Para 17 a 24 de fevereiro de 2018
Há uma verdade fundamental que está
subjacente a toda existência humana: nenhum ser humano em qualquer lugar pode
reivindicar títulos legítimos para sequer um real como sendo seu. Este
princípio é ensinado num verso bem conhecido: "Deus amou o mundo de tal maneira, que deu
Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça" (João
3:16). Obviamente,
isso significa que "o mundo" estava condenado a "perecer",
a menos que Deus desse esse presente. É um reconhecimento contundente e direto
de que "o mundo" (todos, não apenas crentes) deve tudo a esse
presente divino. Ninguém pode crer no evangelho sem reconhecer imediatamente
que agora se relaciona com dinheiro e as coisas de uma maneira diferente.
Outro texto afirma o mesmo princípio
ainda mais claramente: "O amor de
Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se Um morreu por todos, logo
todos morreram; e Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si, mas para Aquele que por eles morreu, e ressuscitou" (2ª
Coríntios 5:14, 15). A linguagem original sugere que uma
nova compulsão agora habita o coração, mais forte do que a velha compulsão do
egoísmo.
Esta poderosa verdade coloca um machado
na raiz de nosso caso amoroso com o dinheiro. Se acreditarmos que Cristo "morreu
por todos", isso é o mesmo que dizer que morremos junto com Ele e
que se Ele não tivesse morrido por todos, estaríamos todos mortos e, portanto,
nada teríamos.
Essa ideia é paralela a um dos
elementos essenciais da mensagem de 1888 — a verdade do novo concerto, que é a
promessa unidirecional de Deus de escrever a Sua lei em nossos corações e de
nos dar a salvação eterna como um presente gratuito "em Cristo". E. J.
Waggoner captou a ideia bíblica: "O concerto e a promessa de Deus são uma
e a mesma coisa. ... Os concertos de Deus com os homens não podem ser nada além
de promessas para eles ...
"Depois do dilúvio Deus fez um
"concerto" com todos os animais da Terra e com todas as aves, mas os animais
e os pássaros não prometeram nada em troca (Gên. 9: 9-16). Simplesmente recebem
o favor da mão de Deus. Isso é tudo o que podemos fazer — receber. Deus nos
prometeu tudo o de que precisamos, e mais do que podemos pedir, ou pensar, como
um presente. Nós nos doamos a nós mesmos, isso não é nada. E Ele nos dá a Si mesmo,
isto é tudo. O que causa toda a confusão é que mesmo quando os homens estão
dispostos a reconhecer o Senhor, querem fazer barganha com Ele. Querem que seja
uma negociação de igualdade, ‘mútua’ — uma transação na qual podem se
considerar em pé de igualdade para com Deus".1
Deus instituiu um plano de
gerenciamento do dinheiro que nos lembra perpetuamente que não possuímos
"nossos" ativos. Nos primeiros dias do nosso mundo, mesmo antes de existirem
judeus, Ele instituiu o sistema de dízimo — o retorno de um décimo de tudo o
que recebemos dEle.
A ideia não é que Deus seja pobre e
necessita de nossa esmola. E não é um sistema de tributação. Retornar um décimo
da nossa renda a Deus reconhece que "se
Um morreu por todos, logo todos morreram" (2ª
Coríntios 5:14). Também reconhece que estamos lidando com a propriedade de
outra pessoa. A décima parte que devolvemos a Ele quer dizer que nos vemos como
mordomos da própria vida. O dízimo é uma aleluia tangível, uma linha de vida
que nos ajuda a ligar nossas almas alienadas com a realidade, uma lembrança de
nossa tênue compreensão sobre a vida e sobre tudo o que temos.
O princípio de dar é a antítese de obter.
Todo mundo nasce com o espírito de obter; um bebê nunca chora porque outro está
com fome. O "doador alegre" que Deus ama não é assim por natureza.
