terça-feira, 19 de julho de 2016

Lição 4 – Justiça e Misericórdia no Antigo Testamento: 2ª Parte



Para 16 a 23 de julho de 2016

Quer falar sobre linguagem vívida, intensamente interessante? A Bíblia supera nisso todos os livros.
Ezequiel narra como Deus lhe mostrou Israel como num vale repleto de “ossos secos, branqueados pelo sol”, —um vasto panorama da morte espiritual. Então Ele dirigiu ao profeta uma pergunta simples: “Podem estes ossos viver?’ Eu disse, ‘Mestre Deus, só Você sabe isso’” (Eze. 37: 1-3, The Message). Era uma representação do estado espiritual da verdadeira Igreja de Deus então.
O foco principal da visão não é a “primeira ressurreição” física e a “nova terra”, apesar de que pode ser uma aplicação disso. Mas ninguém que está espiritualmente morto agora terá a chance de chegar à “primeira ressurreição”. É agora que devemos experimentar uma conversão viva.
De acordo com o que Cristo diz em Apo. 3:14-21 sobre a Sua verdadeira Igreja nestes últimos dias, “o vale de ossos secos,” é perturbador. Não é história antiga. Ezequiel poderia ter orado por aqueles “ossos secos” 24 horas por dia durante um século (reuniões de oração sem fim!), e nada teria acontecido. (Algumas igrejas jejuam e oram e ainda nada acontece para mudar sua morte espiritual).
Em Eze. 37:4-12, o Senhor disse ao profeta o que fazer: “Profetiza sobre estes ossos” — e ele o fez. Deus não estava a ponto de ressuscitá-los unilateralmente; Ele exigiu a ajuda do profeta. Mesmo o “fôlego” final que lhes entrou foi fruto de Ezequiel “profetizar” (vs. 10). Eles devem ter “o evangelho eterno”. Os “ossos secos” devem ser alimentados com a Palavra.
Está a sua igreja “morta”? As crianças morrem de fome? A juventude? Sim — ore; mas não se esqueça da lição de Ezequiel — nada vai funcionar a não ser o anúncio do “evangelho eterno”, “a mensagem do terceiro anjo, em verdade”, a palavra da cruz (Apo. 14:6-15). Isso fará com que os ossos “vivam”.
Em Ezequiel 47, uma nova profecia é dada que antecipa um templo já restabelecido em Jerusalém. Na visão, Ezequiel viu o templo de Deus em Jerusalém. A presença de Deus tinha retornado novamente ao Seu templo. Mas o templo parecia ter um vazamento: “[O homem] me trouxe de volta para a porta do templo; e havia água, fluindo por debaixo do limiar do templo, para o oriente, para a frente do templo voltado para o leste” (Eze. 47: 1, NJKV).
Em contraste com os rios destrutivos que correm do deserto para o Mar Morto, vemos que o rio fluindo do templo é retratado como o centro e fonte de saúde e prosperidade para a comunidade.
No entanto, para que o templo de Deus seja a fonte de saúde e prosperidade para uma comunidade, o rio que flui para fora tem que vir de uma fonte que dá vida saudável. Anos depois das profecias de Ezequiel, o profeta Zacarias declarou que “uma fonte [será ] aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para purificação do pecado e da imundícia” (Zac. 13: 1). Ellen White diz: “As águas dessa fonte possuem propriedades medicinais que hão de curar tanto as enfermidades físicas quanto as espirituais. Dessa fonte emana o poderoso rio visto na visão de Ezequiel”.1 a
Essa promessa de Zacarias terá o seu cumprimento final antes do fim, quando o povo de Deus vem para ver sua realidade que ainda em grande parte não se realizou. Em seguida, o complemento de Pentecostes se dará, tão certo como o dia se segue à noite — “a chuva serôdia”.
O Dia da Expiação está envolvido. Os resultados práticos da grande purificação do santuário celeste se realizarão quando a conclusão da profecia de Zacarias for cumprida: “Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi (*a liderança da igreja) e para os habitantes de Jerusalém (*os membros da igreja) para remover o pecado e a impureza” (Zac. 13: 1).
Abençoada purificação! Ela só pode ser realizada no Dia da Expiação. Será o resultado prático da “expiação final”, uma reconciliação final de coração com Cristo. Somente a partir do Santíssimo do santuário pode o nosso grande Sumo Sacerdote realizar esta obra da justificação pela fé nos corações de Seu povo.
Essa “purificação” deve ser uma derradeira pela razão de que o arrependimento é, obviamente, final. Finalmente, os “habitantes de Jerusalém” (a igreja) foram habilitados a discernir as implicações de seu pecado. Vêem a cruz na sua realidade.
Este “luto” ou arrependimento será o oposto de uma preocupação egocêntrica de passar nos testes do juízo investigativo, porque o povo de Deus encontra a capacidade única de transcender a sua própria experiência egocêntrica exclusiva anterior. A Escritura diz: “e pranteá-Lo-ão sobre Ele, como quem pranteia pelo filho unigênito” (Zac. 12:10). Assim, a preocupação será centrada completamente em Cristo, e não com a sua própria segurança pessoal. Esta experiência concorda com a estranha profecia em “O Grande Conflito”, pág. 619, de que os remidos, após o fim do tempo de graça, não sofrem de preocupação por sua própria salvação, mas temem que, se “provem indignos, ... então o santo nome de Deus seria difamado”.b
Qual será o núcleo dessa experiência que Zacarias prevê? O sacrifício de Cristo oferecido no Calvário, onde a Expiação foi “completa”. Qual será o resultado da experiência de contemplar, assim, a Expiação? A limpeza “do pecado e da impureza” do povo de Deus, envolvendo uma nova apreciação do sacrifício de Cristo e uma relação nova e completamente única para com Ele — “como quem pranteia por seu filho único”.
É por isso que Ellen White tantas vezes declarou que “a mensagem do terceiro anjo, em verdade” é essencialmente “Jesus Cristo, e Este crucificado” (*1ª Cor. 2:2).
A nossa história denominacional está apenas a um passo do Calvário. Uma vez vejamos o nosso verdadeiro envolvimento na crucificação de Cristo, estamos preparados para reconhecer o nosso envolvimento no pecado de rejeitar a chuva serôdia e mensagem do alto clamor de 1888. Não podemos mais presunçosamente deixá-la para trás, dizendo: “Isto não me diz qualquer respeito, pois eu nem era nascido, então”, mais do que podemos varrer para baixo do tapete o nosso envolvimento com a cruz. Tão certo quanto a sombra do Calvário paira sobre os judeus como uma nação, assim certamente faz pairar a sombra de 1888 sobre nós como uma Igreja. Exatamente como os judeus”.c
Com olhos ungidos, podemos ver as inúmeras evidências em torno de nós de que estamos repetindo a história hoje, o mesmo orgulho espiritual e profissional, a mesma resistência da verdade e auto-humilhação. Tão certo como os líderes e as pessoas mais e mais examinam aqueles quatro volumes dos “Materiais de 1888 de Ellen G. White”, essa convicção assumirá mais firme posição na consciência adventista.d

