Para 14 a 21 de maio de
2016
O imenso prestígio e poder transmitido pelo Templo em
Jerusalém inspirava a devoção das multidões quando Jesus as defrontou dizendo: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta”
(Mat. 23:38), mas uma voz mansa e delicada na história bíblica de Jesus de
Nazaré se destaca na consciência. Estes ensinamentos de Jesus chamam a nossa
atenção reverente hoje.
Ele esperou até muito perto do fim de Seus três e meio
anos de ministério antes de desafiar Seus discípulos com a pergunta final: “Quem dizeis vós que Eu sou?” (Mateus
16:15). Era-lhes claro que Ele é o Messias esperado, mas quem é Ele?
Deus quer que todos tenhamos perfeita liberdade para
decidir a respeito dEle. Lemos em Mateus 16:13 que Cristo perguntou aos
discípulos: “Quem os homens dizem ser o
Filho do homem?” Os discípulos responderam que as pessoas estavam divididas
sobre Ele. Alguns diziam que Ele era João Batista que voltara dentre os mortos,
ou o profeta Jeremias, ou outro dos profetas. João nos diz que algumas das
pessoas alegavam: “Ele é um bom homem;
outros diziam: não; mas ele engana o povo” (João 7:12). Parece bem como é
hoje, não é? “Havia uma divisão entre o povo por causa dele” (João 7:43).
Mas quando Jesus perguntou aos discípulos: “Quem dizeis que eu sou?” eles ficaram
em silêncio por um momento, e parecia que ninguém se atrevia a falar. Tinham
muitas vezes se perguntado quem Ele era. Perceberam que nenhum outro homem era
como Ele. O que os maravilhava não era tanto os milagres que Ele realizava, mas
o amor perfeito expresso em tudo o que Ele dizia e fazia. Finalmente, Pedro
falou para o grupo: “Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16).
Jesus felicitou-o pela coragem de suas convicções, “Bendito és tu, Simão Barjonas, porque carne
e sangue não revelou a ti, mas Meu Pai que está nos céus. E eu te digo que tu
és Pedro [petros], e sobre
esta pedra [petra; rocha sólida, verdade tão grande como o granito
Pré-Cambriano] edificarei a Minha igreja;
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (v. 17, 18).
Petros
é uma pequena pedra que se pode lançar ao redor; petra é a pedra
fundamental, como é o próprio Cristo. Após o pobre e instável Pedro ter negado
a Cristo por três vezes e, portanto, desqualificando-se a si próprio para ser
um apóstolo, ele se arrependeu. Todo pensamento de sua importância foi
renunciado: ele disse à igreja de seus dias que somente Cristo é “a Rocha” (1ª
Pedro 2: 8, Petra). Sabia que não era nada mais do que um petros.
Tem a Igreja do Senhor Sempre Sido Um Corpo
Organizado?
Os primórdios da igreja verdadeira podem ser
atribuídos ao eterno (ou novo) concerto que o Senhor fez com Abraão há muito
tempo: “Sai-te da tua terra, da tua
parentela e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei. E Eu farei de
ti uma grande nação, . . . e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gên
12:1-3). Assim, o Senhor começou a organizar o Seu povo para ser uma família
visível, designada, uma “nação”. O Seu propósito era
que testemunhassem no mundo.
Os descendentes de Abraão foram eleitos para serem o
antigo equivalente da igreja organizada de hoje. Deviam publicamente
compartilhar e exemplificar a sua fé. Sua nacionalidade era para demonstrar que
é possível para os seres humanos funcionarem numa unidade organizada,
perfeitamente dedicada à orientação do Senhor.
Essa nação veio a ser conhecida como Israel. Sua
história registra uma série de altos e baixos, com muitos episódios sombrios de
fracasso corporativo. (Os “baixos” foram o resultado direto da velha ideia de
pacto que tinham abraçado por conta própria) (*O velho concerto ded Exodo 19:8
e 24:7). Mas será que suas rebeldias terríveis cancelam a eleição original de
Deus? A
resposta tem de ser NÃO.
Apesar de terem sido severamente punidos por suas
apostasias (especialmente a adoração a Baal), nem Israel nem Judá jamais se
tornam Babilônia. Mesmo enquanto estavam cativos em Babilônia permaneceram
Israel. A adoração a Baal era uma doença que afligia a corporação, mas não a
transformou em Babilônia.
Quem é o “Israel” hoje?
No início do Seu ministério Cristo escolhe os
discípulos e ordenou-lhes, exortando-os a proclamarem o evangelho ao mundo.
“'Ele nomeou doze' .. . . O primeiro passo devia ser dado agora na organização
da igreja que, depois da partida de Cristo, O devia representar na Terra“
(Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pp. 290, 291). “Sobre esta Pedra [sua fé expressa em nEle]
edificarei a Minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela” (Mat. 16:18). Ele os comissionou a
serem uma “corporação” disciplinada e unida: “Como o Pai Me enviou, assim também Eu vos envio” (João 20:21-23).
