terça-feira, 16 de junho de 2015

Lição 12— Jesus em Jerusalém, por Paulo Penno

Para 13 a 20 de junho de 2015

O Evangelho de Lucas retrata Jesus apresentando-Se a Jerusalém como o seu Rei e o Seu desejo de purificar o Templo. Nossa lição da Escola Sabatina nos pede para nos determos sobre o que isso significa para nós hoje: “Cristo falou com eles, mas não prestaram atenção. Ou talvez tenham prestado atenção, mas o que Ele disse era tão contrario ao que eles esperavam, que sua mente bloqueou aquela informação. Como podemos nos certificar de que não estamos fazendo a mesma coisa no que diz respeito à verdade bíblica?”1 Há uma verdade importante aberta à nossa compreensão pelos temas destacados na mensagem de 1888. Esta verdade presente é o trabalho prático de coração no dia-a-dia, que revive o que Jesus fez há dois milênios. A mensagem de 1888 relaciona a ida a Jerusalém como rei, e Sua purificação do Templo, traçando um paralelo com Sua vinda a nós — a igreja de Laodiceia. Essa dinâmica passa despercebida e desvalorizada em nosso trimensário.

BREVE REVISÃO
Até este ponto no ministério de Jesus Ele tinha ficado longe de Jerusalém para evitar uma confrontação direta com as autoridades religiosas, e terminar a Sua obra prematuramente. Mas ao aproximar-se o tempo para o Seu sacrifício, Ele teve que fazer uma demonstração pública da verdadeira natureza de Sua messianidade, a fim de que todos pudessem decidir sobre onde se achavam.
Então Ele entrou em Jerusalém montado num jumento, indicando Sua missão real, e recebeu as aclamações do povo. Sua comitiva é constituída pelas pessoas que Ele havia curado e salvo do cativeiro de Satanás. Ele foi direto para o templo e encontrou-o na mesma condição de Sua visita anterior quando primeiro o purificou dos cambistas, só que pior. A atmosfera comercial era um desvirtuamento do verdadeiro significado da adoração e da verdade. Aquilo que deveria ter retratado o sacrifício do Cordeiro de Deus para alcançar os corações arrependidos e reconciliar as pessoas com Deus, foi, ao contrário, transformado em ganho econômico lucrativo para os sacerdotes e autoridades. A verdade tinha sido perdida por aqueles que deveriam tê-la compartilhado com os outros.

OS “MENSAGEIROS DELEGADOS” DE CRISTO
O autor de nossa Lição faz uma pergunta muito importante: “Que importante lição sobre falsas expectativas podemos aprender com esse relato?”2 Aqui está o que nossa história nos ensina e que não é reconhecido. Cristo veio para a liderança de sua Igreja em 1888 para uma assembleia devidamente eleita da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Cristo enviou “mensageiros delegados”. Ellen White disse: “Se rejeitardes os mensageiros delegados por Cristo, rejeitais a Cristo”.3
Através desses “mensageiros” Cristo veio para o meio de Sua Igreja de Laodiceia como seu rei. Ele veio a nós como um cavalheiro, batendo à porta do nosso coração, como o noivo que viria a sua noiva para propor casamento. Ele veio com uma mensagem da justificação pela fé, que iria trazer reavivamento e reforma para o povo. Era “o testemunho direto da mensagem de Laodiceia.” Como tal, é uma compreensão única da justificação pela fé, paralela e coerente com a ideia da verdade da purificação do santuário. Em outras palavras, o evangelho em harmonia com os Dez Mandamentos. É o evangelho que torna o crente justo.
Há um relato fascinante no Salmo 118 que trata da “pedra que os construtores rejeitaram” quando estavam construindo o templo de Salomão. Era a mais importante de todas as pedras, mas os “construtores” a desprezaram e a deixaram fora, jazendo ali sobre o chão, sob o calor do verão e o congelamento do inverno (v. 22, 23). Jesus aplicou essa história a Si mesmo. “E os principais sacerdotes e os escribas, na mesma hora procuraram deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo; porque entenderam que Ele dissera esta parábola contra eles” (Luc. 20:19), mas o princípio aplica-se à “mais preciosa mensagem” da justiça de Cristo, que “os construtores” no Movimento do Advento “recusaram”, que ainda está para se tornar a “pedra de esquina”. Ou seja, “a mensagem da justiça de Cristo”, a única que pode iluminar a terra com glória (Apo. 18:1-4). Esta mensagem por si só é um “ajuste perfeito” para atender às necessidades da Igreja no mundo de hoje, e que será “maravilhosa” quando todos finalmente perceberem, “Esta é obra do Senhor”.
Cristo aplicou o salmo de Davi como uma profecia a Si mesmo (Mat. 21:42). Como princípio aplica-se à obra de Deus nestes últimos dias. Nenhuma “pedra” pode se tornar a “pedra angular” do “templo” a menos que seja em primeiro lugar “rejeitada pelos construtores”! Em outras palavras, um arrependimento por parte dos “construtores”, os líderes da “igreja de Laodicéia,” deve preceder a conclusão da grande comissão evangélica (Apoc. 3:14, 19; 18:1-4). A boa notícia é que é certo; e será “maravilhosa aos nossos olhos”. Graças a Deus por olhos que podem vê-la — por uma vida resgatada dos destroços do acidente! E você? Se apenas soubesse, também é “vivo dentre os mortos”.
A mensagem de 1888 foi destinada pelo seu Divino Autor para ser o início daquela luz que devia iluminar a Terra com sua glória — o início ou o derramamento inicial da chuva serôdia. Ela complementou o que foi primeiro entendido — 32 anos antes como sendo a mensagem de Laodiceia. Aceita, ela teria crescido em beleza e poder até que concluísse a obra de Deus na Terra, e preparasse nossos irmãos para a trasladação.

