sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Lição 4 – A Expiação e a Iniciativa Divina.

Nossa Lição realça corretamente que muito antes do pecado surgir no universo de Deus Ele tinha feito um plano para lidar com ele quando surgisse. Mas lembremo-nos de que mesmo que um "plano" tenha sido ideado, ainda assim o surgimento do pecado trouxe imensurável mágoa ao coração do Pai.

Por exemplo, o sofrimento que o pecado trouxe aos seres humanos é imenso, além de palavras. Isso é razão suficiente para ansiarmos que o Senhor volte para pôr um fim ao pecado. Mas o próprio Senhor quer voltar logo, porque nós aqui nunca sofremos sozinhos: "Em toda angustia deles Ele [o Senhor] foi angustiado, e o anjo da Sua presença os salvou: pelo Seu amor e pela Sua compaixão Ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade" (Isa. 63:9).

Mesmo entre esses cujos corações não estão em uníssono com Deus, que sofrem na escuridão, esses também estão incluídos no sofrimento do Senhor. Mesmo nós, que somos pecadores por natureza, podemos nos simpatizar com o sofrimento de outras pessoas e também com o sofrimento das criaturas irracionais. Paulo diz: “Toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora, e não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando para a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Rom. 8:22, 23).

E, se "toda a criação" geme em dor, que tal o Pai? Como deve Ele sofrer!

A palavra chave que necessitamos aqui é Gratidão” (*apreciação), uma das palavras favoritas de Ellen White. Não há nenhuma palavra para "apreciação" no Novo Testamento grego, mas sua ausência é uma revelação surpreendente: sua inexistência é muito eloqüente porque a idéia permeia as cartas de Paulo.

Ele era obcecado com o que aconteceu na cruz de Cristo. Mesmo não havendo nenhuma palavra para expressá-lo, seu poder de compreensão do que a cruz significava necessitava das palavras "apreciação de coração." Paulo sentiu que o seu coração não era suficientemente grande para expressar a idéia que ele queria exprimir; indubitavelmente ele leu a oração de David, "quando Tu dilatares o meu coração" Salmo 119:32 (*KJV, e veja o vs. 18) e almejava que o próprio coração mundano murchasse, e fosse "aumentado" para apreciar "a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor [Ágape] de Cristo, que excede todo o entendimento, para que [ele, Paulo fosse cheio] sejais cheios de toda a plenitude de Deus" (Ef. 3:17-19).

Cristo tomou a iniciativa em vir salvar-nos e em morrer a nossa segunda morte na Sua cruz. Não há nada que nós possamos fazer para pagá-Lo; mas O agrada quando pode achar pessoas que "apreciam" o que Ele sacrificou por nós!

Talvez, mesmo na Sua cruz, pendurando ali na escuridão, justo antes dEle gritar, "Meu Deus, por que Me desamparaste," o Pai O permitiu ter uma breve antevisão das multidões que "apreciariam" o que Ele fez. O salmo 22, você se lembra, é a oração que Jesus expressou quando pendurado na Sua cruz, como se um taquígrafo o registrara: A Ele foi permitido saber que "todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor... Uma semente O servirá. ... Chegarão, e anunciarão a Sua justiça ao povo que nascer, porquanto Ele o fez"1(Salmo 22:27-31).

É o seu coração suficientemente grande para "apreciá-lo”?

Robert J. Wieland

Nota:

1) No hebraico a última cláusula de Salmo 22:31, "Ele o fez", é uma única palavra, e diz que “Deus realizou tudo o que é dito no salmo”, Comentário Bíblico, vol, 3 da série SDABC, pág. 685.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira

Adendo do tradutor:

Prezado irmão,

No contexto da mensagem de 1888 é importante a ênfase que a lição nos dá, na parte de 4ª feira, 23/10/08, quanto ao termo “é necessário”, convinha, importava. A idéia é que tais fatos tinham que acontecer com o Filho do homem, era uma compulsão, era mesmo indispensável para que o plano da salvação pudesse ser levado ao seu termo.