Eles não eram um grupamento desconjuntado de “almas fiéis”. O Espírito Santo
continuou a organizar e conduzir os membros em relação à perfeita unidade e
coesão.
Quando os judeus finalmente crucificaram a Cristo e
rejeitaram os Seus apóstolos em 34 dC, o Senhor não abandonou Seu concerto
original; Ele permitiu um “abalo” para testar o Seu professo povo. Dois grupos
se tornaram distintos e separados. Os crentes entre eles permaneceram como a
Sua verdadeira igreja, e os incrédulos foram sacudidos e lançados fora. Para os
judeus incrédulos o Senhor tinha a dizer:
“O reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê [produza] os seus frutos“ (Mat. 21:43). A “nação“
era a igreja continuando a ser o verdadeiro Israel.
Também em 34 dC, a nação física de Israel foi
rejeitada, mas o verdadeiro Israel arrependeu-se no Pentecostes por causa da fé
em Cristo, pois “se sois de Cristo, então
sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa“ (Gál. 3:29). É
assim que aqueles crentes contritos se tornaram o novo Israel, a igreja, a
verdadeira “nação a produzir frutos”. A igreja não era um apêndice ou
desdobramento de Israel; eram os
verdadeiros descendentes de Abraão (Mat. 21:42-45, etc.).
É geralmente aceito entre nós que a moderna Igreja
Adventista do Sétimo Dia tem repetido seriamente a história do antigo Israel.
Ellen White disse muitas vezes que a nossa rejeição “em grande medida” da
mensagem de 1888, mais de um século atrás, era uma repetição da rejeição de
Cristo pelos judeus. (*Veja
Mensagens Escolhidas, Livro 1, págs.
234 e 235).
Mas a nossa história de 1888 é diferente da dos
apóstolos — os apóstolos e os anciãos da igreja foram responsivo à
liderança do Espírito Santo. O que “o Espírito Santo nos disse“ não fizemos! Mas agora chegou o momento
em que devemos responder tão prontamente à Sua liderança como fizeram os
apóstolos. O mesmo Espírito Santo que organizou os apóstolos ainda está vivo
hoje.
O Que Mantém a Igreja Unida
Quando a igreja primitiva funcionava como em
disciplinada coordenação como uma corporação sob a orientação do Espírito
Santo, o Senhor respeitou sua organização. Por exemplo, quando Saulo de Tarso
foi convertido, o Senhor o fez entrar em comunhão imediata com Sua igreja
organizada.
A ideia é bela Boa Nova. Cristo é a “cabeça”, cada
crente é automaticamente um membro importante no funcionamento do corpo.
Nenhuma organização humana, seja política ou de outra natureza, pode desfrutar
tal unidade perfeita, onde cada membro se vê como especialmente criado para
preencher uma necessidade. Nada a alimenta como a associação “corpo de Cristo”
vivo. Cada pessoa crente descobre nela a sua alegria eterna e seu verdadeiro
sentido de auto-identidade e realização.
Bem mais de cem anos depois de Minneapolis e 1888, é
chegado o tempo para cumprirmos a visão de Paulo de uma igreja perfeitamente
coordenada onde cada membro se sente necessário. Por quase dois mil anos a
imagem paulina de genuíno e duradouro “crescimento da igreja“ tem aguardado o
seu pleno cumprimento:
“Não devemos
ser mais crianças atiradas de um lado para outro por todo vento de doutrina, ...
mas, falando a verdade em amor [Ágape],
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça — Cristo — do qual todo o corpo, bem
ajustado e consolidado por todas as juntas, segundo a operação eficaz pela qual
cada segmento cumpre a sua parte, levando ao crescimento do corpo para a sua
própria edificação em amor [Ágape]” (Efé.
4:14-6, NIV).
É natural que alguns temam que a igreja e as suas
instituições sejam agora muito grandes e complicadas e que nunca será bem
sucedida. Mas a Bíblia não dá nenhuma pista de que o crescimento do corpo faça
com que a obra do Espírito Santo se torne difícil ou impossível. No geral, a
ideia é que o que vai unificar a igreja é a verdade pura, promulgada
incondicionalmente e sem reservas por sua liderança. O que aconteceu em 1888
deve ser repetido, mas desta vez num santificado sentido inverso.
—From the
writings of Robert J. Wieland
Notas:
O video do Pr. Paulo Penno desta lição em inglês está na internet em:
Também esta introspecção da lição da Escola Sabatina desta semana está
na internet em: http://www.1888mpm.org
O irmão Roberto J.
Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em
Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista
do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que
foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na
Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de
dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário
na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à
Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G.
White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de
Waggoner e Jones. Estes e sua mensagem receberam mais de 374 recomendações de
Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro
pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas
tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao
segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor
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