segunda-feira, 4 de julho de 2016

Lição 1 — A “Restauração de Todas as Coisas”, por Paulo Penno



Para 25 de junho a 2 de julho de 2016

Como o mal começou no mundo perfeito que Deus criou “no princípio”? A resposta é surpreendente. Os seres humanos convidaram o diabo, abriram a porta para ele, o acolheram. E esses seres humanos foram os nossos primeiros pais, Adão e Eva. O diabo não se introduziria na vida deles a menos que nossos primeiros pais o acolhessem em sua casa. Podemos entender isso ainda hoje, pois o mal não pode invadir o coração de uma pessoa e controlá-la a menos que esta primeiro dê o seu consentimento. Ao criar o homem “à Sua imagem”, o Criador o dotou com a capacidade de raciocinar e escolher. O inimigo aproveitou-se dessa liberdade e enganou o homem.
O que é mais razoável — aceitar a Bíblia pela fé, ou a evolução pela fé? A evolução é a ideia imaginada pelo homem do que “poderia ter sido”.
A Bíblia ensina a decadência, ou seja, o homem despencou de sua condição original. Isto está em completa harmonia com a lei natural mais simples e mais facilmente vista da natureza — de que tudo fica velho, se desgasta, ou entra em decadência. O homem foi criado “à imagem de Deus” e vagou para longe de seu lugar original de honra, mas ele ainda é um filho de Deus através de Cristo, e é amado por seu Pai celestial. A evolução ensina que o homem é essencialmente apenas um animal para quem a sobrevivência do mais forte é a lei da selva. Quem pode estimar a crueldade e a injustiça, a desumanidade do homem para com o homem, que esta “teoria” tem produzido em nosso triste mundo? Quem você prefere considerar-se? Um filho de Deus ou meramente um animal inteligente?
Um animal preso numa armadilha nada conhecerá, a não ser o medo físico; mas um ser humano criado à imagem de Deus tem capacidades infinitas para a vida e alegria eternas, não apenas eterna existência. Ao contrário dos animais, podemos conhecer sonhos brilhantes de “vida muito mais abundante”.
Eva realmente acreditou no engano da serpente; Adão não. Ele se uniu a ela no seu tropeço só porque a amava. Fosse o que pudesse ser essa coisa misteriosa e desconhecida a vir, que Deus chamou de “morte”, ele escolheu compartilhá-la com ela. Mas o engano original da mãe Eva incluiu a ideia de que não haveria morte: “Certamente não morrereis” a serpente astutamente lhe assegurou. Aqui está a origem da ideia da imortalidade natural da alma humana.
Os descendentes de Eva se dividiram em dois campos: “Certamente morrereis” — os que acreditaram no engano e os que mantiveram firmemente a verdade original revelada de Deus. E havia aqueles que acreditaram na mentira da serpente, “certamente morrereis”.
Seus três enganos foram tecidos juntos num só fio: (1) Não haverá morte, pois Eva acreditou na serpente de que a natureza do homem é imortal; (2) o “conhecedores do bem e do mal” é essencial, pois há uma conjunção de opostos; e (3) “sereis como Deus”, pois a divindade habita dentro de cada alma humana imortal e aguarda apenas a sua auto-realização.
Os descendentes de Adão e Eva que se arrependeram sinceramente da sua loucura e mantiveram uma lealdade firme à verdade original de Deus foram chamados de “filhos de Deus” (Gên. 6:2). Eles se tornaram os progenitores de uma linha ininterrupta de gerações de adoradores fiéis de Deus, que acreditavam que o homem tinha perdido a imortalidade pela rebelião contra Ele e podiam obtê-la somente através da fé num Salvador divino por vir, e em Seu sacrifício. Estes crentes fiéis na verdade de Deus abrigavam a promessa que Ele fez à serpente na presença do par culpado no Éden: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gên. 3:15). Aqui está a semente das boas novas que se desenvolveu através dos séculos até que o grande carvalho da verdade chegou a ser totalmente amadurecido no Novo Testamento.
