quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Lição 8, De Escravos a Herdeiros, por Michael Delaney

Para 12 a 19 de novembro de 2011

A diferença entre o status de um filho ou filha e o de um simples servo é extremamente importante na vida de um crente. Os empregados devem “servir” ou executar determinadas tarefas ou deveres a fim de ter valor aos olhos do mestre a quem servem. Este desempenho, baseado na maneira de pensar, frequentemente supera e pode até mesmo obscurecer completamente o valor do correto relacionamento com aquele que é mestre e senhor. Também este “comportamento” deve ser mantido para que o valor continue.

No caso de Jesus, nosso exemplo em todas as coisas, o Mestre e Senhor foi Seu amoroso Pai celestial. A primeira tentação de Satanás no deserto começou com as palavras: “Se Tu és o Filho de Deus ...” (Mat. 4:6). Isto foi uma afronta direta Àquele que falou as palavras “Este é o Meu Filho amado ...” (3:17) que Jesus ouviu no Seu batismo quarenta dias antes. Foi, de fato, um comentário projetado para testar a fé de Jesus nas palavras de certeza e esperança de Seu Pai

O resto da sugestão do diabo era: “... manda que estas pedras se tornem em pães.” Estas palavras exigiam que Jesus provasse que Ele era o Filho de Deus obrando ao invés de descansar completamente em fé nas palavras do Seu Pai. Jesus respondeu como um verdadeiro Filho e exerceu a Sua fé, a fé de Jesus, que nosso Pai anseia ardentemente transmitir a todo verdadeiro crente em Seu unigênito Filho (Mat. 4: 1 -4)

“Fortificado com fé em Seu Pai celestial, tendo em Sua mente a preciosa lembrança das palavras faladas do Céu no Seu batismo, Jesus Se manteve impassível no deserto solitário, diante do poderoso inimigo das almas” (E.G.W., Dons Espirituais, vol 2, pág. 93).

Gálatas 4:1 diz: “Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo.”

“Paulo nos explica como podemos ser libertados de muitas das perplexidades da vida, e das questões sobre as relações de Deus conosco. Quando verdadeiramente compreendermos que Deus é nosso Pai, e que Ele está nos preparando para entrarmos em Seu reino, e que Ele nos ama intensamente, então nosso relacionamento com Deus começa a fazer sentido. As regras e regulamentos não são mais vistos como oportunidades para provar a Deus que somos Seus filhos. Ao invés disto, elas se transformam em portas de liberdade que revelam a morosa consideração de Deus por nós, e Seu ardente desejo de que nós recebamos nossa completa herança como filhos de Deus.

Paulo explica isto desta forma em Gálatas 4: 3 a 7; ‘Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão, debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: ‘Aba, Pai.’ Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.”

“Estas são algumas das palavras mais bonitas nas Escrituras. Ao reconhecermos o sacrifício de Jesus, garantindo nossa adoção como filhos de Deus, somos libertados da escravidão do reino de Satanás. Nos libertamos da tirania do pensamento baseado em desempenho e permanecemos firmes e nobres como filhos e filhas de Deus, sabendo que porque Jesus sempre será aceito como um Filho, nEle sempre seremos Seus filhos amados” (Adrian Ebens, The Return of Elijah, O Retorno de Elias, pág. 55).

A realidade de ser um filho ou filha de Deus traz consigo uma enorme liberdade do escravizante conceito de ser meramente um servo. É verdade que em Sua condescendência em se tornar um ser humano, Jesus tomou sobre Si a forma de servo (duolos — escravo) de acordo com as Escrituras, Fil. 2:7. Isto, porém, não negou, no mínimo, o status de Filho que Jesus gozava desde a eternidade passada como o divino Filho de Deus

A declaração do Pai de Jesus como Seu Filho amado no batismo, Mat.3:17, e, depois, na transfiguração, Mat. 17:5, era a mais valiosa arma que Jesus possuía em Sua batalha contra Satanás e as forças das trevas. Não era necessário que Jesus provasse que Ele era o Filho de Deus. Ele era o Filho de Deus porque Seu Pai O havia assim consagrado, e assim O declarou ser. Jesus Se apegou às palavras de Seu pai, e descansou pela fé nela, confiante de Sua verdadeira identidade.

“Amados, agora somos filhos de Deus” (1ª João 3:2). “Mas a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu nome” (João 1: 12)

Nós cremos em Jesus. Portanto, nós também podemos ser descritos como “filhos obedientes, não [nos] conformando com as concupiscências que antes havia em [nossa] ignorância” (1ª Pedro 1: 14). Nós, também, podemos dizer, “Deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu, sim, a Tua lei está dentro do Meu coração” (Salmo 40:8).

