quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Lição 3 – A Queda em Pecado.

"Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército deles pelo espírito de Sua boca. ... Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu" (Salmo 33:6, 9). Cristo é, essencialmente, a Palavra de Deus, a expressão do pensamento de Deus; e as Escrituras são a Palavra de Deus simplesmente porque revelam Cristo" (Ellet J. Waggoner).

João nos conta, "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1).

Ellen White expressa isto de modo simples: "Devemos tomar a Palavra de Deus como a lemos, as palavras de Cristo como Ele as falou" (Lift Him Up, Levantai-O, p. 265).

Deus deu Sua Palavra ao homem para ser recebida pelo Espírito Santo. Esta Palavra de Deus é uma extensão do pensamento de Deus, que não é senão a expressão da mente de Deus. Assim o homem, recebendo esta Palavra, seria um constante partilhador da mente de Deus—cumprindo a Escritura para, "Deixa estar em você a mesma mente que estava também em Cristo Jesus" (Fil. 2:5, KJV)1.

"E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que Ele tinha formado. E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento de bem e do mal. ... E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no Jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo, 'De toda árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore do conhecimento de bem e mal, dela não comerás, porque no dia que dela comeres certamente morrerás'" (Gen. 2:8, 9, 15-17).

Ao homem no jardim veio outra palavra—oposta à Palavra de Deus. Esta segunda palavra era a expressão de um segundo pensamento, e este pensamento era o produto de outra mente. Receber esta palavra seria receber o pensamento expressado na palavra; e receber o pensamento era ser participante desta segunda mente. Esta segunda palavra sempre é oposta à Palavra simples de Deus.

"Ora a serpente... disse à mulher..." (Gen. 3:1 e 4). Aqui estava a segunda palavra representando a segunda mente—aqui estava um "teólogo numa árvore" tentando explicar o real significado do que Deus havia dito.

Engano jaz na tentativa de explicar o que Deus quer dizer com o que Ele falou. Nunca há qualquer necessidade para isto2. A Palavra de Deus diz o que diz. Como um professor da Palavra de Deus, use qualquer quantia de tempo necessário para ajudar as pessoas verem o que a Palavra de Deus diz, mas nunca em momento algum tente explicar o que significa.

As duas maneiras estavam agora ante ela; as duas palavras, os dois pensamentos, e as duas mentes. Aceitou a segunda palavra e o resultado foi uma inversão da sua própria natureza. Satanás e o homem agora tinham a mesma mente.

Assim, quando “viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gen. 3:6). O fato de que outra mente tinha sido recebida era aparente (*visível), pois Eva agora via coisas que não eram assim (*reais).

Via que esta árvore não era boa para alimento; porque à parte dela cresceu "toda árvore agradável ... boa para alimento". Via que esta árvore não era agradável aos olhos; porque além desta árvore, "o Senhor Deus fez brotar toda árvore agradável à vista" (Gen. 2:9). E esta árvore que ela via que não era uma “árvore desejável para dar entendimento” (*vs. 6, isto é, para torna-la sábia). —isto foi demonstrado cada minuto desde então até agora!

Se Eva tivesse tido a "simples atitude" de permanecer com a primeira Palavra, exatamente como ela era, ela não teria pecado. Se tivesse dito a Satanás: "Eu não sei se a Palavra que eu citei significa o que você sugere, e eu não me importo, mas o que eu sei é o que a Palavra diz, e eu a tomarei exatamente pelo que diz; e aí me posiciono. Eu não comerei do fruto desta árvore porque a Palavra diz que eu não devo comer" (* “e ponto final”).

Nesta "simples atitude" reside o poder da Palavra divina para livrar a alma de pecar. Para cada pessoa esta "atitude simples" é tão verdadeira hoje, como era, e como teria provado ser a Eva. A Palavra divina, simplesmente guardada por Eva, eternamente a teria guardado de pecado . O Senhor Jesus, na carne humana (*caída, pecaminosa), foi livrado de pecar por simplesmente abrigar (*no coração) a Palavra divina. " Escondi a Tua Palavra no meu coração para eu não pecar contra Ti” (Salmo 119:11). "Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires" (Deut. 30:14).

O pecado de Eva estava em não crer e se agarrar à simples Palavra de Deus. Sua incredulidade tornou-se completa por sua desobediência em comer da árvore.3

Do mesmo modo hoje, nossa paralisia laodiceana origina-se da mesma questão encarada por Eva na árvore do conhecimento do bem e do mal—iremos nós fazer a "coisa simples" e ater-nos firmemente à Palavra de nosso Criador e assim sermos guardados de pecar, ou cairemos devido as interpretações, explicações, e "iluminações" do "teólogos nas árvores?

"Mas temo que não, de qualquer maneira, como a serpente enganou Eva pela sua astúcia, então suas mentes podem ser corrompidas da simplicidade que está em Cristo" (2 Cor. 11:3).

