o que Ele não poderia cumprir com êxito sem este batismo do Espírito Santo. Assim também é essencial para a conclusão da obra de Deus em nossos dias que sejamos batizados com o Espírito Santo. Neste período de encerramento do nosso trabalho há provas, perseguições, tentações e cruzes para enfrentarmos, o que não se pode cumprir com sucesso sem esse mesmo batismo do Espírito Santo.
 “Não só precisamos disso, não só temos de tê-lo, mas graças ao Senhor podemos tê-lo. Deus anseia que o recebamos. O Pai nos ama tanto quanto ama a Jesus. E louve o Seu santo nome quando Ele colocar diante de nós a mesma obra que estava diante de Jesus. Ele nos concede o mesmo Espírito Santo na medida certa para nos preparar para essa obra, assim como Ele a deu a Jesus.
 “Graças a Deus pelo Seu dom inefável, por Seu terno amor, e por Sua liderança suave de Seu povo”.
Arlene Hill

Notas:
1)  A. T. Jones, The Adventist Review and Sabbath Herald, 1º de out. de 1895 (as ênfases são do original).
2) Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág.110.
3) J. R. Zurcher, Tocado por Nossos Sentimentos, págs. 74, 75 (Review and Herald Publishing Association, 1999).
4) Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág.111.
5) Obra citada, pág. 114                                                                                                                          
6) A. T. Jones, em The Advent Review and Sabbath Herald, de 12 de out. de 1897 (as ênfases são do original).

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