quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lição 6, A Superioridade da Promessa, por Paul Penno

Para 29 de outubro a 5 de novembro de 2011

Quando o homem faz um “concerto” (ou “testamento”, à margem da KJV), uma vez que o mesmo é confirmado nenhum elemento dele pode ser alterado, nem por acréscimo nem por subtração, Gál. 3:15. Deus fez o Seu testamento (concerto) e prometeu a Abraão e Seu especial "Descendente" a nova terra em justiça, e, em seguida, o "confirmou" pelo sacrifício de Cristo (Gál. 3:17).1 Quando Deus passou pela vítima sacrifical, jurou a Abraão por Sua própria vida e pelo Seu trono para cumprir cada promessa que Ele fez, Gênesis 15:17, 18. A promessa de Deus e Seu juramento duplamente ratificaram a natureza imutável de Seu concerto feito com Abraão, Heb. 6:15-18.

De acordo com Gálatas isto significa que existe apenas Uma pessoa a Quem já tenha sido feita a promessa de vida eterna e Este é Cristo. Deus não disse que a promessa era aos "descendentes" de Abraão, como falando de muitos, mas ao Seu "Descendente", singular, que é Cristo (Gálatas 3:16). Cristo é o Salvador do mundo, e Ele colocou todo ser humano nEle mesmo, quando Ele morreu na cruz.

Deus desejava que todos os homens fossem salvos em Cristo e todas as questões legais fossem esclarecidas para que isso ocorresse, mas nenhum homem seria feliz ao atravessar os Portais de Perola apenas em uma base legal, a menos que seu coração estivesse totalmente reconciliado com Deus. Se Ele odiasse a Cristo ele procuraria a saída mais próxima, Prov. 8:36. Como podemos aprender a amar a Cristo? Ele disse: "Estai em mim" (João 15:4). Jesus nos diz: Fique onde Eu o coloco.

Os judeus messiânicos na Galácia argumentaram que Deus revelou um novo aspecto no Monte Sinai, em adição à Sua promessa a Abraão. "Nós" devemos crer no Messias e obedecer a Lei que Deus falou aos nossos antepassados 430 anos depois de Abraão, Gál. 3:17. O que estava acontecendo na Galácia era uma repetição do que aconteceu no Monte Sinai, quando Israel fez o seu velho concerto com Deus para fazer tudo o que Deus havia dito. (*“Tudo que o Senhor tem falado faremos,” Êxodo 19:8, e “Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos,” Êxodo 24:7). O antigo Israel fez uma "barganha" ou "contrato" com Deus.

Aconteceu assim. Deus disse: "Se diligentemente ouvirdes [obedecerdes] a Minha voz, e guardardes [valorizardes] a Minha aliança," vocês serão a Minha "propriedade peculiar" na terra (Êxodo 19:5).2 Abraão ouviu o concerto eterno de Deus e respondeu com um caloroso "Amém" da fé, e Deus perdoou seus pecados e o fez justo, Gên. 15:6. A justiça da lei não escrita foi incluída no concerto de Deus. Mas os filhos de Abraão responderam à aliança de Deus com sua própria promessa. Sua auto motivação para entrar em um "relacionamento" com Deus foi muito clara em sua promessa velho-concertista.3

O apóstolo Paulo foi o primeiro judeu, com exceção de Jesus, a reconhecer o problema do velho concerto na igreja israelita e da natureza de altos e baixos de todos os seus reavivamentos e reformas históricos, Gál. 4:23-25. É o nosso problema também. "O conhecimento de vossas promessas violadas e dos votos não cumpridos enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade, levando-vos a julgar que Deus não vos pode aceitar; ... O que deveis compreender é a verdadeira força da vontade ... o poder da decisão, ou da escolha ... deu-o Deus ao homem” (Caminho a Cristo, pág. 47, *grifamos)4

Se a entrada da lei de Deus, vindo 430 anos depois de Abraão, alterasse o Seu concerto, então então seria a derrocada do governo de Deus. Qual foi o propósito de Deus para enfatizar a lei no Monte Sinai? "Foi adicionada [falada] por causa das transgressões" (Gálatas 3:19).5 No Sinai, o povo tinha auto proclamado justamente seu poder para guardar a lei e não perceberam a sua necessidade de Cristo. Foi o grande pecado da auto-suficiência da sua parte. "Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse" (Rom. 5:20). Seu velho concerto exigiu a lei "falada", ser escrita em tábuas de pedra. Ela nunca esteve no plano original de Deus, pois Ele não teve que fazer isso por Abraão. Deus simplesmente escreveu Sua lei no coração e na mente de Abraão (Heb. 10:16, 17).