"Acredite que Jesus quer dar a entender exatamente o que Ele diz; tome-O pela Sua palavra, e prenda sua desamparada alma sobre Ele" (Ellen G. White, Review and Herald, 23 de junho de 1896).

Daniel Peters

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

1) Inteligência deste verso de acordo com o original: A maioria das versões em português assim traduz Filipenses 2:5. “De Sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. A KJV diz: "Deixa estar em você a mesma mente que estava também em Cristo Jesus."

O Comentário Bíblico, vol. 7 pág. 154 tem isto a dizer: “Literalmente, ‘deixa este ser o pensamento’, mas significa, ‘tenha esta mente.’ Nos versos 1 a 4 o apóstolo apresentou a necessidade por unidade e humildade desinteressada (*sem egoísmo); agora, no verso 5 ele aponta à completa provisão para tal necessidade.” E à pág. 921, falando que “os servos ... em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2: 9 e 10), diz: “Para adornar a doutrina de Cristo, nosso Salvador, nós devemos ter a mesma mente que houve em Cristo. Nossos gostos e aversões, nossos desejos de auto-satisfação, em detrimento de outros, devem ser vencidos. ‘Deixe a paz de Deus reinar em teus corações. Cristo deve ser em nós um poder vivo e operante’” (MS 39, 1896).

“O amor para com Deus, zelo pela Sua glória, e amor pela humanidade caída trouxeram Jesus à Terra para sofrer e morrer. Foi esse o poder que Lhe regeu a vida. Esse é o principio que nos manda adotar. ... É o amor de si mesmo que traz desassossego. Quando formos nascidos de cima, encontra-se-á em nós o mesmo espírito (*a mesma mente, sic) que havia em Jesus, o espírito que O levou a humilhar-Se a Si mesmo para que nos pudesse salvar” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 330 e 331).

“Satanás está operando por muitas formas, para que os próprios homens que devem pregar a mensagem se ocupem com teorias finamente elaboradas que ele fará com que pareçam de magnitude e importância tais que ocupem de todo a mente. ... Esforce-se todo ministro diligentemente para verificar o pensamento de Cristo. A não ser que vosso espírito (*vossa mente, sic) fique mais equilibrado com relação a certas coisas, vosso procedimento vos há de separar da obra, e não sabereis em que tropeçais. Avançareis idéias que melhor vos seria nunca havê-las originado” (Mensagens Escolhidas, vol. I, pág. 179).

“Oh, quão poucos são os que têm verdadeira familiaridade com o Pai ou com Seu Filho Jesus Cristo! Se estivessem imbuídos do espírito de Cristo, fariam as obras de Cristo. ‘Haja em vós o mesmo sentimento (*a mesma mente, sic) que houve também em Cristo Jesus’” (Mensagens Escolhidas, vol. II, págs. 194 e 195).

Cultivo do Caráter: Precisamos agora dar especial atenção ao cultivo do caráter. Haja em vós o mesmo espírito (mente, sic) que houve em Cristo Jesus, a fim de que tanto o maior como o menor obreiro de nossas Escolas Sabatinas sejam elevados e enobrecidos, de maneira que Jesus não Se envergonhe de os reconhecer como Seus colaboradores.” Conselhos Sobre a Escola Sabatina, pág. 113,

2) “Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. ... Assim, pois, a palavra do SENHOR lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos” (Isaias 28:10 e 13). “A verdade deve ser apresentada claramente e com lógica, um ponto levando naturalmente a outro. Somente assim pode o homem tornar-se verdadeiramente familiarizado com a verdade. A Instrução deve ser dada como se fosse a uma criança por repetir o mesmo ponto vez após vez, e indo de um ponto a outro, por meio de gentis passos, como os homens cujas mentes foram obscurecidas pelo pecado são aptos a seguirem” (Comentário Bíblico, vol. 4, pág. 210, primeira coluna).

Isaias 28, verso “13. Caiam para trás. Deus falou a Seu povo claramente e com simplicidade, e eles não tinham desculpas. E Seus conselhos, que tencionavam trazer bênçãos, agora se posicionavam contra eles. A ‘principal pedra de esquina’ da verdade tornou-se para eles ‘uma pedra de tropeço e rocha de escândalo’ (I Pedro 2: 6-8; Isaias 28:16). O que foi dado para ajudar os homens tornou-se a causa da queda deles (veja Rom. 7:10)” (Ibidem, 2ª coluna).

3) Muitos são os exemplos desta incredulidade. O mais conhecido caso é o dos hebreus que por desobediência não puderam entrar na Nova Terra. Deus “jurou que não entrariam em Seu descanso ...os que foram desobedientes. Vemos que não puderam entrar por causa da incredulidade (Hebreus 3:18 e 1

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