Considere esta garantia preciosa que trouxe esperança para a raça humana: Esta “inimizade” contra a serpente é algo que não é natural para o coração humano. Ninguém nasce com ela. Deus coloca esta inimizade contra o mal no coração através do grande sacrifício mencionado nessa promessa. É um dom da graça. Satanás terá seus seguidores conhecidos como “tua semente”. “A mulher” também terá “semente”. E haverá “inimizade” ou guerra entre as duas “sementes”. Um Libertador virá na pessoa de “semente” da mulher, descendente de Adão e Eva. Esta é uma profecia da vinda de Jesus.
Satanás terá sucesso em ferir a semente da mulher no “calcanhar” — uma profecia  “semente” da eventual crucificação do Filho de Deus na cruz. Mas a aparente derrota de Cristo irá revelar-se uma vitória gloriosa; Ele irá esmagar a cabeça da serpente e matá-la.
O povo de Deus acariciou esta promessa durante milhares de anos, esperando a vinda do Libertador. Satã (a serpente) foi derrotado pelo sacrifício de Cristo, e o longo reinado do pecado e do mal para ser levado a um fim.
Será que o pecado de Adão nos transmite tendências irresistíveis para o pecado? Não seria mais correto afirmar que o pecado de Adão nos transmite tendências para o pecado que venceram todos os seres humanos, exceto a Cristo, e que são “irresistíveis” para nós se não temos um Salvador? Se dizemos que as tendências para o pecado transmitidas por Adão são verdadeiramente “irresistíveis”, não estamos sob o perigo de repetir a acusação de Satanás de que a lei de Deus não pode ser observada pelo homem caído? A ideia de que as nossas tendências naturais para o pecado são “irresistíveis” não seria responsável pela imoralidade e antinomismo que permeia o mundo e até mesmo a igreja morna? Esta parece ser uma espécie de derrotismo calvinista.
A mensagem de 1888 promove a tese surpreendente de que as tendências para o pecado são resistíveis — se somente compreendermos e crermos no evangelho de Jesus Cristo. E parte dessa “boa notícia” é que Jesus revelou em Sua carne humana que essas tendências são de fato completamente resistíveis. Isto não é fanático “perfeccionismo”, mas uma reverente apreciação da mensagem da justiça de Cristo.
Cristo veio para salvar a raça perdida, caída e degradada. Na Sua doação de vida no Calvário, Ele fez uma expiação abundante para os pecados de todo o mundo. Nenhum pecado pode ser cometido para o qual satisfação não haja sido dada no Calvário. Esta foi também uma das características distintivas da mensagem de 1888 — que Jesus fez mais do que apenas apresentar uma oferta — Ele deu o dom da Sua própria justiça a toda a humanidade, e a única razão pela qual toda a humanidade não seria justificada por esse dom seria porque tantos se recusam a participar do presente dado livremente.
Pedro no Pentecostes falou sobre a recepção celestial de Cristo desta forma: “...a quem o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas ...” (Atos 3:21) (*“O qual convém que o céu contenha até o tempo da restauração de tudo ...” (Alm. Fiel). O pensamento paralelo temos em Apoc. 19: 71 — Cristo não pode retornar até esta “restituição” ter lugar.
Em numerosas declarações de Ellen G. White, esta “restituição” é descrita como a “restauração da imagem de Deus no homem”,2 etc. Isto é equivalente ao selo de Deus colocado na testa. Tal “restituição” certamente implica uma vindicação de Deus e Seu plano de salvação. Não pode ser mera imputação legal, pois se fosse, os “tempos da restauração de todas as coisas” teriam se dado ao tempo de Abel, quando foi assassinado por Caim, pois ele foi legalmente declarado justo por imputação então, há muito tempo. Os “tempos” de que Pedro fala são sem sentido, a menos que se refiram a quando a justificação pela fé for totalmente comunicada como uma “aptidão para o céu”.

--Paul E. Penno
Notas:

1)       “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos glória: porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou”.

2)       Ellen G. White, "Este Homem Recebe Pecadores," Signs of the Times, de 15 de Jan. de 1894.


Note:
Esta lição estána internet em: 
http://1888mpm.org

Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi jubilado em junho de 2016, tendo sido ordenado ao ministério há 42 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.