A questão da lei "acrescentada" em Gálatas 3:19, KJV, que provou ser o obstáculo para "muitos" para receber "a mui preciosa mensagem" do Salvador crucificado durante a era da Conferência Geral de Minneapolis no ano de 1888 e seguintes. Escrevendo para Uriah Smith em 1896, Ellen White declarou que em Gálatas 3:19-24, "o apóstolo está falando principalmente da lei moral." "A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas e aceitar essa verdade, estava à base de grande parte da oposição manifestada em Mineápolis contra a mensagem do Senhor através irmãos [E.J.] Waggoner e [A.T.] Jones."6

Os principais eruditos da época de 1888 foram Uriah Smith, Dudley M. Canright, e George I. Butler7. Todos eles entenderam a "lei acrescentada, ou adicionada" como a lei cerimonial de Moisés, que apontava para Cristo, e cumpriu sua função na cruz. Eles tomaram essa posição porque os evangélicos de seus dias utilizavam Gálatas 3:19 como prova de que a "lei acrescentada" eram os dez mandamentos que foram introduzidos no Monte Sinai e abolidos quando Jesus morreu. Os irmãos dirigentes acreditavam que a proposta de Jones e Waggoner, da lei moral em Gálatas 3, minaria a posição da denominação sobre o sábado do sétimo dia e da imutabilidade da lei de Deus.

Em vez de limitar a duração da lei moral, até o primeiro advento de Cristo, Paulo escreve que ela perdura "...até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita" (Gál. 3:19). A lei continua a sua função de revelar o conhecimento do pecado e dirigir o pecador ao Salvador até que o Descendente de Abraão venha “a possuir a porta dos seus inimigos" (Gên. 22:17). Os inimigos de Cristo, assim como Satanás são exterminados na segunda vinda, Apoc. 19:11-21.

A lei foi contida de forma implícita (não escrita) nas promessas que Deus fez a Abraão. Abraão recebeu a justiça da lei pela fé em Cristo. Sua fé genuína se manifestou na obediência a todos os mandamentos de Deus, Gên. 26:5. Quando Abraão tinha Cristo, ele tinha a lei viva, mas sem Cristo a lei é impotente e não pode transmitir qualquer vida ao pecador. Tudo o que a lei pode trazer é a condenação e morte. A lei descreve o que a justiça, amor e comportamento aceitável são, mas não pode produzi-los. Graças a Deus a lei é dada a nós "na mão de um Mediador" (Gál. 3:19).


- Paul E. Penno


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99


Notas do autor:


1) Sobre a herança de Abraão do "mundo" e um "país melhor" ver Rom. 4:13 e Heb. 11:10, 16.

2) "Obedecer" (KJV), no hebraico, é shamea que significa "ouvir" (Almeida). "Guardar," no hebraico, é shamar com o significado de "acariciar; valorizar; ter prazer em".

3) Ver a descrição que Ellen White faz da motivação auto-centrada de Israel em suas palavras "entendendo que eram capazes de estabelecer sua própria justiça." Então, ela escreve: "violaram o pacto com Deus" (Patriarcas e Profetas, pág. 372).

4) Sua definição de "fé" é que Deus deu ao homem o poder de escolha para crer no concerto de Deus e deixar de fazer promessas de obediência do velho concerto que são como “palavras escritas na areia,” não as podemos cumprir (Caminho a Cristo, pág. 47).

5) A palavra “adicionada, ou acrescentada" é o prostithemi, palavra grega que significa "falar" como em Hebreus 12:19.

6) Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 235. A lei aqui referida não é exclusivamente a lei cerimonial. *”Refere-se especialmente a lei moral,” idem, page 234).

Nota do tradutor:

7) Uriah Smith (1832-1903), Enciclopédia Adventista, vol. 10 da série SDABC, 2ª Ed., Washington DC, 1976, pág. 1355; Dudley M. Canright (1840-1919), idem, pág.230, e George I. Butler (1834-1918), idem, pág. 209.

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