quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Lição 8 — O Impacto da fidelidade nos dízimos, por Roberto Wieland



Para 17 a 24 de fevereiro de 2018 

Há uma verdade fundamental que está subjacente a toda existência humana: nenhum ser humano em qualquer lugar pode reivindicar títulos legítimos para sequer um real como sendo seu. Este princípio é ensinado num verso bem conhecido: "Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça" (João 3:16). Obviamente, isso significa que "o mundo" estava condenado a "perecer", a menos que Deus desse esse presente. É um reconhecimento contundente e direto de que "o mundo" (todos, não apenas crentes) deve tudo a esse presente divino. Ninguém pode crer no evangelho sem reconhecer imediatamente que agora se relaciona com dinheiro e as coisas de uma maneira diferente.
Outro texto afirma o mesmo princípio ainda mais claramente: "O amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se Um morreu por todos, logo todos morreram; e Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu, e ressuscitou" (2ª Coríntios 5:14, 15). A linguagem original sugere que uma nova compulsão agora habita o coração, mais forte do que a velha compulsão do egoísmo.
Esta poderosa verdade coloca um machado na raiz de nosso caso amoroso com o dinheiro. Se acreditarmos que Cristo "morreu por todos", isso é o mesmo que dizer que morremos junto com Ele e que se Ele não tivesse morrido por todos, estaríamos todos mortos e, portanto, nada teríamos.
Essa ideia é paralela a um dos elementos essenciais da mensagem de 1888 — a verdade do novo concerto, que é a promessa unidirecional de Deus de escrever a Sua lei em nossos corações e de nos dar a salvação eterna como um presente gratuito "em Cristo". E. J. Waggoner captou a ideia bíblica: "O concerto e a promessa de Deus são uma e a mesma coisa. ... Os concertos de Deus com os homens não podem ser nada além de promessas para eles ...
"Depois do dilúvio Deus fez um "concerto" com todos os animais da Terra e com todas as aves, mas os animais e os pássaros não prometeram nada em troca (Gên. 9: 9-16). Simplesmente recebem o favor da mão de Deus. Isso é tudo o que podemos fazer — receber. Deus nos prometeu tudo o de que precisamos, e mais do que podemos pedir, ou pensar, como um presente. Nós nos doamos a nós mesmos, isso não é nada. E Ele nos dá a Si mesmo, isto é tudo. O que causa toda a confusão é que mesmo quando os homens estão dispostos a reconhecer o Senhor, querem fazer barganha com Ele. Querem que seja uma negociação de igualdade, ‘mútua’ — uma transação na qual podem se considerar em pé de igualdade para com Deus".1
Deus instituiu um plano de gerenciamento do dinheiro que nos lembra perpetuamente que não possuímos "nossos" ativos. Nos primeiros dias do nosso mundo, mesmo antes de existirem judeus, Ele instituiu o sistema de dízimo — o retorno de um décimo de tudo o que recebemos dEle.
A ideia não é que Deus seja pobre e necessita de nossa esmola. E não é um sistema de tributação. Retornar um décimo da nossa renda a Deus reconhece que "se Um morreu por todos, logo todos morreram" (2ª Coríntios 5:14). Também reconhece que estamos lidando com a propriedade de outra pessoa. A décima parte que devolvemos a Ele quer dizer que nos vemos como mordomos da própria vida. O dízimo é uma aleluia tangível, uma linha de vida que nos ajuda a ligar nossas almas alienadas com a realidade, uma lembrança de nossa tênue compreensão sobre a vida e sobre tudo o que temos.
O princípio de dar é a antítese de obter. Todo mundo nasce com o espírito de obter; um bebê nunca chora porque outro está com fome. O "doador alegre" que Deus ama não é assim por natureza. Ninguém é justo naturalmente. O "doador alegre" é uma pessoa egoísta (todos nós o somos por natureza) que foi renovada pela apreciação de coração do "presente indescritível" da graça de Deus em Cristo. Sua doação alegre é fruto de uma fé que opera pelo amor (ver 2ª Coríntios 9:15, Gálatas 5: 6).
Embora Deus tenha amado tanto o mundo inteiro a ponto de dar o Seu Filho, os que apreciam o Dom são os acionistas em Sua grande empresa de contar ao mundo as boas novas. Todos os que creem são membros da Sua família, com interesse no plano da salvação. Os dízimos e as ofertas que são aceitáveis ​​a Deus são os que são dados tão espontaneamente quanto Ele nos deu Sua oferta em nosso favor. Deus ordenou que fossem usados ​​em seu programa mundial de proclamar as boas novas: "Roubará o homem a Deus? Todavia vós Me roubais, e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas ... Trazei todos os dízimos à casa do tesouro" (Mal. 3: 8-10).
O "armazém", ou "casa do tesouro" de Deus, simboliza o Seu templo ou organização na Terra — a Igreja. Não pagamos os dízimos a Deus, nem os damos; nós os devolvemos a Ele. São dEle. Ele não mantém um centavo para Si mesmo, antes, usa tudo em apoio da Sua rede mundial de agências que proclamam o puro evangelho — Sua Igreja na Terra.
Quer Deus que mesmo pessoas pobres devolvam a Ele um décimo de sua escassa renda? A resposta é que todos são convidados a participar da bênção de ser acionista da empresa de Deus. Nunca na história do mundo alguém sofreu por devolver o dízimo ao Senhor. Ele Se responsabilizou pessoalmente por cumprir uma promessa absolutamente garantida: "Fazei prova de Mim nisto, diz o Senhor dos exércitos, Se Eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma benção tal até que não haja lugar suficiente para a recolheres. E por causa de vós repreenderei o devorador" (Mal. 3:10, 11).
A tirania do materialismo é escravidão cruel, uma constante opressão do espírito. É a pressão de igualar-se com os vizinhos ou parentes, preocupação excessiva com roupas, casas, móveis, carros, férias, qualquer coisa para reforçar a nossa frágil autoestima. Em amoroso interesse pela nossa felicidade, o Senhor nos suplica: "Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lucas 12:15).
Estaria Jesus falando especialmente para nós hoje? Sim, com toda certeza. Nunca na história do mundo se teve mais "coisas boas acumuladas" do que nós. O ponto de Jesus é que essas quinquilharias materiais não são riqueza nem verdadeira nem permanente. "As nações do mundo buscam todas estas coisas" (vs. 30). Mas Deus já nos deu riqueza infinitamente melhor! "Porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino ... Fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão ... Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração". (vss. 32-34).

—A partir dos escritos de Robert J. Wieland

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Notas finais:                                                         
1) Ellet J. Waggoner,
The Glad Tidings, (Boas Novas) pág. 71, edição CFI (2016).
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Notas:                                                               
Veja, em inglês, o vídeo desta 8ª lição do 1º trim. de 2018, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/BHGwvo_7uIs
Esta lição em inglês está na internet no sitio: 1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland: 
       
O irmão Robert J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. Autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.

Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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