terça-feira, 12 de julho de 2016

Lição 3 — Justiça e Misericórdia no Antigo Testamento — parte 1, por Paulo Penno



Para 9 a 16 de julho de 2016,

É bom senso comum recordar. O Filho de Deus Se identifica com os pobres e oprimidos de todo o mundo, entendam ou não o evangelho. Podemos não ser capazes de mover todos os governos e parlamentos para fazerem a coisa certa, mas podemos proclamar a notícia sobre o Filho de Deus aos oprimidos do mundo. Faz sentido lembrar disso antes de gastarmos em coisas pessoais luxuosas.
Em Lev. 25:13-17 lemos que qualquer propriedade que fosse vendida desde o último ano do jubileu reverteria ao seu proprietário original, pois o Senhor queria que a Sua terra permanecesse com as tribos, clãs e famílias a que tinham sido atribuídas. Para que os pais cuidassem de suas famílias, tinham que possuir terra para cultivar, e a propriedade privada dava estabilidade à economia. O Senhor possuía a terra e somente a emprestava ao Seu povo. Ele queria que tivessem um senso de propriedade e responsabilidade em cuidar de Sua propriedade. As pessoas costumam cuidar bem do que eles próprios possuem.
Sempre que um pedaço de terra fosse vendida, a iminência do próximo Ano do Jubileu determinava o preço, pois isso estabelecia quanta produção o novo proprietário poderia obter do solo. Uma vez que o comprador sabia muito bem que a terra terminaria revertendo para o proprietário original, ele certamente não iria pagar mais pela terra do que seria capaz de dela obter. “A terra não se venderá em perpetuidade”, era a lei de Deus (vs. 23).
Estas leis tornavam impossível que especuladores imobiliários sem escrúpulos acumulassem vastas propriedades de terra e, assim, perturbassem a economia. Mesmo as famílias israelitas mais pobres recebiam sua terra de volta, e por trabalhar a terra, poderiam obter ganhos suficientes para satisfazer as suas necessidades, e, talvez, as necessidades de outros. O Ano do Jubileu concedia um novo começo para os escravos libertados e os proprietários de terras, e isso mantinha a pobreza e a desigualdade no mínimo. As pessoas não deviam oprimir umas às outras (vs. 17), mas lembrar-se que a terra era de Deus e eles eram apenas seus inquilinos (v. 23-24).
Se um judeu pobre tivesse que vender-se a si mesmo ou a sua propriedade a fim de permanecer vivo, ele não tinha que esperar até o Ano do Jubileu para recuperar tanto a sua propriedade quanto a sua liberdade (vs. 25). A qualquer momento, um parente que estivesse disposto e capaz de pagar o preço poderia redimir a ele ou a sua terra.
Se o ex-proprietário da terra fosse muito pobre para resgatar a sua propriedade, então um parente próximo poderia fazer isso por ele. Mas se o dono anterior de alguma forma tivesse adquirido o valor necessário, ele poderia resgatá-la por si mesmo. O preço iria depender, é claro, do número de anos (colheitas) até o Ano do Jubileu. Se o homem não tivesse nenhum parente disposto, nem o valor necessário, teria que esperar até o Ano do Jubileu para recuperar a sua propriedade.
O exemplo clássico da lei do resgatador é registrado no livro de Rute, onde Boaz redimiu tanto a Rute quanto a sua herança e, em seguida, se casou com ela. O “redentor” a poder resgatar a propriedade de Noemi (e agora de Rute) tinha que ser o “parente mais próximo” (cf. 2:20; 3: 9, 4: 1). Esta ideia inspirou os “mensageiros” de 1888.
Escreve A. T. Jones: “O homem perdeu a sua herança e está ele próprio também em cativeiro. E como ele mesmo não pode se redimir, nem a sua herança, o direito de resgate cai ao parente mais próximo que seja apto a isso, e Jesus Cristo é o único em todo o universo que é capaz.
 “Ele deve ... ser não só parente, mas o parente mais próximo. ... Portanto ... também Ele ... participou de carne e sangue na própria substância como a nossa, e assim se tornou o nosso parente mais próximo”.1
 “Boaz não poderia agir como Redentor até descobrir que aquele que estava mais próximo do que ele não podia cumprir o papel de resgatador. O resgatador deve ser não só um parente próximo, mas deve ser o mais próximo dentre os que estivessem perto. ... Este é exatamente o ponto a destacar no segundo capítulo de Hebreus [vs. 14-18]”.2
Uma vasta proporção de cristãos, tanto católicos quanto protestantes, pensa em Cristo como Alguém que pertence aos vitrais nas catedrais. O popular “dogma da Imaculada Conceição” nega as Escrituras; diz que a Virgem Maria no ventre de sua mãe experimentou uma quebra milagrosa do código genético que liga todos os seres humanos pelo nosso DNA comum à natureza caída e pecaminosa do nosso Adão caído, de modo que Maria nunca foi tentada sexualmente, e nem foi o seu Filho, Jesus. Com isso, num só golpe, são-nos negados o único Redentor que pode nos salvar do pecado e preparar um povo que aprende a “seguir o Cordeiro onde quer que vá,” e permanecer “irrepreensíveis diante do trono de Deus”. Isso é dito deles por ser verdade quanto a eles, graças a seu Redentor, o “parente mais próximo”.
O Senhor Jesus Cristo tomou sobre Si a carne humana pecaminosa e tornou-Se o nosso “parente mais próximo” (Heb. 2:5-18), para que pudesse dar-Se como o preço de resgate e nos libertar. Só Ele estava qualificado a fazer o que tinha que ser feito, e esteve disposto a fazê-lo. Não somente Ele nos redimiu, mas também nos deu uma parte da Sua herança, fazendo-nos dela partícipes.
É lamentável que o povo judeu não seguiu as leis dadas em Levítico 25. Por seu egoísmo e ganância trouxe a ruína para a terra e para o seu sistema econômico. Os profetas censuraram o rico por explorarem os pobres e roubarem as suas casas, terras, e até mesmo seus filhos (Isa. 3:14-15; 10:1-3; Amós 2: 6-7; 05:11). Os tribunais locais ignoravam os decretos de Deus; os juízes, enriqueciam por subornos, emitiam decisões que favoreciam os ricos e esmagavam os pobres. Mas Deus ouviu o clamor dos pobres e um dia trouxe julgamento terrível para o povo de Israel.
Deus está preocupado com a forma como usamos os recursos que nos concedeu e com a forma como tratamos uns aos outros no mercado. Ecologia e economia são a Sua preocupação, e Ele finalmente permite que o juízo advenha sobre aqueles que exploram os outros e os tratam de maneira menos do que humana (capítulos 1 e 2 de Amós). A Igreja de Jesus Cristo prosperou sob muitos tipos de sistemas políticos e econômicos e não é dependente de qualquer deles, mas a Igreja deve sempre defender os direitos dos pobres e oprimidos e usar todas as armas espirituais para derrotar os opressores.

--Paul E. Penno
Notas:                                                                                         
1) Alonzo T. Jones, O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, págs.
30 e 31(edição Glad Tidings ed.).
2) A. T. Jones, “A Terceira Mensagem Angélica—nº 14, Boletim da Conferência Geral, Vol. 1 (1895), pág. 265
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi jubilado em junho de 2016, tendo sido ordenado ao ministério há 42 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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