Ninguém é justo naturalmente. O "doador alegre" é uma pessoa egoísta
(todos nós o somos por natureza) que foi renovada pela apreciação de coração do
"presente indescritível" da graça de Deus em Cristo. Sua doação
alegre é fruto de uma fé que opera pelo amor (ver 2ª Coríntios 9:15, Gálatas 5:
6).
Embora
Deus tenha amado tanto o mundo inteiro a ponto de dar o Seu Filho, os que
apreciam o Dom são os acionistas em Sua grande empresa de contar ao mundo as
boas novas. Todos os que creem são membros da Sua família, com interesse no
plano da salvação. Os dízimos e as ofertas que são aceitáveis a Deus são os que são dados tão espontaneamente
quanto Ele nos deu Sua oferta em nosso favor. Deus ordenou que fossem
usados em seu programa mundial de proclamar as
boas novas: "Roubará o
homem a Deus? Todavia vós Me roubais, e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos
e nas ofertas ... Trazei todos os dízimos à casa do tesouro" (Mal.
3: 8-10).
O "armazém", ou "casa do
tesouro" de Deus, simboliza o Seu templo ou organização na Terra — a Igreja.
Não pagamos os dízimos a Deus, nem os damos; nós os devolvemos a Ele. São dEle.
Ele não mantém um centavo para Si mesmo, antes, usa tudo em apoio da Sua rede
mundial de agências que proclamam o puro evangelho — Sua Igreja na Terra.
Quer Deus que mesmo pessoas pobres devolvam
a Ele um décimo de sua escassa renda? A resposta é que todos são convidados a
participar da bênção de ser acionista da empresa de Deus. Nunca na história do
mundo alguém sofreu por devolver o dízimo ao Senhor. Ele Se responsabilizou
pessoalmente por cumprir uma promessa absolutamente garantida: "Fazei prova de Mim nisto, diz o Senhor dos
exércitos, Se Eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma
benção tal até que não haja lugar suficiente para a recolheres. E por causa de vós repreenderei o devorador" (Mal. 3:10, 11).
A tirania do materialismo é escravidão
cruel, uma constante opressão do espírito. É a pressão de igualar-se com os
vizinhos ou parentes, preocupação excessiva com roupas, casas, móveis, carros,
férias, qualquer coisa para reforçar a nossa frágil autoestima. Em amoroso
interesse pela nossa felicidade, o Senhor nos suplica: "Acautelai-vos e guardai-vos da avareza;
porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lucas
12:15).
Estaria
Jesus falando especialmente para nós hoje? Sim, com toda certeza. Nunca na
história do mundo se teve mais "coisas boas acumuladas" do que nós. O
ponto de Jesus é que essas quinquilharias materiais não são riqueza nem
verdadeira nem permanente. "As
nações do mundo buscam todas estas coisas" (vs.
30). Mas Deus já nos deu riqueza infinitamente melhor! "Porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino ... Fazei para vós
bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega
ladrão ... Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso
coração". (vss.
32-34).
—A partir dos escritos de
Robert J. Wieland
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Notas finais:
1) Ellet J. Waggoner, The Glad Tidings, (Boas Novas) pág. 71, edição CFI (2016).
1) Ellet J. Waggoner, The Glad Tidings, (Boas Novas) pág. 71, edição CFI (2016).
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Notas:
Veja, em inglês, o vídeo desta 8ª lição do 1º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/BHGwvo_7uIs
Veja, em inglês, o vídeo desta 8ª lição do 1º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/BHGwvo_7uIs
Esta
lição em inglês está na internet no sitio: 1888message.org/sst.htm
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Biografia
do autor, Pr. Roberto Wieland:
O irmão Robert J.
Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em
Nairobe e Kenia. Autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista
do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que
foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na
Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor
de dezenas de livros. Em 1950 ele e o
pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles
nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as
matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos
depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na
publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas
tamanho A4, com o título Materiais de
Ellen G. White sobre 1888.
Asteriscos
(*) indicam acréscimos do tradutor.
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