Portanto, uma vez que Ele Se fez nosso Substituto, literalmente tomando nosso lugar, não em vez de nós, mas entrando em nosso interior e vivendo Sua vida em nós e por nós, conclui-se, necessariamente, que a mesma lei deve estar dentro de nossos corações quando recebemos a adoção de filhos. “E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (1ª João 5:6). “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gal. 4: 6), ou Papai, Pai. “Ó quanta paz e felicidade vem com a entrada do Espírito dentro do coração, como um residente permanente, não como um mero convidado, mas como único proprietário. “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,” de forma que “nos gloriamos nas tribulações,” tendo esperança que nunca desaponta, porque “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rom. 5:1 a 5). Então podemos amar do modo que Deus ama; pois que partilhamos de Sua natureza divina. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rom. 8:16). “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho” (1ª João 5:10). (Ellet J. Waggoner, As Boas Novas, págs. 91 e 92)1

Na citação acima, vemos que Ellet Waggoner viu claramente a realidade da real presença de Cristo, Ele mesmo, habitando nos crentes sinceros pelo Seu Espírito como mecanismo de manifestação de uma vida que está em harmonia com a santa vontade de Deus. Concordo que quando nos identificamos com Cristo em nós, a esperança da glória, não é apenas possível, mas inevitável que vamos vencer a tentação e o pecado, assim como Jesus venceu (o pecado) quando Ele assumiu a nossa natureza humana corporativa na encarnação. Cristo venceu a nossa natureza pecaminosa através da fé em Seu Pai. Então, Ele levou esta mesma natureza humana caída à morte eterna na cruz. Voltando ao capítulo 2 desta maravilhosa Epístola aos Gálatas, eu me lembro e me alegro na verdade do verso 20, onde o apóstolo declarou que não era ele mesmo mas Cristo que agora estava vivendo nele através da fé, pela graça. Oh, permita que sua morte seja identificada com Cristo, 2ª Coríntios 5:14, e permitamos que Ele viva em nós agora.

Que todos possamos crer e receber nosso verdadeiro status como filhos e filhas de Deus e alegrar-nos com grande alegria, eis que temos um tal incrível e amoroso Deus como Pai, que de tal modo nos amou que nos deu o Seu unigênito Filho, desejoso de morrer a morte eterna para que possamos receber a vida eterna (2ª Corítios 5:21).

--Michael Delaney


O irmão Miguel Delaney é um ativo adventista do sétimo dia já por mais de 33 anos. Em várias congregações locais ele atuou como, primeiro diácono e, recentemente, foi ordenado pastor. Ele recebeu treinamento teológico e músical nos colégios adventistas: West Indies College em Jamaica, e Oakwood College em Huntsville, no estado do Alabama, EUA. Ele efetuou várias viagens missionárias pelo Caribe, nas Ilhas Turcas e Caicos, um território britânico ultramarino, onde atuou como evangelista conduzindo uma cruzada de 5 semanas, também pregando e ensinado na República Dominicana em várias ocasiões. Fez muitas viagens para a Jamaica, onde proveu música para numerosos eventos da Organização Adventista bem como em várias igrejas adventistas. Além disso, ele esteve envolvido com o ministério de prisão em quase todas as grandes cidades dos EUA, bem como visitou instituições penitenciárias em Bermuda e Londres, Grã-Bretanha. Como músico cristão, ele viajou extensamente por todo USA., Canadá, Caribe e já se apresentou em concertos em Londres, Alemanha e Bermuda. Atualmente, ele ensina um curso de Bíblia Sistemática enfatizando o evangelho de Cristo e Sua justiça, com os membros de uma igreja adventista em Orlando, na Flórida, EUA. Michael é um escritor com vários artigos publicados no Southern Tidings, um jornal adventista do sul dos Estados Unidos, e escreveu um livro prestes a ser publicado. Michael participou musicalmente em numerosas conferências do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888 e como palestrante.



Nota do tradutor:


1) Você pode ver este parágrafo neste blog, postado em 31 de outubro de 2011 com o título “Boas Novas, Waggoner, Cap. 4, Adoção como Filhos.” Na edição feita pelo próprio Pr. Ellet J. Waggonner, em 1900, está à pág. 79. Confira em http://dewsberry.com/content/es/content/ejwaggoner/TheGladTidings.pdf

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