--Paul E. Penno
Nota do autor:
1)       Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 227


Notas do tradutor:
a)       O texto continua na pág. 228: “E junto do ribeiro, à sua margem, de uma e de outra banda, subirá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio”. (Ezequiel 47: 8, 9, 12).
b)      O Grande Conflito, pág. 619, 1º parágrafo: “Embora o povo de Deus esteja rodeado de inimigos que se esforçam por destruí-lo, a angústia que sofrem não é, todavia, o medo da perseguição por causa da verdade; receiam não se terem arrependido de todo pecado, e que, devido a alguma falta, não se cumpra a promessa do Salvador: ‘Eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo’ (Apoc. 3:10). Se pudessem ter a segurança de seu perdão, não recuariam da tortura ou da morte; mas, se se mostrassem indignos, e perdessem a vida por causa dos seus defeitos de caráter, o santo nome de Deus seria então vituperado”.
c)       Por mais de 100 vezes Ellen G. White disse que a igreja de Deus nestes últimos vai judaizar os judeus. Isto é, vai repetir a atitude do povo de Israel de então. ("Just like the Jews.")
d)      O Irmão Severino Kull traduziu e está em fase final de impressão destes 4 volumes. Entre em contato com ele: Silverino Kull, silverinokull@gmail.com, coordenador do IAGE Campestre (“Instituto de Agricultura e Evangelismo”) iage.vidanocampo@gmail.comfones (021) 9 7351-6167, claro; (021) 9 9580-5688, vivo.

Notas: o vídeo, em inglês, desta lição está na internet em: https://www.youtube.com/watch?v=4jQgG_Huifo

O texto acima, do autor, também em inglês, você o encontra em http://1888mpm.org


Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. Ele foi jubilado em julho de 2016. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919 Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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