Jesus disse: “Vos CONVEM que Eu vá, porque se Eu nãoa for o Cobnsolador não virá a vós” (João 16:7)

Ao João Batista questionar Jesus quanto a batiza-Lo, Ele respondeu: “Nos convém (é necessário) cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15);

Paulo fala que nos convinha (era necessário) tal Sumo Sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores...” (Heb. 7:26).

E mais “convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos” (Hebreus 2:17)

Convinha, “behoved” (KJV), (Gr. opheilo). O Comentário Bíblico vol. 7, pág. 407, define o termo usado na KJV, “behoved”:, como indebted, obrigação; must, verbo auxiliar para indicar obrigação; ought, verbo dever.. O Comentário nos sugere “comparar o uso do verbo e substantivos corelatos em Mat. 18:30, 34; 23:16: 6 e 7; João 13:14; I Cor. 5:10; II Thess. 2:13”. Como se vê o verbo convir em português não traz exatamente o mesmo sentido de obrigatoriedade. O mais perto que temos das idéias acima são os termos: conformar-se, ajustar-se; quadrar, servir. No latimconvenire” (estar de acordo, ajustar) é uma força vinculante. Era necessário que Ele em TUDO “fosse feito semelhante a Seus irmãos ...”

A participação de Cristo na plena natureza humana em seu estado decaído, é colocada por Ellen White como condição sine qua non para a salvação do homem. “Estava nos planos de Deus que Cristo tomasse sobre Si mesmo a forma e a natureza do homem caído, para que Ele pudesse ser aperfeiçoado através do sofrimento, e suportar em Si mesmo a força das tentações de Satanás, a fim de que conhecesse melhor como socorrer aqueles que são tentados.” E. G. White, Spiritual Gifts (Dons Espirituais), vol. 4, págs. 115, 116. “Por esse ato de condescendência, Ele seria capaz de derramar Suas bênçãos em favor da raça decaída. Assim Cristo nos tornou possível sermos participantes de Sua natureza.” E. G. White, em Review and Herald, 17 de julho de 1900.

Foi exatamente isso o que o autor da epístola aos Hebreus nos ensinou. Convinha que em tudo fosse feito semelhante a Seus irmãos”, “para que pudesse estar em posição de libertar os seres humanos de seus pecados.” (Heb. 2:17). E acrescenta: “Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (verso 18).

“Nosso Salvador veio a este mundo para suportar em natureza humana, todas as tentações com as quais o homem é assediado.” E. G. White, Sons and Daughters de Deus (Filhos e Filhas de Deus), pág. 230. “Ele conhece por experiência quais são as fraquezas da humanidade, quais as nossas carências e onde jaz a força de nossas tentações, pois Ele foi ‘tentado em todos os pontos, como nós, mas sem pecado’(Heb. 4:15).” O Desejado de Todas as Nações página 329, 2º §.

“Cristo sabe quão fortes são as inclinações do coração natural e ajudará em cada ocasião de tentação.” Mensagens aos Jovens, pág. 67,

“É um mistério inexplicável aos mortais que Cristo pudesse ser tentado em todos os pontos, como nós o somos, e ainda ser sem pecado.” Carta 8 de E. G. White, 1895. Citada no Comentário Bíblico, vol. 5, págs. 1128, 1129.

Certa ocasião, algumas pessoas questionaram a decaída natureza de Cristo. Ellen White lhes respondeu: “Tenho recebido cartas afirmando que Cristo não podia ter tido a mesma natureza que o homem, pois nesse caso, teria caído sob tentações semelhantes. Se não possuísse natureza humana, não poderia ter sido nosso exemplo. Se não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter sido tentado como o homem tem sido. Se não Lhe tivesse sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso Auxiliador.” E. G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 408.

Tenha um feliz Sábado, em adoração do nosso maravilhoso Deus,

Lhe deseja o irmão em Cristo,

João Soares da Silveira