UM CONVITE DO NOIVO
A mensagem de Minneapolis era um convite do Noivo para quem Ele amava para preparar-se para ser Sua noiva solidária e de entendimento. Mas ela tinha tirado o seu casaco; como poderia vesti-lo? Ela tinha lavado os pés; como podia sujá-los? Em Sua persistência divina e suave, o desapontado amante meteu a mão pela fresta da porta. Mas a Noiva não estava pronta, ainda relutante, ainda indecisa. Quando, por fim, tardiamente, aventurou-se a abrir-Lhe a porta, Ele se havia ido; o convite das eras deve agora ser adiado até que na plenitude do tempo o seu coração esteja doente de amor. Estudantes pensativos e reverentes das Escrituras Sagradas têm discernido durante séculos o que ainda não vimos como clara referência à mensagem de Laodiceia no Cântico dos Cânticos (5:2-6).
Em destaque na mensagem de 1888 está essa ideia de deixar de resistir ao nosso Senhor. Não até depois da Assembleia de 1888 Ellen White indicou de forma tão clara: “O pecador pode resistir a este amor, pode recusar-se a ser atraído para Cristo, mas se não resistir, será atraído para Jesus . . . em arrependimento por seus pecados”.4 Parar de resistir a Jesus — esta é a essência desta ideia de purificação do santuário. Aparentemente, Ellen White apanhou a ideia de Jones e Waggoner.
É uma boa notícia melhor do que a maioria dos adventistas haja pensado que seja. No início de 1890, Ellen White foi movida a escrever uma série de artigos para a Review que ligava entre si esta ideia com a obra de Cristo no Santíssimo. E ela diretamente ligou tudo à mensagem de 1888 (21 de janeiro a 8 de Abril), por exemplo: “Cristo está limpando o templo do céu dos pecados do povo, e devemos trabalhar em harmonia com Ele sobre a Terra na limpeza do templo da alma de sua contaminação moral” (11 de fevereiro). “Quando encontramos incredulidade naqueles que deveriam ser os líderes do povo, . . . nossas almas estão feridas” (4 de março). “Eles se opõem ao que não conhecem” (25 de fevereiro). É claro que os “líderes” não acreditavam na justiça pela fé que liberta do pecado “purificando o templo da alma”. Para eles, o juízo investigativo era uma contabilidade celeste, e não o “trabalho de coração” de purificação do Sumo Sacerdote produzido na alma submissa.
Parece que ninguém em Battle Creek captou o que ela estava dizendo. Adivinhem qual foi a sua recompensa por esses artigos na Review? “Exílio” para a Austrália no ano seguinte (Waggoner pouco depois foi enviado para a Inglaterra).

A MENSAGEM ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA DO SANTUÁRIO
A diferença entre o ministério de Cristo no primeiro compartimento e no segundo é o que Ele faz em Seus crentes. Até 1844, Ele estava preparando crentes para morrerem (*por Ele) para que pudessem ser “dignos” de alcançar a primeira ressurreição. E essa é uma grande obra para o nosso Sumo Sacerdote fazer. Se qualquer um de nós for chamado a morrer, que possamos estar preparados! Mas quando consideramos detidamente o contexto, o Seu ministério no segundo compartimento é destinado especialmente a preparar um povo para ser trasladado sem provar a morte. Enquanto eles ainda estão na carne, devem ver a Jesus, devem encontrá-Lo face a face, e só “os puros de coração” podem suportar isso. Estes devem estar “vivos e permanecem até a vinda do Senhor. ... E seremos arrebatados juntamente com [os santos ressuscitados de todas as eras] para encontrar o Senhor nos ares”.5
A mensagem adventista do sétimo dia do santuário faz sentido especial à luz do sermão de Cristo de Mateus 24. Foi propósito do Céu que a segunda vinda estivesse dentro da “geração” de quem viu o último dos “sinais” celestes de Seu breve retorno — a queda das estrelas. Isso é como os pioneiros entenderam, e é isso que as palavras de Jesus realmente significam. O atraso de outro modo inexplicável é o resultado de “resistir a nosso Senhor no trabalho de Seu ofício”. A comissão evangélica à luz de Apoc. 18:1-4 poderia ter sido realizada dentro de alguns anos a partir de 1888.6 O atraso na conclusão da obra de purificação do santuário celeste não é devido a atrasos de computadores nos escritórios celestiais, ou a qualquer ineficiência angelical. O problema encontra-se conosco.

O ENSINAMENTO DE JESUS SOBRE A CRUZ NA CEIA
Quando Jesus “tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22: 19-20) Ele estava fazendo referência à Sua morte.
A visão da mensagem de 1888 é que Cristo realizou por “todos os homens” uma justificação legal, que é o “veredicto judicial de absolvição por todos os homens”, como consta da Bíblia em Inglês Contemporâneo ao verter Romanos 5:15-18 (o que todas as traduções confiáveis ​​também dizem). É por isso que Deus pode tratar “todos os homens” como se nunca tenham cometido pecado, e porque pode enviar Sua chuva sobre os justos e injustos. “Todos os homens” têm desfrutado dos benefícios do sacrifício de Cristo, creiam ou não, porque nossa própria vida física é uma aquisição da cruz. Visto por este prisma, cada refeição torna-se “um sacramento” — a Ceia do Senhor, na realidade. “Todo homem” já está totalmente em dívida para com Cristo por tudo o que possui; e a conversão de coração é uma resposta à muito mais abundante graça de Deus, não um apreender a vida eterna. É dizer “Obrigado” por esse dom eterno já dado “em Cristo”.
Pode você pensar em qualquer tragédia maior no final da história do que Cristo ser desapontado por estar diante da “porta” a bater em vão e, finalmente, volver-Se na humilhação da derrota? Isso é o que o diabo quer! Por que devemos desistir diante dele por nossa inação? A imagem que vemos nas Escrituras indica sucesso completo. Em virtude do sacrifício infinito no Calvário, devemos escolher acreditar que a mensagem de Laodiceia vai realizar plenamente o seu objetivo.
A igreja de Laodiceia é a igreja do novo concerto. Não por sua própria bondade intrínseca é que o Senhor permanecerá leal a ela, mas porque Ele tem que ser um Deus que guarda o concerto. “Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas ... [para que] o Senhor, teu Deus ... possa cumprir a palavra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, Isaac e Jacó” (Deut. 9: 5). Esse aspecto de aliança do caráter de Cristo é a garantia de que a mensagem a Laodiceia não falhará.


--Paul E. Penno
Notas:
1)  Quadro no rodapé da lição de domingo, pág. 147 da edição dos professores

2)  idem, pergunta de nº 1                                  

3)  Ellen G. White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 97.  

4) Caminho a Cristo, pág. 27, edição de 1892.        

5) 1ª Tess. 4: 15 – 18;                                            

6)  Boletim da Conferência Geral de 1893, pág. 419; Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 3, pág. 1130;


Nota final: Esta introspecção do Pastor Paul Penno, e o seu vídeo está no site: http://1888mpm.org



Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley  Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em

Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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